As Investigações de Hermione

As Investigações de Hermione










NOVE MESES PARA AMAR



CAPÍTULO XXIII



AS INVESTIGAÇÕES DE
HERMIONE



 



 



 



 



O sol, que no inverno
descia mais cedo, se punha lentamente no horizonte, transformando o céu em um
enorme painel alaranjado-fogo. As sombras de mais um entardecer baixavam pelo
escritório, mas Hermione concentrada no papel em suas mão, não parecia ver isso.



- Ainda aqui Hermione? –
perguntou Vanessa da porta.



- Não consigo parar de
pensar nisso! – ela sacudiu a carta de Malfoy – Fico pensando no que ele viu
naquelas montanhas para que se assustasse a ponto de me procurar!



- E você se importa mesmo
não é? – Vanessa saiu da porta, e sentou numa confortável poltrona pêssego,
perto da janela.



- Eu já lhe expliquei isso
– Hermione entregou o papel para Vanessa – embora eu o odeie, tem a Gina e o
fato de que, ele passou por cima de muitas coisas para me fazer esse pedido...
Acho que isso revela uma boa disposição da parte dele!



Vanessa apenas fez um
muxoxo com a boca.



- Não sei... Ele estava
desesperado não estava? Sentia que algo estava para lhe acontecer e então, manda
uma carta para você! Eu acho que ele está apenas usando você e...



- E você até parece o Harry
falando!– Hermione revirou os olhos – eu tenho uma idéia e gostaria que você me
ajudasse. Sua participação pode ser fundamental.




- É? Conte-me seu
plano... Se for bom, então talvez eu participe dele! – mas Hermione não se
deixou enganar por aquela postura cínica. Vanessa estava mais que
sintonizada no problema.



- NÃÃÃÃÃÃÃÃO! – por toda
Hogwarts ouviu-se o lamento tão profundo contido naquele único grito. Luna e
Carol, que eram as pessoas mais próximas de Gina, fizeram uma grande força para
não tapar os ouvidos.



- Carol? –
rapidamente Luna fechou o livro que estivera estudando e retirou a carta da mão
de Gina. A amiga estava mais branca que um lençol, com os olhos vidrados para a
porta da biblioteca.



A verdadeira Carol começou
a ler o bilhete por cima do ombro de Luna. Juntas, as duas sentiram seus queixos
caírem.



 



Querida Gina,



 



Espero que esta carta
lhe encontre bem e que você e Carol já estejam contando os dias para o fim dessa
transformação maluca que fizemos. Ainda me sinto culpada por isso Gina, jamais
devia ter feito o feitiço...



Bem, a noticia que tenho
não é nada fácil e espero que você não entre em choque com ela. Enfim, aí vai:



Draco desapareceu! Não
se sabe muito bem onde, nem porque. Tudo o que sabemos é que ele sumiu nas
montanhas enquanto procurava os pêlos do Seminviso.



Mas fique tranqüila. Eu
já estou cuidando do caso e antes mesmo que sinta falta dele, eu vou achá-lo.



Tenho certeza que tudo
acabará bem!



 



 



Muitos beijos para você
e as meninas,



Mione



 



- Por Merlin Carol!
– exclamou Luna assustada – será que seu sonho tem haver com isso?



Essa foi uma resposta que
Luna teria que esperar mais para ter, porque Gina, naquele exato momento,
acabava de desmaiar.



 



 



 



XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX



De muito longe, ele
conseguia ouvir algumas vozes sussurradas. A confusão em sua cabeça era tanta
que não conseguia identificar quem era e o que estavam falando.



Mas um instinto muito
arraigado de sobrevivência em Draco Malfoy lhe dizia que era melhor continuar
fingir que estava dormindo. Esse mesmo instinto lhe dizia que ele não estava em
sua confortável cama, como queria desesperadamente acreditar.



Aos poucos, enquanto
deixava a cabeça desanuviar vagarosamente, e sentia dores alcançarem partes de
seu corpo que nem sabia que existiam, Draco conseguiu enfim ouvir o que as vozes
diziam, embora não as reconhecesse.



-... Você tem certeza que
esse seu plano vai dar certo? – embora a voz contivesse certo receio, esse era
causado mais pelo medo do fracasso do que por medo da outra pessoa.



- É claro que eu tenho –
respondeu uma voz baixa e rouca. Como se não fosse muito usada – é só questão de
dias, e eu pego a mulher, e...



- Então porque pegou ele!?
Isto não estava previsto nos planos!



- Matar os trouxas também
não estava previsto, e, no entanto eu os matei para você! – embora a voz não
aumentasse de volume, via-se que a vontade do homem era de berrar – e eu tenho
meus motivos para ter pego o moleque!



- Você pode não ter querido
matar os trouxas que pedi, no entanto até que achou utilidade para o velho Smith
não é mesmo? – disse o homem com uma voz cheia de sarcasmo.



A conversa até poderia ter
continuado, mas naquele momento, como se houvesse lido sua mente - e visto que
estava desperto - o homem da voz rouca e baixa abaixou-se perto do catre em que
Draco estava deitado.



Ele tinha cabelos castanhos
e olhos negros como uma noite sem estrelas, e quando ficaram cara a cara, o
homem riu baixinho e disse apenas:



- Sinta-se à vontade
Malfoy. Como se estivesse em casa!



E riu. Uma risada que fez
os pelos na nuca de Draco se arrepiarem de pavor!



XXXXXXXXXXXXXXXXX



 



- Bem-vinda ao mundo dos
vivos Srta. Weasley – desejou uma voz suave na cabeceira de sua maca. – suas
amigas ficaram bastante preocupadas.



Gina apenas escutou porque
pensar doía bastante nesse momento. O coração estava tão pequeno como se
tivessem feito um feitiço de encolha nele.



- Professor? O senhor... O
senhor sabe o que aconteceu com Draco?  - o medo apertou a garganta de Gina,
fazendo a cabeça doer mais um pouco.



- Apenas o mesmo que a
Srta., Hermione mandou-me uma carta também, mas apesar da intensa investigação,
ela ainda não conseguiu alguma pista concreta.



O aperto se intensificou
mais um pouquinho.



- E porque ele escreveu
para ela? Quer... Quero dizer, eles nem conversam e...



- Eu só posso supor, mas
acho que ele queria garantir que iriam começar a procurar por ele rapidamente,
porque se ele sumisse lá sem essa carta nós não estaríamos procurando por ele
tão rapidamente quanto estamos fazendo.



Gina ficou um tempo em
silêncio, reconhecendo que Dumbledore tinha razão.



- Não acho que seja sensato
vocês entrarem! Voltem depois – Gina e o diretor olharam para a porta a tempo de
ver Madame Pomfrey tentar expulsar Luna e Carol da enfermaria.



- Papoula! – chamou
Dumbledore de maneira cordial – talvez seja melhor deixá-las entrar. Tenho algo
para dizer a elas.



Embora a contragosto a
enfermeira deixou elas entrarem e sabendo que aquela seria uma conversa
particular se refugiou em seu quartinho.



Luna e Carol rodearam a
cama de Gina e nem se assustaram de vê-la com sua aparência normal. Afinal
tiveram que contar tudo para Madame Pomfrey e Dumbledore já sabia de tudo muito
antes.



- Bom... Espero que as
Srtas. entendam que a luz dos novos acontecimentos, a decisão de contar o
feitiço que fizeram saiu de suas mãos e nesse momento a Professora McGonagal e o
Professor Flitwick estão escrevendo às casas das duas, para informar seus pais
do que está acontecendo.



- Ahh Professor... O Sr.
Não poderia...



- Não, não poderia Srta.
Blair – Dumbledore disse sentencioso – dei às duas boas oportunidades de contar
à verdade às suas famílias, e como vejo que não falaram nada, a escola agora se
encarregará do fato.



Carol não tentou
convence-lo mais. Dumbledore tinha um jeito de fazer os alunos se sentirem
péssimos, apenas por desapontá-lo.



- Tenho que ir agora.
Espero que melhore em breve Srta. Weasley – ele disse e foi saindo da
enfermaria.



Gina olhou para Carol e
desviou os olhos, olhar-se no “espelho” não era nada agradável.



- E agora Gina? – perguntou
à amiga num sussurro.



- Vamos ter que enfrentar o
dia de amanha não é? – mas aquilo era o que menos que lhe preocupava a mente.
Queria saber mais noticias sobre Draco!



XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX



 



Foi com passos lentos que
Hermione atravessou o corredor do Departamento de Mistérios naquela noite.
Estava cansada e o neném não parara de chutar durante todo o dia.  “Talvez
esteja na hora de tirar a licença maternidade mesmo” foi o pensamento que lhe
cruzou a mente. Mas Hermione sabia que se não achasse Malfoy iria se sentir
péssima.



Foi quando o elevador
estava chegando no Átrio, que uma idéia lhe veio a mente. Era absurdo que não
houvesse pensado naquilo, mas mesmo assim, agora teria que tirar a prova dos
nove.



Quando o elevador chegou ao
Átrio, Hermione ao invés de descer apertou o botão do nível Seis. Era óbvio
demais, ela se recriminou, tinha que ter pensado nisso antes!



 “Nível seis, Departamento
de Transportes Mágicos, que inclui a Autoridade da Rede do Flu, o Controle de
Aferição de Vassouras, a Seção de Chaves de Portal e o Centro de Testes de
Aparatação”.



Agarrada na bolsa de couro
preto, Hermione entrou corredor adentro. Naquele horário de final do dia, o
corredor longo e vazio dava a impressão de ser fantasmagórico e sombrio, e foi
com alivio que Hermione viu uma bruxa de cabelo muito louros deixar sua pequena
sala para ir embora.



- Hum! Ola? – ela chegou
perto da moça, meio constrangida – você pode me ajudar?



Assustada a “loirinha” se
virou e as duas se reconheceram imediatamente.



- Hermione Granger! – disse
a outra bem surpresa.



- Penélope Clearwater! Mas
o que você está fazendo aqui?! – as duas riram da pergunta idiota de Hermione –
mudando: quando você chegou aqui?



- Tem umas duas semanas.
Estou só substituindo a moça que trabalha aqui.  Ela está de licença
maternidade! – e ela olhou para o barrigão de Hermione.



- Eu também vou entrar, mas
primeiro, quero deixar um caso bem adiantado, e você vai poder me ajudar...



- No que eu puder... Porque
eu estou mais perdida que cega em tiroteio aqui...



As duas riram.



- Não... O que eu quero
saber, é com que eu falo pra tomar conhecimento dos vistos emitidos de quem
viaja pra dentro e fora do país.



- Ahhh... Há umas duas
semanas, logo no meu primeiro dia, veio um homem aqui, achando que era a gente
que resolvia esse tipo de caso, mas a Magda... Ela senta ali aquela mesa – e
Penélope apontou para uma escrivaninha meticulosamente limpa - disse para esse
moço que é no nível cinco, lá na Cooperação é que emitem os vistos para dentro e
fora do país.



- Ahh que pena... E esse
homem que veio saber de informações você reparou nele?



- Não vai me dizer que ele
está metido em encrencas! – assustou-se a loira.



- Não... Não – tranqüilizou
Hermione – mas você sabe... Em uma investigação tudo fica importante. Penélope,
então se sentindo importante por ajudar, despejou tudo o que tinha visto.



- Era bem normal, sabe?
D’aquelas pessoas que a gente não olha duas vezes. Eu só lembro, porque a Magda
gostou bastante dele, de tempo em tempos à gente ouve suspiros por toda a parte
– Penélope balançou a cabeça desolada – se ela soubesse o risco de se
apaixonar... Mas enfim, ele foi muito educado também, perguntou – como é que foi
mesmo? – ahh... Sim... Ele perguntou como se fazia para tirar um visto pra
China... É... Foi isso mesmo que ele disse.



- Bom... Você me ajudou
mais do que imagina hoje, Penélope... Estava indo embora não é? – a loira
confirmou – então vamos que te dou uma carona.



Sorrindo Penélope aceitou,
e para não criar desconfianças Hermione mudou completamente de assunto, passando
a falar de bebês.



XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX



 



A manhã seguinte chegou e
com ela Hermione praticamente madrugou no Ministério. Não havia nada que lhe
explicasse, mas sentia uma sensação de urgência, como se Malfoy não fosse
sobreviver, se não chegasse a tempo.



Por isso entrou no
elevador, sem nem mesmo cumprimentar o vigia que acabava seu plantão no Átrio e
seguiu direto para:



“Nível cinco, Departamento
de Cooperação Internacional em Magia, incorporando o Organismo de Padrões de
Comércio Mágico Internacional, o Escritório Internacional de Direito em Magia e
a Confederação Internacional de Bruxos, sede britânica.”



Seguindo o conselho de
Penélope, Hermione desceu no andar, pensando que talvez fosse tão cedo que não
haveria ninguém ali para atendê-la.



- Tanto melhor – resmungou
meio sonolenta ainda.



Olhando de porta em porta,
para saber em qual devia entrar, ela só achou a que finalmente queria no
finzinho do corredor. A porta era encardida e o latão (Seção de Vistos de
Viagem) estava meio despencado. Um forte impulso de arrumá-lo tomou conta de
Hermione, mas sabendo que sua passagem tinha que ser despercebida, controlou-se
à custo.



Dentro da seção era ainda
mais apertado que a antiga sala do Sr. Weasley, atulhada de gavetas de arquivos.



- Lumos – disse Hermione e
na mesma hora a ponta de sua varinha iluminou a sala.



É claro que podia pedir
aquela informação via memorando, e não correr o risco de ser pega bisbilhotando
nas outras seções (o que era considerado crime pelo Ministério), mas isso no
mínimo demoraria duas semanas para chegar a informação, e ela já estaria de
licença maternidade dali a duas semanas.



Os arquivos tomavam conta
das paredes de cima em baixo, e as etiquetas eram bastante confusas, com siglas
ao invés de nomes. Foi ai que Hermione olhou para a escrivaninha e viu uma
agenda vermelho-sangue ali em cima. Bastou uma rápida procura para ver qual
arquivo devia procurar.



Abrindo o ultimo arquivo
perto da porta com as siglas P.F.C.
I
(Pedidos Feitos para China
I)
Hermione suspendeu o braço o mais alto que pode e começou a passar as pastas uma
por uma.



Já estava verificando pela
segunda vez, sem saber que nome procurar, quando ouviu ao longe a voz da mulher
do elevador. Alguém estava descendo no andar!



XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX



 



- Gina! Ahhh Gina! –
choramingou a Sra. Weasley assim que a filha acordou na ala hospitalar – o que
foi que você fez?



- Bom dia para você também
mamãe – retorquiu Gina com ironia. A dor de cabeça finalmente cedera – eu estou
bem, apesar do choque e do desmaio... Obrigado por perguntar também!



- Não seja irônica Virginia
Molly Weasley! A sua situação já está grave demais para que eu ature gracinhas
deste tipo!



- Me desculpe. Não tive
intenção de ofender a Sra. – Gina olhou para os lados – Onde está papai?



- Foi buscar nosso café da
manha – a Sra. Weasley respondeu azeda – estamos aqui desde as três da
madrugada!



Gina, espertamente não
disse nada. Sabia que o sermão ainda nem começara.



- Agora você pode me
explicar que maluquice é essa de usar Artes das Trevas para mudar de corpo com
Carol Blair?



- Temos mesmo que discutir
isso agora? Eu acabei de acordar e...



- E não me enrole mocinha –
cortou a mãe – quero saber de tudo. E quero saber agora!



Resignada Gina acabou
contando tudo, não omitindo nem mesmo Hermione.



XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX



Pelos passos que Hermione
ouviu, deduziu que duas pessoas haviam descido do elevador.



“Tomara que não venham
para cá... tomara que não venham para cá.”

– pensou com fervor, enquanto os dedos rápidos, passavam as fichas de pedidos de
visto.



Foi quando o seu temor se
transformou em pavor, ao ouvir os passos chegando cada vez mais perto é que
Hermione viu uma luz no fim do túnel.  Em uma pasta, estava intitulado um nome
que ela reconheceria sem qualquer problema:



ERIC JOHN SMITH



Ela pegou a pasta e a
escondeu em baixo da roupa. Como a barriga já estava enorme por causa do bebê,
ninguém desconfiaria daquele volume.



Fechando o arquivo
cuidadosamente, Hermione apagou a luz da varinha e colou o ouvido na porta. Ao
que parecia a pessoa estava entrando na sala do lado.



Quando ouviu a porta bater,
que ela sentiu coragem de ir embora e não olhou para trás nem mesmo quando ouviu
chamarem seu nome, ou quando entrou apressada no elevador e nervosamente socava
o botão do seu próprio andar.



XXXXXXXXXXXXXXXXXXX



- Eu não posso crer no que
estou ouvindo! – guinchou a Sra. Weasley – Arthur! Arthur me belisque porque
estou tendo um pesadelo!



O Sr. Weasley que havia
chegado no meio da narrativa da filha parecia ainda mais abobalhado que sua
mulher. Jamais os pais de Gina esperaram uma coisa dessas dela... De Fred ou
Jorge seria esperado e talvez até aceito, mas de Gina? Sua querida filha caçula?



- É inacreditável! – ele
disse por fim, porque o silêncio começara a ficar incômodo, como se as duas
mulheres (as únicas de sua vida) esperassem dele o Voto de Minerva.



Gina olhou para os pais.
Pela primeira vez estava se sentindo péssima com aquela história. Havia quebrado
a confiança deles e aquele ar de desolada decepção era muito pior que os gritos
e brigas costumeiras.



- Eu gostaria que vocês me
perdoassem – disse baixinho, com o rosto virado para o chão, a voz baixa e a
garganta subitamente fechada.



- Ahhnn... Gina! Não há o
que perdoar – disse a Sra. Weasley retomando seu jeito habitual – não... Mas não
pense que com isso escapará do castigo! – ela ameaçou severa, apoiada por
vigorosos acenos de cabeça do Sr. Weasley. Gina sorriu. Aqueles eram seus pais,
e vê-los agindo normalmente era realmente confortador!



Mas, depois de escutar seu
castigo, Gina não pode dizer que estava tão confortada assim!



XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX



Foi com certa apreensão que
Hermione, bem segura em sua sala na Scotland, abriu a pasta que havia roubado do
Ministério da Magia. Não entendia como aquele nome, justamente aquele nome, fora
parar lá! Era completamente impossível.



Ela havia participado
daquele inquérito. E o mais surpreendente:



- Eu vi o cadáver desse
homem! – sussurrou Hermione para si mesma – e mais absurdo! Quando cadáver ele
era trouxa!



Aquilo era o mais
inimaginável!



 



Nome: Eric John Smith



Idade: 45 anos



Endereço: Malcon St.
1856 - Chelsea, Londres.



Formação escolar: Escola
de Magia e Bruxaria de Hogwarts – 1960



Pedido de Visto: Pequim,
China.



Tipo de viagem:
Aparatação



Motivo da viagem:
negócios imobiliários.



 



Hermione achou aquilo tudo
muito estranho. Primeiro se lembrava, como se fosse neste momento, de ter visto
o cadáver no necrotério idêntico ao homem da foto.



Segundo que se ele fosse
realmente bruxo, sua casa conteria de algum modo pistas de magia; e não havia
nada de anormal lá. Ela se lembrava da lista que Greg tinha feito a mando de
Vanessa: a família Smith podia ser considerada completamente trouxa. Sem tirar
nem por.



Terceiro, o pedido de visto
fora feito uma semana antes da viagem de Draco ser acertada.



Eram coincidências e
perguntas sem respostas demais para o gosto de Hermione. Nada daquilo estava lhe
cheirando bem.



Depois de ficar quase um
minuto olhando para o nada, Hermione se levantou com a resposta dos seus
problemas pronta. Mas tinha que contar com a sorte! Essa não poderia lhe
abandonar, não naquele momento!



XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX



Quando mais uma aula de
alemão acabou, Harry sentiu que seu cérebro havia sido espremido contra uma
parede de chapisco, até não sobrar mais nada reconhecível.  As aulas estavam
cada vez mais complicadas e ele achando cada vez mais difícil se concentrar.



Não parava de ver
Hermione-com-o-ventre-enorme ou Hermione-carregando-o-bebê e cenas felizes e
agradáveis do tipo. Claro que ele incluía um ou dois beijinhos nesses sonhos e
por isso Harry acabava divagando nas aulas, quando devia estar prestando atenção
na forma como o artigo e o substantivo se formavam na frase!



Ele estava andando e
pensando, muito vagamente, em ir direto para a cama quando Neville o abordou:



- Harry! – disse o rapaz
sorridente – escute, fiquei sabendo que você vai se casar com Hermione. É
verdade?



- É sim... Mas como você
soube? - Perguntou Harry meio constrangido. Ainda era esquisito falar que ia
casar (não que não gostasse da idéia).



- A mãe de Rony contou a
Sra. Crossfield e a Sra. Crossfield é muito amiga da Profª. Marchbanks que é
muito amiga da...



- Sim... Da sua avó...
Lembro-me de você contar isso. – disse Harry meio sem emoção. Tinha que ser
mesmo a Sra. Weasley para espalhar isso. Logo todo o mundo bruxo ia querer saber
com quem o “Maravilhoso” Harry Potter ia casar, pensou ele ironicamente.



- Ahnn não fique assim –
disse Neville, espertamente entendo a falta de receptividade de Harry – pelo
menos Rita Skeeter não está por aqui não é mesmo?



Harry acabou por soltar um
risinho fraco.



- Escuta. O pessoal ficou
sabendo que vai casar - ele teve a decência de ficar com o rosto vermelho –
então queremos marcar uma despedida de solteiro pra você. O que acha da idéia?



Harry primeiro relutou, mas
por fim acabou cedendo. Neville, ele descobriu, podia ser bem convincente quando
queria.



XXXXXXXXXXXXXXXXXXX



 



Ela tocou a campainha uma
vez. “Foi bastante difícil conseguir esse endereço! Acho melhor você estar em
casa!”
pensou Hermione com bastante mau humor.



Greg havia sido
insuportavelmente chato quanto a isso (“mas ele é do programa de proteção à
testemunha Hermione”!)
. Porém como Vanessa sempre dizia, era nessas horas
que os “feitiçozinhos” faziam toda diferença.



Mas ela não havia ido ali
para simplesmente tocar a campainha e ir embora; então foi esperando com
paciência, que Hermione viu um vulto se aproximando – estranhamente deformado
através do vidro ondulado da porta.



O homem que atendeu
Hermione era, no máximo, dois anos mais velho que ela. Tinha aquela cara de quem
acaba de sair da adolescência, misturado com traços do adulto que começava a se
formar.



- Posso ajudá-la senhora? –
ele perguntou formal. Mas via-se por sua postura intranqüila que ficar na porta
de papo não era o que gostava de fazer.



- Podemos conversar Sr.
Smith? – Hermione tirou o distintivo que tinha – é bastante importante.



Ele sorriu amarelo, e os
olhos azuis se encheram de confusão.



- Por favor, entre. – disse
resignado, por fim.




XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX



 



- Quer dizer que você sabia
que um deles ainda ficou vivo? – perguntou o Outro para o Bruxo, e sua voz
revelava toda a confusão e pânico que sentia.



- Claro que sabia! –
desdenhou – pensa que sou um idiota como você?



- E porque não fez nada
antes? Porque não acabamos com essa provável testemunha? – o Outro olhava para a
rua que vigiavam com medo, e seus olhos percorriam as casas de aparência
tranqüila do interior, não acreditando que uma pessoa que pudessem incriminá-los
ainda estivesse viva!



- Porque para tudo existe
uma hora certa, seu inútil! E como eu sabia que Hermione Granger é mais
inteligente que você, logo percebi que podia tirar vantagem da investigação
dela! A viagem daquele panaca loiro só me ajudou! 



- Eu odeio isso em você!
Nunca conta nenhum dos seus planos, me deixando no escuro!



- Cale-se! Agora não é hora
de choramingos! Vamos, quero pegar aqueles dois, antes que o idiota fale demais!



XXXXXXXXXXXXXXXX



 



- Então Sr. Smith, o senhor
acha que alguma coisa do que lhe expliquei seja possível? Acha que seu pai pode
de alguma maneira estar vivo?



- Eu... Eu não sei – disse
o rapaz com a voz fina e meio estrangulada. A mulher falara tantas coisas em sua
cabeça... Dissera sobre bruxos e escolas e mostrara documentos oficiais. – é
tudo ainda bem confuso para eu assimilar.



- Eu entendo o quanto pode
ser perturbador para você John – Hermione preferiu mandar o formalismo às favas
– mas, entenda, que é muito importante você me ajudar. Quem você acha que
lucraria com a morte de sua família?



- Realmente... Srta. eu não
sei. Porque meus pais eram pessoas pacatas e nunca fizeram nada para ninguém. E
eu só escapei porque estava de férias na Escócia...



- Seu pai era funcionário
público? – John acenou que sim com a cabeça – não tinha nenhum inimigo? – ele
acenou que não.



 A isso seguiu um pesado
silêncio.



- É esquisito não é Srta?
Porque meus pais eram pessoas normais e morreram daquele jeito super estranho.
Como se alguém quisesse que a polícia fosse realmente chamada...



Hermione já havia pensado
nisso. E sentia cada vez mais forte a sensação de que havia alguém manipulando
todo aquele jogo, brincando com vidas alheias.



- É sim John. É realmente
esquisito. Eu só tenho uma ultima pergunta para fazer há você, antes de ir
embora: Você não se lembra de nada realmente fora do normal, algumas semanas
antes de tudo acontecer?



Ao que parecia John Smith
só esperava que Hermione lhe fizesse essa pergunta, porque ele realmente, depois
de um bom tempo pensando em tudo, tinha uma coisa para contar! Uma coisa que o
investigador Greg não quisera ouvir!



- Tenho sim Srta. aconteceu
alguns dias antes da minha viagem, eu já vinha reparando que sempre que
encontrava meu pai em lugares de muito movimento, havia um homenzinho com cara
de rato por perto.



- Ca-cara de rato? –
espantou-se Hermione.



- É! Ele tinha um nariz
muito arrebitado e o corpo meio encurvado. A cabeça era um pouco pelada...
faltava muitos cabelos nele.



Hermione arquejou. Aquilo
era impossível... Tudo estava estranhamente anormal naquela história!



- Eu só me lembro disso –
disse John com ar de certa importância – porque comentei com meu pai que ele
parecia estar nos seguindo, mas o velho apenas riu, dizendo que eu estava com
invencionices!



Ao final ele deu uma
risadinha constrangida. Como se tivesse sido uma ótima piada, mas que agora,
fosse apenas muito doloroso lembrar.



- Eu... Bem... Eu reconheço
uma pessoa que tem essas características... Mas isso é realmente absurdo... Uma
vez que... – Hermione parou de falar - Bem de qualquer maneira, John, você me
ajudou muito mesmo!



- Com toda certeza, John
Smith, você me ajudou mesmo! – disse uma voz sombria da outra porta da
sala de visitas.



Hermione se levantou de um
pulo e tentou sacar a varinha. Mas o Bruxo foi bem mais rápido.



- Accio varinha! – e
a varinha de Hermione escapuliu de suas mãos, parando certeira na do homem.



- Avada Kedrava!
disse o homem apontando para John. E a ultima coisa que o menino disse antes de
ser atingido foi um simples, mas muito confuso:



- Papai?




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