Sombras no corredor



Cap V - Sombras no corredor.


Harry levantou arfando, sua pulsação a mil. Seus sonhos voltaram. Estava vendo com os olhos de Voldemort novamente. Amaldiçoou-se silenciosamente por não ter levado a sério as lições de Oclumencia de Snape. Que deveria fazer agora? Contar para Dumbledore?


Olhou pela janela, ainda estava escuro. Que horas seriam? Maldita hora em que resolvera jogar fora seu relógio. Vestindo um robe por cima de seu pijama, pegou a capa de invisibilidade que pertencera a seu pai e, passando pela passagem que dava acesso á sala comunal, saiu pelos corredores.


Apenas quando estava quase alcançando a sala de Dumbledore foi que se deu por conta que não sabia como encontraria o diretor. Provavelmente ele não estaria em seu escritório em uma hora dessas da noite. Harry passou as mãos pelos cabelos, preocupado. E o que diria ao diretor supondo que o encontrasse? Que estava tendo os sonhos novamente? Era provável que Dumbledore o despachasse direto de Hogwarts. Se ele podia ver com os olhos de Voldemort, o inverso também aconteceria, e ele veria tudo dentro de Hogwarts. Harry escorou-se em uma parede enquanto pensava em que fazer.


Como que uma luz, uma idéia apareceu a Harry. Dobby! Ele saberia onde e como encontrar o diretor! Claro! E, depois de conversar com Dumbledore, seria mais fácil de entender tudo que estava se passando. Talvez até ele mesmo pudesse ensinar Oclumencia. Sim, era isso que iria fazer.


Era impressionante como os corredores estavam escuros. Não havia uma tocha sequer acesa e o céu nublado e sem lua não ajudava em nada. Impaciente como estava, Harry cruzou os corredores em um passo apressado, tanto que, a certa altura, acabou colidindo com uma das armaduras dispostas no corredor, derrubando seu elmo, e caindo em cima de alguém que estava passando. Queira Deus que não seja Filch! Pensou Harry.


"Potter!!!" uma voz muito irritada e rouca bradou.


Snape.


Vestia a costumeira veste preta, mas esta, ao contrário de nos dias de aula, impecável como se houvesse saído da loja, estava recentemente desfiada em algumas partes, como se desgastada por atrito com o chão, ou uma parede. Havia também alguns arranhões no rosto e nas mãos do professor. Nervoso que estava, arrancou a capa da invisibilidade dos ombros de Harry como se por instinto soubesse exatamente onde estava. Levantando-se, puxou-o pelo colarinho e contra a parede.


"O que pensa que está fazendo pelos corredores da escola a essa hora, Potter? Aliás, o que você está fazendo na escola no meio de JULHO Potter? Será que já não basta fazer da minha vida um inferno nos meses de aula?" o professor estava lívido, e suas mãos tremiam, talvez de raiva, quando falava.


Harry estava sem fala. E mesmo que não fosse o caso, que dizer a Snape? Que o vira com Voldemort em seu sonho, que continuava tendo com freqüência essas visões por ter escolhido não levar a sério suas lições? Ah, sim claro. Provavelmente isso solucionaria os problemas de Voldemort para acabar com Harry. Snape o faria para ele.


"Agora, Severo. Acalme-se. Que acontece aqui?" A voz de Dumbledore ecoou no corredor, calma, Harry sentiu como se o som fosse uma benção.


Estava ainda de pijama, um longo camisão vermelho com pequenas luas e estrelas em prata e dourado. Vendo a situação em que Harry e Snape se encontravam, aproximou-se do professor. "Por favor, solte o menino e eu prometo que ele não irá lhe morder ou arranhar."


Snape retribuiu soltando Harry, um sorrisinho de escárnio em seus lábios. "O que ele faz aqui?" Sibilou entre dentes cerrados.


"Harry ficará conosco até o Ministério resolver sobre sua situação, Severo. E espero que, enquanto isso, ele seja tratado como qualquer residente do castelo." Disse calmamente. E, virando-se para Harry, continuou, "Qual o problema, meu filho? Nesse aspecto, o professor Snape tem razão. Que fazes a uma hora dessas no corredor?"


A voz de Harry pareceu finalmente destravar.


"Estava te procurando, professor Dumbledore."


Snape arqueou suas sobrancelhas, e comentou em um tom sarcástico "Faria bom uso de uma bússola, Potter. A sala do diretor é do lado oposto para o que você ia..." fitou-o com olhos de serpente.


Dumbledore silenciou-o com um aceno da mão. "Deixe-o falar."


"Meus sonhos voltaram. Os sonhos com Voldemort."


Isso pareceu intrigar em muito os dois bruxos mais velhos. Minutos depois, Harry havia detalhado minuciosamente todo o episódio que vira, sem ser interrompido por sequer um suspiro.


Snape bufou e desviou os olhos do menino e de Dumbledore. De repente, parecia estar achando muito interessante as sombras das árvores pelos vitrais.


"Severo, isso é exatamente o que aconteceu?"


Sem olhar o professor respondeu secamente. "É. Em parte. Houve outras coisas depois que ele se ausentou."


"Sem um pio, quero que vá à enfermaria, e perguntarei a Poppy se você a consultou."


Snape fez menção de replicar a isso, mas Dumbledore novamente silenciou-o com um gesto. "Agora. Você está pálido, criança. Falarei com você logo. Aliás, encontrarei você na enfermaria, em breve." Sorriu, triunfante, para o desagrado de Snape. Harry observava calado.


Snape saiu com passos largos, amaldiçoando em voz baixa. Mancava levemente, e Harry achou que no momento seria possível que fumaça começasse a sair de sua cabeça.



Dumbledore voltou-se para Harry. "Você sabe muito bem o que isso significa, não é, meu jovem?"


Harry fez que sim com a cabeça, e engoliu em seco. "Eu, vou ter que sair da escola, não é? Quer dizer, ele poderia espionar a escola e..."


Dumbledore riu abertamente. "Não é nada disso, Harry. Eu jamais sonharia em coloca-lo fora da escola, especialmente em uma situação como essa." Seus olhos azuis brilhavam enquanto falava. "Mas teremos que convencer um certo mestre das poções a voltar a te dar algumas aulas..." olhou para Harry, sorrindo com o canto da boa. Harry tinha certeza que podia sentir suas entranhas derretendo. Um curso intensivo com Snape? Que tinha ele feito em sua última encarnação para merecer isso?






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Ficou curtinho, os próximos capítulos provavelmente serão mais longos. por favor, votem! votem! votem!

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