A janela e o Comensal



Parecia estar em um corredor de algum tipo, muito longo por sinal. Olhando para o alto, podia ver o céu, ou um teto encantado, não poderia descartar essa possibilidade. De uma forma ou outra era nebuloso, como se prestes a começar uma tempestade.


As paredes eram também um tanto estranhas. Ficou analisando-as por um tempo depois que acordou ali. Parecia uma massa feita de árvores, muito juntas uma da outra, como em uma floresta por demais densa. Ao levar a mão e elas e tentar toca-las, viu que não eram comuns. A matéria de que eram feitas, o que quer que fossem, era como se fosse vapor. Parecia que as árvores eram nada mais que sombras. Sombras de quê? Pensou. Passou sua mão de novo por elas e viu que atravessavam-nas como da vez anterior. Se árvores tivessem almas, é assim que elas seriam, riu-se da idéia.


Olhando mais para o fim do túnel, podia ver uma luz esverdeada, muito fraca. Ainda que bem longe, podia-se distinguir com facilidade seu brilho, ainda que quase apagado. Foi então que notou o que era ainda mais estranho ao seu redor, nada tinha cor. Não como na noite, em que todas as figuras parecem ser pardas, quando o manto azul das trevas os encobre, mas sem cor, de tudo. As árvores, o chão, o céu, todos tinham apenas tons de cinza e preto. Olhou para suas mãos, assustado. Não, ele continuava normal. Mesmo com a pouca luminosidade, podia ver o rosado de suas mãos.


Para trás, o corredor também parecia se estender infinitamente. Não havia muita escolha, ele tinha um dos dois lados para seguir. Com passos decididos, decidiu seguir a chama verde...


...


Harry acordou de sobressalto, rosto coberto de suor frio, coração batendo muito rápdo e respiração arfante. Que foi aquele sonho? Será que estava vendo pelos olhos de Voldemort de novo? Pela primeira vez, desejou que tivesse pretado mais atenção ás lições de Oclumencia de Snape.


CRASH


"Imbecil!"


Ouviu do andar de baixo da casa, provavelmente a cozinha ou a sala. Um vaso ou prato de tia Petúnia acabara de ser quebrado, Harry não queria estar lá para ver a cara dela quando descobrisse. Não reconheceu a voz da pessoa que estava lá, pelo jeito, mais de uma. Talvez convidados? Mas era quase manhã, que tipo de gente aparecia para visitar em um horário desses. Pé ante pé, decidiu sair de seu quarto e espiar pela escada. O que viu quase o fez cair para trás. Comensais!


"Já checaram em todos os quartos?"


"Ainda não"


"O que estão esperando? Depois de um barulho desses, o menino tentará fugir!"


Havia mais de dois, Harry vira quatro deles, em suas longas vestes e o rosto encoberto por uma máscara sem expressão. O que teriam feito com os Dursley? Harry tentou sair de seu quarto novamente para procurar sua família, ele não seria mais uma vez a causa da morte de alguém.


O som de passos aproximava-se de seu quarto enquanto procurava sua capa de invisibilidade. Maldita hora em que resolvera deixar as malas desarrumadas desde que chegou. Onde estavam os bruxos que supostamente estavam tomando conta dele? O sinal! Harry tinha que dar o sinal. Correndo à cama, tirou a fronha de seu travesseiro e amarrou na janela. Não ia tardar a alguém aparecer. Talvez pudesse pegar sua vassoura e fugir para a casa da sra.Figg, mas, e os Dursley? Tinha que voltar para tira-los de lá. Sabia o que os comensais fariam com os trouxas, e, apesar de não amar os seus tios por assim dizer, não os queria mortos.


"Quieto." Alguém sibilou em seu ouvido. Uma mão fria segurava sua boca para que não gritasse, e podia sentir uma varinha apontada para suas costas.


...



Não havia nada que pudesse fazer, era seu fim. Mas não podia entender mais nada. Dumbledore não havia dito que estaria protegido na casa de seus tios? Como eles tinham entrado ali então? Passado as barreiras de proteção?


O Comensal trancou a porta com um aceno de sua varinha, selando-ª


"Vista sua capa da invisibilidade e pegue sua vassoura, Potter."


Só agora reconhecia a voz, e nunca pensou que ficaria tão aliviado em saber a quem pertencia. Snape.


"Rápido!" disse em um tom impaciente. O professor parecia estar preocupado, andando de um lado para outro enquanto Harry tentava pegar suas coisas. "Deixe isso aí, pegue só a vassoura e a capa."


"E, meu livros minhas coisas..."


"Não são importantes. Você tem que sair daqui vivo, e, se possível não custar minha vida também. Dumbledore providenciará essas coisas para você."


Atirando a capa da invisibilidade sobre seus ombros, Harry correu a buscar a vassoura escondida atrás de seu armário. Não podia ver o rosto do professor, mas sabia que, numa altura dessas, devia ter uma expressão muito irritada.


"Está pronto? Consegue achar a casa de Figg sozinho?"


Harry fez que sim com a cabeça.


Snape ainda olhava em sua direção "Sim ou não Potter?"


"S-Sim!" por um momento esqueceu que estava já usando a capa da invisibilidade. É óbvio que Snape não o teria visto concordar com a cabeça.


"Então vá, vá!" Snape derrubou-o pela janela ao mesmo tempo que a porta de seu quarto explodia, como se houvessem detonado uma bomba de algum tipo atrás dela. Teve apenas centésimos de segundos para virar a direção de sua vassoura e não dar de casa com o chão. Depois de dois minutos estava sobrevoando a casa da sra.Figg.


Se não tivesse lembrado da localização exata, o cheiro da casa, com seus gatos e limpeza não muito levada a sério certamente a denunciaria. Estacionando no gramado da casa, podia ouvir vozes vindo de dentro da casa, Metade da ordem deveria estar lá já.


A porta da frente foi aberta de súbito, e um Remo Lupin muito preocupado saiu da casa, olhando para seus lados procurando ver Harry.


"Harry?" estava de costas para o menino. Harry removeu a capa da invisibilidade.


"Aqui, professor Lupin." Tocou em seu ombro.


Uma expressão de profundo alívio tomou conta do rosto do professor. "Ah, Graças! Você está a salvo!!" e puxou Harry para um abraço apertado.


...


Logo que entrou na casa, Harry parecia ter caído em um mar de braços. Até mesmo a professora McGonagall havia dado seu abraço. Alguns membros da Ordem estavam presentes. Tonks, Lupin, Sacklebolt, Gui e Arthur Weasley, e é claro, Arabella Figg.


Assim que conseguiu respirar, Harry pôs-se a fazer perguntas. O que tinha acontecido lá? Alguém tinha voltado para resgatar os Dursley? Como os Comensais ficaram sabendo que ele estava lá? E os feitiços de proteção? Tanto Mcgonagall quanto Lupin se limitaram a dizer que não era a hora mais apropriada para responder as suas perguntas. Antes, tinham que tira-lo dali, e leva-lo para um lugar mais seguro.


"Para onde vamos, então?" perguntou, decidido. Teria que ter ao menos uma de suas perguntas respondida.


"O único lugar em que teremos certeza que você estará a salvo." McGonagall poucou a mão em seu ombro. Harry fitou-a com curiosidade.


"Para Hogwarts."

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