Uma despedida





-Boa noite, Sr. Looker –disse Sally Dust assim que a porta se abriu.


-‘Noite.


Ele entrou cansado e de visível mau-humor, mas estava feliz por dentro. Um mês. Um mês é o que havia se passado desde que começara suas detenções e hoje finalmente acabava. Desde então já tinha feito muitas coisas; limpar banheiros até 2 hr da madrugada, organizar a salas de todos os professores sob supervisão deles, distribuir panfletos sobre os benefícios implantados em Hogwarts, passar de sala em sala ensinando alunos que sair de madrugada era uma coisa ruim. Todo tipo de situação humilhante e que não permitisse a ninguém esquecer que ele havia desobedecido às regras. Mas pior que ele estava Charles: uma vez por semana era castigado fisicamente por Inch. Fora as quatro piores semanas que ambos os amigos haviam passado em suas vidas.


-Vamos começar? –disse ela.


-Claro...


Ela dissera ‘vamos’ mas com certeza não faria nada. Ficaria toda a noite sentada tomando chá e observando enquanto ele corrigia as avaliações dos alunos. Sozinho.


-Anotei alguns passos no quadro para você seguir.


Ele olhou para trás e o quadro estava em branco, mas segundos depois as palavras surgiram no quadro.


Passo 1- Confira se o número de centímetros pedido foi atendido. Dê 2 pontos a cada redação que se adequar a isso, tire 2 das que não se adequar.


Passo 2- Leia atentamente as redações. A cada nome errado de animal peçonhento tire 0,5 ponto, se não houver nomes errados dê um visto ao lado.


Passo 3- Julgue a veracidade dos fatos descritos. Pontue de acordo com a adequação. A cada nota que você aumentar para tentar ajudar alguém eu tirarei 0,5 de você. Bom trabalho.


Ele olhou para ela meio assustado.


-Algum problema, Sr. Looker?


-Não, imagina.


Pegou a primeira redação, Alicia Keep, sextanista da Lufa-lufa, a conhecia de vista. Pegou a régua e começou a medir. 37 centímetros, 2 a mais que o exigido. 2 pontos para Alicia.


-O meu tempo nesta escola está se acabando, Sr. Looker. Até quando irá fazer o que eu mando?


Ele levantou os olhos para ela, mas continuou a ler a redação de Alicia.


-Eu lhe fiz uma pergunta, não vai me responder?


-Os alunos devem obedecer aos professores. Se eu tivesse obedecido não estaria hoje corrigindo uma pilha enorme e chata de redações.


Errado. George Wright não havia proibido a caça urutus-camaleões, ele havia proibido sua comercialização.

-Como quiser. Estarei fora desta escola na semana que vem. Quem irá dar continuidade ao meu trabalho?


Ele não deu atenção. Lera o livro. Tempo de Trevas, de Neville Longbottom. Percebera muitas coisas, embora sabia que não tivesse entendido tudo. Mas sentia um remorso grande por ter feito isso. Não conseguia mais encarar o diretor, pois sempre que isso acontecia via cachos dourados machados de sangue em sua mente.


-Não sei de nenhum trabalho.


Lia a redação de Camélia Quill, estava no meio e lhe parecia tudo certo.


-Dê zero para a Srta. Quill.


Ele levantou os olhos para Sally.


-O quê?


-Me ouviu. Dê zero a ela.


-Mas... Por quê?


-Ela não tem uma aparência de quem sabe das coisas...


-Mas isso é errado! Não pode julgá-la assim. Olhe, está certo! Em 1914 os largatos-de-Komodo foram considerados extintos... Viu? Até aqui está certo! E continua: o camponês Bil Ostrich matou o último ser desta espécie e por isso foi premiado pelo Ministério da Magia. Viu? Está certo! No ano de 2002 uma senhora, anônima, levantou a hipótese de que talvez eles não estivessem extintos e estivessem sendo reproduzidos em cativeiro, o atual Ministro da Magia a prendeu por subversão da ordem, pois ela não aparentava ter a aparência de quem sabia das coisas...


Assim que terminou de ler ele olhou para Sally, que tinha um sorriso triunfante no rosto.


-Ora, ora, ela não é tão burra como eu pensava... Pode dar dez a ela.


Ele respirou fundo, largou a redação de Camélia Quill, fosse ela quem fosse. Olhou derrotado para a professora.


-Por que eu? Há mil alunos na escola, por que justamente eu? Eu nunca fui subversivo, nunca perturbei a ordem. Por que me escolheu pra isso?

-Ora, Taylor, eu não lhe escolhi. Você me procurou. Você se escolheu. Eu tinha pouco tempo para passar o que sei para alguém, e até agora você não me perguntou nada além de ‘qual é a do autor?’.


-Pouco tempo? As aulas só começaram há um mês! Ainda tem muito tempo para você...


-Pois eu lhe garanto que até o fim da semana que vem eu serei demitida.


Ele ficou em silêncio. Sua língua coçava para perguntar, mas aprendera a não questionar. Pegou mais uma redação, Lea Loris, prima de Liv. Sextanista da Corvinal. 43 centímetros, 2 pontos para Lea.


-Você tem uma semana e meia para aprender o que muitos não aprendem em uma vida. Não desperdice isso, Taylor.


Errado. Frea Fadius não fazia experiências com animais, somente os criava.


-Taylor...


-Eu estou tentando me concentrar, professora.


-Sua amiga Beverly descobriu coisas interessantes sobre meu passado. Por que você não sai hoje mais cedo e vai vê-la? Aposto que ela ficará aliviada em lhe dizer certas coisas.


Eleanor Sun, o que ela fizera mesmo? Já havia lido a mesma frase várias vezes, mas não conseguia entender o que as palavras diziam. E agora sua mente vagava longe. Bev tentara lhe dizer algo importante há uma semana atrás, mas ela estava de mau-humor, provavelmente numa tensão-pré-menstrual, e por isso eles discutiram e não estavam se falando desde então.


-Não vai procurá-la?


-Eu ainda estou tentando me concentrar, professora.


Ela fez um movimento de varinhas e as notas apareceram em todas as redações.


-Já estão corrigidas há muito tempo. Não confiaria uma tarefa dessas a um aluno. Está dispensado, Taylor.


-Se esta tarefa acabou me dê uma nova, professora. Meu tempo ainda não se esgotou.


-Mas eu estou te liberando. Por bom comportamento. Eu posso fazer isso. Vá.


Ele se levantou e encarou-a nos olhos.


-Eu não vou procurar Bev, e não vou escutar nada do que me diz. Se estou liberado, então com licença.


Abriu a porta e saiu.




Charles desceu as escadas para tomar café da manhã e encontrou Beverly e Liv sentadas juntas no sofá da sala comunal. Beverly estava ansiosa e parecia estar falando algo de importante para Liv, que ouvia com atenção.


-Atrapalho? –perguntou ele sentando-se em frente as duas.


-Não –respondeu Bev- Você precisa me ajudar a voltar a falar com Taylor.


Charles levantou uma sobrancelha.


-Você é minha irmã, Bev. Minha irmã gêmea. Quando me olho no espelho me confundo com você e isso já é bem difícil de superar. Não me peça para me envolver nos seus casos amorosos.


Ela jogou uma almofada nele.


-Não invente coisas, Charles! Estou falando sério!


-Ah sim, eu também acho a minha vida amorosa muito séria...


-Pare com isso. Eu estou tentando abrir os olhos dele! Taylor está interessado demais nas aulas de DCAT.


-Deixe-o em paz, Bev! Quantas mil pessoas você tem que denunciar e destruí-las até se sentir satisfeita? Taylor é inteligente e nunca precisou de você dizendo a ele o que era certo e o que era errado.


-Acontece, caro irmão, que eu sei de coisas que você não sabe.


-Pra variar...


Beverly bufou e se levantou do sofá, saindo da sala comunal. Liv e Charles ficaram a sós, se encarando.


-O que ela descobriu? –perguntou ele.


-Não sei, mas ela disse que é realmente sério, e que Taylor precisa ser alertado.


-Beverly enxerga conspirações em todo lugar. Ela é louca.


-Ela não é louca, seu pai exige muito dela para compensar o que ele não obtém de você.


-Tenho mais o que fazer do que vigiar a vida dos outros.


Liv balançou a cabeça num gesto pouco preciso e um silêncio caiu entre eles.


-Liv...


-Tenho que ir, Charles. Ainda vou entregar um livro para Telma Crossfire.


Ela saiu apressada e ele ficou largado no sofá, ainda sonolento. Levantou-se com calma e apanhou sua mochila, saindo da sala comunal sem se importar se estava levando todos os livros necessários. Pensou na porta por onde Liv passara correndo. Não a entendia. Com certeza ela era diferente das outras, uma das únicas que suportava perto dele por mais de um mês. Divertida, inteligente e simpática, não era inconveniente. Mas ao mesmo tempo ela era tão difícil de entender...


-Desista, Charles. Essa tarefa é para pessoas mais inteligentes que você...


Uma mão lhe tocou o ombro.


-Falando sozinho?


-Pensando alto, Taylor. À propósito, minha irmã precisa falar com você.


-Ela sabe onde me encontrar.


Taylor levantou uma sobrancelha.


-Você é quem sabe.


-Claro. Mas mudando de assunto... O campeonato de Quadribol já está para começar. Já te substituíram?


-Infelizmente já. E parece que o cara é bom. Um tal de Euclen Arms.


-Melhor que você?


-Não há maior artilheiro que eu, meu amigo. Mas parece que o time da Sonserina prefere um idiota que faz exatamente o que o capitão manda do que uma pessoa com talento e personalidade...


Taylor riu amarelo.


-Personalidade, sei... Mas já me substituíram também. Anita Wild.


-O QUE?


-Uma mulher como goleira, também não gostei.


-Essa é aquela quintanista? Uma que usa trancinhas? Ela parece de vidro! Como ela vai agarrar alguma coisa?


-Pouco me importa, não acho que ela dura além do primeiro jogo... Sorte da sua casa abrirá o campeonato ganhando.


Charles sorriu fracamente. Entraram no salão Principal e se sentaram na mesa da Lufa-lufa, a mais próxima deles, junto com Arnold McGot.


-Acabaram as detenções? –perguntou Arnold.


-Até que enfim... Não quero ver mais banheiros, panfletos ou qualquer coisa assim pelo resto do ano... –disse Taylor com uma sombra de um sorriso.


Charles não disse nada, seus olhos estavam vidrados e ele parecia pensar em alguma coisa. Taylor suspirou, sabia que as costas do amigo deveriam estar marcadas pelos castigos físicos com Inch. Mas estranhamente surgiu um fraco sorriso no rosto de Charles, mas Taylor não questionou nada.


-Bom, eu vou indo. Vejo vocês por aí... –disse Arnold se levantando.


-Nós também temos que nos apressar... –disse Charles levantando-se também.


-Vamos passar na cozinha? –pergunto Taylor.


Charles confirmou com a cabeça. Começaram a andar sem conversar muito, cada um com a cabeça num lugar. Depois de algum tempo entraram na cozinha e saíram de lá com os bolsos e as mochilas cheias. Então se separara, cada um indo para sua sala.


Ao entrar na sala de Feitiços Beverly e Liv já estavam sentada lado a lado, e como a aula prática exigia uma dupla ele olhou em volta procurando alguém. Somente Sophie Bexter. Sophie era da Corvinal e aparentemente tinha um problema com convivência social.


-Olá, Bexter.


Ela o olhou, mas permaneceu calada.


-Bom dia a todos –disse a prof. Tlante entrando- Hoje vamos aprender como silenciar outra pessoa. Esse feitiço é muito usado por pais na educação de seus filhos, muitas das vezes malcriados, e por isso, meninas, prestem muita atenção.


Charles olhou para o lado. Sophie devia ter recebido um desses feitiços que nunca saiu. Nunca saberia se estava fazendo corretamente. Suspirou fundo e pegou sua varinha.




A semana passou sem grandes problemas para os alunos. Todos os setimanistas estavam correndo para fazer revisões de antigas matérias e aprender bem as novas, pois ao final do ano aconteceriam os NIEM’s. Pela primeira vez num ano parecia que Charles e Taylor se comportariam pelo resto do ano. Beverly passava agora muito tempo na biblioteca, muito mais que o normal. Parecia procurar alguma coisa, mas ela não falava muito sobre isso.


Liv acordou e olhou o calendário ao seu lado, arrancou a folha do dia anterior e anotou algo em seu diário. Ela se trocou em silêncio e saiu antes mesmo de todas as garotas acordarem. Sentou-se numa mesa próxima e tirou pergaminho e tinta da mochila, começando a escrever uma carta. Olhou o relógio preocupada e rapidamente terminou a carta. Pegou seus materiais e saiu da sala comunal.


Os corredores começavam a ficar movimentados, as pessoas de outras casas se dirigiam para o Salão Principal, mas ela andou até chegar ao Corujal. Procurou e logo achou sua coruja, Wou, a única coruja preta de olhos vermelhos. Riu marota, seu tio-avô gostava de fazer experiências com animais, mesmo sabendo que era proibido. Ela relutara em aceitar a coruja, mas hoje não se via sem Wou.


-Wou, tenho um trabalho para você, vamos, desça daí! –entregou a carta para a coruja- Entregue isso a Saby, e em hipótese alguma faça isso na frente da minha mãe ou do meu pai, entendeu? Vá.


A porta se abriu e ela se virou para ver quem era.


-Olá, Srta. Loris –disse Inch sorrindo com sua boca malfeita e cheia de dentes escuros.


-Orchis. Sou descendente da família Loris, mas sou uma Orchis.


Ele assentiu vagamente com a cabeça e se aproximou dela.


-Sabe que você não parece uma desordeira? É bonita, rica, tem a cara de um anjo –disse ele estendendo a mão para passar no cabelo dela.


Ela desviou-se e correu para a porta. Só parou de correr quando chegou ao Salão Principal, encontrou Beverly sentada à mesa da Sonserina e Taylor sentando na da Grifinória. Passou e deu um sorriso para Taylor, mas foi sentar-se junto a Bev.


-Bom dia, Liv. Onde você foi? E por que está ofegante?


-Corujal. Carta. Vim correndo. –disse a menina tomando uma xícara de café.


As duas conversaram um pouco e se levantaram, indo direto para os jardins. Taylor se levantou depois de algum tempo e se junto a outro grupo de alunos que também iam na mesma direção. Grifinória e Sonserina na aula de Trato das Criaturas Mágicas.


Quando estavam chegando outros alunos da Sonserina estavam se aproximando também, entre eles Rumis Fell.


-Olá, Looker!


Taylor passou por Rumis sem o olhar, não daria corda para se enforcar.


-Fiquei sabendo que colocaram uma mulher no seu lugar!


Algumas garotas sonserinas riram, os amigos de Rumis forçavam uma gargalhada.


-E sabe o que é pior? Ela deve ser melhor goleira que você, Looker! Uma garota!


-Pare com isso, Fell!


Beverly estava ao lado de Liv com a varinha em punho. Liv fez um não e abaixou o braço da amiga.


-Não, Bev. Taylor não vai dar ouvidos a Rumis, não dê você também.


As duas andaram e se sentaram junto a Taylor, que arredou um pouco para o lado que Beverly se sentou ao lado dele.


-Eu te defendi, se você não percebeu, Taylor! Ainda está com raiva?!


-Não pedi sua ajuda.


-Deixe de ser ingrato!


Liv observava os amigos calada. Sabia que acabaria pior para si se entrasse para apartar a briga.


-Você está sendo infantil.


-Mas não fui eu que fiz um escândalo porque eu te dei um “bom dia sem graça”.


-Só falei que você podia ser mais simpático com quem iria te fazer um favor!


-Não vi favor algum!


Beverly ficou mais séria e olhou para os lados, Liv apurou os ouvidos. Charles chegou nessa hora e sentou-se entre eles. Taylor ainda encarava seu livro.


-Tenho algo para te dizer sobre a professora Dust.


-Não tenho a mínima intenção de saber.


-Ela é uma fraude! Usa uma identidade falsa!


Os quatro ficaram em silêncio. As pessoas foram se acomodando ao lado deles e por isso Beverly se calou.


-Bom dia alunos, durante ass últimas semanas nós revisamos os animais indomesticáveis. Agora vamos fazer um teste surpresa! Quero um relatório sobre os mais perigosos, sua característica mais violenta e o que o Ministério diz sobre cada um deles.


A boca de Charles se escancarou, Liv imediatamente pegou seu pergaminho e começou a escrever, mas Beverly e Taylor ficaram imóveis, olhando um para o outro.


-É uma acusação grave.


-Tenho como provar.


-Já a denunciou?


-Ainda não. Quis te contar primeiro.


-Fez bem.


Não sabia porque ela tinha feito bem, mas sabia que não queria que Bervely denunciasse a professora Dust. Na verdade se sentia bastante confuso.


Passaram a aula toda calados depois disso, cada um escrevendo em seu pergaminho, embora Charles insistisse em desenhar um campo de quadribol em seu trabalho, para desgosto de Beverly. O único som que se ouvia era o da pena arranhando os pergaminhos até que professora passou recolhendo tudo.


Assim que se levantaram Beverly pegou o braço de Taylor e saiu o puxando.


-A Bowl vai te denunciar, Looker? –gritou Fell- Ser uma bicha agora é crime?


Taylor se soltou de Beverly e levantou a varinha em punho para Rumis Fell.


-Pare com isso, Taylor. Você saiu de uma detenção semana passada, não vá entrar em outra.


Odiava quando Beverly estava certa, e isso acontecia grande parte das vezes. Abaixou a varinha e a guardou no bolso, voltando a andar logo em seguida. Então um feixe de luz passou raspando ao seu lado, e por muito pouco não acertou Bev. Ele olhou para trás e Fell fazia uma falsa cara de arrependimento.


-Oh, me desculpe! Saiu sem querer.


-O que você quer, Fell?


Rumis se aproximou com cara de poucos amigos.


-Deixe a Bowl em paz, será melhor para todos.


-O que você quer dizer com isso, Rumis? –perguntou Beverly- Nunca te dei nenhuma liberdade e deixo bem claro que não quero nada com você. Então seria bom se você parasse de atormentar meus amigos!


Rumis continuava a encarar Taylor. No outro instante Bev só viu Taylor no chão e os raios de luz partindo nas duas direções.


-PAREM COM ISSO!


Todos olharam para o lado. Sally Dust olhava horrorizada. Taylor estava com um olho roxo e um pouco de sangue escorria pelo canto da boca. Rumis tinha a veste rasgada e o nariz sangrando.


-O que está acontecendo aqui?


Várias pessoas começaram a falar ao mesmo tempo, muitas delas explicando a real situação. Beverly estava ao lado da professora dizendo que fora Rumis a começar a briga

.
-CHEGA! Sr. Looker, se envolvendo em confusão novamente! Menos 10 pontos para a Grifinória, e está de detenção novamente! Esta noite esteja na minha sala. –ela se aproximou de Fell, que tentava em vão conter o sangramento do nariz- Tem problemas respiratórios, Sr. Fell?


-Sim, professora.


-Venha, vamos até a enfermaria.


Ela começou a andar com Rumis a seu lado quando Beverly se colocou no meio do caminho.


-É injusto! Rumis começou a briga à toa! Taylor somente se defendeu! Isso não merece uma detenção, e além disso a senhora deveria tirar pontos de Rumis também!


-Srta. Bowl, você é uma ótima aluna, mas a próxima vez que me questionar terei que tomar providencias. E saia da minha frente antes que você também leve uma detenção.


Sally saiu levando Rumis e Beverly puxou Taylor para uma sala vazia no térreo.


-Liv, feche a porta, por favor.


Charles estava calado. Olhou para o amigo e deu um breve sorriso, mostrando que estava orgulhoso. Taylor devolveu o sorriso. Liv moveu sua varinha e o rosto de Taylor voltou ao normal, embora ele ainda sentisse dor.


-Aquela falsa, suja, imunda... Olha o que ela fez com você, Taylor! E se faz de boa, de perfeita... De francesa!


Beverly tirou um grosso livro de dentro da mochila e abriu. Era um antigo anuário. Apontou para um rosto.


-Olhe bem para essa daqui.


Taylor, Liv e Charles olharam fixamente. Uma garota sorridente, de longos cabelos negros lisos e olhos verdes, sorria para eles.


-Dally Silver –leu Liv em voz alta- Aluna da Grifinória, apanhadora do time de Quadribol, fundadora e membro da Sociedade dos Heróis Mortos... O que era isso, Bev?


-Andei sondando, fiz algumas perguntas discretas e descobri que era um grupo de estudo e exaltações de grande bruxos da humanidade. Todas as reuniões estudavam um bruxo diferente e mandavam relatórios para o diretor Draco Malfoy, além de imprimirem um jornal falando sobre as atividades do grupo e sobre suas descobertas.


-Legal –disse Liv.


-Babaca –resmungou Charles.


-Mas era uma farsa. Utilizavam a fachada para inventarem mentiras sobre a família Malfoy. Foram expulsos todos os membros por subversão e perturbação da ordem.


-Você acha que essa é a professora? –perguntou Taylor.


-É ela. Ou você acha que o sotaque francês que ela tem me desmente? Ou quem sabe os hábitos super franceses que ela tem, como o de tomar chá.


Realmente, ela não tinha sotaque algum para uma francesa, mas isso não dizia muito. Seus hábitos eram bem britânico, mas... Isso não era uma prova.


-Além do que as duas têm a mesma idade, o mesmo tipo físico, mesmos traços... São a mesma pessoa.


Taylor se lembrou da voz da professora. “Sua amiga Beverly descobriu coisas interessantes sobre meu passado”.


-É ela –disse ele por fim.


Chjarles riu.


-Ora, Taylor! Você? Você acreditando nas besteiras da minha irmã?


-A professora comentou comigo que Bev tinha descoberto algo sobre o passado dela.
Charles se calou.


-Mas por que ela faria isso? –perguntou Liv- Por que ela daria a confirmação de que é uma farsa?


-Não sei –disse ele encolhendo os ombros.


-Tome cuidado com ela, Taylor. Fique de olho nela nesta detenção.


-Não vai denunciá-la, Bev?


-Por enquanto não. Quero descobrir o que ela está fazendo.


Ele concordou com a cabeça. Liv abriu a porta e saiu sem falar nada. Charles tinha o olhar perdido, então se levantou.


-Temos aula, vamos andando.




Taylor bateu na porta.


-Entre –veio a voz lá de dentro.


-Como vai, Taylor?


-Oh, muito bem! Mais uma detenção, logo agora que saí de uma... –disse ele sarcástico.


-Vamos fazer uma poção descongestionante para seu amigo Fell. E quanto a sua detenção não é nada que você não tenha provocado.


Ele não respondeu nada, já se sentia mal o suficiente sem ela lhe jogar tudo na cara.


-Ainda assim acho que você tem bons motivos para sorrir –continuou.


-Acha é? Quero dizer, acha, professora?


Sally sorriu delicada e pegou algumas ervas e colocou num caldeirão.


-Quer chá?


-Sim, por favor.


Chá. Ela sempre tomava chá. Era óbvio que não era exclusividade dos ingleses, mas o chá era a bebida mais tomada da Inglaterra. Lembrava da voz de Beverly em sua cabeça lhe repetindo a advertência contra a professora. Sally Dust podia não ser quem demonstrava.


-Aham. Aparentemente é a primeira vez que a nossa cara filha do embaixador se posiciona contra um professor. E isso só para lhe defender.


-Foi uma injustiça o que fizeram comigo! Não tinha como ela não ficar do meu lado.


-Ora, quantas e quantas injustiças ela já presenciou e nunca se manifestou?


A raiva pela detenção injusta, pela calma excessiva dela e pelo fato de ele suspeitar dela fazia-o querer conversar o menos possível. Sabia que podia perder mais pontos e entrar em outra detenção, mas se ser rude com ela deixasse a sala em silêncio era isso mesmo que ele iria fazer.


-A senhora não sabe nada sobre Bev.


-Ah claro que sei. Qualquer um sabe. Filha de Simon Bowl, o embaixador mais jovem e mais poderoso que a Inglaterra possui. Criada como uma princesa, já vi várias assim.
-Bev é uma ótima pessoa –disse ele cortando os legumes com raiva.


-Cuidado senão irá cortar seu dedo, e o sangue estragará tudo e teremos de recomeçar! Mas como eu ia dizendo, sei que Beverly é uma boa moça. Simplesmente fizeram lavagem cerebral nela.


Ele enfiou a faca na tábua e olhou para a professora com ódio.


-O quê?


Sally sorriu satisfeita.


-O pai dela fez o que todos os pais vêm fazendo desde que eles próprios tiveram suas mentes drasticamente alteradas pela família Malfoy.


Taylor esqueceu durante alguns segundos a raiva que sentia. Era sua impressão ou ela estava falando mal descaradamente da família mais poderosa e mais eficiente que a Inglaterra já vira?


-A família Malfoy fez o país crescer.


-A família Malfoy fez o país crescer -repetiu ela imitando um robô- Olha como você fala! Decorou essa frase quando? Aos seis anos? Você já leu o livro com os olhos certos, por que ainda defende os Malfoy?


Na verdade não sabia. Enxergara uma parte do que o autor quis dizer, entedia certos horrores encobertos, mas parecia errado discordar do Ministro da Magia e de seu filho diretor de Hogwarts.


-Não me parece certo contradizer a família Malfoy –disse com a voz murcha depois de algum tempo.


-Ah...


Passaram algum tempo em silêncio, até que ele se atreveu a retomar a conversa.


-Acha que é certo contrariar o Ministério? Ele zela pelo bem estar de todos.


-Inclusive pelo bem estar deles. E que bem estar, diga-se de passagem.


-Eles não abusam de poder. São justos com a população mágica. Fizeram grandes obras.


-É, a máscara deles está bem presa, difícil de cair. Não é à toa que não se encontram mais pessoas para dizer o contrário.


-Porque foram convencidos de que a família Malfoy é o melhor para o país.


-Eu não diria bem isso. Censura, prisões e mortes funcionam melhor que panfletos sobre “como a Inglaterra vence o Ministério de outros países”.


Taylor se calou, prestava tanta atenção nela que quase deixou seu caldeirão tombar e cair. Consertou rapidamente e continuou a ouvir.


-Uma vez estudantes, que supostamente tinham direito à liberdade de expressão, tentaram enxergar o outro lado do que acontecia no país... Não terminou bem.


Ela olhou um caderno e entregou um abafador de ouvidos para ele.


-Iremos precisar da ajuda das mandrágoras.


Passaram o resto da noite trabalhando em silêncio. Não era possível desviar os olhos do que faziam e, mesmo que um falasse, o outro não ouviria. Aparentemente o grito da mandrágora acelerava a poção, fazendo com que ficasse pronta mais rápido.


Já passava da meia-noite quando Sally colocou as três mandrágoras dentro de seus respectivos vasos. Ambos tiraram seus abafadores de ouvidos e ela os guardou. Taylor bocejou e ela forçou o que seria um sorriso.


-Você está cansado, e eu também. Amanhã a poção estará pronta, você poderá pegá-la com o próximo professor.


-Certo.


Abriu a porta com um pesar no peito. Ela dissera que amanhã estaria fora da escola, mas até agora não acontecera nada, nada que indicasse que Draco Malfoy havia decidido afastá-la da escola.


-Não é um blefe, se é isso que está pensando, Taylor.


-Não há motivo para a senhora ser demitida.


-Não. Não há. Ainda.


Ele riu sarcástico.


-Boa noite, professora.


-Um momento, Taylor. Amanhã você verá que eu estava certa. E talvez depois disso você queira fazer o que não fez antes. Não faça. Não fale com ninguém o que ouviu de mim, guarde isso no túmulo, ou acabará esquecido em uma cela em Azkaban. Sem mim aqui e sem minhas instruções você nunca poderá ter sucesso. Esqueça nesse momento qualquer coisa subversiva que ouviu de mim.


-Ah claro, é muito fácil esquecer...


-Eu vou apagar sua memória. É melhor para nós dois.


Taylor sentiu o sangue gelar.


-Você não pode fazer isso.


-É para o seu bem. Se me denunciasse você também se entregaria, como cúmplice. A melhor coisa para você é esquecer o que ouviu, Taylor. É uma pena que não tenha funcionado.


Ela levantou o braço, Taylor ficou imóvel, sentia todo o corpo paralisado.


-Oblivi...


-Como terminou a Sociedade dos Heróis Mortos? –ele perguntou finalmente.


-O que disse?


-Como terminou a Sociedade dos Heróis Mortos?


-Dally Silver está morta, se é o que quer saber. Morreu em Azkaban.


-Não não está, pois ela é você, e você está aqui.


-Na noite que ela morreu houve uma fuga em massa de Azkaban. Uma garota de 17 anos matou um guarda e derramou na boca dele uma poção similar, porém mais potente, que a poção polissuco. Encontraram o corpo pela manhã, e bem rápido ele foi incinerado.


-Como ela teve acesso a essa poção?


-Existiam várias pessoas que estavam dispostas a ajudar presos políticos, naquela época.


-E outros membros da Sociedade?


-Presos, torturados. Alguns fugiram para outros países, como a França, por exemplo.


-Você não é francesa.


-Não. Nem ninguém da minha família.


Taylor fechou a porta e se sentou numa cadeira.


-Eu não consigo entender...


-Ainda há muito que entender. Muito. A sala de Draco Malfoy esconde muitos segredos que eu persegui toda a minha vida.


-Como o quê?


-Como ele derrotou Voldemort, por exemplo.


A sala ficou em silêncio por algum tempo, então sorriu triste para ele.


-Foi bom lhe conhecer, Sr. Taylor Looker. Mas agora eu realmente devo apagar sua memória.


-Não há tempo para me ensinar o que preciso?


-Para isso há. Mas não há tempo para arranjar ajuda, convencer alguém. Estou aqui há mais de um mês e só agora acredita em mim.


-Eu... Eu te escrevo, escrevo em códigos! Posso mandar algum tipo de sinal, avisar que convenci alguém... Eu posso...


-Taylor!


A sala ficou novamente em silêncio, Taylor respirava ofegante.


-Por favor... Eu sei que posso.


Sally olhou para a porta e ficou alguns segundos calada, então sorriu ficou mais confiante.


-Sente-se, temos pouco tempo.


Taylor puxou uma cadeira e olhou atento para a professora.


-Quando me perguntou sobre o livro pela primeira vez... Lembra-se? Eu lhe falei de dois aspectos importantes desse livro. O aspecto histórico e o político. E no dia que comecei a lhe explicar eu disse quando você entendera quase tudo. Lembra-se disso?


-Sim, professora.


-Nós discutimos um pouco sobre o aspecto político, mas não falamos nada sobre o aspecto histórico, porque ele pareceu bem óbvio para o senhor. Mas ele é a parte mais importante, e não é óbvio como você imagina.


-Não?


-Sempre, em todo tipo de governo, haverá oposição e pessoas que falem suas mensagens, mesmo que de modo escondido, como é o caso do autor Neville Longbottom. Mas a denuncia em si não é o mais importante, mas sim o que é denunciado.


Taylor ficou olhando perdido para Sally, tentando entender o que ela queria lhe falar.


-Você não percebe?


-Não.


Sally parecia ansiosa, estava muito agitada e andava de um lado para o outro.


-Pense no teor político influindo no teor histórico. Se o livro contradiz certas verdades que o Ministério prega, então...


-...então isso significa que a família Malfoy esconde fatos da história... E que Harry Potter provavelmente não era um vilão, e que os Malfoy muito provavelmente sempre foram aliados de Voldemort, e que preparam a queda dos dois para dar um golpe e assumir o país! MERLIM!


-Shh! Fale baixo, lembre-se que ninguém deve nos ouvir.


Taylor estava tremendo, suas conclusões foram saindo de uma vez de sua boca, sem que ele conseguisse controlá-las. Sally estava sorrindo largamente.


-Agora você realmente compreende o valor desse livro, Taylor. Entende porque ele foi escrito em metáforas?


-É uma denuncia enorme que o autor faz contra o Ministério! Ele nunca poderia falar o que queria claramente...


-E não só contra o Ministério –voltou a dizer Sally, agitando-se novamente- Denúncias da administração de Hogwarts também! Esse é o ponto crucial que você precisa entender... Draco Malfoy tem feito lavagem cerebral em seus alunos durante 50 anos! Por que hoje em dia são pouquíssimos casos de gente desaparecida ou presa sem grande motivo? Porque Draco Malfoy doutrinou seus alunos para acreditarem no que ele queria que as pessoas acreditassem. Existe uma geração inteira que cresceu sendo enganada, acreditando que nas mentiras da família Malfoy, como você também acreditava até segundos atrás! Se hoje poucas prisões estranhas e desaparecimentos ocorrem, é porque ano após ano todas as pessoas sofreram uma lavagem cerebral para acreditarem no que lhes é dito. Se a ditadura de Lúcio Malfoy não caiu até hoje, é porque Draco Malfoy ensinou a todos os bruxos o que pensar desse governo. Pai e filho estão unidos numa trama que ninguém consegue desmentir, porque foi muito bem feita. Sabe-se lá como... Isso é o que eu venho tentando descobrir: como Harry Potter morreu, e como a família Malfoy derrotou Voldemort. Como começou essa ditadura para descobrir como acabar com ela.


Taylor sentiu o chão sair de seus pés, tudo o que acreditou a vida inteira, tudo aquilo que sua família e as outras famílias acreditavam era mentira. Sally lhe ofereceu gentilmente uma barra de chocolate.


-Tome. Ainda temos algo importante a fazer.


-Temos?


Sally balançou a cabeça devagar, então se aproximou da porta com cuidado, e a abriu de supetão.


-AH!


Taylor olhou estupefato para Beverly no chão. Provavelmente a garota ficara ali ouvindo toda a conversa com o ouvido grudado na porta. Sally fechou a porta e ajudou Beverly a se levantar.


A sala teve um instante de silêncio, mas logo Beverly começou a falar desesperadamente!


-Você e essa mulher... –disse ela olhando com nojo para Taylor - Vocês são... Conspiradores! Você tem idéia do que vocês estavam fazendo? Subversão! Calúnia! Infâmia! Céus, isso é horroroso!


-Shhhhh! Fale baixo, Beverly!


-Ora, é Srta. Bowl para você! Sua... Suja!


-Pode me chamar do que quiser. Inclusive pode me denunciar neste exato momento

.
-É o que eu vou fazer! Ouviu? Estou indo contar ao diretor que você tem poluído a mente de bons alunos desta escola!


-Ótimo, estou esperando.


Beverly se encaminhou para a porta, mas parou hesitante.


-O que você pretende?

-Refazer a Sociedade dos Heróis Mortos.


-Taylor não vai te ajudar nisso! E nem eu.


-Vou sim, Beverly!


Ela ficou sem reação por um momento, mas voltou a falar com a professora, ignorando a fala de Taylor.


-Se eu te denunciar, você irá presa.


-Não, não irei. Não sou tonta, fugirei logo em seguida. Ande logo, Beverly, estou com pressa.


-Por que você quer que eu te denuncie?


-Por que a Sociedade nunca poderá existir enquanto eu estiver aqui, Draco Malfoy tem vigiado cada corredor desta escola, dia e noite. Principalmente um certo corredor em especial.


-Ela também não existirá quando você for.


-Ah existirá sim! E você vai ajudar Taylor a fazer isso...


-Eu não compactuo com essas coisas.


-Sei que não. E é justamente por isso que você é o álibi perfeito para Taylor. Se você disser a Draco Malfoy que ele lutou bravamente contra o que eu disse, Malfoy o deixará em paz, e aí a Sociedade poderá voltar.


-Não farei isso!


-Por onde devemos começar? –perguntou Taylor.


-Eu vou te denunciar também, Taylor!


-Comece pelos alunos de família mestiça e/ou pobre. Muitos deles têm casos de prisões e coisas assim em suas famílias, eles já estão dispostos a acreditar no que você lhes disser. Mas escolha pessoas da sua confiança, e não comece com um grupo grande.


-O que deverá ter nas reuniões?


-Aulas de história com um livro decente –ela moveu a varinha e um pesado livro se materializou na escrivaninha- e, principalmente, lições de espionagem e de defesa.
Mais dois livros se materializaram na mesa.


-Taylor, não... Por favor, não a ouça.


-Quem vai passar isso tudo para nós?


-Ora, quem! Você mesmo, Taylor!


A sala ficou num leve silêncio.


-Como?


-Tenho certeza que encontrará todas as respostas para suas perguntas nos livros.


-Certo.


Taylor e Sally olharam para Beverly, agora sentada numa cadeira com uma expressão desolada no rosto.


-Não olhem para mim.


-Ora, Beverly. Você está tendo, pela primeira vez na sua vida, a chance de fazer algo de bom pelos outros. Há muitas pessoas que contam com você.


-Já fiz muita coisa boa!


-Boa para a família Malfoy, está na hora de ficar do lado certo. Pense em quantas pessoas você já denunciou, quantas amizades perdeu com isso.


-Elas superaram a detenção.


-E você superou a perda das amizades?


Beverly ficou em silêncio olhando fixamente para Sally.


-Diga um basta para o que a carreira política do seu pai manda você fazer. Faça a sua própria carreira, Beverly. Ajude quem realmente precisa da sua ajuda.


-Você não precisa da minha ajuda...


-Você é minha última esperança em Hogwarts. Você e Taylor. Liberte-se e me ajude a libertar várias pessoas.


Aparentemente a palavra liberdade causou uma reação estranha na garota. Taylor nunca vira os olhos dela brilhar tanto. Sabia que dentro dela havia uma guerra interna. Apesar de saber que Beverly era uma boa pessoa, ainda assim não esperava uma reposta tão confiante.


-O que eu faço?


-Diga a Draco Malfoy que me viu tentar influenciar a cabeça de Taylor, e pode até acrescentar que eu o coloquei injustamente em detenção, só para tentar pervertê-lo. Diga que Taylor tentou lutar contra mim, tentou sair da minha sala, mas eu o prendi. Você estava por perto vigiando, porque já desconfiava de mim. Mostre o meu anuário para parecer mais convincente. Invente o que quiser, mas não conte o que eu realmente falei a Taylor.


-Aham.


-Podem ir, eu vou fazer Taylor desmaiar, para parecer que eu o agredi e vou desmaiar também. Diga que me deu com um castiçal na cabeça.


-Eles vão te encontrar no chão?


-Vão. Só assim a sua palavra será confirmada.


-Mas...


-Ora, fique tranqüila. Eu tenho 59 anos, sei muito bem como me defender. Sou mestre em fugas, disfarces e etc. Não se preocupe comigo.


A garota já saia da sala quando Sally a interrompeu.


-Não se esqueça de parecer desesperada. E procure algum professor primeiro, porque você não tem a senha da sala do diretor. Boa sorte e até breve, minha querida.


Beverly sorriu e assentiu com a cabeça saindo correndo logo em seguida. Sally então sorriu para Taylor.


-Era um blefe, não tinha nada que a incriminasse. Nada até agora.


-Eu nunca deixei de confiar em você, Taylor. Nem por um segundo.


Ambos sorriram um para o outro.


-E agora? –perguntou ele.


-Vou te estuporar. Quando você acordar amanhã de manhã eu já estarei longe, mas não fique preocupado. Só peço que se lembre de uma coisa.


-O quê?


-Não comece a Sociedade antes de dar uma passada pela sala do Inch.


-Por quê?


-Vasculhe a gaveta mais bem guardada da sala. Encontrará ajuda lá.


Ele assentiu com a cabeça.


-Até breve, Taylor. Boa sorte.


Ele viu o feixe de luz se aproximando, então tudo ficou escuro.




N/A: Depois de tanto tempo eu finalmente atualizei!!! Faltam somente 7 dias pro meu Baile de Formatura! Uma semana! Aí eu vou ter mais tempo livre pra escrever (eu acho) e então atualizar com mais freqüência. Muito obrigada a todos que estão acompanhando, e não se esqueçam de deixar uma resenha! Bjokas, Asuka.

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