Comensais da Morte - Parte I

Comensais da Morte - Parte I



- Bom dia, Lírio.


- Só se for pra você, Potter – disse Lily passando por ele apressada com os livros apertados contra o peito, indo para sua primeira aula de segunda-feira. O maroto somente deu seu famoso sorriso de lado canalha e foi para o Grande Salão, de onde a ruiva tinha acabado de sair, para, enfim, comer seu café da manhã, que estava totalmente atrasado.


Como sempre acordara tarde e ficara ainda mais atrasado por ter esperado Sirius sair de seu banho, e conseguinte ter demorado no seu. Mesmo estando atrasado, não estava a ponto de começar a aula, ficando curioso pela pressa da garota.


Quando chegou à mesa da Grifinória Marlene e Katie ainda estavam sentadas, comendo tranquilamente suas torradas com geleia de morango.


- Me diz porque a amiga de vocês tá tão apressada a essa hora da manhã? – disse assim que se sentou ao lado de seus amigos.


- Foi se encontrar com o Brand – Katie respondeu sem desgrudar seus olhos de sua comida, e sem notar a cara de desgosto na face de James.


- Ela arrumou namorado novo então – Sirius disse olhando para a mensageira da notícia. – Um que até agora o Pontas aqui não assustou – bateu com a mão nas costas do amigo, que somente fez virar o rosto para Sirius com um olhar mortal. Sirius riu debochado.


- E por que eu assustaria o pobre lufano?


- Porque não consegue ver sua ruivinha com outra pessoa. – Potter somente deu um soco em suas costas e se virou para comer. O resto dos amigos riram perante essa reação, porém não comentaram nada, desviando do assunto.


- Olha lá Almofadinhas, a garota que tem espamos de emoção toda vez que te vê – disse Remus apontando para uma loira que parecia a beira do choro por Sirius não olhar para ela. Quando o fez seu sorriso foi de orelha a orelha fazendo Sirius desviar o mais rapidamente possível.


- Tadinha da criatura – Lene disse voltando a atenção que antes estava na loira para sua tortinha de abóbora.


- Não posso fazer nada se todas me querem – Marlene riu em deboche perante o comentário e Sirius fingiu não ouvir. – Mas essa ai eu fico longe. Ela tem olhos loucos.


- Olhos loucos? – Katie perguntou.


- Nem pergunte – Remus disse. – É essa teoria ridícula do Sirius.


- Não é ridícula. Já foi comprovada por mim e pelo Pontas aqui – deu um tapinha no ombro do amigo.


- Completamente comprovada.


- Vocês são dois bestas por acreditarem nela – Peter se manifestou.


- Até você Peter? – Sirius disse fingindo incredulidade.


- Dá pra alguém explicar o que é essa teoria? – Katie disse.


- Olhos loucos – começou Sirius – é quando você olha nos olhos de uma garota que pode até parecer normal, mas quando olha bem profundamente tem essas listras em círculo ao redor das íris dela. Quando ela está com você ela é um doce, mas só até você terminar com ela. Quando isso acontece ela destrói sua vida.


- Bom, infelizmente, você ainda tá aqui. Então nenhuma conseguiu destruir sua vida. – disse Lene.


- Isso é o que pensa. Uma já destruiu meu violão – Sirius disse.


- Outra já destruiu minha vassoura – James disse e Katie e Marlene reviraram seus olhos. – Não desdenham isso. Vassoura é o bem mais precioso de um homem.


- Vocês são ridículos – Lene disse.


- Mudando de assunto, senão Lene e Sirius vão começar com os gritos às oito da manhã, Black – disse Katie, fazendo o maroto olhar para ela – qual será seu próximo desafio? Que não envolva nós três, pelo amor de Merlin.


- Então McKinnon te contou que eu consegui cumprir com minha promessa na semana passada? – Sirius sorriu seu "sorriso Black", que consistia em sorrir de um jeito canalha porém adorável. – Ficou sonhando muito depois do que aconteceu? – levantou uma sobrancelha.


- Não se valide tanto Sirius – Lene revirou os olhos. – Só disse porque tinha chegado no dormitório totalmente nervosa e elas quiseram saber.


- Nervosa porque não conseguiu ficar mais tempo comigo? – alargou mais o sorriso.


- Não – disse suavemente. – Porque depois do beijo que você forçou eu a dar eu não te chutei nas bolas. – levantou do banco e saiu, fazendo os quatro marotos e Katie a observarem sair do Salão Principal.


- Gente, como eu amo a Lene – James disse dando tapinhas nas costas de Sirius e rindo.


- Você fala isso mas a sua ruivinha não é nada em flores com você – James que em um momento estava rindo, fechou completamente a cara, fazendo Sirius rir, pois ele sabia que Lilian Evans era um assunto muito delicado para o amigo.


- Um dia ela vai ser – piscou e saiu da mesa.


- Eu ainda consigo ver esses dois juntos – Kay disse pensativa.


- Ainda? – Remus perguntou. – Você já pensou neles como um casal? – franziu o cenho.


- Com certeza. Essas brigas deles é só um jeito de mostrarem um pro outro que se gostam e que se importam com o outro.


- Meu Merlin, a Lene me ama – Sirius disse fazendo Katie revirar os olhos e dar uma risadinha.


- Você não entendeu Sirius – Kay continuou. – Semana retrasada, quando James ficou sem falar com a Lily, ela não aguentou mais, e teve que ir falar com ele. A consciência tava pesando sim, mas ela teve que admitir pra si mesma que a vida dela é bem mais interessante com James nela, a irritando.


- Nunca pensei dessa maneira – Remus disse.


- E é por isso que eles são o casal perfeito. Mesmo se odiando, se gostam. E não conseguem ficar longe um do outro.


- Nah. Isso não é verdade. Pontas com certeza consegue fazer isso. – Sirius disse.


- Pensa nisso. Quando é que conseguiram ficar longe um do outro por tempo o suficiente pra esquecerem de como eram como quando estavam brigando? – Katie disse, e Sirius parou para analisar.


Era a verdade. Eles podiam até brigar e ficar sem falar um com o outro, mas eventualmente não aguentariam ficar longe um do outro e um ou outro iria pedir desculpas. E mesmo com o pedido de desculpas a vontade de quererem se matar não sumia, e então as brigas continuavam, e nunca paravam. Mesmo eles ficando bravos um com o outro o suficiente para nem se olharem na cara.


Eventualmente eles sempre se resolviam, e voltavam a ser "inimigos mortais".


-x-


O outro dia amanheceu, porém nublado, como Outubro sempre ficava, marcando o começo do inverno. Como o tempo estava se resumiu o humor de todos quando abriram o Profeta Diário naquela manhã.


- Quinze pessoas morreram? – Lily leu com a voz meio falha. – Todos trouxas. – A garganta apertou, como se um nó tivesse aparecido, e tentou de controlar para não chorar na frente de todos, o que odiava fazer. James, que estava ao seu lado comendo uma torrada com geleia de pêssego, acariciou seu braço gentilmente. Ela virou para olhá-lo que a olhou com um sorriso triste.


- E não foi só isso – disse Katie olhando para a sua edição do jornal. – Teve um duelo entre os Comensais da Morte e os Aurores.


- Está mesmo acontecendo a guerra de que todos falam – Remus disse olhando para baixo, triste.


- Eu não entendo como que podem existir pessoas malucas o suficiente para causarem isso – Marlene disse.


- Enquanto houver alguém que pensa ser melhor, superior e mais poderoso que todos, e ainda quer mais poder para si mesmo, sempre haverá guerra – Sirius comentou.


O Salão que estava cheio de murmúrios de repente ficou em silêncio quando Dumbledore se ergueu e foi à frente de todos. Acharam estranho, pois não era algo que sempre fazia.


- Caros alunos, eu sei que estão assustados e desolados com as notícias que acabaram de ler. Sei que estão frustrados e agitados com essas pessoas, denominadas Comensais da Morte, com o que fizeram tanto com a civilização trouxa quanto com os aurores. Mas eu espero que mantenham a calma. Vocês não podem fazer nada. O que podem é continuarem os seus estudos, e, quando se formarem, fazer a diferença. Vocês não podem se preocupar com os aurores que estão lutando para proteger a todos, pois eles sabem o que fazem. São treinados para isso. O que podem fazer é enviar bons pensamentos para eles, para que tenham êxito nesta guerra que está à nossa frente. – Todos estavam prestando atenção ao que dizia, não conseguindo nem respirar direito. – Eu sei que alguns devem ter ouvido do meu duelo com o líder dessa guerra, no Ministério da Magia. Voldemort é seu nome – todos arfaram à menção do nome, e arregalaram seus olhos. – Sei que não gostam de falar seu nome, porém quero que saibam quem ele é. Vocês não devem subestimá-lo. Se algum dia o encontrarem, somente corram. Ele não se importa se você é trouxa ou bruxo. Se o desafiar ele irá revidar e matá-lo. Porém, como já disse, quero que se mantenham calmos, pois não há lugar mais seguro que Hogwarts. – suspirou e voltou ao seu lugar para continuar com seu café da manhã. Aos poucos o Salão foi se enchendo com conversas, porém o clima estava  mórbido.


Os quatro marotos e as três meninas se entreolharam assustados, porém nada disseram. Somente continuaram comendo.


-x-


Lily e Brand estavam sentados no banco em frente ao Lago Negro que sempre ficavam, durante toda a semana passada e esta, sendo o segundo dia dela. Estavam conversando sobre o povoado que Brand morava. Por ser de família trouxa morava onde só tinha não bruxos.
- Como eu não tinha nenhuma pessoa na família que era bruxa, no dia que eu voei do balanço eu pensei que eu tinha morrido e ido pro céu – Lily riu, se divertindo. – É sério, não ri de mim – ele disse, mas deu uma risadinha acompanhando-a. – Isso foi com 10 anos. Ai depois de um mês chegou um homem na minha casa querendo falar comigo e com meus pais. Quando ele disse que eu era bruxo meu pai caiu na gargalhada pensando que era uma brincadeira dos amigos dele do trabalho. Mas ai eu contei do incidente do balanço e ele acreditou.
- E como foi com o Luke? – Lily perguntou e ficou olhando-o. Brand ficou sem falar por alguns segundos.
- Ele... Hm... Eu não me lembro direito. – disse gaguejando, e Lily achou estranho, afinal, quando acontece algo além do normal, relacionado à magia, ninguém nunca esquece. Mas deixou pra lá. Brand provavelmente estava em Hogwarts, ao redor de mais magia. Não deveria ter se importado muito com o que aconteceu com o irmão mais novo. Brand limpou a garganta – E você?
- Desde criança eu conseguia fazer pequenas flores flutuarem na minha mão e desabrocharem. Não lembro muito bem de como começou. Só de um dia eu conseguindo mover as flores – ele sorriu encantado, olhando-a. – Eu andava neste lugar, um pouco longe de casa, onde tinha muitas flores. Andava com minha irmã. Ela adorava me ver fazer esse truque das flores – Lily olhava ao longe, parecendo não estar lá. Parecendo estar onde estava nesta sua memória. Sorriu triste. – Então Snape apareceu e explicou tudo pra mim.
- Snape? – Brand franziu o cenho. – Severus Snape?


- Esse mesmo.


- Vocês eram amigos?


- Sim. Acho que um ano antes de eu entrar em Hogwarts. – disse e olhou para Brand que a olhava meio surpreso. – Eu sei. Muito difícil de imaginar eu amiga de Snape. Quem brigou comigo, quem sempre briga com os marotos, meus amigos.


- Quem te chamou de... – Brand disse, mas, deu para perceber, se arrependeu logo após pois apertou os olhos com força, abaixando a cabeça. – Me desculpa. Saiu sem querer.


- Tá tudo bem. Eu já superei – Lily disse sorrindo fraco.


- Mesmo assim. Me perdoa. – a garota pôs os dedos no queixo de Brand fazendo-o levantar a cabeça.


- Já disse que superei. – Sorriu, fazendo-o retribuir o sorriso. Lily gostava de ficar admirando o sorriso de Brand. Era um dos poucos bonitos que já viu na vida, e gostava de sorrisos. Marlene gostava de falar que ela tinha uma tara por sorrisos.


Era isso o que mais gostava em Brand. Seus olhos também eram impressionantes. Nunca tinha visto olhos pretos, tão pretos que não conseguia ver a íris. Ficava abismada pois não era comum olhos pretos no Reino Unido. O que era comum eram olhos claros, o que ela estava cansada de ver. E também porque Luke, seu irmão mais novo, tinha olhos verde, nada igual à Brand.


Gostava também que quando ficava perto de Brand se sentia confortável. Ele sabia deixá-la confortável. Não ficavam igual aqueles casais no começo da relação que não conseguiam nem trocar algumas palavras que já ficavam todos desconfortáveis. Não que ela considerava o que tinha com Brand um relacionamento. Mas definitivamente era o começo de um. Fazia mais de uma semana desde que ele a tinha beijado depois do encontro em Hogsmead. Não que ela estava contando os dias, longe disso. Não era esse tipo de garota. Porém depois que passou uma semana ela começou a imaginar se este não seria um relacionamento.


Os relacionamentos que ela tinha sempre passavam de uma semana, e, pelo menos os meninos, consideravam que eram um relacionamento. O mais duradouro foi no seu quarto ano. Durou um mês antes de James ter assustado o garoto. Até hoje Lily não entendeu a razão disso. E nem queria. Tinha medo de descobrir o que motivou Potter a agir daquela maneira.


Olhando para Brand agora, com os cabelos se mexendo por conta da leve brisa de fim de Outubro, ficou imaginando se esse relacionamento duraria, se conseguiria fazer durar, pois sempre estragava as coisas. O que ela sempre odiou em si mesma.


As coisas poderiam estar as mil maravilhas, mas ela conseguia estragá-las.


Ela fungou em deboche diante desse pensamento, o que não passou despercebido por Brand, que a estava olhando.


- Que foi?


- Nada. – sorriu minimamente.


- Você deu uma fungada porque tava pensando em alguma coisa.


- Você consegue ler as pessoas hein.


- Um dos meus muitos talentos – riu, fazendo que ela acompanhasse-o.


- É só que... – parou. Ela não podia falar que estava pensando no relacionamento dos dois. Não podia falar que estava pensando que aquilo poderia ser duradouro. Ele era homem. Iria se assustar com isso. Homens sempre se assustam com sinais de compromisso. Quanto mais ela jogando esses sinais na cara dele em forma de palavras. – É que eu lembrei da Lene falando que tenho tara por sorrisos. E que o seu sorriso é um dos mais bonitos que já vi. – Se ele já estava rindo pelo seu comentário anterior, o riso se alargou em um sorriso que mostrou todos seus dentes brancos e alinhados, fazendo Lily rir ao observá-los.


Brand abaixou seus olhos para os lábios de Lily que ainda estavam abertos pelo riso. Diminuiu o seu próprio sorriso, ficando um pouco sério por encarar a boca da ruiva. Ela, percebendo isso, parou de rir, e começou a olhar de um olho dele para o outro. Lily percebeu sua intenção, o que fez com que seu coração começasse a bater mais rápido. Não de medo, mas de nervosismo. Sempre ficava assim quando estava prestes a beijar um garoto, e com Brand não era exceção.


Ele começou a chegar mais perto a ponto de ela sentir sua respiração com cheiro de menta.


A milésimos de segundos de seus lábios se tocarem Brand levantou seus olhos para olhar os olhos verdes de Lily, antes de fechá-los e beijá-la.


O beijo foi calmo. O garoto levantou a mão e, roçando na bochecha de Lily, passou-a para sua nuca, puxando-a gentilmente para mais perto de si.


Lily correspondeu ao toque colocando suas mãos nas costas dele, acariciando-a. Como estavam sentados no banco seus corpos não se tocavam, o que Lily queria que acontecesse, pois gostou de sentir o calor de Brand em seu próprio corpo da primeira vez em que se beijaram. Tentou puxá-lo para mais perto, porém não foi possível. A posição que estavam não era favorável.


Percebendo isso ele abaixou sua mão para a cintura de Lily, fazendo isso também com a outra mão. Apertou-a e a puxou, incrivelmente fazendo a ruiva sair do lugar e se aproximar mais dele. Mesmo estando meio separados conseguia sentir um pouco do calor do corpo dele. Os braços com vários músculos a envolveram por toda a extensão das costas. Lily levantou as mãos das costas do garoto para sua nuca, acariciando-a, fazendo um caminho da nuca até para o cabelo, e de novo pra nuca. Sentiu-o suspirar o que fez seus pelos levantarem por alguns instantes.


Voltou a cabeça o bastante para conseguir olhá-lo, ainda de olhos fechados. Passou suas mãos pelas bochechas dele, acariciando-as, esperando-o abrir os olhos. O que fez, segundos depois. Abriu um sorriso ao vê-la olhando para si. Deu um selinho um pouco demorado nela e voltou com a cabeça para trás, voltando as mãos dele para as bochechas dela, acariciando-as novamente.


- O primeiro fim de semana de Novembro vai ter mais um passeio à Hogsmead. – Ele disse um pouco baixo, dando a impressão de estar rouco. – Quer ir comigo? – Lily sorriu concordando com a cabeça. – Que bom – ele retribuiu o sorriso. – Infelizmente eu preciso ir. Deixei um trabalho pra última hora e preciso entregá-lo amanhã, na primeira aula. – ela suspirou demonstrando desapontamento. Ele riu da reação.


- Ok – largou da nuca dele se levantando, fazendo-o levantar também. Brand chegou mais perto dela, enquanto ela levantava um pouco a cabeça, por ser consideravelmente mais baixa que ele.


- Antes de eu ir dormir eu te procuro pra te dar boa noite – disse enquanto passava os braços pela cintura de Lily.


- E como vai fazer isso? – Lily disse sorrindo, passando seus braços por cima dos ombros de Brand.


- É só você dar uma ajudazinha e fazer a ronda hoje perto da torre da Lufa-Lufa – ela sorriu, um pouco marota perante a ideia. Concordou com a cabeça novamente chegando perto dele e fazendo-o abaixar a cabeça para se beijarem por um breve momento. Ele se separou primeiro e deu um "tchau" quase inaudível, e começou a andar em direção ao castelo. Lily o olhou com um sorriso meio bobo. Voltou a se sentar no banco olhando para o Lago Negro, ainda sorrindo. Balançou a cabeça para se concentrar e parar com o sorriso bobo, como se estivesse apaixonada.


-x-


- Remus, pode deixar que eu faço a ronda de hoje – Lily disse se levantando da poltrona do Salão Comunal que estava sentada.


- Mas Lily, você já pegou um dia meu de ronda. Não é justo pegar outro – disse ele quase se levantando, mas ela abanou a mão, fazendo-o se sentar novamente.


- Não tem problema. Não me importo, sério.


- Não é por se importar ou não que você vai fazer a ronda, né Lily – Lene disse sorrindo de lado.


- Lene – Lily olhou-a brava, e corou.


- Por que a senhorita Lily certinha Evans quer fazer a ronda hoje? – Sirius perguntou de repente interessado no assunto, se ajeitando no sofá que estava sentado ao lado de James que fingiu estar lendo um livro sobre quadribol para ouvir a conversa.


- Por nada.


- Porque ela vai encontrar escondida com o Brand.


- Marlene McKinnon – Lily brigou com ela, porém ela somente riu, fazendo Sirius olhar a ruiva de um jeito maroto.


- Lilian Evans, Monitora da Grifinória, e futura Monitora-Chefe está saindo escondida para encontrar com o namorado, tsc, tsc.


- Primeiro, não é da sua conta o que eu faço, Black – ele levantou as mãos em sinal de rendição, fazendo Remus e Peter rirem. – E segundo, ele não é meu namorado.


- Tá certo, nunca se amarre a ninguém – completou fazendo Lily revirar os olhos e deixar ele falando sozinho.


Passados alguns segundos James disse que iria dormir porque estava cansado. Porém todos ali sabiam que não era esse o motivo.


Todos sabiam que James nutria sentimentos por Lily. Antes podia ser somente brincadeira dele, querendo irritá-la. Porém agora era algo mais forte e profundo. Perceberam isso, e não fazia muito tempo. Isso assustava claramente James, a ponto dele ficar sempre na defensiva quando o assunto surgia, ou se distanciar no momento que ficava chateado, o que aconteceu naquele momento.


Sirius, Remus e Peter ficavam preocupados com ele, pois nunca aconteceu isso com ele. Era algo anormal para James Potter. E ele agir daquela maneira, sem brincadeiras, sem saco para conversa dos outros, sempre na defensiva assustava os amigos, porque Lily não sabia dos sentimentos dele por ela. E muito menos se importava.


As garotas eram contra isso, porque ela se importava muito com James. Para elas, Lily era a pessoa mais bondosa que podia existir. Ela ainda se importava e se culpava por coisas que aconteciam com Severus Snape. Mesmo depois de tudo o que ele falou e fez para ela.


Com James não era diferente. Ela se importava com ele. Ela faria muitas coisas por ele por estarem sempre perto um do outro. Mas não sabia que ele gostava dela de um jeito. Por isso estava cuidando da própria vida e se relacionando com Brand. Não era por mal, era somente por ignorância à fatos.


-x-


Mais um dia de visita à Hogsmead tinha chegado, e todos, que tinham permissão, já estavam lá com casacos e cachecóis, pois já era tempo de inverno.


Os marotos iam primeiro à Zonko‘s, quando, obviamente, não tinham encontros pra ir. Dessa vez foi a raridade de isso acontecer, e todos os quatro estavam na loja abastecendo seus estoques de bombas de bosta, fogos Flibusteiros e musgo de crescimento rápido.


No entanto as meninas estavam separadas. Na última visita Lily tinha saído com Brand, e dai, tinham começado a namorar. Neste, como estavam juntos ainda, não fazia sentido não saírem juntos. Porém Lily sentiu falta das amigas, até porque Hogsmead era como um parque de diversão para ela. Mesmo ela tendo ido todas as vezes, ainda se divertia e se impressionava com as coisas de lá. E somente as meninas conseguiam acompanhá-la.


Da última vez que fora lá com Brand, só ficaram no Três Vassouras conversando, e nada mais. Ela queria que dessa vez passassem na loja de penas, porque fazia tempo que não ia lá, e não aumentara sua pequena coleção de penas de escrever.


- Brand? – disse olhando para ele enquanto estavam andando pelas ruas do vilarejo. Ele virou para olhá-la – Vamos na loja de penas?


- Por quê? Você precisa de pena nova?


- Não. – disse se virando para frente novamente. – É só que, hm...


- O que? – levantou uma sobrancelha curioso.


- É que eu tenho uma coleção de penas, e eu queria ver se tem mais alguma pra eu comprar – disse rapidamente, torcendo pra não sair tão estupidamente infantil. Contudo saiu, fazendo Brand se divertir e Lily corar levemente. – Não ri, tá bom? – ficou séria.


- Calma Lily. Eu só ri porque achei bonitinho – ele ainda continha um sorriso de lado. Ela parou de andar e ficou encarando-o com seu cenho franzido. Como assim ele tinha achado bonitinho uma coisa tão estúpida? Ele era o estúpido? E aquele sorriso de lado parecendo que tava adorando tudo aquilo?


Brand era tão... Exótico? De lua? Avulso? Não tinha uma palavra pra descrever aquele menino. Do nada ele tinha aparecido na vida de Lily, do nada tinha chamado ela pra sair, do nada tinham começado um relacionamento.


Tudo aquilo era novo para ela. Até porque todos os seus relacionamentos, se é que podiam ser chamados disso, eram tão tempestivos, tão estranhos, que no fim sempre acabavam com Potter assustando os meninos e fazendo-os terminar com ela. Mas não Brand.


James já tinha maltratado o garoto inúmeras vezes com Lily ao seu lado, imagina quando não estava? E ele ainda continua perto dela, sem nem se importar que o garoto mais popular de Hogwarts o odiava.


Brand, de uma forma, passava uma certa segurança para Lily, de que de qualquer forma, acontecendo o que quer que fosse, se ela o chamasse, ele estaria ao seu lado 5 segundos depois. E ela não sabia se aquilo era uma boa coisa, até porque no fim ela poderia se tornar dependente do menino, e não iria conseguir sair daquilo.


Balançou a cabeça, estava pensando muito. Como sempre. Estava pensando no fim. No fim daquele relacionamento que acabara de começar, e com certeza, se continuasse com aquilo, terminaria muito antes do que ela pretendia. Brand sorriu à esse movimento, levando a mão na bochecha de Lily acariciando-a levemente, fazendo a garota suspirar e sorrir.


Se aproximou dela e a beijou levemente, somente tocando seus lábios, uns nos outros. Sorriu com eles ainda encostados e então se distanciou.


- Que foi?


- Nada não. – ele olhou-a desconfiado e ela percebeu. Mas não queria falar nada sobre aquilo, pelo menos não naquele momento. Então começou a andar. – Vamos lá na loja das penas. – Não parou para que ele a acompanhasse, fazendo-o correr para alcançá-la, porém não continuou com a conversa.


-x-


- To sentindo falta da Lily – disse Katie.


- Para com isso Katie. Ela tá lá com Brand e nem tá lembrando da gente – Marlene rolou os olhos e continuou seu caminho em direção ao Três Vassouras.


- Mas é que ela adora vim pra Hogsmead.


- É, mas ela ficava louca por tudo. Agora é a vez do Brand cuidar da loucura dela – disse rindo.


- Ai Lene.


 - To brincando né Kay – revirou os olhos novamente, entrando no pub e já pedindo duas cervejas amanteigadas para a Madame Rosmerta. Sentaram-se no fundo do bar, e nem dez minutos se passaram chegaram os marotos se aproveitando dos lugares que elas conseguiram, pois o bar tinha enchido rapidamente. Lene revirou os olhos para os rapazes fazendo James rir e Sirius encará-la.


- Algum problema McKinnon?


- Nenhum Black. Só sinto que vocês se aproveitam muito dos outros – levantou as sobrancelhas, ironicamente.


- O mundo é dos espertos, não é mesmo? – sorriu sarcasticamente, fazendo-a revirar os olhos, mas sorrir, o que fez o estômago de Sirius dar uma sacodida, como aquela que se tem quando pensa que errou um degrau da escada e está prestes a cair. Ficou encarando-a durante esses poucos segundos, o que fez Lene encará-lo com o cenho franzido. Disfarçou, olhando para trás dela, para a garota que estava lá, uma morena da Corvinal, sorrindo de lado pra ela, fazendo-a dar risinhos. Lene percebera, e revirou os olhos novamente, se virando para Katie para conversar.


Sirius sorriu. Ficou prestando atenção em Marlene enquanto ela falava. Parecia que estava contando alguma piada de alguém, pois Katie ria tanto que chegava a fechar os olhos e colocar a mão na boca. Olhou para Marlene e ela continuava falando, mas estava com o sorriso alargado, o que o fez sorrir minimamente olhando os detalhes do contorno de sua boca, enquanto ela sorria.


Marlene era uma garota perfeita, na questão da aparência. Parecia não ter defeito algum, e se tinha escondia muito bem na frente das pessoas. Ela não tinha os bustos fartos, mas também não eram mínimos. Tinha a cintura bem definida e Sirius não sabia se era de verdade ou se ela a tinha deixado daquele jeito. Já tinha visto várias garotas fazerem aquilo, o que achava absurdamente estúpido.


Era morena, cabelos bem negros, que chegavam a brilhar quando se mexiam, e olhos azuis escuros tão bonitos que podia ficar hipnotizado por eles em nanossegundos.


Percebeu que seus olhos, no canto, apareciam pequenas rugas quando ela os fechava de tanto que ria, e que suas bochechas se sobressaltavam na medida que abria a boca para gargalhar. Percebeu que não estava conseguindo falar o que queria de tanto que ria, pensando que era a coisa mais hilária daquele momento, e ele tinha certeza que era, pois Marlene tinha um senso de humor negro, mas que ao mesmo tempo contagiava e fazia sentido até para os menos dotados de inteligência.


Olhou novamente para Katie e ela o estava encarando com seus olhos azuis claros e com um sorrisinho de "eu estou entendendo tudo o que está passando na sua cabeça Sirius Black". Virou o pescoço bruscamente, machucando-o e fazendo uma careta de dor. Katie riu ainda o encarando. Sirius sorriu amarelo para a garota. Ficou a encarando, tentando passar a mensagem de que não contasse nada à Marlene. Porque se ela soubesse não iria o deixar mais em paz. Ele conhecia Marlene McKinnon. Nunca perdia a piada. Nunca perdia a chance de mexer com um garoto. Principalmente se esse garoto a queria. E mais principalmente se esse garoto era Sirius Black.


Ficou pensando "não conta pra Marlene, pelo amor de Merlin, não conta pra essa louca" milhões e milhões de vezes. Kay levou o dedo aos lábios, em sinal de silêncio, o que Sirius suspirar de alívio e sorrir pra ela.


- Para de dar em cima da minha amiga, Black – Lene disse brava.


- Ciúmes, McKinnon? – levantou uma sobrancelha.


- Só porque você quer né?


- Me deixa expressar meu amor pela Kay – Sirius mandou uma piscadela para Katie, fazendo-a rir.


- Só acho que ela não vai querer um cachorro como namorado, Almofadinhas – Remus disse.


- Ciúmes, Lupin? – Sirius disse. Remus corou e somente ficou olhando-o, incapaz de falar algo. Sirius o encarou de volta esperando alguma resposta, porque Remus sempre tinha aquela resposta de volta para Sirius, na ponta da língua, bem afiada, que deixava o maroto incapaz de contradizê-lo. Porém dessa vez foi ao contrário, e ele não entendeu. Somente sorriu de lado para deixá-lo mais nervoso, fazendo-o acreditar que ele tinha entendido tudo aquilo. Mas não tinha. Porém iria. Em algum momento. Ele tinha certeza daquilo.


- Cadê a Evans? – James interrompeu aquele momento, que foi uma ótima oportunidade para Remus de disfarçar o que acabara de acontecer.


- Meu Merlin Potter, como você tá obcecado pela Lily – Marlene revirou os olhos.


- Há Há Há, que gracinha você Marlene – riu com sarcasmo. – Só queria saber porque ela sempre tá com vocês.


- Larga de ser besta James. A gente sabe que você ama a Lily.


- Cala a boca Marlene – James revirou os olhos fazendo todos da mesa rirem. – Se vai ser infantil não tem o porquê de eu conversar com você.


- Que drama, meu Merlin.


- Que seja, McKinnon.


- Que seja, Potter.


- Adoro a conversa de vocês dois – Sirius disse rindo.


- E olha que vocês se conhecem desde pequenos – Kay continuou.


- Não quer dizer que sempre fomos amigos – Lene disse.


- Nossa, olha, machucou meus sentimentos – James disse irônico fazendo Marlene forçar uma risada.


- Só porque a Lily não tá aqui você tem que substituir ela, brigando com o James, Lene? – Katie disse.


- Ninguém consegue substituir a Evans. Principalmente nos gritos que ela dá pro Almofadinhas – Sirius disse rindo.


- Isso é verdade – James concordou. Todos riram por um instante até ouvirem um barulho de algo batendo em madeira lá fora, muito forte. Olharam entre si, não entendendo nada.


Ouviram novamente o barulho, porém mais perto. Olharam em volta e todos que estavam no Três Vassouras estavam olhando também, tentando descobrir de onde era o barulho.


Olharam pra fora e viram pessoas correndo. De repente uma começou a gritar interruptamente, até que, do nada, parou. Começaram os murmurinhos pelo pub. Alguns olhavam assustados uns para os outros, outros estavam se levantando para olhar mais perto da janela, os marotos e Marlene e Katie foram um dos que fizeram isso.


As ruas de Hogsmead do nada se encheram com pessoas correndo de um lado para o outro. As lojas fecharam suas portas com clientes ainda dentro.


Mais pessoas começaram a gritar. Pareciam que estavam falando alguma coisa. Algum nome. Mas não conseguiam compreender. Os seis foram lá fora, acompanhados de alguns estudantes curiosos e corajosos o suficiente para isso.


Do nada passou um raio verde ao lado do pub, fazendo James pular de susto, se surpreendendo.


- Avada? – disse olhando para Sirius que estava com o cenho franzido. Eles olharam para as ruas, ainda com pessoas correndo e gritando alguma coisa. Não conseguiam discernir o que era.


Mais um raio verde passou perto dos Três Vassouras e alguém gritou "é o Avada", e os outros, dentro do bar, começaram a gritar, tentando sair pela porta que estava barrada pelos marotos e pelas garotas. Foram empurrados, até saírem da frente, pra todos começarem então a correr, de volta pro castelo.


Os seis se reuniram num canto, olhando de um lado para o outro assustados, não entendendo nada do que estava acontecendo.


Até o momento que olharam pra frente da rua principal de Hogsmead e viram algumas pessoas andando perto uma das outros, todas encapuzadas e com máscaras no rosto.


Comensais da Morte.

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Queria somente me desculpar por ter demorado tanto dessa vez pra atualizar a fanfic. Não adianta eu dar desculpas, só quero me desculpar. E dizer obrigada a todos os leitores que ainda leem a fic. E obrigada pra Bru Mckinnon Black por sempre comentar. Olha ainda bem que você gostou da parte blackinnon porque foi feita pra você, sempre essas partes são feitas pra você. Melhor coisa é você gostando delas.
E LELECANGANE COMO ASSIM MENINA VOCÊ APARECEU DE NOVO MEU DEUS QUE SAUDADE DE VOCÊ MENINA. COMO QUE VOCÊ TÁ? QUE ANDA FAZENDO? E ALIÁS OBRIGADA POR TODOS OS COMENTÁRIOS MEU DEUS, A CADA UM EU SORRIA AINDA MAIS. E EU NÃO LI ELES SÓ AGORA NÃO. EU LI QUANDO VOCÊ POSTOU ELES  

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