Sétimo Capítulo



CAPÍTULO VII


 


 


 


Harry não se sentia tão bem havia dias. Apesar do esforço durante toda a manhã para retornarem à estrada por terreno difícil, a sensação sombria de fracasso que o oprimia desaparecera por completo, E, quanto ao desejo que o atormentava, agora tinha a impressão de que não era tão não correspondido quanto acreditara.


Estreitou o olhar para Hermione montada no cavalo, a horrível touca cobrindo tudo, exceto o rosto amuado, e meneou a cabeça. Por que uma mulher esconderia cabelos tão gloriosos? E por que escondia o corpo em vestes feias e deselegantes? Embora não fosse voluptuosa, ela era macia nos locais certos, bem mais do que ele imaginara.


 


Ficava excitado só de recordar o momento em que caíram enrolados no chão. Aplacou o entusiasmo com algum esforço. Passara longas horas montado, e não havia falado com Hermione, que o evitava desde o interlúdio passional. Após dar-lhe o tapa no rosto, ela correra para a barraca, mantendo a criada por perto e recusando-se a conversar. Estreitou o olhar enquanto contemplava a figura rígida.


 


De repente, como que ciente do escrutínio, Hermione voltou à cabeça e lançou lhe um olhar de indignação, mas a atitude já não o afetava tanto. Não experimentou a sensação desagradável no estômago, nem a necessidade de se esquecer da triste realidade de sua existência. Na verdade, sentia-se revigorado, pois estava em seu meio, finalmente. Assim como quase todas as mulheres que já conhecera, Hermione Granger o desejava, triunfo que o enchia de prazer. A situação que lhe causara frustração, que evidenciara seu próprio estado de desespero, estava novamente sob controle.


 


Harry detestava pensar no quanto estiver a perto da borda do abismo, como se um toque de Hermione pudesse mandá-lo para as profundezas. Mas, naquele momento, tinha a estranha sensação de que ela o afastara da borda. Por algum tempo, pelo menos. A noção vaga e ameaçadora o envolveu antes que a relegasse ao local onde ficava melhor, dormente. Voltou a atenção a Hermione e sorriu, devagar, conhecedor, e ela lhe deu as costas, indignada.  


 


Ele quase cantarolava de prazer. Talvez encontrasse algum entretenimento naquela viagem infernal. Na verdade, não imaginava nada mais divertido do que colocar Hermione Granger firmemente em seu lugar. Sentia-se excitado, desproporcionalmente, mas não se importava. Só sabia que sentia algo, e que isso era muito bem-vindo.


Sentindo o sangue ferver de expectativa, Harry ordenou uma parada para a primeira refeição do dia. Saboreou o olhar sinistro de desaprovação de Hermione e lançou lhe outro olhar ardente de promessa. Desmontou habilmente e foi ao encontro do cavalo.


 


— Srtª. Hermione parece dolorida em sua montaria — comentou insinuante. — Por favor, deixe-me ajudá-la... — Apesar dos protestos dela, Harry a segurou pela cintura, aproveitando a oportunidade para deslizá-la ao longo do corpo. Era um movimento que já praticara antes com destreza, mas que de algum modo lhe pareceu totalmente novo e muito excitante. Talvez fosse o olhar assassino nos olhos castanhos de Hermione ao se desvencilhar de suas mãos. Era uma experiência diferente para ele, um desafio que encarava com um sorriso e um dar de ombros, informando a Hermione que sabia a verdade, não importando o quanto tentasse ocultar. Enquanto ela se afastava, permaneceu no lugar, observando-a com um prazer que não mais inspirava pontadas de inquietação. O andar dela era rígido, sem o mais eleve rebolar sensual feminino. Mesmo assim, ele sentiu vontade de se pressionar contra aquelas costas eretas.


 


Prendendo a respiração, Harry controlou-se antes que a fantasia avançasse demais, porém manteve-se atento. Viu uma oportunidade quando Hermione aproximou-se de uma das carroças. Ela-ocupava as mãos e, portanto, seria fácil aproximar-se por trás e agarrá-la. Harry ergueu o braço, aparentemente para ajudá-la, mas no processo conseguiu moldar o corpo ao dela, de forma a não dar margem de dúvida quanto a suas intenções. Hermione prendeu a respiração e ele mal abafou o grunhido de prazer que não conseguira conter. Abominou a calça justa que o impedia de sentir toda a maciez de Hermione, ainda que ela se mantivesse imóvel.  


 


De repente, Hermione voltou o rosto e, para variar, não apresentava a expressão amuada de sempre. Na verdade, seus olhos faiscavam de raiva, e Harry imaginou como pudera considerá-la fria. Com certeza, os olhos castanhos enganavam. De fato, eram frios como a chuva, mas tinham o ímpeto de um rio turbulento, fluindo rápido e com força, escondendo correntes secretas e bancos de areia. Como se uma cortina inicial fosse erguida, Harry via que, por baixo do cenho franzido e semblante sério, Hermione abrigava emoções sinceras. E ele sentiu um desejo profundo e intenso de roubar essas emoções. De possuí-las.


 


Por um instante, permitiu que Hermione visse esse desejo e os dois se paralisaram, como se de repente uma atração irresistível os dominasse. Trêmulo, Harry piscou e viu uma mistura de horror e algo mais que não conseguiu identificar naquelas profundezas castanhas, antes que o encanto se quebrasse.  


 


--- Se não se importa — ralhou Hermione, áspera e contida, mas estavam próximos demais para que conseguisse ludibriá-lo.   


 


Harry sentia o coração pulsando e testemunhou o arrepio que a envolvia. Com esforço, adotou a expressão mais inocente enquanto pegava o casaco dela. Recuando relutante, entregou-lhe a peça.


 


— Só estava tentando ajudá-la, senhora.


 


— Tenho certeza de que sim — resmungou ela, enquanto se afastava.


 


Harry disfarçou o riso. A raiva dela só alimentava sua excitação. Céus sentia-se bem, melhor do nunca. A melancolia que o dominara parecia distante naquele momento.


Enquanto Hermione se afastava, Harry observou-a mais uma vez, com um novo olhar, pois descobrira que suas costas, embora não fossem amplas, eram deliciosamente elásticas e curvadas nos pontos certos. Talvez tivesse se cansado de seu tipo usual, pois as outras mulheres de repente lhe pareciam muito pesadas e roliças, enquanto Hermione era muito mais intrigante. Fechou os olhos e imaginou-se possuindo-a por trás, numa fantasia tão intensa que estremeceu.


 


Harry abriu os olhos e sorriu malicioso enquanto seguia a presa, ansioso por uma refeição. A comida não o atraía, porque ele buscava, sim, a oportunidade de provocar e atormentar a Srtª. Hermione.


 


Harry aguardou até que ela sentou-se diante da refeição servida e uma fatia de pão duro que haviam comprado no dia anterior, e só então adiantou-se. Lançou seu melhor sorriso à criada mais velha que a acompanhava.


 


— Com licença, Rosa? — pediu, satisfeito com a imediata reação positiva. — Gostaria de um dedo de prosa com sua senhora.


 


— Rosa, não! — exclamou Hermione, lançando um olhar ameaçador a ele.


 


Mas a mulher já se deslocava para o outro lado da fogueira.


 


— Com certeza, meu senhor — disse ela, com um sorriso e uma piscadela que não deixavam dúvida quanto ao detentor de sua lealdade.


 


Satisfeito, Harry piscou de volta e tomou seu lugar sobre um tronco caído próximo a Hermione.


 


— Ah, o que temos aqui? — indagou, quando um escudeiro lhe trouxe um prato. Pegou um pedaço de queijo e cortou uma fatia com a faca. — Experimente — ofereceu, espetando a fatia e apresentando-a a moça. Era um jogo que ele conhecia havia tempos, e de certo seduzira muitas criadas durante as refeições, mas Hermione, como sempre, não cooperava.


 


— Não, obrigada.


 


— Não, obrigada? — repetiu Harry, erguendo a sobrancelha.


 


— Não, obrigada. Eu tenho meu próprio queijo — disparou Hermione, enquanto se afastava para a ponta do tronco.


 


— Está falando comigo? — indagou Harry, satisfeito ao vê-la de cenho franzido assim que ela entendeu a questão.


 


— Não, obrigada, meu senhor — corrigiu-se Hermione, com dentes cerrados.


 


Harry imaginou como ela conseguia se alimentar com os músculos do maxilar tão tensos. A observação levou-o a pensar em outros músculos que trabalhavam naquele instante, e prendeu a respiração. Faria bem se se lembrasse de que a ideia era provocar Hermione, não a si mesmo.


 


Deliberadamente, Harry fez pausa, fingindo analisar as opções antes de escolher uni pedaço de arenque.


 


— Talvez este, então? — insistiu, oferecendo-o a Hermione.


 


— Não, meu senhor. Já tenho uma posta — disse ela, como se ele fosse retardado. Harry ouviu o escudeiro rir e estreitou o olhar. Gostaria de calar aquela boca, mas não com comida. — Está vendo? — reforçou ela, mostrando seu pedaço de queijo com entusiasmo. Então, como que para provar suas palavras, levou o queijo aos lábios e deu uma boa mordida.


 


Se ela esperava simplesmente silenciá-lo, conseguira, pois Harry emudecera. Entretanto, se a intenção fora desencorajá-lo, ela falhara miseravelmente, pois ele se excitara ainda mais ao ver seus dentes alvos. Lembrou-se daquela língua duelando com a dele enquanto a experimentava, ardente, passional e picante, já fantasiando com ela sugando seu ombro... ou outras partes. Harry reprimiu um gemido. Ela sabia no que ele pensava? Talvez devesse esclarecer.


 


— Faça novamente — sussurrou ele, inclinando-se para mais perto.


 


Torcendo o corpo para longe dele, Hermione mastigava o alimento e o olhava feroz.


 


— Como? — questionou. Com a boca cheia, ela parecia totalmente alheia ao sangue que corria nas veias dele.


 


— Faça novamente — repetiu ele.


 


— Fazer o quê, novamente? — Hermione o fitava como se ele fosse louco, e Harry sorriu. Talvez fosse.


 


Ele pegou o pedaço de queijo do prato dela.


 


— Dê outra mordida — incitou o olhar não deixando dúvida quanto a seu desejo.


 


Hermione arregalou os olhos, horrorizada, e engasgou enquanto se levantava, derrubando o jantar no chão. Harry divertiu-se com sua figura, os seios subindo e descendo, os punhos cerrados de raiva. Era como se, após abrir uma fenda naquela armadura rígida, ele tivesse liberado um redemoinho que ela não podia mais conter. E só o que tinha a fazer era se sentar e assistir.


 


— Eu ordeno que pare de me atormentar imediatamente, meu senhor — rugiu ela.


 


Harry casualmente provou um pedaço de arenque.


 


— Eu? Mas o que foi que eu fiz? — questionou, com a expressão mais inocente do mundo. — A senhora é que se alimentou de forma provocante. — Por um momento, pensou que Hermione fosse explodir, mas ela conseguiu se controlar, com esforço, para sua decepção.


 


— Com licença, meu senhor — disse ela, com a rigidez usual, dando meia-volta.


 


Harry sorriu enquanto a observava se afastar. Fuja então, se tem vontade, pensou convencido, mas sabia que não havia escapatória para eles, confinados como estavam naquele comboio pela estrada. E ele apenas iniciava a campanha...


 


 


 


 


Hermione atingira o limite da paciência. Desde que aquele bêbado e bobo chamado Harry Potter se forçara sobre ela, sentia-se vulnerável ao sorriso sedutor e conhecedor naqueles lábios bonitos. Pior, ele parecia provocá-la, usando todas as desculpas para tocá-la de alguma forma, geralmente de forma íntima e totalmente inadequada. Insultante, até.


 


E desconfiava que fosse essa mesma a intenção dele. Um homem como Harry Potter não tinha nenhum interesse verdadeiro nela. Simplesmente, estava zangado por ter que escoltá-la e procurava puni-la de todas as formas possíveis. O passo lerdo e as paradas, enquanto ignorava seus protestos, já eram ruins, mas toda aquela atenção indesejada tornava sua viagem insuportável.


 


Alheia ao ambiente de luxo, Hermione fitou a tapeçaria elegante, vendo somente o rosto de seu tormento. Passariam a noite com um senhor feudal da região. O nome de Potter prontificara uma grande recepção e, para variar, ela esperava que Harry se concentrasse em sua busca de vinho e mulheres, mas parecia que ele ainda a perseguia com o olhar. Não sabia se ele pretendia seduzi-la ou se queria apenas atormentá-la, mas, de qualquer forma, estava farta.


 


Recolheu-se cedo, levando a refeição para o quarto, só para se livrar da companhia desagradável, considerando que Harry parecia estar sempre por perto. Perto demais! Para onde fosse lá estava ele, a presença irradiando calor e sedução, os olhos verdes e perspicazes, e aquela voz acariciando-a com um sussurro grave, até ela temer que todo o seu bom senso desaparecesse e acabasse enroscada com ele no chão frio, abandonando-se por completo...


 


Hermione contraiu-se, fugindo da lembrança como que do próprio demônio. Não pensaria mais naquele momento de fraqueza. Nunca mais. Respirando findo, colocou o prato de lado, incapaz de engolir outro bocado de alimento, e caminhou até a janela. Abriu as venezianas, recebendo o ar frio. Havia cheiro de chuva no ar e temeu que isso os obrigasse a permanecer ali por dias, enquanto Harry bebia e namorava as moças... Ou, pior, bebia e perseguia a ela!


 


Hermione franziu o cenho. Tinha de fazer algo. Sentia pânico só de pensar nas atenções de Harry, um temor que tinha mais a ver com sua própria reação do que com a atitude dele. Embora sempre se considerasse o membro sensato da família, determinada e pragmática, aquele homem tinha o poder de enervá-la, de aplacar suas defesas, de transformá-la em outra pessoa.  


 


Afastando a terrível noção, Hermione tentou se concentrar em assuntos mais sérios. Ainda tinha um objetivo a cumprir e, mais do que nunca, sentia a urgência de sua procura, principalmente depois que atravessaram a fronteira. Provavelmente, chegaria a Rumenea, o castelo de seu pai, em poucos dias, se o tempo firmasse, mas não se Harry planejasse se demorar ali. Hermione estremeceu com a perspectiva. Harry pressionando-a contra a parede, inclinando-se próximo demais, passando as mãos em seus braços...


 


Hermione meneou a cabeça. Aquilo era bobagem, um punhado de imagens confusas criadas por sua própria inquietação. Mesmo assim, a ansiedade cresceu a ponto de sentir necessidade de sair do quarto, do castelo, de sua própria carne... Respirou fundo para recuperar o controle. Podia prosseguir sozinha, claro. Tinha quase certeza de que acharia o caminho, mas era perigoso, e já ouvira rumores sobre revolta entre os servos do castelo. Uma escolta era mais do que recomendável. Não fosse a presença de Harry...  


 


Infelizmente, não podia contratar outro, não com o nome de Potter atrelado a seu comboio. Mas tinha que seguir viagem, com ele ou sozinha. Hermione respirou fundo. De qualquer forma, esconder-se no quarto não a ajudaria a atingir seu objetivo. Nem faria seu desagradável acompanhante desaparecer. Embora esperasse que ele perdesse o interesse, Hermione desconfiava que um homem como Harry sentia ainda mais ímpeto de atacar ao ver fraqueza. Precisava se mostrar firme e determinada.


 


Deixando de lado outras considerações sobre como lidar com ele, por mais tentadoras que fossem Hermione endireitou os ombros e buscou força em seu de ataque e interior. Decidiu que, se ele não retomasse a jornada imediatamente e sob seus termos, partiria dali sozinha. Era uma situação que já enfrentara muitas vezes antes. Crescendo como a única responsável entre pessoas com cabeças nas nuvens, Hermione conhecia bem a própria capacidade.


 


Resoluta, Hermione pegou o prato de comida, ciente de que os restos geralmente eram dados aos pobres nos portões do castelo. Abriu a porta e saiu ao corredor, colidindo com o homem que atormentava seus pensamentos. Atônita, fitou o rosto bonito e respirou fundo para aplacar a reação.


 


O charme de Harry era tão forte que, por um momento, ela imaginou mais uma vez se os de Potter possuíam habilidades além das dos homens normais. Mas sentir seu cheiro másculo, de cavalo, couro e vinho, tornava Harry bastante humano. Franzindo o cenho, Hermione tentou se desvencilhar. Ele a amparara com as mãos fortes... Ela não queria que ele a tocasse ali, na penumbra da torre mal iluminada. Nem nunca. Era perigoso demais.


 


Ele era perigoso demais. E provava segurando-a com firmeza, apesar de seus protestos, como sempre. Com certeza, Harry não tentaria nada mais íntimo ali, fora do quarto, tentaria? Combatendo o pânico, Hermione o encarou, tentando parecer furiosa e determinada. Mas sua tentativa de recuperar a compostura foi frustrada diante daquele rosto bonito, dos lábios carnudos que esboçavam um sorriso lento, sedutor, os dentes brancos brilhantes, os olhos verdes insinuando algum segredo, algum conhecimento sobre ela, que ela sabia ser falso... e o qual negaria até a morte.


 


— Pare de me olhar desse jeito — ordenou Hermione.


 


— Que jeito? — questionou Harry, erguendo o sobrolho levemente, inocente. Mas Harry Potter era tão inocente quanto qualquer um egresso do inferno. Sim, mesmo sabendo disso, Hermione sentiu que hesitava sob o escrutínio dele. Não passava de um vazio escondido, mesmo assim...


 


— O que foi Hermione? — indagou ele, daquele jeito sedutor e sereno que fazia seu sangue se acelerar pelas veias e o corpo, aquecido, entorpecente.


 


Ela meneou a cabeça, dispersando a sensação e enrijecendo-se contra o feitiço. Fossem quais fossem os poderes de Harry Potter, não se deixaria possuir.


 


— Sabe muito bem do que estou falando, meu senhor. — Hermione destacava o título dele, que considerava desnecessário e inadequado. O duque de Hogwarts era um nobre poderoso e sábio, merecedor de respeito. O filho, não. — O olhar que usou com inúmeras mulheres. O olhar que o senhor sem dúvida pratica diante do espelho enquanto se admira! O olhar que é um desperdício sobre mim! Eu já lhe disse antes, não tenho interesse nos seus encantos.


 


Harry expressou surpresa.


 


— É mesmo?


 


— É mesmo — respondeu Hermione, fitando-o impassível.


 


— Então, como explica o beijo?


 


Hermione conseguiu evitar o rubor.


 


--- É assim que chama? Eu chamo de ataque e pretendo me queixar a seu pai...


 


Ela se deteve ao sentir as mãos dele sobre seus braços.


 


— Não é assim que me lembro... Eu me lembro da mulher ardente, receptiva e desejosa — acusou Harry, o hálito uma carícia que fazia o coração dela disparar.


 


Hermione não externou o turbilhão de emoções que a lembrança do encontro suscitava. Ao contrário, imprimiu o máximo de frieza na voz:


 


— Fingi complacência para conseguir minha liberdade e se o senhor...


A ameaça se perdeu em meio à risada sonora dele, impregnada de arrogância.


 


— Devemos testar? — desafiou ele.


 


— Não --- respondeu Hermione, tentando se desvencilhar. Mas Harry apertou as mãos, mantendo-a cativa, enquanto ela sentia o pânico crescer. Apesar das mentiras calculadas e da preguiça, aquele homem era uma ameaça e tinha que se libertar dele. Franzindo os lábios, desgostosa, praticamente cuspiu a resposta: — Eu não o quero!


 


— Eu não a quero, tampouco — retrucou Harry, mas seu olhar obscureceu-se. Por um segundo, Hermione temeu perder-se nele e em si mesma, mas ele se esquecera de um aspecto, e ela também. Quando ele a segurara, o prato que ela trazia à mão tombara contra o tórax dele. Agora, ele recuava para ver os restos gordurosos manchando sua bela túnica.  


 


Aproveitando a oportunidade, Hermione se desvencilhou e correu para o quarto, trancando a porta. Apoiou-se de costas contra a madeira sentindo-se fraca, dividida entre o alívio e a vontade de rir da expressão dele ao ver sua roupa elegante coberta de restos de comida. Ela aguardou, recuperando o fôlego, até ouvi-lo se afastar.


 


E pensar que estava tão determinada em falar com ele! Mas Hermione sabia que houvera pouca conversa entre eles naquela noite. Amanhã, prometeu a si mesma. Partiria ao raiar do sol, com ou sem ele, decidiu, sem saber que consequências esperar. Uma vez na estrada, logo chegaria a seu antigo lar e se livraria daquele homem terrível para sempre. Respirou ofegante com a ideia.


 


Até lá, contaria com a fina camada de civilidade e a honra dos de Potter que Harry ainda possuía para se manter a salvo dele.


 


 


 


Olá galera!! Mais um cap pra vcs!!


 


Espero que gostem e comentem o que estão achando....


 


Bjsss até mais!!

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Comentários (1)

  • Laauras

    Até q enfim  a história começou a melhorar, o beijo entre o Harry e a Mione foi mt engraçado, e espero mais confusões do casal no próximo capítulo!

    2013-09-08
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