Me demito



Quim estava na sala brincando com o pequeno Tony, ela iria esperar que ele colocasse o garoto na cama para falar-lhe.  A hora que ela ansiou o dia todo finalmente chegou.


- Preciso falar com você – disse Tânia quando ele estava descendo as escadas vagarosamente.


- Pode falar. – disse ele ao chegar ao pé da escada.


- Estou me demitindo. – disse ela. Depois de um mês ela foi se tocar de que disse isso muito na lata.


Ele parou de chofre onde estava, mas não levou muito tempo para digerir a informação, ele não era de demorar para compreender as coisas.


- Eu me pergunto por quê.


Ela tentou dizer alguma coisa, mas tinha um nó me sua garganta que a impediu de falar. A lembrança de Tonks dizendo que era possivelmente apaixonada por ele, ele parado na sua frente esperando uma resposta, e ela parada na casa dele, feito uma idiota com uma cara ainda mais idiota e muda. Tonks tinha razão, hoje de manhã ela achou que poderia passar por essa numa boa, agora...


Primeiro veio a dificuldade em dizer algo. Depois a paralisia. Ai veio a raiva de Tonks ter razão. Depois raiva dela mesma não dizer nada.


- Porque... Porque... – Tânia podia ver a cara de Tonks zombando dela. – Porque, eu acho que... – ele estava encarando ela – eu acho que... não sou muito boa co-cozinheira.


Ele sorriu para ela.


- Você não é boa cozinheira? Tá de brincadeira. Vai se demitir só por isso ou tem mais alguma coisa? – perguntou Quim.


Ferrou-se, pensou ela.


- Aaah, na verdade, eu nem acredito que eu disse isso, o que eu quis dizer na verdade mesmo é que, eu não sei se sou a pessoa certa para tomar conta do seu filho, quero dizer, ele é uma graça e muito bem comportado, mas eu não sei se daria certo.


Ele ainda esperava que ela desse mais explicações á ele. Quantas coisas ela ia ter que dizer?


- Certo, eu não to querendo continuar aqui. Eu tava precisando do emprego, mas quando eu vim para cá com a Tonks eu deixei tudo o que eu tinha na Noruega, tava começando a me estabilizar ali, tentando começar uma vida nova. – disse ela, essa era a mentira mais cabeluda que ela já tinha dado para alguém.


Ele ainda não pareceu querer aceitar.


- Eu preciso ir embora. – ela pegou a bolsa e se dirigiu para fora.


- Ei, espera. Posso te dar um aumento. – disse Quim.


Seria possível que ele tivesse achado que ela não queria ficar porque o salário era ruim? Não era ruim, mas Deus do céu.


- Não vou embora por causa do salário, e também não posso ficar por causa do aumento. – disse ela, cruzando a porta.


Foi difícil, pensou ela, mas podia ser pior. A voz de Amélia ecoou na sua cabeça dizendo, mas nada é tão ruim que não possa piorar. Há verdade nisso.

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