Austrália como Destino





Capítulo 2 – Austrália como Destino




 


Toca- Dois dias depois...


 


   Sentada, solitária na cozinha, bebericando sem interesse um copo de leite puro, uma garota de olhar perdido e cabelos volumosos, permanecia bem quieta deixando a penumbra do cômodo cobri-lhe o corpo.




  Harry conhecia aquela menina e podia jurar que enxergava todos os seus medos e aflições interiores só de olhar-la. Ora, quem não conhecesse os melhores amigos que tipo de amigo seria?




— Eu devo dizer Boa Noite? — murmurou Harry quebrando o silêncio no lugar e chamando a atenção de Hermione na cabeceira da mesa.




  O rosto da amiga estava abatido quando o fitou. Ela tentou esboçar um sorriso e bebericar o leite no copo para disfarçar o desânimo, mas nada disso mascarou a dor em seus traços.




— Achei que estava dormindo já.




— Não. Não consigo pregar o olho tão facilmente mais. — comentou ele indo sentar-se ao lado dela. — Mas eu quero saber de você. Como está?




  Hermione sentia-se quase envergonhada daquela situação. Harry que havia voltado do mundo dos mortos, que havia enfrentado Voldemort num combate mortal, que havia permanecido até o final na retirada dos sobreviventes de Hogwarts, parecia duro como rocha. Podia ser apenas uma casca bem firme que ele criara para enfrentar aquela situação, mas pelo menos estava se saindo melhor que ela com suas olheiras escuras e ar sofrido.




— Eu vou indo Harry. Vou me recuperando...




— A Gina me disse que você não anda conseguindo dormir direito. — insistiu e carinhosamente tocou na mão dela sob a mesa.




   Dizer que ela não conseguia dormir direito era um jeito respeitoso de dizer que ela chorara como um bebê por duas noites consecutivas. Hermione odiava fraqueza, e era justamente este sentimento que andava se apoderando dela. Por isso ela se arrastara para a cozinha quase à meia noite. Para refletir, para descobrir uma forma de ir atrás de seus pais e extinguir metade daquela amargura que não fosse deitada na cama ouvindo os grilos cantando lá fora.


 


— Estou com problemas de sono. — deu de ombros, bebericando mais um gole de leite.




— Eu quero ajudar, Hermione. — pediu Harry — Tudo, absolutamente tudo de ruim que aconteceu na sua vida foi culpa minha...




— Ah, Harry! — exclamou a morena irritada, interrompendo-o. — Se você veio só para falar asneiras pode ir embora, por favor!




— Mione... — insistiu.




— Eu não estou com paciência para passar um sermão em você sobre isso. — argumentou ela, realmente chateada com a mania do amigo de querer ganhar toda culpa do mundo.




  Harry tentou outra abordagem.




— Certo, mas isso não muda o fato de eu ainda querer ajudar-la a encontrar seus pais. Assim como Rony que também está ansioso para tirar essa expressão triste do seu rosto.




— É. Ele disse que me ajudaria a encontrar-los. — confessou ela num tom chateado. 




— Então?!




— Então que já se passaram dois dias e nada. Eu só o vejo saindo de casa pela manhã com você e chegando tarde da noite sem me dar uma explicação sequer.  Ele chega, janta, vai tomar banho e não aparece até o café da manhã seguinte. Não toca mais no assunto, talvez esperando que eu esqueça.  — desabafava ela — E eu não tenho tempo para os recessos dele. Meus pais podem estar correndo perigo de vida.




 Harry enfiou a mão no bolso do jeans e tirou um envelope pardo que só poderia caber naquele pequeno espaço dentro da calça com um feitiço de extensão razoável. Hermione franziu o cenho e ele argumentou depositando o envelope diante dela:




— Não é um feitiço tão eficiente quanto aquele que você fez na sua bolsa, mas dá pro gasto. Agora veja! — e apontou para o envelope.




— O que é isto? —inquiriu.




— Abra. — pediu ele.




 Hermione tocou o papel com curiosidade e foi tirando lentamente seu conteúdo. Havia um mapa dobrado e surrado pelo uso constante, que ela prontamente foi desdobrando em cima da mesa. Imediatamente identificou-o como sendo um mapa da Austrália. Nele, muitas coordenadas rabiscadas a pena se amontoavam confusamente no rodapé ao lado das legendas e uma sucessão de círculos apontava para um ponto entre o leste e sul do país.




— Continue... — estimulou Harry quando ela encarou-o, desconfiada.




 O outro conteúdo dentro do envelope era um aglomerado de pergaminhos amarelados, fixados por uma presilha. Textos descrevendo sucintamente uma cidade na Austrália intitulada Camberra, depoimentos de pessoas desconhecidas – uma tal enfermeira chamada Charlene e um segurança de hotel  com o apelido de Dee De, ambos trouxas – relatando terem visto um casal britânico entrarem no hospital municipal de Leon e pedirem um quarto no Hotel Paradise.




 Existiam outros depoimentos, muitos mais. Mas por fim, o que realmente chamou a atenção de Hermione foi uma foto trouxa e muito prejudicada pela iluminação precária, de um homem pulando animadamente dentro de um chafariz numa praça pública enquanto dois guardinhas locais se aproximavam. O coração de Hermione quase se lançou pela boca ao identificar o homem.




— Meu pai! Oh, Harry, é meu pai!!! — seus olhos se encheram de lágrimas. Há quase um ano que ela não os via.




— Sim, é ele. — concordou o amigo, serenamente.




— Onde você conseguiu isso?




— Não fui eu. Foi o Rony.




— O Rony? — espantou-se ela.




— Sim. — prosseguiu ajeitando os óculos no rosto — Durante esses dois dias eu partia com Kingsley e os demais aurores para prender os comensais restantes que haviam se refugiado em Londres, Rony aproveitou a “carona” e ficou no Ministério fazendo pesquisas incansavelmente. Com um empenho nunca visto na leitura, eu diria. 




— Mas de onde? Como ele conseguiu tanto material em tão pouco tempo e até uma foto?! Meu Deus, meu pai aprontando numa praça pública na Austrália! Será que ele está bem?




— Quanto a Rony, ele ficou na cola de um auror lá no ministério, especializado em missões na Oceania. Agora quanto a segunda pergunta eu infelizmente não tenho a resposta.




 Hermione permaneceu calada por muitos minutos, pensativa, apenas analisando o tal dossiê e tentando racionalizar em cima dele. Relembrou cuidadosamente o que havia implantado na mente dos pais quando lhes apagou a memória: um casal de turistas ansiosos por conhecer a Austrália. E sentiu uma onda de pavor ao imaginar que sua família andava caminhando a esmo pelo tal país, focados em querer conhecer até o último canguru do Outback.




  Pensar tão negativamente não era só doloroso como também inútil. Para ajudá-los precisava estar forte e inexorável. Focada como Rony que havia feito tanto em tão pouco tempo.




— Ele fez tudo isso escondido de mim durante esses dias. — disse a morena, enfim quebrando a quietude. Aquilo era mais uma observação do que repreensão.




—Ele queria ajuntar o maior número de evidências antes falar com você. — adiantou-se Harry em defesa do amigo.




  Entretanto, Hermione não estava aborrecida. Estava era agradecida e envaidecida com a eficiência do amigo que havia cumprido sua palavra até então. Se empenhando...




— Eu não tinha certeza se isso daria certo. Desculpe, Mione. — disse uma terceira voz a alguns metros deles.




 Harry e Hermione depararam-se com Rony diante deles. Havia chegado pela sala e se juntado sorrateiramente àquela conversa, esperando o melhor momento para se introduzir nela.




  Tinha os cabelos molhados e usava um suéter verde escuro. Havia acabado de sair do banho deixando a tarefa de encontrar-se com Hermione e lhe por a par do dossiê, para Harry.




  — Obrigada, obrigada mesmo Ron!  — agradeceu ela num desespero incontido, reduzindo a distância que os separava e cercando-o de um forte abraço. — Obrigada por dispor do seu tempo para isto. Obrigada por estar cumprindo sua promessa.




  Ela não precisaria agradecer nem se ele entrincheirasse-se na frente dela para lhe salvar a vida de alguma maldição imperdoável.  Ajudá-la nada tinha haver com favor; O que o impelia a vê-la sorrir, se alimentar e dormir tranquilamente todas as noites fazia parte de um sentimento muito maior. Mesmo assim Rony não reclamou diante de um agradecimento tão caloroso e retribuiu o abraço, envolvendo os braços ao redor da cintura delgada da amiga.




 — É claro que eu estava fazendo minha parte, Mione. — sussurrou o ruivo no ouvido na morena, como se aquilo fosse algum tipo de confidência.




  Hermione continuou abraçada a ele como uma garotinha vulnerável, embora imediatamente após aquelas vagas notícias sobre o paradeiro de seus pais, não se via mais tão fragilizada.




  O cheiro de banho tomado na pele dele e a respiração ruidosa enquanto justificava a sussurros no pé do ouvido do porque tinha que cumprir sua promessa, estava deixando-a irracionalmente arrepiada.




— Boa noite. — ela ouviu a voz de Harry anunciar, e foi só então que desgrudou dos braços de Rony.




  Os dois olharam um tanto sem graça para o amigo na penumbra da cozinha. Nenhum deles tinha certeza de quantos segundos ou minutos haviam se passado desde o início daquele abraço.




— Certo. Obrigado Harry por adiantar os fatos. — agradeceu o ruivo, levando as duas mãos nos bolsos da calça.




— Não tem problema. E eu já me adianto quando digo que faço questão de ser incluído nesta busca aos Granger... e boa noite mais uma vez. — voltou a dizer, antes de sair em direção ao resto da casa. Talvez sentindo-se um pouco deslocado, ainda que diante dos velhos amigos de sempre.




  Rony voltou-se para Hermione.




— E então, como vamos fazer? — seus olhos eram eufóricos e brilhantes mesmo na penumbra do aposento.




— Eu... eu não sei por onde começar. — balbuciou a morena, desabando na cadeira mais próxima outra vez.




— Como assim? Nós temos as coordenadas. Eu olhei o mapa cuidadosamente, pesquisei sobre Camberra, a última cidade onde eles foram vistos. — disse com empolgação, apontando o ponto circulado no mapa. — A cidade é grande, eu sei. Isso pode desanimar um pouco, mas nós recorremos de recursos a mais. Nós temos a magia ao nosso auxílio.




— Não é isso Ron... — murmurou ela realmente desanimada como uma flor que murcha instantaneamente com o fim da primavera.




— O que é então? — perguntou ele, preocupado. Para manter seus olhos no mesmo patamar e seus corpos mais próximos, sentou-se na cadeira ao lado dela.




— Eu não sei como reverter o Obliviate.




— Não? — aquilo era uma notícia bem ruim. Hermione não saber fazer algo já era uma surpresa para Rony, agora não saber como reverter simplesmente o feitiço que devolveria a memória a seus pais era preocupante. — Mas eu achei que era só lançar um contra-feitiço.




— O feitiço é complicado e pode levar a vários graus de recuperação da memória humana, ou mesmo nenhum. É preciso ser cuidadoso ao executá-lo.




— E o que você sugere?




  A morena pensou um pouco antes de responder o que para ele já estava mais do que certo que ela iria dizer.




— Eu preciso ler alguns livros sobre o assunto.




— Quantos dias você precisa? — rebateu, rapidamente.




 Hermione estava gostando daquele Rony eficiente nas decisões.




— Bem, um dia. Não, apenas uma manhã na biblioteca pública do Beco Diagonal é necessário.




— Ótimo, partimos depois que você chegar então. — anunciou, ajuntando o dossiê no envelope.




—Ron?  Você tem certeza que quer ir comigo?




  Ela só pode estar brincando, pensou ele sorrindo. Ele havia cansado as vistas e fritado os neurônios por dois dias consecutivos para deixá-la partir sozinha com aquelas informações?




— Mione... — suspirou — A verdade é que você não iria sem mim nem se me lançasse um feitiço do corpo preso, entende?




  Em outros tempos claro que ela encararia aquela frase como possessão e machismo, mas não foi o que passou pela sua cabeça ali. Ela se sentiu segura e protegida. Era reconfortante não ser independente o tempo todo.




— Certo. Amanhã então! — disse exibindo um sorriso de felicidade.




  Rony molhou os lábios com a língua e segurou a vontade de selá-lo nos dela. Estavam sozinhos em harmonia, repletos de esperança, mas algo dentro dele dizia que não era oportuno. Não parecia o momento correto para ele mostrar que não queria que a amizade se limita-se apenas aquilo. Contudo, o ruivo estava otimista. Teriam dias e dias para esclarecerem essas pequenas peculiaridades típicas do relacionamento dos dois.


 


***


  O dia seguinte não começou tão promissor quanto a noite passada predizia.  Hermione foi mesmo, logo após o café ser servido, na companhia de Gina e de Arthur para Londres. O patriarca Weasley tinha que dar uma passada no ministério a fim de assinar uma licença provisória do serviço a pedido dos filhos e de Molly. Neste meio tempo deixaria as garotas na porta da biblioteca e as esperava encontrar no mesmo lugar quando retornasse. Talvez pela morte de um dos filhos ou pela fuga de vários comensais ainda na noite da guerra em Hogwarts, Arthur e Molly estavam se tornando cuidadosos demais com filhos...




... Rony também sentiu sua dose de super proteção na Toca, quando havia apenas ele e Molly retirando o café da manhã.




  Os tempos de guerra ou pós fazia as pessoas verem o que normalmente não enxergavam. Estar ao lado da família com o coração repleto de altruísmo e compaixão era uma delas. Ajudar sua mãe, apática pela luz que havia se apago dentro do seu coração, Fred, em alguns afazeres domésticos era o mínimo que o caçula Weasley podia fazer para ampará-la. Ser sincero e abrir o jogo sobre os seus planos para aquele dia, também.




Molly, porém, não aceitou sua sinceridade muito bem:




— Eu já finalizei este assunto, Rony. Você não vai!




— É importante que eu vá com Hermione! — exclamava Rony a uma Sra. Weasley implacável. Seus braços estavam firmemente cruzados acima do busto e o olhar duro predizia que ela não cederia tão fácil aos argumentos do filho mais novo. — Não vou deixá-la ir sozinha para onde quer que seja. Ainda há muitos comensais soltos por aí e, de qualquer forma, ela está muito fraca para enfrentar este desafio, sozinha.




— Outro bom motivo. Eu não estou dizendo que quero que ela saia por aí! Não! Estou dizendo que nós entraremos em contato com o ministério e que deixaremos isso nas mãos dos profissionais, os aurores investigadores.




— Por Merlin, mãe! O ministério está um caos! A senhora acredita mesmo que eles darão prioridade a encontrar os pais dela quando tem dezenas de seguidores de Voldemort sedentos de vingança pelo país?




  Molly não encontrou argumentos para aquilo. Sabia que nunca o resgate dos pais de Hermione seria visto como prioridade, pelo menos não nos próximos três para o ministério. Não suportava pensar em deixar mais um filho cair no mundo em outra aventura arriscada, mas também entendia que ao menos que fosse recorrendo a algum feitiço não conseguiria prender Rony ali por muito tempo.




— Eu posso tentar falar com Hermione e pensaremos numa nova maneira de ir encontrar-los. Arthur e Gui podem fazer isso com a ajuda de alguns amigos da Ordem, hã? — tentou ela, esperançosa.




— Mãe. Hermione não foi perder uma manhã inteira na biblioteca, para depois deixar tudo nas mãos de outras pessoas. Eu a conheço, ela não vai aceitar.




— Então, convença-a! Você não é amigo dela?




  Rony ia se preparar para rebater aquele argumento, mas o que viu diante de si foi uma mulher desesperada, capaz de qualquer coisa para segurar seus filhos em casa pelos próximos dez anos. Ele não podia culpá-la por toda aquela proteção exagerada e por ela não ver que ele já se tornara um homem feito... e independente nas decisões agora.




  Com um suspiro longo e um olhar cabisbaixo, o ruivo teve que mentir. Fez o jogo da mãe e disse que falaria com Hermione, que a convenceria a isto, mas dentro da mente já tramava outro plano. Talvez ele estivesse sendo cruel com sua mãe, mas ela não lhe deixava escolha, infelizmente.




***


 


   Os grilos cantavam mais alto depois da meia-noite. Rony nunca soube o porquê deste fenômeno, apenas sabia, desde criança, que nos jardins de sua casa os grilos cantavam mais alto depois da meia -noite.




   Orientado por esses peculiares insetos o ruivo se levantou da cama no negrume de seu quarto e começou a preparar-se para o que aconteceria na hora seguinte. Ele estava ansioso e por tudo, tentava ser otimista com uma execução perfeita do plano que combinara com Hermione durante a tarde.




  Eles iriam fugir à surdina da noite. Era o único modo de evitar sua mãe e o resto da família sem maiores conflitos.




  Com a varinha em Lumos, não querendo acender os castiçais para não chamar atenção, Rony apalpou roupas e objetos de uso pessoal dentro das gavetas e jogou-as de qualquer jeito dentro da mochila.  Esperava voltar em duas semanas ou menos, mas algumas camisas e calças extras lhe pareceram uma precaução a mais.




  Enquanto terminava de travar uma briga feroz com o fecho da mochila - precisava aprender de uma vez por todas o feitiço extensor com Hermione -, ficou pensando que a morena fazia o mesmo ritual no andar de cima, mas com um adicional perigoso: Gina dividia o quarto com ela. Teria que executar os movimentos duas vezes mais devagar que ele e produzir cinco vezes menos barulho para passar despercebida. Mas Rony tinha confiança nos talentos da amiga, acreditando que ela chegaria na hora determinada e com sucesso, ou seja, sem acordar nenhum morador da Toca, no patamar da sala a uma da manhã.




  Com tudo pronto, a cama arrumada e um bilhete rápido, afetuoso e cheio de desculpas a mãe, em cima do travesseiro, Rony passou a mochila relativamente pesada por cima dos ombros e preparou-se para a parte final da fuga. Botou primeiro a cabeça para fora do corredor e viu que estava tudo silencioso lá fora. Bom, pensou.




  Porém, assim que fechou a porta, com extrema cautela por sinal, ouviu passos atrás de si. Num instante seu corpo gelou e ele acreditou que sua mãe havia desconfiado, enfim. Mas quando se virou, deparou-se com nada menos que Harry completamente vestido e com uma mochila nas costas também.




— Eu vou junto. — sussurrou ele.




 Harry era uma raposa. Rony preferiu não contar-lhe nada porque acreditava e queria que aquele fosse um momento apenas dele e de Hermione. Mas o amigo deve ter pegado aquela trama no ar com um talento que só ele tinha.




— Não, Harry. Fique. Por Favor! Gina precisa de você aqui.




— Mas eu tenho que ajudar Hermione. Devo isso a ela... — disse, embora sentisse o argumento de ter que abandonar Gina mais uma vez por tempo indeterminado pesando dentro do peito.




— Harry... — Rony se aproximou e murmurou para o amigo, segurando fraternalmente em seu ombro — Você sempre fez muito por Hermione, me deixe cuidar dela agora, está bem?!




 Harry não tomou aquilo como ingratidão. Pelo contrário, o menino que sobreviveu entendeu que seus melhores amigos finalmente estavam requerendo aquele momento só deles, e que por tanto tempo foram privados de ter.




— Tudo bem, Ron. Tudo bem. — assentiu, deixando a mochila deslizar dos seus ombros para o chão lentamente. —Cuide dela então.




— Pode deixar. E diga para minha mãe me perdoar, mas eu tinha que fazer isso desse jeito. Ela não me deu opção.




— Eu direi.




  Rony virou as costas para o amigo e desceu as escadas o mais sorrateiramente que conseguiu. Havia feito muito barulho com aquele murmúrio no corredor e não pretendia mais chamar a atenção no andar de cima.




 Ao chegar na sala vislumbrou aliviado a silhueta de Hermione, que tinha conseguido a proeza e sair do quarto sem acordar Gina. Ao aproximar-se dela, um pouco ansioso, um pouco nervoso, viu nos olhos da amiga os mesmos sentimentos que habitavam ele. Uma sensação que estavam fazendo algo errado.




 Rony olhou pela janela e para a escuridão dos jardins e perguntou baixinho.




— Pronta?




— Ron... eu estou com medo pela sua mãe. Fique. ― pediu, sem muita convicção.




— Não. Eu vou com você! — retrucou ele e pegando-a pela mão decidido, foi encaminhando-se para porta.




 Hermione plantou os pés no chão e não saiu do lugar.




— O que há?




— Eu estou falando sério. Isso é assunto meu. Não quero envolvê-lo nisso. Não quero que entre em conflito com sua família por mim. Eu iria partir sozinha a minutos atrás, mas achei que lhe devia pelo menos está explicação.




— Eu não acredito que ia me abandonar? — Rony teve que controlar-se para não elevar o tom da voz. Só de pensar em Hermione partindo sozinha, sem ele naquela busca, fez suas entranhas revirem de irritação... ou medo. Ele não sabia ao certo como especificar aquele sentimento. 




— Não estou te abandonando. Isso é algo que somente eu posso fazer. São meus pais, entende?!




 Rony não sabia mais o que fazer ou o que dizer para convence-la que ele estava junto naquilo com ela desde o ínicio. Havia prometido isso no trem, havia pesquisado onde, planejado e executado o modo. Do que mais ela precisava para entender que não conseguiria partir sem ele?




— E você é a garota que eu amo, entende?! — a frase escapou num impulso e embora fosse cem por cento verdadeira, Rony achou que aquele não era o momento oportuno para dizer. Mas a palavra foi mais forte que a razão.




  Hermione respirou pesadamente nos segundos seguintes. Sem saber o que dizer ou como agir. Como iria argumentar sobre aquela frase? Pior, como iria controlar suas pernas que começaram a tremer involuntariamente, enquanto ele continuava parado na sua frente alto, lindo e apaixonado, esperando alguma reação. Mais encabulada que qualquer outra coisa, a morena tentou desviar o olhar e fixar algum ponto a sua direita.




   Foi quando, sem esperar, sentiu sua cintura ser puxada de encontro ao corpo dele e a apenas alguns centímetros de distância de seus lábios se viu, finalmente, rendida num beijo bruto e completamente vital.


 


  Ela aconchegou as mãos no peito dele e deixou que Rony conduzisse os caminhos que suas línguas tinham de percorrer dentro das bocas. Ora lentos, ora ousados. E o que pareceu ter sido uma eternidade perdida dentro do beijo dele, não passou de pequenos, mas intensos, seis segundos.  O tempo parava quando ela beijava Rony Weasley, havia pensado isso na primeira vez que o beijara e agora constatava.




 — Será que esses argumentos encerram o assunto do porque eu não vou te deixar ir sozinha nesta busca? - murmurou o ruivo, depois de tomarem folêgo.




— Depois de tantas provas acho que já fizemos barulho demais dentro da Toca. - rebateu ela, ajeitando a bagagem nos ombros.




— Concordo! — exclamou Rony pegando Hermione pela mão e partindo para a noite.




Para Austrália.


 


***




Observações: Ai está o segundo capítulo. Realmente não sei se ficou bom, só sei que ficou maior, o dobro acho, que o primeiro. Hoje estava totalmente sem inspiração, mas então no momento final do dia as ideias foram brotando... Por isso postei meio corrido e se tiver muitos erros, relevem e saibam que vou corrigir no momento que por os olhos na história com a cabeça mais vazia.


  Desculpem se os capítulos andam meio melosos e sentimentalistas, mas acho que vocês entendem que para nossos heróis a guerra acabou há poucos dias. Estão todos fragilizados.


 Mas a única coisa queria dizer sobre este capítulo é que o Harry é  a maior vela, na verdade uma tocha humana, que há no mundo, não?!


 Vocês acreditaram mesmo que ele ia empatar o casal na viagem toda, né? Até o coitado do Rony acreditou nisso. Tadinho, tava quase recorrendo a algum feitiço atordoante para deixá-lo de fora! Huashuahs... Brincadeira.


 Mas me digam o que acharam deste segundo capítulo, ok???


 Abraços à todos!

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Comentários (12)

  • Andréa Martins da Silva

    Tadinho do Harry... Só queria ajudar!... Mas um chazinho de simancol não faz mal pra ninguém, não é? rsrsrsrsrsrsrs

    2013-10-30
  • Bru_na

    Nova leitora & Fã. AMANDO. *-*

    2012-08-01
  • Babi Valerio

    Eu, literalmente, achei sua fanfic hoje e ADOREI!Serio, eu quero logo o terceiro capitulo :) por favor, não demore... beeeeeijos :*

    2012-04-23
  • Luisa Weasley

    Harry não vela coisa nenhuma, coitadinho do meu personagem preferido! Acho até, que se fosse real, Harry, com seu coração enorme, não deixaria os dois ir sozinho, mais de jeito nenhum rsrsrsrs Se fosse JKR que escrevesse o Harry iria, ainda bem que não é, assim teremos mais romance e menos ceninhas infantis rsrsrsrsrs

    2012-04-07
  • Hermione Rosier Black Malfoy

    kkk pode deixar aguardando o 3 anciosamente

    2012-03-19
  • Van Vet

    Pessoal, logo, logo eu posto. Paciência, please!

    2012-03-13
  • June Weasley

    Cadê o terceiro cap. mulheeeeeeer??????????? 

    2012-03-12
  • Andye

    Aguardando o terceiro... está muito bom mesmo! Continue!

    2012-03-12
  • lumos weasley

    Muito boa a fic, oRon está um fofo mesmo! E quanto ao Harry eu quase entrei dentro da fic para ajudar o Ron, rsrsrs, pô Harry vai ficar com a Gina e deixa o Ron e a Mione ser felizes!rsrsrsBjs! Até mais! 

    2012-03-11
  • willi santana

    perfeito!!!! finalmente o ron aprendeu a convencer, heim!!!! e o harry, pelo amor de Deus, deixa os dois homem!!!! muito bom aguardando o terceiro!!!!

    2012-02-25
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