chapter 8



Eu havia esperado a semana inteira para poder entrar no dormitório masculino e reaver meu colar. Harry, Ron e todos os outros garotos do quinto ano da Grifinória estavam em Hogsmead, um vilarejo próximo á Hogwarts durante toda à tarde e eu iria me aproveitar esse fato para procurar meu colar.


Eu consegui, com sucesso entrar no quarto. Também não foi difícil descobrir qual era a cama de Harry ou Ron: Sobre as duas estavam dois suéteres horríveis, cada um com a inicial de cada um deles.


Vasculhei todas as coisas, mas não consegui achar o colar. Eu estava mexendo nas coisas de Ron quando ouvi a porta se abrir. Rapidamente rolei para debaixo da cama.


- Você ainda não respondeu, Harry. – Ouvi a voz de Ron.


- Certo, eu respondo quando você admitir que está apaixonado pela Hermione. – Harry respondeu o amigo.


Eu tive vontade de rir, mas segurei.


- Eu não estou... – Ron começou a dizer. – Apenas diga alguma garota da Grifinória que você acha bonita.


- Eu já disse que não... – Então Ron o interrompeu.


- Que tal a Chuck? – Ron sugeriu.


- Chuck? – Harry perguntou.


- É, garota nova, artilheira do time, você sabe quem.


- Ah, sei lá, ela tem dentes bonitos. – Harry falou.


“Dentes bonitos? Que tipo de elogio é esse?” eu pensei.


Eu estava tão concentrada em tentar entender que tipo de elogio era aquele que quando o sapo de Neville pulou sobre minha mão eu nem lembrava que eu estava escondida. E bem, eu não sou a maior fã de répteis. Eu tenho medo inclusive de tartarugas apenas pelo fato delas terem similaridades genéticas com os répteis que eu realmente tenho medo. Então eu comecei a mexer minha mão para que aquela coisinha verde e gosmenta saísse de lá, e eu não fui muito silenciosa com isso... Logo Harry e Ron haviam me descoberto debaixo da cama do Ron.


- O que você está fazendo aqui? – Harry me perguntou.


- Aparentemente ouvindo vocês dois debaterem sobre qual é a garota mais bonita de Hogwarts. – Respondi arrogante enquanto saía debaixo da cama. – Obrigada por dizer que eu tenho dentes bonitos por sinal.


- De nada. – Harry respondeu tão arrogante quanto eu. – Como você se sentiu com esse elogio?


- Como um cavalo. – Falei séria.


Aquele garoto era a pessoa mais irritante que eu já havia conhecido na vida. E isso me inclui, significando que ele era muito irritante.


- Sério Hayes, o que você estava fazendo aqui? – Harry insistiu. – Você está em desvantagem em todos os aspectos aqui.


- Eu não estou com vontade de brigar. – Menti, na verdade eu estava, eu sempre queria brigar com alguém, mas havia prometido para Vitor que eu tentaria não brigar com os três. – Embora usando força física e mágica eu consiga machucar vocês dois eu não acho que vale o esforço. Vocês pegaram algo que é meu e eu quero de volta.


- O que? – Ron perguntou.


- Um colar. – Falei. – Prata envelhecida, com um pingente de uma gaiola. Com um pássaro dentro dela.


- Isso não é seu. – Ron disse. – Nós achamos...


- Eu sei onde vocês acharam. – Falei. – Eu estava saindo da sala de D.C.A.T. quando ouvi barulhos e creio que na minha péssima tentativa de me esconder o colar arrebentou. E aí vocês dois acharam.


Os dois se entreolharam e continuaram em silêncio.


- Olha, aquele colar era da minha mãe. – Eu apelei pelo emocional. – E junto com alguns livros e algumas roupas, uma das poucas coisas que eu tenho dela. – Eles continuaram em silêncio. – Para isso eu vou até tentar algo que eu não tento com muita freqüência... Por favor?


Os dois permaneceram em silêncio durante mais um tempo.


- Nós devolvemos. – Harry disse finalmente. – Mas você tem que nos dizer o que você estava fazendo lá.


- O mesmo que vocês. – Comecei a dizer. – Procurando descobrir onde minha tia está.


- Você quer tentar nos convencer de que você não sabe por que ela teve que viajar? – Ron me perguntou.


- Não que eu esperasse que vocês tivessem esse tipo de percepção, mas Kathy me trata como uma criança. – Falei. – E minha família nunca deu importância ao esclarecimento de fatos, principalmente se eles não me envolvem. Ou pelo menos que eles julgam não me envolver...


- Você realmente não sabe. – Harry disse.


- Não. – Falei. – Não tudo. Eu sei que algo está acontecendo, eu sei que Kathy está fazendo algo que ela está tentando me esconder e que, obviamente não está dando certo.


- Até agora você conseguiu descobrir alguma coisa? Alguma coisa que eles não estão te contando? – Harry me perguntou.


- Bem... – Coloquei a mão no bolso e tirei a carta que eu havia encontrado lá. – Eu iria usar isso para tentar fazer Kathy me dizer o que é que está acontecendo, mas eu duvido que vá adianta. – Entreguei o bilhete para Harry. – Eu não conheço a caligrafia, muito menos sei quem é “S.B.” que assina a carta.


- Eu conheço essa caligrafia. – Harry disse e então entregou o papel amassado para Ron, que após uma breve leitura olhou novamente para Harry.


- Eu disse tudo que eu sei. – Falei. – Sua vez.


- Logo os garotos vão chegar. – Ron disse e então me entregou o bilhete. – Esse não é o tipo de assunto que a gente deveria nem começar a discutir aqui.


- Ron está certo. – Harry falou. – Depois do jantar nós vamos para um lugar seguro.


Eu revirei os olhos. Não agüentava mais mistério. Saímos do dormitório masculino sobre os olhares curiosos de todos que estavam no Salão Comunal. Até Hermione não conteve e fez uma cara de surpresa.


- Oque... – Ela ia perguntar quando Harry a interrompeu.


- Depois do jantar. Vamos.


Fomos os quatro jantar e, não falamos nada. Eu fui a primeira a terminar, o que era um milagre, já que eu comia muito. Harry o segundo e, podia dizer que ele havia comido rápido pelo mesmo motivo que eu: Queria esclarecer tudo o mais rápidos possível. Hermione também logo terminou, e ficamos esperando por cerca de dez minutos (os mais longos da minha vida) Ron terminar de comer.


Eles me levaram para um banheiro feminino que estava sempre vazio e inundado.


- Que ótima escolha de lugar. – Reclamei.


- Você reclama de tudo? – Harry perguntou irritado.


- Não. – Falei. – Só do que me incomoda. Como por exemplo, água de privada entrando na minha bota ou...


- Certo, nós não viemos aqui para isso. – Harry dissse.


- Então comece a explicar. – Falei. – Eu já disse o pouco que eu sei.


Eles ficaram em silêncio.


- Sério, vocês não vão falar nada? – Eu estava começando a ficar nervosa.


- Nós não sabemos por onde começar. – Hermione disse.


- Comecem pelo começo. – Falei. – Quem eram aqueles dois homens no Beco Diagonal? Vocês sabem por que Kathy conhece eles?


- Os dois eram amigos dos meus pais. – Harry explicou. – Remus Lupin, o que nos trouxe aqui foi nosso professor de D.C.A.T. já.


- Qual? – Perguntei.


- Qual o que? – Ron perguntou.


- Qual professor? Vocês tiveram quatro professores antes de Kathy, um gago, um Lockhart, um lobisomem um o ex-auror louco. - Eu expliquei. – Qual deles Remus foi?


- Alastor não era louco... – Harry tentou


- Bem, não, mas o cara que fingia ser ele enfeitiçou Vitor. Louco o suficiente para mim. – Eu falei.


- A teoria dela tem algum sentido. – Hermione concordou comigo. - Remus era o lobisomem.


-Legal. – Falei. – Quer dizer, mais legal que ser gago ou ser o Lockhart. Ser ex-auror meio que empata com ser lobisomem, mas nem se sabe se ele chegou a dar alguma aula pra vocês...


- Voltando ao que interessa. – Hermione me interrompeu.-  Nós não sabemos como eles conhecem a professora Hayes, mas imaginamos que tenha algo a ver com a Ordem.


- Que Ordem?  - Indaguei.


- É uma organização... Como eu explico isso? – Harry olhou para Hermione procurando ajuda na explicação.


- Alguns bruxos, sabendo que Voldemort está planejando reaparecer se uniram para poder lutar contra isso e os Comensais. – Hermione começou. – O Ministério não admite que Voldemort está voltando apesar dos inúmeros ataques... Eles até lançaram uma lei impedindo a publicação desse assunto em jornais. O sumiço da sua tia no jantar coincidiu com um desses ataques.


- Você está dizendo... – Eu parei de falar. Caso aquela garota insinuasse que minha tia tinha alguma coisa a ver com comensais, eu ia afogá-la naquela água de privada.


- Que nós achamos que sua tia está trabalhando na Ordem. – Ron falou. – Bem, não a princípio...


- Só depois de você ter nos mostrado aquele bilhete que tudo ficou claro, ou menos obscuro. – Harry falou.


- Que bilhete? – Hermione perguntou e eu lhe entreguei o bilhete.


- S.R. – Ela leu. – Sirius Black.


- Sirius Black é o padrinho de Harry. – Ron me explicou. – Ele que te assustou no dia do ataque do Beco...


- Ele é estranho... – Falei. – Sem ofensas.


- É, Azkaban faz isso com você. – Harry explicou.


Assim que ele disse “Azkaban” eu me assustei.


- Eu sabia! – Falei. – Sabia que conhecia ele de algum lugar...


- Mas ele foi pra Azkaban por um crime que ele não cometeu. – Hermione explicou.


- Então, o que a gente sabe é que existe uma organização chamada... – Eu já havia esquecido o nome.


- Ordem da Fênix. – Eles falaram.


- E que Kathy, junto com um lobisomem e um ex-prisioneiro de Azkaban fazem parte. – Falei. – Não me assusta que ela tenha tentado me esconder isso.


- Não são só eles. Meus pais também fazem parte, meu irmão... – Ron continuou listando várias pessoas.


Depois que ele se calou, todos nós ficamos em silêncio por algum tempo. Enquanto olhava para a água, eu pensava em todas as coisas que Kathy estava fazendo e não me dizendo. E se ela não estava me dizendo todas essas coisas, algo deveria justificar.


- E qual é o nosso plano? – Eu finalmente perguntei.


Os três aparentemente não haviam entendido. Ou pelo menos fingiram que não.


- Vocês não vão tentar me convencer que não vão fazer nada, certo? E é bem óbvio que eu posso ajudar, minhas intenções são as mesmas que as de vocês, eu quero respostas. Respostas que Kathy não me dá por algum motivo, o que torna tudo mais interessante. – Eu parei por um instante para respirar fundo. – De alguma maneira eu não acredito na forma como meu pai morreu, muito menos no fato de que, mesmo eu sendo a única filha dele, eu não ter ido ao seu funeral por qualquer desculpa furada que Kathy me disse. Eu acho que a morte dele tem alguma coisa a ver com tudo e eu quero descobrir e eu sei que sozinha será muito mais difícil.


Eles se entreolharam.


- Nós achamos que existe algum motivo pelo qual atacaram o Beco Diagonal aquele dia. – Harry disse. – O mesmo motivo pelo qual nós viemos para cá antes de todo mundo.


- Não esqueça o fato de que nós viemos para cá sem usar magia. – Hermione completou.


- Como se nós estivéssemos fugindo de alguma coisa. – Apesar de ter achado aquilo estranho, eu não tinha pensado muito a respeito disso. – Eu estava tão preocupada com Kathy e com Vitor que nem pensei no quão suspeito andar em um carro trouxa, no meio da madrugada, com quatro pessoas que eu não conhecia e Kathy ser a favor disso, era absurdo...


- Mas nós não sabemos o motivo. – Ron falou. – Só sabemos que ele existe.


Mais algum tempo de silêncio. Eu precisava aprender a confiar neles, já que, aparentemente eles eram as únicas pessoas que estavam sendo sinceras comigo.


- Eu não confio em nenhum de vocês, da mesma forma como eu sei que nenhum de vocês confia em mim. Mas aparentemente as coisas só começaram a fazer um pouco mais de sentido quando eu lhes confiei coisas que eu sabia e vocês fizeram o mesmo.  – Eu estava sendo o mais honesta que eu consegui. – Eu tenho que começar a confiar em vocês.


- E nós temos que começar a confiar em você. Não vai ser fácil. – Harry me entregou finalmente o colar que um dia pertencera a minha mãe.


- Acredite em mim, Potter.  - Eu peguei o colar da mão dele e logo o coloquei em meu pescoço. – Não vai ser fácil para nenhum de nós.


Depois de várias coisas esclarecidas, decidimos sair de lá a fim de não levantar suspeitas ou advertências.


Assim que entramos no Salão Comunal, Harry e Ronald caminharam para um dos sofás e se sentaram lá. Logo Lilá Brown se sentou ao lado de Ron e começou a paparicá-lo.


- Eu vou dormir. – Falei para Hermione, que estava ao meu lado.


- É... Eu vou com você.  – Ela respondeu.


Nós duas então fomos para o dormitório em silêncio. Já havíamos colocado nossos pijamas e nos deitado cada uma em sua respectiva cama quando Hermione quebrou o silêncio.


- Sabe Chuck, é bom saber que eu posso confiar em você. – Hermione disse. – Eu digo isso porque eu não estava muito contente em te tratar bem enquanto eu e os garotos pensávamos que sua tia era uma Comensal.


- Oh, obrigada. – Falei. – Eu acho... Acho que é bom que tudo tenha sido esclarecido, principalmente porque você é uma das poucas meninas que não me irritam aqui.


- Por incrível que pareça, eu posso dizer o mesmo de você. – Hermione disse antes de rir. – Boa noite.


- Boa noite. – Respondi.


Aquela foi a primeira noite em que eu realmente dormi desde que havíamos chegado a Hogwarts. Não que minha cabeça não estivesse cheia de perguntas, mas pelo menos eu sentia que eu não as responderia sozinha.



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nota da autora: 

Eu gostaria muito muito muito de agradecer os comentários da querida Jheni weasley, que sempre comenta na fic e da Alexis_watson_ , nova leitora! Muito obrigada gente, continuem comentando para que eu saiba o que vocês estão achando da fic!
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Comentários (2)

  • Alexis_watson_

    Próximo cap,please!:)

    2011-10-09
  • Jheni weasley

    Amando a fic cada vez mais, adorei esse seu capitulo ficou legal, pois todos eles colocaram as cartas na mesa( ou case todos). Achei engraçado a parte do dente bonito só o Harry pra falar isso mesmo.Parabéns pela fic, mais pensando bem por todas que vc esta escrevendo muito legal todas elas.Bjus!!

    2011-10-09
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