chapter 7



Não eram nem dez horas da manhã e eu já estava irritada. Eu havia passado metade da minha manhã ouvindo um fantasma falar e falar sobre acontecimentos do mundo mágico que eu não dava a mínima e, nem imaginar possíveis mortes dolorosas para as duas garotas que dividiam o dormitório comigo e com Hermione havia feito aquela aula ser mais interessante.


Quando a aula acabou, eu até sorri de felicidade. Literalmente, o que mostra o quão desesperada pelo fim dela eu estava.  Além do que, a próxima aula era a de poções e eu estava muito ansiosa. Eu não só gostava muito da matéria como Kathy havia me dito que o professor era muito bom.


Hermione se sentia na obrigação de ser minha “guia”, embora eu já tivesse aprendido a andar por Hogwarts. Além disso, como eu não conhecia ninguém, ela se sentia na obrigação de se sentar ao meu lado e, como isso não fazia a mínima diferença pra mim, eu deixava.


Nós nos sentamos na primeira fileira, do lado da Grifinória da sala.


O professor era Severo Snape, o homem que havia nos recebido de madrugada quando chegamos à Hogwarts e, pelos comentários, ele não era muito agradável.


Honestamente eu não me importava em um professor ser desagradável, desde que ele pudesse me ensinar algo. Com essa teoria eu suportei Kathy sendo minha professora por vários anos.


Todos os alunos já estavam sentados quando Severo Snape entrou marchando na sala e se sentou frente a seu caldeirão.


- Abram seus livros no primeiro capítulo. – O professor falou e todos o obedeceram. – Espero que depois de quatro anos vocês sejam capazes de preparar porções mais elaboradas como as descritas nesse livro. Caso contrário devo acreditar que ou eu não sou um professor bom o suficiente ou vocês não são bons o suficiente e, como a primeira não é uma opção eu devo somente crer na segunda.


Muito silêncio enquanto o professor Snape observava a sala. Por alguns instantes ele olhou em minha direção.


- Façam a porção “Antídoto para veneno”.  – Ele ainda manteve os olhos em mim. – Quando terminarem, levem-na até minha mesa.


Eu já havia preparado aquela poção antes, em Durmstrang. Em silêncio, diferente dos outros alunos eu comecei a prepará-la e, recordando algumas dicas que meu antigo professor de Poções havia me dado, eu simplifiquei a receita e por conta disso a poção ficou pronta mais rápido que a dos outros alunos.


Embora estivesse com vergonha, levei a minha poção para o professor, que estava sentado em sua cadeira. Pude sentir todos os olhares sobre mim enquanto caminhava até lá.


- Sua poção ficou pronta mais cedo que o esperado. – Ele me disse.


Eu não sabia o que dizer. Talvez tivesse sido uma péssima idéia recorrer a truques, talvez Snape fosse o tipo de professor que não aprova esse tipo de conduta. Milhões de pensamentos desse tipo invadiram minha cabeça durante os poucos segundos que ele avaliava a minha poção.


- Bom trabalho. – Ele finalmente disse e eu respirei aliviada. – Cinco pontos para a Grifinória.


Eu sorri em resposta e voltei para meu lugar.


- Ele deu ou tirou cinco pontos para a Grifinória? – Hermione perguntou à Harry, que estava ao lado dela.


- Eu acho que ele deu. – Harry respondeu confuso.


A aula finalmente acabou e eu percebi que algo estava estranho. Hermione estava muito calada, era aparente que algo a incomodava, mas ela não disse nada e eu também não lhe perguntei. Logo fomos almoçar, que correu silencioso, apesar da contínua insistência de Lilá e Parvati em descobrir algumas coisas sobre Vitor.


Quando terminei de almoçar, arranjei uma desculpa e logo fui para a Sala de Defesa Contra Artes das Trevas, que seria a próxima aula. Sentei-me na primeira carteira, abri o livro que eu estava lendo, “Madame Bovary” e tentei me desligar do mundo.


Os alunos começaram a entrar na sala e fazerem barulho. Muito barulho, eu devo dizer. Eu fechei meu livro e cruzei os braços. Estava esperando por Kathy para que essa aula começasse logo.


- Posso me sentar aqui? – Ron perguntou a respeito do lugar ao meu lado.


- Claro. – Falei.


Ele não era o tipo de pessoa que se sentava na primeira fileira, eu podia dizer isso. O mais provável era que não havia mais nenhum lugar e ele tinha que se sentar ali.


Um garoto muito branco e muito loiro simplesmente não calava a boca. Decidi prestar atenção no que ele estava falando após perceber que Ron estava exatamente da cor de seu cabelo.


- Cale a boca, Malfoy! – Ron disse, nervoso.


- Eu estou apenas dizendo a verdade, Weasley. – O tal Malfoy disse. – Assim que meu pai assumir o posto de Ministro da Magia será proibida a entrada de sangue-ruins em Hogwarts. E então você não verá mais a sua amiguinha...


Aquela discussão, embora eu tivesse ouvido somente uma pequena parte dela, já havia ido longe demais.


- Ei, você. – Falei para o Malfoy assim que me levantei. – É, eu estou falando com você mesmo, que pinta o cabelo.


Os grifinórios riram.


- Eu não pinto o cabelo... – Ele ia dizendo quando eu o interrompi.


- Eu aposto que você acha que assim que seu papai vai ser Ministro da Magia, mas ele não vai. – Falei. – Primeiro porque ele não tem competência para isso.


- Você não conhece meu pai! – Malfoy disse.


- Lucius Malfoy. – Falei. – Eu o conheço. Arrogante, desprezível e muito rico. Você se parece tanto com ele...


Malfoy levantou sua varinha e eu, apenas com um movimento a tirei dele.


- Não use mágica se você não tem argumentos. – Falei andando na direção dele.


- Você quer falar de pais, certo? – Draco disse. – Por onde começamos sobre o seu? Sabe, você não devia ofender o pai de ninguém, considerando o quão lunático o seu é.


- Era, ele está morto. – Eu o corrigi. – E você não devia ofender nenhum bruxo ou bruxa que pode acabar com você em um duelo.


- Você se acha tão boa assim? – Malfoy mantinha seu tom arrogante. Tão arrogante quanto o meu.


- Oh, não pense que eu estou me referindo a mim! – Ironizei. – Você não me ofendeu em momento algum, a verdade não me ofende. Eu apenas estava falando que, você não devia chamar Hermione de “sangue-ruim” quando obviamente em todos os aspectos ela é uma bruxa superior a você.


Eu estava tão entretida em humilhar o tal Malfoy que não percebi que Kathy havia entrado na sala.


- Senhorita Hayes. – A voz de Kathy me paralisou. – Talvez seja melhor você se dirigir ao seu lugar. Talvez seja melhor todos os alunos se dirigirem a seus lugares.


Então eu caminhei para meu lugar como o resto dos alunos.


- Não creio que haja necessidade de eu me apresentar, isso foi feito ontem durante o jantar. – Kathy começou a dizer. – Mas é importante que dentro da minha sala não serão tolerados insultos direcionados a alunos nascidos trouxas. Na minha sala, vocês são todos iguais, quer seu pai seja Ministro da Magia ou um vendedor de sapatos trouxa.


Enquanto Kathy continuava a dizer sobre como ela procederia com as aulas quando Ron virou-se para mim.


- Como é que você conhece o pai do Malfoy? – Ron me perguntou.


- Eu não conheço. – Falei em tom baixo.


- Então porque você disse aquilo? – Ele me perguntou.


- Eu não sei, ele estava sendo um babaca. – Falei. – Ele mereceu ouvir aquilo.


- Claro que mereceu, aquilo e muito mais, mas... – Ron parou de falar ao ver que Kathy nos olhava.


- Nós conversamos depois. – Falei.


Eu tentei me concentrar no que Kathy dizia, mas era impossível. Toda aquela baboseira, toda aquela apresentação, eu não ligava para isso. Aquilo era o de menos perto do quão irritada eu estava. Tudo aquilo que Malfoy havia dito, em Durmstrang as pessoas diziam sobre mim e eu não conseguia negar que, apesar de saber me defender, verbalmente e usando uma varinha, ouvir aquilo sempre era desagradável.


A aula acabou sem que eu percebesse e, apesar de tentar fugir, fui abordada por Ron.


- Nós estávamos indo para o campo para fazer testes para o novo time. – Rony disse. – Você sabe onde é?


- Claro. Eu vou pegar minha vassoura e trocar de roupa. – Disse ao me dar conta de que eu estava usando uma saia.


Fui para o dormitório, coloquei uma calça preta justa e quente, uma camiseta dos Abutres que havia ganhado de Vítor e meu par de botas. Fiz um rabo de cavalo, peguei minha vassoura e fui para o campo de Quadribol.


Assim que cheguei lá, Ron abriu a boca ao ver minha vassoura.


- Ventos de Netuno? – Ele perguntou. – Que incrível!


- É, eu sei. – Falei. – Vítor me deu de presente de aniversário.


- Uau! – Os outros garotos que estavam lá para o teste vieram em minha direção ver a vassoura.


- É só uma vassora, pessoal. – Falei me incomodando com a multidão que me encarava.


- Bem, nós temos vagas para dois artilheiros e um goleiro. – Uma garota negra disse e todos se calaram. – Goleiros de lá. – Ela apontou para um lado. – Artilheiros fiquem aqui.


Ficamos em silêncio por algum tempo. Apenas Ron foi para onde ela disse que os goleiros deviam ficar.


- Apenas sigam as regras, joguem limpo e tomem cuidado. – Ela falou para quem havia ficado do lado dos artilheiros.


Ela se afastou e caminhou até os gêmeos, que eu presumia serem os batedores. Cochichou com eles e finalmente foi em direção a Ron.


Eu comecei a me acalmar. Eu sabia que era boa, Vitor havia me dito isso e, ele não mentiria para mim. A não ser que um jogador de quadribol nato estivesse disputando a mesma vaga que eu, eu seria uma das artilheiras da Grifinória.


Mas... Havia algo entre os grifinórios que poderia me prejudicar. Lealdade. E, eu ainda era vista como uma “intrusa” e, os outros dois garotos não. Alguns deles já haviam feito testes antes, e eu supunha que seria mais difícil para mim que para eles. Não que isso me impedisse de ser melhor que eles.


- Artilheiros, formem uma fila. – A capitã disse. – O primeiro deverá tentar ultrapassar todos os jogadores e marcar um gol. Assim como o segundo, o terceiro e o quarto. Quem irá começar?


- Eu. – Um garoto negro disse.


E lá foi ele, sem dificuldade alguma até o gol onde Ron estava. Mas Ron defendeu o gol.


O outro garoto que queria ser artilheiro, devido ao fato de Ron ter defendido o gol, sorriu. E foi em segundo. Infelizmente, bem quando ele chegou perto da capitã, ele se desequilibrou e ela conseguiu pegar a Goles que ele carregava.


A próxima a tentar era uma garota que eu imaginava ser irmã de Ron e dos gêmeos. Ela era ruiva, isso bastava para agrupar-la como Weasley. E ela foi. Ela voava assim como os irmãos dela. Determinada e rápida, bruta se necessário. Tudo que uma boa artilheira precisa ter. E ela marcou um gol.


Finalmente era minha vez e, o fato da minha vassoura ser a melhor e de eu ter jogado quadribol com Vitor Krum a vida toda não era o suficiente para me deixar menos nervosa. Eu não podia cometer meio erro e, principalmente, devia mostrar que eu não era apenas uma jogadora de escola. Que eu era mais que isso.


- Sua vez, Hayes. – A capitã disse.


- Só um minuto. – Pedi.


Fechei os olhos e tentei me lembrar das inúmeras manobras que Vítor e eu havíamos praticado.


- Estou pronta. – Falei sorrindo.


A capitã me mandou a Goles, subi na minha vassoura e, quando estava no ar avaliei a distribuição do time no campo. Só uma manobra me faria chegar até o gol e, quando chegasse lá, seria incrívelmente fácil. Eu voei primeiramente em direção à um dos batedores e, bem próxima dele desviei para cima e dei um giro. Logo o outro batedor veio em minha direção e, com outro giro me desviei dele. Harry, como apanhador, tinha pouca experiência em desviar ou bloquear alguém e foi muito fácil desviar dele. Finalmente avistei a capitã e artilheira do time, meu maior desafio. Eu então dei três giros seguidos, cada um em uma direção, confundindo-a e finalmente chegando na frente do gol. Talvez por Ron estar assustado com a quantidade de giros que eu havia dado tenha sido tão fácil marcar o gol. E depois que isso tudo acabou e que eu desci ao gramado, eu só conseguia sorrir.


- Isso foi incrível. – A garotinha ruiva disse.


- Vítor vai ficar muito orgulhoso quando eu contar para ele... – Falei, pela primeira vez em Hogwarts eu estava genuinamente feliz.


Logo Harry e os gêmeos vieram me parabenizar, assim como a garota ruiva.


- É unanimidade, vocês duas são as novas artilheiras. – Um dos gêmeos disse.


- Ainda bem que tinha duas vagas. – A garotinha disse. – Não dá pra competir com uma manobra como o Balé de Blitzen.


- Todo movimento pode ser aprendido. – Falei. – E quando você aprende o truque da manobra, tudo fica fácil.


- E dessa manobra, qual é o truque? – A capitã perguntou enquanto se aproximava de mim.


- Fixar a o olhar em um ponto. – Falei. – Nós chamamos de marcação de cabeça.


- Você é boa. – A capitã disse. – Angelina. – Ela estendeu a mão.


- Chuck Hayes. – Falei apertando a mão dela.


- Nós sabemos. – Ela disse soltando minha mão. – Parabéns, Gina. – Ela foi cumprimentar a garota ruiva.


Eu então peguei minha vassoura e estava pronta para ir embora quando Hermione apareceu ao meu lado.


- Você já está indo? – Ela perguntou.


- Eu preciso ficar aqui para fazer mais alguma coisa? – Perguntei.


- Creio que não. – Ela falou. – Mas espere a gente, todos nós vamos para o Salão Comunal.


- Tudo bem. – Eu disse.


Voltei com ela para onde as pessoas estavam.


Eu me sentia muito estranha. Eles todos se conheciam, eram amigos e eu, nem a habilidade de fazer amigos tinha.


- Você pode me ensinar aquela manobra? – A garotinha ruiva me perguntou.


- Claro. – Falei tentando parecer simpática.


Ela sorriu em resposta, mas eu não dei muita atenção. Já eram sete horas e eu, obviamente estava com muita fome, então me despedi deles com um educado “Boa noite”, guardei minha vassoura no dormitório e rumei para o Salão Principal.


Estranhamente, Kathy não estava na mesa dos professores. Achei estranho e fiquei preocupada, então assim que terminei de comer fui até o quarto dela.


Bati na porta, mas ninguém respondeu.


 - Alohomora.- E então eu entrei no quarto.


 Procurei por Kathy por todo o cômodo e, quando percebi que ela realmente não estava lá, comecei a procurar por pistas de onde é que ela podia ter ido. Na escrivaninha não havia nada e, com todos os acontecimentos recentes eu já comecei a pensar no pior.


Foi quando percebi que havia um papel amassado, caído perto da lareira. Peguei o papel que era uma carta, mais precisamente um bilhete.


- Haverá outro ataque hoje à noite. Partiremos da sede. – Li. – S.B.? Quem é S.B.?


Eu achava que aquela carta iria me dar algumas resposta e eu apenas consegui mais perguntas. Guardei o bilhete no bolso e considerei melhor ir para o dormitório.


Eu já havia saído do quarto e estava a alguns passos da porta quando ela se abriu. Imaginando ser ou Kathy ou o zelador e, sabendo que eu teria muitos problemas por ter invadido o quarto de uma professora, eu me escondi atrás de uma estante.


Não sei se por sorte ou por azar não era nem Kathy, muito menos o zelador que estavam entrando na sala, mas sim Harry e Ron.  Eu permaneci quieta, preferia que eles não soubessem que eu estava lá, já que, apesar de tudo, Ron era monitor.


- Eu pisei em algo. – Ron disse.


- Fale baixo, Ron. – Harry pediu. – O que é?


- Um colar.


Foi quando eu me dei conta que meu colar havia caído. O colar que era da minha mãe e que eu tanto amava.


- Guarde. – Harry disse. – Veja, a porta está aberta.


Assim que eles entraram no quarto eu saí da sala e fui para o dormitório. A maioria das pessoas ainda estava jantando, então o Salão Comunal estava muito vazio, o que era ótimo para o meu álibi: Estava com dor de cabeça e, logo após o jantar fui dormir.


Assim que encostei a cabeça no travessei comecei a pensar como é que eu iria recuperar meu colar sem que Harry e Ron viessem me fazer perguntas.
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 nota da autora:
Queridos leitores, espero que vocês estejam gostando da fic... Desculpem pela demora, é que a faculdade está tomando todo o meu tempo e, infelizmente por enquanto ela é prioridade!
Por favor, comentem e votem na fic! xoxo

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Comentários (2)

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