O ponto em que não há retorno

O ponto em que não há retorno




De uma carta de Rabastan Lestrange para Marlene, quatro meses depois do casamento de Lílian e Tiago:


"Minha querida Marlene:


Fico muito feliz em constatar que, mesmo depois de tanto tempo que nos vimos, você ainda responda minhas cartas religiosamente. Na sua última carta, você comentou que conseguiu uma vaga para trabalhar no St. Mungus como curandeira-responsável por uma ala, eu tenho apenas duas palavras sobre isso: você merece.


Eu apenas queria dizer que em breve estarei de volta a Inglaterra, e irei visitá-la em sua casa no dia em que chegar, não se preocupe.


De seu sempre amigo - e em breve mais que isso, eu espero - Rabastan Lestrange."


Marlene teve convulsões quando terminou de ler, convulsões de ódio e desprezo. Como ela o detestava, sempre tão arrogante, tão convencido, mas, sempre tão gentil e ansioso para demonstrar o quanto amava Marlene.


-... e acredito que a senhorita McKinnon tenha algo a acrescestar à reunião antes de colocarmos um fim nesta. - Disse o Prof. Dumbledore, fitando Marlene do outro canto da mesa. Todos os outros olhares se voltaram para ela. Era uma reunião da Ordem, e Marlene ficou tão entretida na leitura da carta que esqueceu que estava ali.


- Sim, senhor. O Lorde das Trevas, quero dizer, o Lorde Voldemort está satisfeito com o número de seguidores que recrutou na Noruega. O comensal responsável por fazer a seleção está retornando. - Ela tremeu um pouco. - A minha fonte de infromações entrará em contato comigo quando isso acontecer.


- Então, acredito que você já saiba o que gostaria que você fizesse, Marlene. Mas, apenas faça se sentir confortável com isso. - Disse Dumbledore gentilmente.


- Sei, senhor. E farei, sem a menor dúvida. - Falou a moça com firmeza. O professor assentiu.


- Tome cudado, Marlene. É uma tarefa perigosa. Até o mais breve dos pensamentos pode denunciá-la. - Aconselhou. Marlene agradeceu com a cabeça. - Contudo, a reunião de hoje está encerrada. Obrigado pela presença de todos.


As pessoas foram saindo aos poucos, mas Marlene demorou-se na mesa, lendo várias vezes a carte de Rabastan. Então fez o que fazia com todas as cartas que ele mandava, atirou-a no fogo.


- Marly, se eu perguntar de quem era essa carta, você vai responder? - Questionou Sirius sentando-se ao lado da namorada. Marlene sorriu e negou com o indicador. - Sabia que essa seria sua resposta, mas eu tinha que tentar, não é?


- Bem, quem sabe um dia eu te diga. - Brincou Marlene. Era tão incrível o jeito que Sirius a fazia se sentir melhor apenas por sua presença!


- Lílian e Tiago nos convidaram para ir até o apartamento deles. Disseram que tem uma novidade para nós. - Revirou os olhos. - Vai ver Lílian finalmente decidiu onde vai querer comprar a casa dos dois...


- Eu gostaria de poder decidir onde iria querer morar. - Disse Marlene esperando que Sirius entendesse a indireta.


- Por quê? A casa dos seus pais e incrível, e seus pais também. - Ele não entendeu.


- É verdade. - Marlene parou por um segundo, tentando achar sinais de que Sirius tivesse entendido. - Bem, então vamos. Lílian já deve estar querendo começar sem nós.


- Nah! Somos as pessoas mais importantes das festas, amor. - Eles riram antes de apartar.


 


- Bem, como vocês sabem, estão aqui porque temos uma novidade para contar para vocês. - Comentou Lílian.


- Sim, e que novidade é essa? Podemos ir rápido com isso? Marly e eu temos coisas melhores a fazer. - Brincou Sirius, Marlene não corou, mas disse:


- Com certeza. Temos que discutir a relação ainda hoje...


- Eu falei ir mais rápido? Quis dizer: levem o tempo que quiserem. - Corrigiu Sirius, gerando risadas.


- Voltando ao assunto... Temos uma novidade para vocês. - Disse Tiago sorrindo. - Quer contar a eles, querida? - Perguntou abraçando a esposa.


- Eu estou grávida! - Guinchou Lílian. A sala se encheu de gritinhos, ofegos e "meus parabéns". Marlene ficou parada, completamente estática.


Como aquilo era possível? Lílian e Tiago tinham começado a namorar dois anos DEPOIS de ela e Sirius, mas mesmo assim, Tiago e Lílian já estavam casados, Tiago e Lílian já tinham um apartamento e estava prestes a comprar uma casa, Tiago e Lílian iam ter um bebê. E o que ela tinha? Um namorado que amava sobre tudo e todos que nem dizia que a amava ne frente dos amigos. Aquilo era tão injusto que chegava a doer.


Por que Sirius não demonstrava o menor interesse em contruir um futuro com ela? O que tinha de errado com Marlene? Talvez, era uma hipótese terrível, Sirius não a amasse do jeito certo, talvez Marlene fosse como uma irmã para ele, uma irmã mais velha e responsável que insistia em cuidar do caçula... Borrões pretos ciscavam na visão de Marlene. As vozes foram se tornando cada vez mais distantes até que só restou o frio e o escuro.


 


Marlene acordou do desmaio num rompante, ela mal tinha despencado no chão quando acordou. Remo estava convenientemente parado a sua frente, escondendo-a de todos. Ela duvidou que fosse mero acaso.


- Levante-se rápido, ninguém ainda viu você. - Disse ele ajudando a amiga a se reerguer. - Tudo bem?


- Sim, eu só... caí. - Respondeu quando se levantou. De fato, todos os outros estavam entretidos em conversas e em beber vinho.


- Claro. Mas acho melhor você ir descansar em casa. Seu rosto da a impressão que a qualquer hora você pode... cair.


- Acredito que sim. Só vou parabenizar Lílian e Tiago. - Ela se dirigiu aos amigos e disse palavras mecânicas e rápidas que não combinavam com ela. E então, sem falar ou olhar para mais ninguém, aparatou para sua casa.


Ela mal tinha despido a capa quando ouviu batidas rápidas e suaves na porta. Foi abiri. Era Rabastan, tão pálido e elegante como sempre. Com os cabelos mais ainda mais longos, passando dos ombros. Ele sorriu:


- Marlene! Ainda mais linda do que me lembrava. - Ele pegou a mão de Marlene e beijou as costas. - Posso entrar?


- Claro, Rabastan! Quanto tempo! - Disse Marlene com uma voz sussurrada e libidinosa que não era dela. Ela escorregou para a direita para deixar passar o comensal. - Mais tempo do que eu achei que suportaria. Senti tanto sua falta.


Rabastan sorriu satisfeito.


- Também senti a sua. E para provar que não estou falando besteira... - Ele pegou uma caixa de ébano de debaixo da capa. - Está aqui um pequeno presente que trouxe a você da Noruega.


Ele abriu a caixa. Dentro havia o colar mais fantástico que Marlene já vira. Fasicava com mais diamantes do que ela podia contar, se intercalando entre o incolor e o diamante negro.


- Puxa! Rabastan....


- Os diamantes negros são para representar os seus olhos e os seus cabelos, os brancos, para representar sua linda pele pálida e feminina.


- Eu não posso aceitar, Rabastan.


- Eu insito. - Ele tirou o colar da caixa e o colocou no pescoço da jovem. - Aliás, o colar fica ainda mais lindo em você.


Marlene fitou os olhos do rapaz, que ainda sorria. Então compreendeu que ela devia fazer uma escolha naquele momento. Era um ponto importantíssimo, crucial, e depois que escolhesse ela nunca mais poderia voltar atrás. Seria fechar um contrato perigoso, mas necessário, com a morte.


- Rabastan. - Declarou meio debilmente, tentando disfarçar o nojo pelo que estava prestes a fazer.


- Sim? - Perguntou o jovem comensal.


Marlene colocou as mãos nos ombros dele para poder se aproximar ainda mais, e, torcendo para que ele não ouvisse o soluço que deixou escapar, ela o beijou nos lábios.


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Comentários (1)

  • Lana Silva

    :( ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh coitada da Lene velho isso foi muito triste mesmo... Senti a maior pena dela, além de todos os problemas da Guerra ainda tem isso ai...Bjoos! 

    2013-02-07
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