As lembranças



- Aluado, vá mais para esquerda, por favor. Você está praticamente respirando todo meu ar.


- Desculpe, desculpe. - Disse Remo se contorcendo para dar mais espaço a amiga. Marlene suspirou aliviada.


- Obrigada, seria difícil fazer Sirius se acalmar se nos visse tão próximos.


- Ah, nem tanto. Ele sabe que eu jamais namoraria você.


- Puxa, essa magoou. Todos os Marotos estão me dando foras ultimamente. Quer dizer, tirando o Sirius e o Pedro. Po... - ela mudou de palavra no último instante. - Pombas! Quero sair daqui.


- É verdade. Mas, que sirva de lição, da próxima vez que Pirraça te encher o saco, não compre briga. A vingança dele pode custar pessoas inocentes também.


Remo e Marlene estavam enrolados em um tapete, que por sua vez estava em trancado em um armário. As varinhas deles estavam nos bolsos das vestes e estavam tão apertados dentro do tapete que não haveria jeito de algum deles pegá-las. Estavam ali há quinze minutos quando as pernas de Marlene ficaram amortecidas.


- Ele chamou Sirius de Vira-lata pulguento. E me chamou de bonequinha, vindo de Pirraça tenho certeza que isso NÃO é um elogio. - Eles riram, mas não muito, pois não tinha espaço para isso.


- Virão nos buscar assim que nos virem aqui num espaço tão pequeno pelo mapa.


- Eu espero que sim. Não estou mais sentido minhas pernas.


- Eu não estou sentindo nada do umbigo para baixo. - Respondeu Remo.


- Ah, ainda bem. - Disse Marlene levantando uma sobrancelha. - Porque não tenho ideia de qual parte de meu corpo está ecostando em você é não temos espaço para nada que fique, hã, maior.


- Isso foi vergonhoso, Marlene. Eu empurraria você se pudesse fazer isso sem cair também.


Marlene ria quando a porta abriu.


- Ei! Que ideia criativa para um encontro, não? - Disse Sirius encostando-se no batente, ele sorria, ao vê-lo, Marlene sentiu uma corrente elétrica passar em todos os membros de seu corpo, até mesmo as pernas adormecidas.


- Haha, que engraçado. Mas tire a gente daqui, Almofadinhas. - Cortou Remo, apressado.


- Me dê um bom motivo. - Desafiou, com os olhos ligeiramente perdidos nos de Marlene.


- Bem, só para começar, você não gostará de saber onde minha mão direita está. - Disse Remo piscando.


- Me convenceu, Aluado. - Sirius agitou a varinha e o tapete cedeu. Marlene e Remo cambalearam para se libertar.


- Uau, tinha esquecido como era andar! - Brincou Marlene. Remo já se dirigia, meio constrangido, para fora do armário.
- Espero que você ainda saiba comandar suas pernas. -Disse Sirius. - Porque elas são bonitas demais para não serem usadas devidamente.


- Claro que ainda sei comandá-las. Veja só... - Ela andou vagarosamente no pequeno espaço que havia no armário, e ao passar pela porta, demorou-se, fazendo questão de roçar o máximo possível em Sirius. Marlene teve a satisfação de vê-lo tremer levemente. Então, rapidamente, saiu completamento do armário.


- Ah, qual é? - Reclamou Sirius. - Não vai, não. - Então Sirius segurou Marlene pelo braço e a puxou de volta para o armário, fechando a porta.


- Ei! Esse não é o nosso lugar de sempre! - Disse Marlene, rindo.


- Tanto faz, desde que você esteja aqui, para mim está bom.


- Eu te amo.


- Eu amo mais.


 


 


- Não acredito que só temos mais três dias em Hogwarts! Eu ainda nem entro no vestido de noiva da minha mãe. Como vou poder me casar com ele? - Assutava-se Lílian.


- Não se preocupe, eu entro no vestido. Se você quiser, me caso com o Tiago por você. - Brincou Marlene. Lílian mostrou a língua para ela. - Brincadeira, Lil. Quem iria querer o Pontas quando se pode ter o Sirius?


- Agora me ofendeu! - Disse Tiago.


- Eu estava devendo, mas não se ofenda. Você é uma graça. - Disse Marlene batendo as pestanas. Tiago sacudiu a cabeça.


- A cada dia que passa, você fica mais parecida com um Maroto.


- Vou considerar isso como um elogio. - Disse ela. - Mas, de qualquer forma, nós não podemos terminar Hogwarts sem antes fazer uma festa. Uma festa normal. Sei lá, nós podíamos dormir na sala comunal. Na última noite aqui, e daí poderemos nos lembrar de Hogwarts para sempre!


- Verdade. Sempre achei que uma dor nas costas seria a melhor lembrança de todas. - Comentou Sirius parecendo sério. - Mas, honestamente, Marly, eu preferia que a dor nas costas fosse por outro motivo.


Marlene corou ligeiramente e pareceu, do nada, muito interessada em devorar um pedaço de lasanha. Lílian sorriu e balançou a cabeça.


- Sabe, Sirius, você poderia ser mais discreto com isso. Está deixando a Marlene envergonhada.


- Ela não tem do que se envergonhar. Ela é muito boa, principalmente nas partes que envolvem...


- Sirius, coma a sua comida! Está um delícia! - Disse Marlene. Seu rosto parecia tão vermelho quanto o molho de sua lasanha. - Comam todos vocês! Só eu e o Rabicho estamos com fome?


Os outros cinco gargalhavam.


- Relaxe, eu nunca ia contar para esses caras o que fazemos atrás do espelho do quarto andar...


- Na sua frente, Agridocicada. - Completou Remo.


- Pontas, está com a capa da invisibilidade por aí? - Perguntou Marlene.


- Ela não está rebatendo, é verdade! - Constatou Tiago.


- Sendo verdade ou não, esse não é um assunto para se discutir na frente de criaças. - Seu olhar recaiu maldosamente em Tiago. - Ou idiotas.


- Essa é minha garota. - Riu Sirius abraçando os ombros de sua Marly.


- Eu gosto da sua ideia, Marlene, do acantonamento. - Disse Lílian.


- O que é um acontornamento, Lil? - Perguntou ela.


- A-can-to-na-men-to. É como os trouxas chamam acampar dentro de um lugar coberto. - Explicou Lílian, paciente. Ela estava acostumada com a ignorância dos amigos e do namorado com o mundo trouxa.


- Ah! Bem, eu também gosto. - Disse Tiago prontamente.


- Eu nunca vou perder uma oportunidade de ver a Marlene de camisola. - Disse Sirius.


- Eu também! - Disse Pedro. Todos os olhos se voltaram para ele. - Gosto da ideia. - Completou ele.


- Rabicho, lembre do porquê de eu ter te azarado no quinto ano. - Disse Marlene, ameaçadora. Rabicho pareceu encolher um pouco mais.


- Então está combinado! Acantonamento na última noite em Hogwarts, na sala comunal de Grifinória. Vamos dormir depois que todas já tiverem subido. - Concluiu Lílian ajeitando os óculos de Tiago.


 


 


- Você quase me matou de vergonha antes-de-ontem, no almoço. - Comentou Marlene com Sirius, no último dia de Hogawrts, era quase meia-noite e eles, juntamente com os outros Marotos e Lílian, esperavam dois alunos do terceiro ano saírem da sala comunal para dar início ao acotonanento, ou como quer que fosse o nome daquilo. Sirius riu.


- Eu estava só brincando. - Marlene deslizou a mão direita pelo pescoço dele, e passou a perna esquerda por cima das dele, fiando de frente para o namorado.


- Então... Eu não sou boa? - Perguntou ela num sussurro.


- É. Mas, eu não podia dizer isso seriamente. Alguém poderia se habilitar a roubá-la. - Marlene riu e beijou o namorado avidamente.


- Sr. Black e senhorita McKinnon, se os senhores não são capazes de controlar os próprios atos quando estão sozinhos, gostaria que, por gentileza, controlassem quando estão em público. - Disse Tiago numa incrível imitação do jeito severo da profª. Minerva.


- Desculpe, desculpe. - Disse Marlene dando de ombros, sem corar. " A cada dia que passa, você fica mais parecida com um Maroto", foram as palavras de Tiago. Agora ela entendia como eram verdadeiras.


- Eu estou ficando com sono. Esses caras não saem nunca! - Sussurrou Tiago.


- U. A. M., Pontas. - Era um código que significava Use a Autoridade de Monitor. LÍlian pateu as pestanas.


- Claro! Por que não? - Então se dirigiu a Tiago. - Quer fazer isso, meu amor?


- Você é a melhor. - Disse Pontas balançando a cabeça. Lílian beijou rapidamente o rosto dele antes de se levantar.


- Muito bem, o trem de Hogwarts não vai esperar os dorminhocos que chegarem atrasados, então sugiro que vocês dois vão dormir. Agora! Ou terão de passar o verão com Filch e a Madame Nor-r-ra! - O tom de Lílian era autoritário e risonho ao mesmo tempo, os dois terceiranistas não hesitaram em obedecer. Marlene observou naquele momento que Lil seria uma mãe absolutamente fantástica.


- Finalmente! - Exclamou Sirius. Então, quase juntos, todos os seis sacudiram as varinhas, conjurando sacos de dormir. O de Marlene era estampado com várias margaridas que mudavam de cor. Sirius agitou a varinha uma segunda vez, para que seu saco de dormir se juntasse com o de Marlene, fazendo um saco de dormir de casal. - Bem melhor.


Depois subiram para seus respectivos quartos para colocarem os pijamas. Desceram novamente e deitaram-se nos sacos de dormir. Marlene tentou afastar-se de Sirius o máximo possível em seu saco. Ele soltou uma risada rouca pela tentativa dela.


Começaram a conversar, rindo muito, enquanto lembravam-se das histórias que tinham vivido em Hogwarts. Desde o primeiro dia, no trem, quando Sirius, Tiago e Lílian se conheceram, embora tenha sido desconfortável para Lílian lembrar dessa época, por causa de Severo Snape.


- Tem uma coisa que eu sempre quis saber: por que você azarou o Rabicho no quinto ano, Agridocicada? - Perguntou Tiago depois de uma rodada de risadas lembrando de um incidente que envolvia Sirius e Tiago, um elfo doméstico e a lula-gigante.


- Não! - Guinchou Rabicho se escondendo no saco de dormir. Marlene riu.


- Foi uma coisa bem idiota, na verdade. - Rabicho tinha começado a roncar muito alto agora, fingindo que estava dormindo. - Ele me perguntou se eu era boa em feitiços, eu perguntei por quê, e ele resondeu que era porque eu tinha enfeitiçado o coração dele. - Tiago, Remo e Sirius começaram a gargalhar, Pedro ainda estava escondido. - Eu disse: "Não enfeiticei seu coração, mas não digo o mesmo sobre o seu cérebro" daí lancei a azaração do cérebro de geleia. - Ela deu de ombros. - Foi isso.


- Espere, isso foi numa quarta-feira, depois da aula de Herbologia? - Perguntou Remo.


- Acho que sim. - Ela pensou um pouco. - Sim! Lembro que estava segurando luvas de couro de dragão...


- Ah! Então não era para a professora Sprout que ele estava olhando naquele dia. Hein, Rabicho? - Perguntou ele. Pedro tirou a cabeça de dentro do saco lentamente.


- Ela é uma garota muito bonita! Mas, ela ainda não era a namorada do Almofadinhas, se fosse eu nem...


- Sei. - Disse Sirius fingindo estar desconfiado.


- Eu juro! - Guinchou ele.


- Não se preocupe, Pedro, ele estava brincando. - Consolou Lílian bondosamente. Rabicho suspirou aliviado.


- E o dia em que Agridocicada traiu o Sirius com o Ranhoso, quer dizer Snape? - Disse Tiago.


- Eu estava agradecendo! Ele salvou minha vida com aquele antítodo! - Exclamou Marlene. - E ele era meu amigo, mais ou menos, naquela época.


- Sei. E por isso você precisava abraçá-lo bem na frente dos amigos idiotas dele? - Perguntou Sirius, aquele assunto ainda o incomodava. Fora a única vez que ele e Marlene chegaram perto de uma briga.


- Mas, e quando Lil e o Pontas começaram a namorar? - Mudou de assunto, não só porque ela se sentia estranha falando disso, mas porque viu que Lílian parara de sorrir, e olhava para a lareira com os olhos verdes irritados.


- Essa foi boa! Primeiro eles começaram a ser amigos, e então um dia o babaca do Pontas resolve convidá-la para ir a Hogsmeade, pronto para ouvir um não e ela diz: "Com certeza, te encontro no café-da-manhã?" - Lembrou Sirius rindo.


Todos eles riram juntos dessa vez.


- Também foi memorável o pedido de casamento. - Disse Remo.


- Foi engraçado! Mas vou lembrar disso para o resto da minha vida. - Disse Lílian segurando a mão de Tiago.


- Eu sou inesquecível. - Brincou ele.


- E verdade. Eu nunca vou esquecer que fui amigo de um retardado por sete anos. - Disse Sirius. Novamente, houve risadas.


- Nós não vamos perder o contato, não é? Vamos nos ver todos os finais de semana, não é? - Perguntou Lílian.


- Claro, Lílian. Na verdade, eu queria comentar uma coisa. Dumbledore me falou sobre... - Começou Sirius. - Sobre... Puxa, esqueci!


- Então não devia ser importante. Mas a verdade, é que do nada me deu um soninho. - Comentou Lílian. Para frizar as palavras, ela bocejou.


- Já são quase três da manhã. Vamos dormir. - Disse Tiago. Todos concordaram lentamente. Minutos depois, todos estavam dormindo. Menos Marlene.


As palavras de Lílian ecoavam em sua cabeça: "Nós não vamos perder o contato, não é?"


Ela não sabia. O que seria dela e de Sirius, será que continuariam a namorar mesmo depois de Hogwarts? Será que, algum dia, ela receberia dele um pedido de casamento? Será que algum dia ela teria alguma ideia de qual era o seu futuro com Sirius?


Ele se mexeu, em seu sono, e se aproximou mais de Marlene. A pele dela se arrepiou com o toque inesperado do namorado. Marlene sorriu e beijou a testa de Sirius e finalmente entendeu.


Pouco importava qual fosse o futuro dela com Sirius. Eles poderiam viver roubando varinhas ou limpando titica de corujas, se preciso. Marlene não ligaria, desde que eles estivessem como naquele momento: JUNTOS.


Nesse momento a retrato da Mulher Gorda girou, e ninguém menos que o professor Dumbledore apareceu.


- Ora, boa noite, senhorita McKinnon! Eu espera encontrá-la acordada. - Ele usa seu pijama por baixo de uma capa, Marlene teve que se esforçar para não rir.


- O senhor quer falar comigo, professor? - Perguntou hesitante.


- Certamente, me encontre no meu escritório em dez minutos. Está uma ótima noite para um chá com um torrão de açúcar, não? - Disse ele então se retirou. Marlene levantou do saco de dormir vagarosamente, para não acordar Sirius. Pegou a varinha e enfiou pelo decote da camisola e saiu pelo buraco do retrato, ignorando o fato de ainda estar de camisola. Ela fechou o retrato da Mulher Gorda e correu desabalada para o escritório de Dumbledore.

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    Nossa... Aposto que ele quer falar com ela sobre a Ordem... Nossa, Dumbledore sabe de tudo Hogwarts, sempre. Nossa, estou farejando um fim triste ou trágico... E acho que chorarei, quando isso acontecer. Estou amando a fanfic, sei que já falei milhares de vezes, mas é para que não se esqueça que escreveu algo muito maravilhoso. Beijoos !*-* 

    2013-02-06
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