Capítulo 14



- Sr. Weasley!? – exclamou Hermione incrédula.

Quase levou um feitiço na cara se não tivesse sido rápida em se defender. Não saberia que ele era tão rápido nos reflexos se não fosse a situação e antes que começassem uma guerra lá dentro, conseguiu falar antes do próximo feitiço.

- Sou Hermione Granger! – ele parou por um instante, para encará-la, ainda meio na defensiva. A respiração de ambos meio entrecortada pelo susto. Para provar que era quem falava, lentamente começou a abaixar a varinha e começou a recitar em voz baixa, como segredando alguma informação – Sou uma mensageira de Luz que bate em sua porta.

Por alguns momentos, ele pareceu meio perdido, então, parecendo ter finalmente entendido, ele continuou, na mesma voz baixa.

- E o que traz em seu bolso?

- Uma carta de Trevas. – suspirou por ele ter entendido e abaixado a varinha.

- O que faz aqui, Hermione? – perguntou aos sussurros, incrédulo, o senhor Weasley – Como se infiltrou entre eles? Achava que eles eram mais criteriosos...

- Na verdade, me alistei e passei nos testes... – murmurou um pouco envergonhada. – Achei que Rony tivesse lhe contado.

- Acho que não houve tempo, mas com certeza fez um grande feito. Muitos aurores que tentaram morreram na inspeção. – continuou, assim, a conversa naquele tom baixo, como se temessem alguém os pegar.

- Desculpe interromper seus elogios e tudo o mais, mas acontece que estou aqui a mando do próprio Você-Sabe-Quem para levar esses arquivos que está inspecionando. Posso saber o porque esta fazendo isso? – falou ao perceber a estranha coincidência. Levar aqueles arquivos parecia algo importante agora.

- Procuro um caso em particular. Para sua sorte, a menina do jornal que você procura hospedou-se em minha casa a uns 2 ou 3 anos antes da publicação desse jornal, tenho quase certeza. Estou a dias procurando-o, mas está tudo uma baderna nesses arquivos. Sabia que devia ter um funcionário departamental nessa sessão, porque os aurores são deploráveis para arquivar os casos.

Enquanto o senhor Weasley falava sem parar, Hermione processava. O registro de Nicole Tiger havia sido apagado dos livros de registro de Hogwarts, agora Você-Sabe-Quem estava querendo que ela simplesmente levasse todos arquivos, principalmente os antigos, do departamento de aurores.

Com certeza, o, agora, mais poderoso bruxo vivente teria capacidade e até mesmo facilidade em apagar, sem deixar rastros, um simples registro. Mas porque ele fazia tanta questão de simplesmente fazer Nicole Tiger deixar de existir? Precisava urgentemente fazer com que o Senhor Weasley encontrasse o tal caso e salva-guardasse talvez uma das poucas pistas que ainda sobrava dessa estranha menina.

- Vou ajudá-lo. – ela falou, começando a trabalhar – Qual o nome do caso? – perguntou, enquanto abria as gavetas e já começava a retirar os arquivos.

- Ayson. Família Ayson. – ele falou, observando o que ela estava fazendo.

- Família? – perguntou, incrédula, mas sem parar o que estava fazendo.

- Não sei porque colocaram esse nome, mas acho que as vítimas devem ter sido mais de uma da mesma família para colocarem algo tão genérico. – ele informava, continuando o que já estava fazendo. - Nunca me interessei em me aprofundar nessas investigações.

- Tem razão. - concordou, começando a colocar os arquivos numa pilha e logo instruindo o sr Weasley – Tudo que não for esse caso em específico, coloque nessa pilha. Terei que levar tudo isso para Hogwarts. E, por favor, faça rápido, pois quando Lacbel terminar o serviço dele, com certeza virá até aqui me ajudar.

- Lacbel? – perguntou intrigado o senhor Weasley – Ainda existe um membro Lacbel? Achei que os comensais de Você-Sabe-Quem tinham matado a todos faz anos. Não que eles fossem uma família que valesse a pena, mas na época tinha sido bem chocante para os aurores.

- Nunca ouvi falar deles, nem desse massacre. - comentava Hermione, erguendo uma sobrancelha nesse momento. Não fora proposital ter adquirido uma informação daquelas, mas seu erro não fora em vão.

- A informação não foi a público, abafaram. Todos já estavam muito temerosos com qualquer tipo de caso estranho que ocorria pelo mundo e o Profeta Diário fazia sensacionalismo até com roubos comuns... já imaginou um massacre? Ia dar pânico geral. Principalmente porque acreditavam que a família apoiava Você-Sabe-Quem. Nem as famílias que estavam do seu lado estavam seguras. - suspirou, enquanto deixava mais um arquivo na pilha – O mais intrigante é que tinham quase certeza que a família Lacbel, além de apoiar Você-Sabe-Quem, um dos membros era um comensal. No fim, parece que eles estavam certos. Deve ter sido o único sobrevivente.

- Único... sobrevivente? - perguntou aos sussurros para si mesma, parando momentaneamente de verificar os arquivos. Lacbel teria visto toda a família morrer? Teria ajudado no massacre, também?

Por alguns minutos, Hermione ficou pensativa, enquanto observava o arquivo em que parara, para processar a informação recebida. Lacbel apareceu simplesmente do nada, pelo próprio Lorde, quase como um guarda-costas. Teria recebido um treinamento exclusivo? Teria feito experiências com ele naqueles anos e torná-lo quase inumano?

- Hermione? - perguntou o sr Weasley, percebendo sua imobilidade, fazendo-a retirar os pensamentos de devaneios desnecessários para o momento.

- Desculpe, só uns pensamentos. Mas eu não falei bem a sua língua. Lacbel, seja o último ou não da família, é conhecido por vocês como O Monstro. Vamos rápido com isso. - ela retornou com toda a fúria a procura de uma das poucas pistas da garota desaparecida.

Sentia que, depois de alguns momentos, provavelmente conciliando a palavra Lacbel com o comensal mais temido pelos aurores, o sr Weasley também procurava na mesma fúria o tal arquivo. Era uma sorte que tinha feito Lacbel se ocupar em outro lugar sem pressa.

Passou-se um certo tempo que a pilha ia aumentando gradativamente, quando Hermione observou o sr Weasley e percebeu. A invasão dos aurores não era para tomar de volta o Ministério, mas para que ele pudesse se infiltrar... mas como? Temia saber a resposta e alguém arrancar dela, mas ainda assim, preocupou-se com a saída. Seria necessário haver a distração dos aurores para isso ocorrer? Ficou pensando sobre isso, enquanto procurava, até não suportar mais a dúvida. Como o sr Weasley sairia?

- Sr. Weasley, você consegue sair daqui sem os aurores lá em cima batalhando? – falou Hermione preocupada, sempre utilizando o tom baixo para ninguém escutá-los.

Viu-o erguer a cabeça para ela, com ar confuso.

- Já foram embora? - ele perguntou com certa casualidade.

- Bem, sim, de certa forma, a culpa foi minha por trazer Lacbel junto comigo. De alguma forma inexplicável, ele me protegeu de morrer quando entrei direto na linha de fogo. Sua aparição assustou os aurores e bateram em retirada imediatamente.

- Compreensível. - ele falou, retornando à procura – Mas, retornando a sua pergunta, posso me virar saindo sozinho. Já fiz isso alguma vezes. - mas ele pareceu mais pensativo, depois mais nervoso. - Isso se o Monstro não me pegar primeiro.

- Preocupe-se na sua fuga, eu distraio ele. - tranquilizou-o. Lacbel faria o estritamente necessário que era preciso para ajudá-la e o que os olhos não vêem, o coração não sente.

Nesse momento, encontrou o arquivo que desejava. Na aba lia-se com letras maiúsculas, as palavras “AYSON, FAMÍLIA”. Num ímpeto de curiosidade, abriu-a aleatoriamente, mas fechando quase de imediato, chocada com a foto que viu logo de cara. Os aurores tratavam de casos cabeludos como aquilo!?!

- Encontrei. - falou, com o estomago revirado de tanto nojo, entregando para o sr Weasley.

- Encontrou? – perguntou o sr. Weasley excitado, correndo a pegar o caso das mãos dela. Assim que o teve em mãos, foi logo abrindo-o nas primeiras páginas. Talvez ele estivesse na parte menos chocante, por não ter simplesmente fechado o caso imediatamente.

Mas ele não tinha tempo de verificá-lo, ali e agora.

- Suma com isso daqui, antes... – ela começou, em voz baixa, mas então arregalou os olhos, quando a silhueta de Lacbel apareceu na porta.

O medalhão parecia cintilar perigo, enquanto se aproximava. Teve um ímpeto de jogar o sr. Weasley para trás com um feitiço, para encenar alguma coisa, mas lembrou-se que fingia-se de uma estrangeira que pouco sabia quem poderia ser amigo e quem não. Droga, precisava avisá-lo de algum modo!

- Já terminou sua tarefa, Lacbel? – perguntou, rezando para que ele não pegasse a varinha. Será que ainda não tinha notado o sr. Weasley? Lacbel era cego?

Viu quando o sr Weasley pulou, o que indicava que ele tinha conciliado perfeitamente a palavra com a pessoa, quase deixando o arquivo cair das mãos e dar passos desajeitados para trás, praticamente caindo para cima de Lacbel que se encontrava logo atrás dele.

Hermione sentiu o mundo parar ao observar a cena. Mesmo cego, Lacbel não iria deixar de sentir que alguém estava CAINDO em cima dele!

No entanto, para seu espanto, bem dissimulado em confusão, Lacbel apenas se desviou, deixando que o sr Weasley caísse ao chão. O capuz momentaneamente adquiriu provável interesse sobre o desastrado, mas logo voltou a cabeça para Hermione, fazendo um sinal afirmativo, respondendo a pergunta que tinha lhe sido feita logo que entrara.

- Algum problema? – perguntou Hermione, erguendo a sobrancelha para o sr Weasley, como se não entendesse porque estava tão nervoso.

Por sorte, ele simplesmente decidiu se levantar e sair correndo como uma lebre apavorada, com o arquivo em mãos. Lacbel observava-o desaparecer, estático ao seu lado. O coração de Hermione batia descompassado, mas mantinha um semblante extremamente calmo ao observar Lacbel e indagar:

- Porque será que saiu correndo? – acreditava que Lacbel provavelmente daria de ombros. Pela sua falta de reação, deduzia que não devia saber distinguir os inimigos dos amigos. Muito estranho...

Era um invasor.”, escreveu objetivamente, fazendo-a pular e fazer um ar incrédulo.

Ele sabia distinguir! Mas, então, porque não havia feito absolutamente nada para capturá-lo ou matá-lo?

- Porque não foi atrás dele? Porque não me avisou? - ela não podia acreditar no que ouvia, ou melhor, lia. Ele sabia de tudo e ainda assim não tinha feito nada! Que raio de comensal fiel era aquele!!!

Como informado, minhas ordens foram claras. Minha obrigação é ajudar você.”, informou novamente, fazendo o cérebro de Hermione embaralhar.

Podia entender que não era preciso, realmente, reconstruir o Átrio. Mas, naquela situação, era algo bem diferente! Um invasor estava xeretando nos arquivos por algum motivo e, por mais claras que pudessem ter sido as ordens, era prioridade capturar ou matar um inimigo que esteja em seu território. Podia não ser dito verbalmente, mas era uma regra clara.

Olhou para a porta, por onde o sr. Weasley já devia ter ganho um bom adiantamento na sua fuga. Esperava, sinceramente, que ele conseguisse sair dali logo, porque era sua obrigação ter que avisar os outros lá em cima para procurarem por um invasor que ainda residia lá dentro.

- Pegue esses arquivos. - ordenou, enquanto resmungava, de “mau-humor” - Agora temos que vasculhar tudo isso, antes que ele consiga fugir.

Saiu do aposento, mas em menos de alguns segundos, Lacbel já se encontrava ao seu lado, carregando a estranha caixa e por cima, uma pilha minúscula, provavelmente, de todos os arquivos. Por Merlin, tinha que admitir que Lacbel era excepcionalmente eficiente em qualquer coisa que pedisse. Só não sabia para que adiantava toda aquela eficiência com aquela fidelidade suspeita. Ou era tão fiel que ignorava qualquer outra ordem ou regra que não se encaixasse no que havia sido pedido? Não dava para entender.

Ao chegarem no Átrio, todos ainda estavam entretidos no trabalho e na fofoca recente, o que queria dizer que o sr Weasley poderia ter passado despercebido, não se sabe como, entre eles. Que outra saída existia além do Átrio?
Tão logo saiu do prédio para a fonte logo a frente – antigamente ostentando cinco estátuas, mas agora pedaços de alguma outra estrutura que não havia sido ainda reconstruída – sua presença foi sentida, parando as fofocas e cochichos pelos cantos, adquirindo o centro das atenções dos olhares curiosos novamente. Ignorou aquilo, observando os progressos nos consertos, procurando, principalmente, uma lareira que possibilitasse sua volta. Encontrou uma inteira, para seu alívio, enquanto se aproximava de um comensal para dar o informativo sobre o invasor.

- Parem imediatamente os consertos. Tem um invasor ainda aqui dentro e quero que o capturem ainda vivo. - falou rispidamente ao comensal que arregalava os olhos a informação.

- Mas... o sr. Lacbel... - ele começou, sendo cortado rapidamente.

- Temos que voltar a Hogwarts o quanto antes. Ou vocês não conseguem fazer um trabalho tão simples quanto capturar um inimigo sozinho e encurralado aqui dentro? - ela falou com desdém.

Poderia tentar fazer Lacbel ir atrás do sr Weasley, mas se ele não cumprisse sua ordem, daria a entender que ela não tinha controle completo sobre ele. Isso significava queda no seu status e no seu respeito. Se por um lado, via-se numa sinuca, agora teria que encontrar algum modo de se aproveitar da autoridade concedida pelo próprio Lorde. Até onde sabia, ele não parecia o tipo de pessoa que fazia as coisas por capricho. Não desperdiçaria o que lhe concedera com tanto carinho.

Em poucos minutos, a notícia se alastrava e todos começavam a procurar pelo tal invasor, enquanto Hermione e Lacbel saiam pela lareira para chegar em Hogwarts.


 


 


 


- Acreditava que viessem mais cedo... - ouviu imediatamente após ter saído da lareira, Voldemort. Ao observá-lo, ele erguia os olhos de um livro que devia estar lendo enquanto os esperava.

- Poderíamos ter vindo mais cedo se não fosse um contra-tempo assim que pisamos no Ministério da Magia. - informou displicente, enquanto observava Lacbel depositar sobre a escrivaninha dele, no mesmo segundo, as coisas que tinham trazido. Daquela vez já não se assustava com tanta frequência.

- Contra-tempo? - perguntou intrigado, sem parecer dar qualquer atenção a Lacbel que logo retornava a seu lado, como a estátua que parecia ser sempre.

- Alguns... aurores, isso? - indagou, um pouco antes de continuar – Estavam tentando invadir. Acabamos entrando no meio da batalha. Por sorte, chegamos pouco antes da última lareira ainda inteira ser destruída. Por isso acabamos ficando presos lá dentro, até que consertassem.

- Houve mais algum incidente, digno de nota? - perguntou, parecendo completamente desinteressado se havia ou não. Parecia fazer aquilo mais pela rotina.

- Aqueles imprestáveis não viram que ainda havia um invasor dentro do prédio. Parecem não fazer nada direito por conta própria. - falou com uma falsa irritação gélida, lançando um olhar extremamente aborrecido. Não conseguira se frear antes de falar sobre a incompetência tétrica.

Num auto-controle digno, esperou a reação pela sua ousadia em mal-dizer sobre seus comensais. Hermione precisava controlar melhor sua língua ou uma hora acabaria morrendo por ela, era o que sua mãe dizia... o peixe morre pela boca.

- Vejo que não está acostumada a falhas. - ele comentou sem se alterar em nenhum momento. Poder-se-ia dizer que até se divertira pelo seu comentário irascível. Tivera sorte, mas não podia contar com ela para sempre. Precisava se comedir e pensar bem no que falar.

- Falhas produzem mortes desnecessárias. Mortes desnecessárias nos fazem perder batalhas e até guerras. - ela disse calculadamente.

Era por isso que achava inadmissível algo tão idiota quanto um invasor, que ninguém notou – mas tão pouco vasculhou para saber se havia – adentrar o prédio. A pior parte era saber que era NATURAL, mas essa parte era melhor deixar quieto.

- Por acaso no conflito na Noruega você criava as táticas de batalha? - perguntou, parecendo ligeiramente interessado.

Hermione permaneceu um tempo em silêncio, tentando decifrar quais os intentos por detrás daquela pergunta. A dúvida horrível a assolou, sufocada lá no fundo do estômago para que sua Oclumência continuasse firme. Sua vida dependia do seu extremo auto-controle. Decidiu por falar um pouco da verdade...

- Liderava uma equipe. Algumas vezes precisava produzir táticas quase imediatas com as situações de surpresa que ocorriam para morrer o mínimo possível dos nossos e matarmos o máximo do inimigo. No entanto, eles eram bem treinados e sabiam quando deviam sair do esquema e quando não. - ela falava com cautela, tentando mesclar a verdade com a sua fantasia. Sabia que a mentira tinha pernas curtas e por isso, mesclá-la com um pouco de verdade, tornava-a mais verídica.

A íris vermelha havia brilhado com mais intensidade àquela resposta. Não sabia qual parte o havia agradado, mas parecia ter acertado em cheio. Sentia-se embolar cada vez mais. Seu plano de chamar o mínimo de atenção parecia cada vez mais distante.

- É bom saber sobre mais essa sua habilidade, Lavrandatter. Com certeza ela será muito útil para mim. - ele finalmente respondeu. - Pode se retirar.

Fazendo apenas uma mesura respeitosa, saiu do aposento assim como havia sido pedido.

Hermione estava ficando cada vez mais encrencada. Estar adquirindo cada vez mais confiança do próprio Lorde, o que acabaria fazendo-a ficar cada vez mais presa aos comensais. Não seria nada prudente ela começar a relaxar, mas e se tivesse de usar suas táticas rápidas contra seus próprios aliados?


 


 


 


Assim que a viu desaparecer pela porta, continuou um certo silêncio, esperando ela pegar distância de seu escritório, antes de virar-se para Lacbel.

- Como era esse invasor? - ele logo perguntou, antes de mais nada.

- Homem de meia idade, alto, magro e com cabelos cor-de-fogo. - respondeu objetivamente Lacbel, com sua característica voz enrouquecida.

“O que um Weasley estava fazendo ali?”, pensou intrigado com a informação.


- Onde ele foi encontrado?

- Departamento de Aurores, nos arquivos. - continuou na sua voz normalmente sem qualquer traço de emoção.

Estreitou os olhos e sentiu uma ponta de perigo. Não podia ser possível que houvesse mais alguma pessoa que soubesse do caso. Não, ele devia estar procurando qualquer outra coisa, casos de comensais. Aquilo era algo muito específico e de pouca importância para uma guerra. Ao menos, em um primeiro momento.

- Qual foi a reação de Lavransdatter quando o viu? - perguntou estreitando os olhos.

- Tratou-o como se fosse um comensal qualquer.

- Você estava junto dela quando ocorreu? - ele perguntou, estreitando os olhos, desconfiado.

- Não, Milorde. - Lacbel não respondia nada além do estritamente necessário.

- Onde estava que não vigiando os passos dela? - ele perguntou num ar perigoso, numa fúria controlada. Tinha mandado ajudá-la em qualquer coisa e sabia que poderia fazer tudo em poucos segundos. Como podia ter ficado longe dela por tempo suficiente para ela tratar um invasor como um dos seus?!

- Cumprindo as ordens dela. Fazer minha tarefa sem pressa. - informou sem demonstrar nada, mas provavelmente indiferente.

- Você bem sabia que não precisava acatar todos os detalhes de uma ordem que ela lhe desse. Espero que não ande a fazer isso por outros motivos, além do fato de aproveitar todas as brechas para cumprir o que eu digo, mas não do jeito que eu quero. - ele estreitou os olhos perigosamente. Ambos sabiam o que era os tais “outros motivos”.

- Não tenho intenção de adquirir mais um carrasco temporário para me atormentar, mesmo que pareça tentador o fim que lhe reserva.

Voldemort sorriu de lado com aquela resposta. Retornou a falar, cortando completamente o assunto.

- Vá chamar Wiltord. - ordenou, por fim, observando Lacbel já se virando para ir cumprir sua nova ordem, mas interrompeu-o assim que deu o primeiro passo. - E, Lacbel... - os olhos vermelhos brilharam, enquanto o via parar, atento – Não espere que sua insolência saia impune.

Lacbel sabia que era Terça-Feira.

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Comentários (1)

  • Prado Soares

    quase três anos depois do meu último comentário, no Cap anterior, aqui estou... A fic apareceu no meu menu e eu fiquei encucada com o nome... Confesso que não lembrava de absolutamente nada e tive que reler... Nada que eu me arrependa, pelo contrário, a fic eh fantástica!!! Espero que essa atualização, depois de tanto tempo, signifique que você pretende continuar... Apesar de já ter lido, confesso que ganhou uma nova leitora. Considerando que raramente volto a ler mt fic tão antiga, já que minha exigências aumentaram consideravelmente... Espero que não pare de escrever, eh bem raro achar uma fic tão boa quanto essa...  Estou na torcida para que o próximo capítulo não demore tanto quanto esse..  Você está de parabéns pela fic. Um abraço. 

    2015-02-15
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