E se...



Lílian e John mantinham a discrição. Embora fossem constantemente visto juntos, ainda não assumiam nada publicamente. Lílian odiava ser motivo de fofocas. Odiava todo e qualquer jeito de chamar atenção em sua vida pessoal e particular, e juntando a isso, lembrava-se do fracasso que fora seu último namoro. E como as pessoas comentavam isso. John, entretanto, queria compromisso, porém ela continuava irredutível.
- Eu já disse que não, John. Você sabe muito bem o que aconteceu com meu último namoro. Você tava lá no Salão Comunal quando eu contei pra todo mundo o que tinha acontecido...
- Eu sei. - interrompeu ele. - Mas você pode contar comigo. Eu te prometo que nunca vou te decepcionar.
- Nem adianta, John Lloyd. - Ela continuava séria.
- Ah, Lil. - pediu ele. - Aceita namorar comigo, por favor. Não precisa ser nada de tipo a gente sair de mãos dadas pela escola, nem que você fique me esperando no vestiário antes de algum jog...
- Quadribol. - Interrompeu ela, feliz por ter mais um argumento. - O Potter não suportaria ver a gente juntos. E isso iria prejudicar o time. Ou então você pode preferir ter um jogador que esteja com raiva de você, e não tem como nem pensar na hipótese de tirá-lo do time, porque além de ele ser muito bom, ainda ficaria difícil conseguir um batedor de última hora.
- Droga. - riu John, baixinho. - Isso é que dá ter uma...
- Não diga a palavra namorada. - cortou-o Lílian.
- Tá. Ficar com uma garota tão inteligente. Ela passa a te dar lição em uma coisa que você se julga o melhor. - Os dois riram, e se entreolharam cúmplices. Lílian aprendera todas as regras básicas do Quadribol, e depois de estudar, em pouco tempo sabia o nome dos times mais notáveis da época, e até dos jogadores. Sem contar que sabia também o nome de alguns lances, como...
- Finta de Wronski. - disse Lílian de repente.
- O quê? - perguntou John, chocado.
- Finta de Wronski. - repetiu ela. - Você disse que iria me mostrar como é.
- Ah não, Lil. Você tem DCAT daqui a pouco.
- Ainda tenho dez minutos. - disse sorrindo.
- Será que ninguém vai desconfiar quando dois estudantes forem juntos pro campo de Quadribol, não vai dar muito na cara que estamos juntos? - Perguntou ele, usando o próprio argumento da garota, que levantou-se de onde estava sentada nos jardins.
- A escola inteira já está olhando pra cá. - disse a garota por cima do ombro. Ele olhou e viu alguns estudantes tentando disfarçar o foco de onde estavam olhando e comentando. - Vamos. - E puxando o garoto pelo braço, saíram em direção ao campo de Quadribol. Porém, era uma coincidência que os dois tivessem o tempo livre, mas os primeiranistas não tinham a essa hora. Eles estavam na aula de Vôo e Madame Hooch não gostou muito de ver alunos mais velhos atrapalhando a sua aula. Quando os dois perceberam que estavam invadindo uma aula, voltaram correndo e rindo.


***


Quando Marlene chegou no dormitório, às dez pras onze da terça-feira daquela semana, encontrou suas amigas sentadas em sua cama, conversando. Estranhou, pois nenhuma das duas ficavam até tarde conversando, em camas que não eram suas. O motivo ela descobriu logo que chegou:
- Lene, por que você não fica com o Remo? - perguntou Melissa.
- O quê? - ela abriu a boca em um sinal claro de choque
- Você entendeu muito bem. - continuou.
- Lene, - Lílian interferiu - todo mundo sabe que vocês dois se amam.
- Vocês estão loucas? - As duas reviraram os olhos. Melissa prosseguiu:
- Vai dizer que você não sente nada diferente por ele?
- Mais ou menos. - Ela se sentou na cama ao lado. As duas a olharam, as sobrancelhas erguidas. - Quero dizer, ele é muito lindo. Mas um idiota.
- Eu não acredito que você ainda tá com raiva dele por causa do Tom. - Melissa reclamou.
- Mas não é por isso. Tá, eu me sinto meio mal por saber que ele fez isso de propósito. Ele queria que a gente terminasse.
- Mas Lene, já faz quase, o quê, umas duas semanas. Ou mais. - A ruiva se manifestou.
- Caramba, eu sei. Eu já superei isso também.
- Então...
- Eu não tenho certeza do que eu sinto por ele. Eu gosto muito dele, mas eu não sei como. Entenderam?
- Não. - fizeram as duas em uníssono.
- Olha, - ela suspirou, buscando as palavras certas para fazer com que as amigas compreendessem - a gente meio que não se falava muito até esse ano, você sabe, Lil. Mas lá pra outubro e tal, a gente começou a ser amigo de verdade, até porque tem a Mel com o Sirius, e o Tiago com você, e não dá pra evitar. No Natal, a gente ficou muito mais amigo, mais próximo, e eu já tinha desenvolvido um carinho muito grande por ele. Mas aí quando eu fui pedir pra ele falar com Filch aquele dia, ele foi tão legal comigo, e vocês sabem o resto. E depois a gente ficou. E aqui estamos. Eu estou completamente confusa sobre isso. Enquanto eu acho que o que eu sinto por ele é uma amizade muito forte, às vezes eu fico pensando nele, e isso é cada vez mais frequente.
- Você gosta dele. - concluiu Lílian.
- Não, não gosto. Ou gosto. Sei lá.
- Você gosta. - ela repetiu. - Ele é meu melhor amigo e eu não fico pensando nele toda hora.
- Não é toda hora. - retrucou.
- Você gosta dele, sim. - disse Mel. - Você confessou isso agora. E ainda fica dizendo que não gosta. Até parece.
- Eu não sei o que eu sinto. - Lílian imitou a amiga, fazendo Melissa rir. - Você gosta dele de verdade.
- Tá bom, que saco. - disse Marlene em voz alta, fazendo as outras duas se assustarem. - Não precisa ficar me zoando por causa disso. Eu esperava que vocês compreendessem. - As duas olharam para ela com cara de pena. - Não me olhem com essa cara de pena. - alertou.
- Desculpa amiga. - disse Lílian, a abraçando.
- É, - concordou a loira, - desculpa mesmo.
- Tá gente. Agora sobre a pergunta que vocês fizeram: por que eu não fico com ele? Porque ele não chega em mim, só por isso. - disse ela, visivelmente chateada.
- Lene, você tinha que ter falado isso pra gente. Somos suas amigas.
- Eu sei, eu sei. - ela admitiu.
- E se a gente falasse com ele? - propôs Lílian.
- Você está mesmo louca. - ela riu, e continuou: - Claro, você vai chegar pra ele e vai falar: Ei Remo, fica com a Marlene. Aí ele diz: não, obrigada, tenho propostas melhores.
- Foi uma ideia muito idiota, - concordou Melissa. - mesmo se isso desse certo.
- Tá, foi mal. - desculpou-se Lílian.
- Mas se a gente jogasse umas indiretas? - Melissa perguntou a opinião das amigas.
- Ótimo. - respondeu a outra, sarcasticamente. - Vamos deixar bilhetes nas coisas dele como: "Hoje é um ótimo dia para chegar em alguém" ou "vá até o seu Salão Comunal e se declare para a primeira loira de olhos azuis do sétimo ano que você encontrar". - As duas riram.
- Desculpa, mas você tá muito engraçada. - explicou a ruiva, entre risos. Lene as acompanhou. Afinal, analisando a situação de fora, era realmente hilária.
- Mas também, olha as ideias que vocês dão... - ela esperou as outras revidarem, mas nenhuma o fez. Estavam pensando em uma ideia.
- E se a gente jogasse Verdade ou Desafio? - Melissa deu a ideia.
- O que tem? - perguntou Marlene.
- A gente podia usar o desafio a seu favor. - continuou.
- Claro que não. Essa foi a coisa mais idiota que eu já ouvi na vida. Nós dois sendo obrigados a se agarrem na frente de todos vocês por causa de uma garrafa estúpida.
- Nossa. - disse Melissa, rindo.
- Então, e se vocês dois acabassem trancados em uma sala, sozinhos? - propôs Lílian, sorrindo para Mel.
- Não! Nem pensar! Vocês não vão fazer isso! - desesperou-se Marlene.
- Era brincadeira. - completou Lílian, rindo. Marlene desconfiou do olhar que ela lançou a Melissa, mas achou melhor não dizer nada.
- Se a Lílian ficasse com o Tiago por livre e espontânea vontade, você chegaria nele? - Melissa perguntou, recebendo olhares e gritos muito ofensivos de Lílian.
- Você tem problema? É retardada? Onde está o seu cérebro? Claro que não. Sua imbecil. De jeito nenhum. Finge que não ouviu isso Lene. - terminou jogando uma almofada na amiga.
- Como é bom saber que suas propostas são aceitas de forma tão receptiva. - disse Marlene irônica.
- E isso sem contar que, se ela ficaria, não Lil, eu não tô dizendo que isso vai acontecer, - acrescentou, quando Lílian abriu a boca para revidar - estamos falando hipoteticamente. Se ela ficasse com ele, seria totalmente por minha causa, e não por livre e espontânea vontade. O que anula totalmente essa ideia bizarra de eu chegar nele.
- Ah, nem vem com essa pra cima de mim, Marlene. - revidou a loira. - Você nunca teve problema em chegar em alguém.
- Mas sempre foi diferente. Eu nunca gostei, quero dizer, não tanto, da pessoa, e eu tinha certeza de que eu não ia levar um não na cara.
- E como você tem certeza que levaria um não?
- Porque ele não gosta de mim.
- Nããão. - Lílian riu, sarcasticamente.
- Realmente. Ele te odeia, Lene. Por isso que ele te beija e faz você terminar com seu namorado. - completou a outra.
- Então por que ele nem olha na minha cara mais? - Ela perguntou, e Melissa advertiu Lil que não devia ligar, pois como sempre Lene estava exagerando.
- E se... eu não acredito que eu vou dizer isso. E se... nada, esquece. - Lílian refletiu melhor e decidiu não propor o que havia pensado.
- Fala. - pediu Marlene.
- Deixa pra lá. Não daria certo.
- Agora que começou termina, Lílian Evans. - decretou Melissa.
- Eu só queria saber que se eu saísse com o Potter ela chegaria no Remo,m...
- O quê? - fez Marlene, cortando-a. Nenhuma das duas poderia imaginar que Lílian propusesse isso.
- Mas aí tem o lance do John, e eu gosto dele.
- Quanto? - quis saber Melissa.
- O suficiente pra gente continuar assim.
- Mas você gosta muito mais da Lene né? - ela indagou.
- Claro que sim. Não tem nem comparação. O John é só um garoto com quem eu tô ficando. E a Lene é a minha melhor amiga. Junto com você, claro. - acrescentou, quando viu Melissa abrir a boca pra reclamar.
- Então. Termina com ele e sai com o Tiago.
- Não. - protestou Marlene. - Pensa nela também, Mel. Ela não tem nada que terminar com o John, muito menos sair com o Tiago.
- É, - concordou Lílian - termina você com o Sirius.
- Terminar o quê? - perguntou Lewis.
- Como terminar o quê? Vocês não estão mais juntos?
- Sei lá. Varia. Depende do humor do dia e das opções disponíveis. - disse ela, para espanto das duas.
- Explica isso melhor, Melissa. - pediu Lene.
- É isso ué. Nós ficamos às vezes. Não tem como eu acabar com algo que nem existe. - explicou a garota, descontraidamente, fitando as próprias unhas, compridas e que estavam pintadas em um laranja claro.
- Eu chego no Remo. - disse Marlene, pondo-se de pé e fazendo as outras duas se espantarem. - Se você, Mel, terminar ou assumir algo mais sério com o Sirius, e se você, - ela se virou pra Lílian - sair com o Tiago. Não precisa terminar com o John nem ficar com ele. A menos que você queira, claro.
- Por mim, tudo bem. - disse Lílian, para a supresa das duas.
- Só falta você, Mel. - Marlene comentou.
- Já aceitei. - As três sorriram. Sabiam que não seria fácil cumprir as promessas. Cada uma pensava no melhor jeito de falar com os marotos, que nem sonhavam que isto estava acontecendo.

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