Confissões
A detenção foi marcada para a sexta-feira da mesma semana. Lílian tentou escapar, dizendo que tinha que fazer a ronda dos monitores - o que não era uma mentira -, mas o professor estava irredutível. Bufando de ódio, às dez horas e meia da noite, foi para a sala do professor. AO chegar lá, encontrou os dois marotos conversando, e Richard mudo parado encostado na parede. Tiveram que esperar vários minutos até que o professor chegasse.
- Desculpem o atraso. Receio que esses pequenos minutos não serão descontados ao fim das duas horas e meia de detenção. Dividam-se em duplas. Não as mesmas duplas da aula passada. Não quero mais confusão. - Tiago e Sirius foram para perto do professor juntos, indicando que eram uma dupla. Não restou alternativa a Lílian do que se juntar a Richard, mas quando já estava chegando perto do garoto, o professor arqueou uma sobrancelha. - Estão surdos? Eu já não disse que não quero mais confusão! Evans, você fica com o Potter. Black, você com o Nixon. A tarefa de vocês, como já sabem, é anotar o máximo possível de informações, mas sem chegar muito perto, sobre os Arpéus. Butler conseguiu um esses dias, e é esse que usaremos nesta tarefa.
- Mas professor, os Arpéus são perigosos, apenas bruxos peritos podem enfrentá-los... - Lílian chocou-se com a tarefa. Não esperara nada perigoso, e já lera livros que falavam sobre os Arpéus, e pelo que ela sabia, eram animais quase tão ferozes quanto trasgos.
- Como estava dizendo, - continuou, ignorando a garota - sem chegar muito perto dos Arpéus. E outra coisa, não tentem pesquisar em livros suas características e depois transcrever para o bloco de anotações. Este arpéu foi criado em cativeiro, por isso não é tão feroz quanto os outros. Mas vou insistir que não devem chegar muito perto. Quero os quatro aqui às uma e dez, sem atrasos. Peguem os blocos de anotação e podem ir.
A única coisa que restou à garota foi pegar o bloco e a pena e ir para a Floresta. Chegando lá, Butler, o guarda caças da escola, deu as instruções necessárias para as duplas. Tiago e Lílian deveriam ir pelo lado esquerdo da Floresta para encontrar o animal, enquanto Sirius e Richard iriam pelo direito. A dupla que encontrasse teria que lança faíscas vermelhas para o céu, e a outra deveria se juntar à eles. Quando fosse quinze para às uma, Butler lançaria as faíscas. E é só, concluiu o guarda caças, deixando os alunos livres para começar a detenção.
- Sabe, se não estivéssemos aqui por causa de uma detenção, seria um encontro perfeito. - Disse Tiago, deixando a menina irritada.
- Se não fosse com você, as onze da noite, na Floresta proibida, seria um encontro perfeito. - a garota sorriu sarcasticamente. Caminhando lado a lado, ouviram um ruído que fez a garota estremecer. Temerosa, parou de andar, permanecendo parada no local. Tiago parou também.
- Não sabia que minha presença te afetava tanto. - sussurrou ao pé do ouvido da garota, fazendo leves arrepios percorrerem seu corpo.
- Não seja ridículo. - ralhou. - Vamos. - disse tentando reunir toda a coragem que ainda restava em sua voz. Continuaram caminhando, até que Lílian viu faíscas vermelhas irrompendo no céu.
- Potter, eles encontraram. - disse para o garoto, mas ao se virar, não encontrou ninguém. Como estavam em um profundo silêncio, ela não percebera a ausência do garoto. Irritada, acendeu a ponta da varinha a fim de procuar o garoto. Não achou e seguiu em direção às faíscas, que agora brilhavam com menos intensidade. A caminhada já estava durando um bom tempo quando ouviu outro barulho.
- Bu! - exclamou Tiago despindo a capa da invisibilidade. Ao ver a cara de espanto da garota, desatou a rir.
- Idiota. - Disse Evans, virando as costas para o garoto e andando rápido, quase correndo.
- Lílian, vai devagar, aqui tá escuro, você poed cair. - Ela nem respondeu, e continuou no mesmo ritmo. Já avistava Sirius ao longe quando tropeçou em um galho de árvore no chão e caiu. Tiago foi correndo em disparada à menina, que estava murmurando feitiços para estancar o sangramento que havia em seu braço. Tranquilizando-a dizendo que Madame Pomfrey daria um jeito no corte em questão de segundos, ajudou-a a se levantar e recomeçaram a andar.
- Eu acho que a gente tá indo pelo caminho errado. - Tiago percebera que já haviam passado por aquele lugar algumas vezes.
- Ah, não. Não me diga que estamos perdidos, que drog... - Ela ouviu um ruído. Um animal se aproximava deles. Lílian reconheceu os chifres longos e afiados e as corcovas.
- MERDA! - Gritou Tiago, enquanto corria puxando a garota pelo braço. O arpéu se encontrava há poucos metros deles, e parecia correr em sua direção. - CORRE LÍLIAN! - A garota dava passos poucos rápidos, aterrororizada com o animal. Depois de correrem muito, viram que o animal continuava a segui-los. Lílian tropeçou novamente, e caiu no chão pela segunda vez. O animal se aproximava cada vez mais. Merda, merda, merda, pensava freneticamente. Teve um vislumbre do arpéu a segundos de distância dela, e já estava pensando que tudo estava perdido quando ouviu:
- Impedimenta! - Tiago colocou-se na frente da garota, protegendo-a do furioso animal. A azaração só serviu para atrasar o bicho, enquanto ele ajudava a garota a se levantar. Quando ela já estava de pé, o animal chegou mais perto do maroto, e por menos de cinco centímetros não o atingiu. Lilían pegou a varinha e lançou no animal uma Azaração Ferreteante, o que retardou ainda mais a reação do arpéu.
- No três. - disse Tiago, e Lílian entendeu o que ele queria dizer. - Um, dois, TRÊS! - no mesmo segundo, os dois apontaram para o horizonte.
- PROTEGO. - O animal cambaleou, e recuou mais alguns passos.
- VAMOS LÍLIAN. E CUIDADO! - puxou a garota pelo braço, correndo. Contudo, não era muito fácil correr e praticamente arrastar uma pessoa junto com ele. Resolveu correr o máximo que aguentou, e só parou quando ela disse que já estava bom. Caminharam por mais uns vinte minutos, quando ele disse:
- Acho que é melhor a gente sair daqui.
- Tem razão, Potter. Vamos. - era uma das poucas vezes que ela concordava com ele. O garoto decidiu não estragar esse momento. A caminhada durou mais de vinte minutos. Em total silêncio, os dois avistaram aliviados Sirius e Richard, já fora da Floresta, esperando a outra dupla. Já estavam chegando perto dos dois quando Tiago puxou a garota pelo braço, levando-a para de trás de uma árvore. Quando já deu por si, ele estava a beijando. Infelizmente para Tiago, o beijo só durou 2 segundos.
- O que você pensa que está fazendo?
- Ficando com você, ué. Achei que deveríamos fazer pelo menos alguma coisa que o professor mandou.
- IDIOTA! - exclamou a garota, para depois dar um soco no maroto. Virou-se de costas para ele, indo em direção aos dois outros garotos, quando foi novamente puxada por Tiago.
- Sério agora, Lílian. Por que você não quer passar o Natal com a gente?
- Por quê? Você ainda pergunta? Ah, claro que quero. Seria ótimo passar o Natal com uma pessoa que me agarra toda vez que tem oportuniddade, que...
- Toda vez que tenho oportunidade? Se fosse assim eu não faria mais nada na vida! Não que seja uma coisa desagradável, sabe... - terminou com um sorriso, levando outro soco da garota. - Nossa, desculpa, lírio. Eu só queria que você me desse uma chance. Só uma. Te prometo que eu não vou te decepcionar, não vou brigar com você em Hogsmeade na frente da escola toda. - sorriu, com esperanças de que ela gostasse da piada. O efeito foi contrário. Assim que ela ouviu a piada, fechou a cara, reuniu todo o desprezo na voz e disse.
- Parabéns, Potter. Mais uma vez você conseguiu estragar tudo. Você foi muito legal me salvando daquela merda de arpéu agora pouco, e conseguiu desfazer toda a minha gratidão por você em questão de segundos. Você perdeu a sua chance. PRA SEMPRE!
Deixando o garoto para trás, saiu marchando em direção à Sirius e Richard. Pelo semblante da menina, Richard arregalou os olhos, porém Sirius não perdeu a piada.
- Eeeei, o que vocês estavam fazendo lá atrás? - e apontou para a árvore onde antes segundos atrás eles estavam. - Vocês acharam que a gente não ia perceber? Finalmente, Pontas! - terminou sorrindo para o amigo, que não retribuiu o sorriso, e limitou-se a dizer:
- Agora não, Sirius.
***
- BABACA, IDIOTA, SEM NOÇÃO, TOSCO, CRETINO, VIADO, BURRO! - Lílian entrou no dormitório feminino batendo a porta, enquanto deixava as lágrimas de ódio escorrerem por seu rosto. Melissa e Marlene, que já estavam acostumadas com essas cenas, apenas arquearam a sobrancelha, e Marlene disse:
- Você esqueceu do imbecil.
- IMBECIL! - gritou a ruiva, sentando-se na cama e enxugando os olhos no edredom.
- O que foi dessa vez, Lil?
- O Slughorn mandou a gente ir para a Floresta pra procurar uma merda de um Arpéu.
- O que é um arpéu? - Melissa quis saber.
- É um animal que tem dois chifres, uma corcova, e o couro é mais grosso que o de dragão. É visto muitas vezes com trasgos montanheses, que montam neles, e muitos saem feridos na tentativa de domesticá-los. - As duas arregalaram os olhos, e a ruiva continuou. - Aí a gente foi em duplas, e como eu sou muito sortuda, fui com o Potter por um lado, e o Sirius e o Nixon pelo outro. Eles acharam o bicho e lançaram faíscas vermelhas no céu, aí a gente foi em direção à eles, mas o Arpéu resolveu atacar a gente. Então a gente correu, e eu caí, e o bicho já tava na minha frente, aí o Potter se colocou na minha frente pra me proteger, - as duas suspiraram com olhares apaixonados, e Lílian as olhou com horror -,tá, aí o Potter se colocou na frente, e azarou-o com a Azaração de Impedimento, e aí o bicho foi pra cima dele, e eu azarei-o com uma Azaração Ferreteante, aí ele me ajudou a me levantar. E nós dois gritamos "protego" juntos, e depois nós corremos, e ele me puxando porque eu já tinha caído duas vezes e sou meio lerda.
- Uau. - Marlene.
- Uau. - Melissa.
- Esperava reações mais exacerbadas. - Lílian continuou a narrativa. - Aí a gente saiu da Floresta e o IDIOTA me agarrou e me beijou.
- De novo? - Mel e Lene exclamaram.
- De novo, é. Então, obviamente, eu bati nele. Aí ele perguntou porque eu não ia passar o Natal com ele, e eu disse com sarcasmo que seria ótimo passar o Natal com alguém que me agarra sempre que tem oportunidade, ele respondeu que não é sempre que tem oportunidade, porque senão não ia fazer outra coisa na vida, e ainda teve A CARA-DE-PAU de dizer que isso não seria desagradável - as amigas abafaram risinhos nos travesseiros -, aí ele começou a falar que não ia me decepcionar, e teve a CORAGEM de mencionar o VIADO DO POLLARD na minha frente.
- Credo.
- Credo mesmo. - completou Marlene.
- QUAL É O PROBLEMA DE VOCÊS? EU ESTOU AQUI CONTANDO TODA A MINHA VIDA PESSOAL QUE FOI ESTRAGADA POR UM MENINO LINDO E IDIOTA E VOCÊS SÓ DIZEM CREDO? - Lílian estava nervosa com as poucas palavras das amigas.
- Calma, Lil. É que já é tão comum você brigar com ele. Credo porque, cara, já faz acho que um mês que já teve o negócio com o David e você ainda fica toda sensível quando falam dele. Fala sério, amiga, o Potter te ama. - Melissa era a que mais dava força pra esse romance.
- AMA? HA HA HA. O POTTER ME AMA. HA HA HA - Lílian estava quase morrendo de tanto rir. - Isso foi tão engraçado quanto a possibilidade de eu ir passar o Natal com ele.
- Então pode arrumar a mala, querida. - Marlene completou com um sorriso. - E não esqueça de que você disse a palavra lindo.
***
Pedro vagava pelos corredores desertos de Hogwarts. Aproveitava que Sirius e Tiago estavam em detenção e Remo estava cumprindo a ronda dos monitores. Perfeito!, pensou ao ver a sala vazia no quarto andar. Em pouco mais de três minutos, ela chegou. Estava linda, como sempre, com os cabelos pretos presos em um rabo de cavalo. Ao vê-la, abriu um sorriso de 32 dentes, porém a garota estava com o semblante sério. Trancando a porta com um feitiço não-verbal, virou-se para o namorado e disse:
- Eu não aguento mais isso. Toda noite tendo que sair escondida, não podendo contar pra ninguém, nem aonde eu vou, sou eu que sempre tenho que mandar uma carta pra você. Estou farta disso, Pedro. - o garoto permaneceu em silêncio. - Não vai falar nada?
- Você sabe que eles ficariam me zoando, Maggie.
- EU NÃO ESTOU NEM AÍ PRO QUE ELES PENSAM, PEDRO. EU SÓ QUERO QUE VOCÊ ACABE LOGO COM ESSA PALHAÇADA DE NAMORO ESCONDIDO. VOCÊ ATÉ AMANHÃ DE NOITE PRA RESOLVER ISSO.
- Mas... - ele engoliu em seco. - Amanhã? Não acha que é muito cedo, não?
- CEDO? - ela estava descontrolada. - A GENTE TÁ SAINDO HÁ MAIS DE DOIS MESES, E VOCÊ DIZ QUE É CEDO? FRANCAMENTE, NÃO ACREDITO QUE DESPERDICEI DOIS MESES COM VOCÊ! - virou-se para a porta, abrindo-a com outro feitiço não-verbal. Já estava no corredor, quando o garoto foi atrás dela.
- Me desculpa, Maggie. EU vou falar com eles hoje mesmo, e amanhã vou na mesa da SUA Casa, e vou contar pra todo mundo! - ela deu um sorriso.
- Eu realmente espero que sim, Pedro. - e saiu, após dar um selinho no namorado.
***
- Ei, vocês viram o Remo? - Foi a pergunta que Pedro fez pela manhã. Não conseguiu dar a notícia aos amigos no dia anterior, e estava determinado a dá-la hoje.
- Está lá em baixo no Salão Comunal. - respondeu Sirius.
- Eu preciso falar uma coisa com vocês... - respondeu, com a voz saindo fraca.
- Fala, Rabicho. - Tiago saíra do banho apenas com uma toalha enrolada na cintura(N/A: oooh meu merlin *--*)
- Vamos descer, eu preciso falar com o Aluado também. - Para a infelicidade de todas as grifinórias, Tiago vestiu-se antes de descer.
- Pode falar agora - disse Remo.
- É, bem, desdehogsmeadeeutosaindocomumamenina.
- Quê? - fizeram os três em uníssono.
- É que, desde... H-Hogsmeade eu to s-saindo com uma menina, aí a gente ta namorando meio que escondido. - Ele fez uma pausa, seguido por todos os outros. Uma risada abafada cortou o ar. Sirius tentava esconder o choque e a vontade de rir, mas não conseguia. Começou a gargalhar muito alto, dando a deixa para os outros continuarem.
- Muito boa, Pedrinho. - Sirius falou depois segundos de riso.
- Não, é verdade. O nome dela é Maggie, quero dizer, Margareth Wilson, do 6º ano da Corvinal.
- Aquela morena baixinha?
- Aham. E ela queria que eu contasse isso pra vocês logo, porque já tem mais de dois meses, é.
- E por quê não nos contou isso antes? - quis saber Remo.
- Por que vocês iriam me zoar.
- Não, não iríamos. - retorquiu o maroto mais correto.
- CLARO QUE ÍRIAMOS! - gritou Sirius, assustando os outros grifinórios do Salão Comunal. - Aaai, Pedrinho, você me trocou por uma baixinha sem graça? - completou fazendo uma voz feminina. Tiago continuou:
- Nunca mais fale, comigo, seu... seu... canalha! - o assunto que antes parecia sério, agora havia virado - como todos os outros - motivo de risada.
***
- Você ainda não nos contou sobre aquele dia em Hogsmeade... - As três estavam almoçando no Salão Principal.
- Vocês disse que não tinha tempo, Lil!
- Vamos agora. Eu não estou nem um pouco a fim de permitir que os meus lindos olhos verdes vejam uns azuis sem graça. - As meninas haviam acabado de almoçar, e estavam subindo para o Salão Comunal da Grifinória, esperando Melissa - que relutava em contar por que estava chorando no dia do passeio - finalmente se manifestar.
- Convencida. - disse Melissa, lançando um falso olhar esnobe para a amiga.
- E que tal uns olhos castanho-esverdeados? - perguntou Marlene, indicando com os olhos os marotos sentados a mesa do Salão Principal, em que se destacava o sorriso de 32 dentes de Tiago para Lílian.
- Não fazem o meu tipo. - respondeu a ruiva, também fingindo presunção, fazendo as outras rirem. O clima de descontração acabou quando elas chegaram ao local do destino. Melissa começou.
- Por favor, não me matem. - começou o longo discurso. - E antes que me chamem de idiota também, ouçam até o fim sem interromper - ao ver as amigas assentindo, desatou a falar.
Desde aquele dia, que eu fiquei com o Sirius pela primeira vez, eu fiz uma promessa a mim mesma, que eu não ia me apaixonar por ele. Eu sempre soube, desde que entrei aqui, que ele não valia a pena. Quero dizer, não vale a pena gostar dele, lutar pra tentar colocar uma coleira naquele cachorrão, que é impossível. O filho da mãe é lindo, gostoso, perfeito, e sabe disso. Não só sabe como usa isso a seu favor. É, isso vocês já sabem, e devem estar se perguntando por que eu to falando. O fato é que, depois que a gente ficou aquela vez, aquela da aposta, sabe? - ela não esperou a reação das meninas e continuou. - a gente ficou muitas outras mais. Muitas mesmo, quando você Lil ia se encontrar com o David, eu ia me encontrar com ele, era tipo todo dia que a gente ficava. Desculpa não contar pra vocês antes, mas eu tinha vergonha. Vergonha de saber que eu estava ficando com um menino que nunca passaria disso: de um ficante. Vergonha por saber da fama de cachorro dele e não ligar. Vergonha por me superestimar, achar que eu ia conseguir parar de pensar nele. Pra vocês, que sempre olharam ele como um idiota, desde que ele tinha 11 anos, é diferente. Eu que cheguei aqui esse ano, já olhei pra eles diferente, desde a primeira vez que eu os vi, no trem mesmo. Vocês sabem que os marotos são lindos, e nem tente negar Lílian - disse ao ver a amiga balançando a cabeça em sinal de negação - porque você sabe SIM, você até admitiu pro Potter naquele dia antes do último passeio a Hogsmeade. Enfim, vou falar uma coisa pra vocês, não dá pra parar de pensar nele. Que pegada tem aquele menino, meu Merlin! E eu fui conhecendo ele mais, sabe, a gente não ficava SÓ se pegando, embora uma boa parte do nosso tempo fosse assim, a gente conversava muito, e ele é uma ótima pessoa. Ok, não me matem, mas é verdade. Os únicos defeitos dele são: ele é um cachorro e se acha. Tá, e aí, com o passar do tempo, mesmo sem querer, eu fui me envolvendo muito com ele, e não percebia. Quando tinha Hogsmeade, eu pirava, porque ele me convidava pra ir, e eu tinha que resitir. Mesmo sendo humanamente quase impossível, eu vinha conseguindo resistir bravamente. E aí, ele me chamou pra ir de novo, e disse que tinha que me falar uma coisa. Aí eu aceitei, e fui que nem uma retardada socar a porta do banheiro pra me arrumar pra ele, e quando eu vejo, ele está se agarrando com aquela piranha da Lively, aí eu fiquei muito puta, e ACIDENTALMENTE esbarrei nos dois, e eles se separaram, eu tentei olhar pra ele com indiferença, acho que não deu certo. Depois eu fui pra lá sozinha, e nem vi ele até o Grande Barraco - era como elas se referiam a briga de Lílian e David. - Enfim, eu só fiz aquilo de ficar de mãos dadas com ele pra esfregar na cara daquela magrela sem graça. Tá, - completou vendo as sobrancelhas arqueadas das amigas - não foi SÓ por causa disso, mas contribuiu bastante. Quando a gente já tava chegando no castelo, eu perguntei o que ele tinha pra me falar, e aí ele disse que o Tiago me convidou, ou melhor, nos convidou pra passar o Natal na mansão dos Potter. - terminou com um sorriso tímido.
- E por que você estava chorando?
- Porque ele nunca tinha sido tão legal comigo em tão pouco tempo, eu sabia que a Lílian não ia de jeito nenhum, e se ela não fosse, vocês sabem que nenhuma de nós iria. - As três ficaram em silêncio por um tempo, Marlene e Lílian tentando processar a quantidade de informações que haviam acabado de receber. Lílian estava confusa. Não culpava a amiga por ter se apaixonado por Sirius, afinal, não era a primeira e nem seria a última, e queria de todas as formas ajudá-la, mas passar o Natal com Potter? Uma voz no fundo de sua cabeça a lembrou que se fosse, não teria que conviver com Petúnia, e isso alegrou-a um pouco.
- Que cachorro - Marlene disse, despertando-as de seus pensamentos. - Ele disse que vocês não tinham falado nada até chegarem aqui e você começar a chorar, não é Lílian?
- É mesmo, já tinha esquecido. - Disse simplesmente, para depois abraçar Melissa, não percebendo a entrada de quatro garotos no Salão Comunal. - Amiga, eu vou estar aqui pra tudo. - Olhou para Lene. - Nós vamos estar aqui pra tudo. E, se for pra você ficar feliz, - ela suspirou antes de continuar - eu vou.
- O QUÊ? - gritou Pedro, se intrometendo na conversa das garotas, porém antes que elas pudessem expressar algum tipo de reação, Tiago correu na direção de Lílian, e parando a centímetros de distância da garota, perguntou:
- Você disse que vai? Passar o Natal lá em casa? É verdade mesmo? - ela revirou os olhos.
- Pela minha amiga, Potter, sim, eu vou. - ele não podia estar mais feliz. Já estava bolando vários planos para Lílian aceitar ir, porém a situação já estava resolvida. Ainda tonto de felicidade, foi correndo em direção ao seu dormitório para comunicar a mãe que todos iriam. Não sem dar um breve selinho em Lílian, que corou furiosamente, e prometeu vingança.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!