Seleção Natural



Seleção Natural


Eles já podiam ver as torres e torrinhas iluminadas de Hogwarts, bem mais de perto agora do que antes. Alvo já tinha ouvido muito sobre Hogwarts, mas aquilo nem dava para descrever. Era incrível. O castelo era gigantesco, todo iluminado, a perder de vista. Os outros alunos pareciam ter a mesma impressão que ele, pois estavam impressionados demais para soltar algum som além de “ohs” e “ahs”.
- Bem-vindos a Hogwarts! – Hagrid gritou contente.
Quando a travessia terminou, Alvo queria mais. Estava sentindo um frio na barriga incômodo e tomava cuidado para não abrir demais a boca, senão poderia vomitar, como antes. Estava chegando cada vez mais perto a hora de ser selecionado. E ele não sabia o que fazer, como agir, nem o que escolher. Ele não sabia de nada para falar a verdade.
Hagrid os acompanhou até um grande hall na entrada, que arrancou mais alguns “ohs” dos alunos, onde os esperava uma senhora já com alguma idade, os cabelos quase todos brancos presos em um coque apertado, usando magníficas vestes esmeraldas e um chapéu meio feio na cabeça, com uma pluma vermelha e dourada. Ela olhou para os alunos novos e, dirigindo-se a Hagrid, disse:
- Eu cuido deles a partir daqui, Hagrid. Rose sussurrou para Alvo e Scorpio “É a Profª McGonagall”.
Hagrid se afastou em direção a uma porta grande próxima, de onde vinham vozes excitadas.
- Eu sou a Profª Minerva McGonagall, a diretora de Hogwarts. – a bruxa explicou, num tom rígido-E vou acompanhá-los à cerimônia de seleção essa noite... Já que o professor encarregado está muito atrasado. – ela completou aborrecida, e então tomou algum tempo explicando sobre as Casas de Hogwarts, os pontos que poderiam ganhar ou perder, e a Taça das Casas que poderiam ou não ganhar pela sua Casa no final do ano. Depois de algum tempo, ela falou: – Hum, certo, vamos...
Mas ela parou de repente ao ver um homem muito gordo e de bigodes, com a aparência de um leão marinho.A bruxa cruzou os braços e perguntou:
-Por onde andou, Horácio?
- Mil perdões, Minerva, eu perdi o horário...-Então ele parou ao ver Alvo...Seus olhos brilharam e ele deu um sorriso matreiro.
- Você é o outro menino Potter, não? – e, mirando-o de cima a baixo, completou. – Muito parecido com seu pai, realmente... Na realidade, eu tenho aqui em Hogwarts um clube, nós fazemos algumas reuniãozinhas e...
- Francamente, Horácio, será que nunca vai aprender a fazer isso direito? – a diretora exclamou irritada.– Deixe que eu mesma faço isso, pode ir pra mesa.
- Mas, Minerva... – Disse o bruxo lançando um olhar a Alvo de uma criança a quem lhe foi tirado o doce.
A bruxa continuou.– Bem, sigam-me, novatos!
Eles entraram por um grande salão cujo teto refletia o céu lá fora e, cheio de estrelas daquela maneira, fazia o salão parecer infinito. Havia quatro mesas lado a lado, uma para cada Casa de Hogwarts, e uma mesa mais ao fundo, longa, onde estavam os professores. Alvo viu seu irmão, Tiago, na mesa da Grifinória, gritando e batucando quando ele passou.Estava rindo muito.Devia ter preparado alguma grande recepção caso Alvo entre na Grifinória.
A Profª McGonagall os levou até o final do salão, onde pediu para ficarem enfileirados, de maneira muito bem organizada.Foi entoa que ele ouviu Tiago assobiar algo parecido com a marcha quando ele ia passando.
“Eu odeio o meu irmão” Pensou, enquanto tentava não desmaiar de nervosismo.
Alvo viu o Neville, ou melhor, Professor Longbottom, pai de seu amigo Franco, que também entraria esse ano em Hogwarts, sentado timidamente na mesa dos professores. Ele tinha o rosto muito redondo, com um olhar bondoso, e sorriu para Alvo, acenando animado. Usava vestes vermelhas e douradas, e seu pai, Harry, já tinha lhe contado que ele era o diretor da Grifinória. Hagrid sussurrou algo animado no ouvido do Prof. Neville.
A Profª McGonagall abriu uma grande lista que se espalhou pelo chão e indicou um banquinho, no qual estava um chapéu muito velho. O Chapéu Seletor. As entranhas de Alvo pareciam geléia. Um rasgo na aba do chapéu se abriu e ele começou a cantar uma música sobre Hogwarts, seus fundadores e as Casas, mas Alvo estava tão nervoso, que não conseguiu captar suas palavras. Apenas que, na Grifinória, os membros eram corajosos e nobres, enquanto, na Sonserina, eram astutos e espertos. Definitivamente, Alvo não estava se sentindo bem.
A bruxa, dirigindo-se tanto aos novatos quanto aos outros alunos, começou: - Sejam bem-vindos – pela primeira vez ou novamente – a Hogwarts. – ela voltou a falar apenas para os novatos. – O Chapéu Seletor vai selecioná-los entre as quatro Casas de Hogwarts; eu vou ler o nome de vocês nesse pergaminho e, assim que eu chamá-los, por favor, sentem-se no banquinho e coloquem o chapéu. Depois que ele disser a qual Casa pertence, vocês podem se sentar à mesa de sua Casa. Muito bem... – ela estendeu o pergaminho à sua frente e ajeitou os óculos. – Franco Longbottom Neto!
Um menino rechonchudo e tímido sentou-se no banquinho e colocou o chapéu que, após alguns minutos, exclamou: “Lufa-lufa”.A mesa da Casa, na qual os alunos tinham detalhes amarelos no uniforme de Hogwarts, fez um estardalhaço e Helena se dirigiu até lá muito contente.
A seleção continuou.A professora chamou:
-Lysander Scamander!
Um jovem de cabelos castanhos e olhos negros como a noite sentou no banquinho e pôs o chapéu que mal tocou em sua cabeça e disse:
-Grifinória!
-Lorcan Scamander!
Um jovem praticamente igual ao outro, mas de olhos claros e cabelos loiros foi o próximo.
-Corvinal!-Disse o chapéu.
A prima de Alvo, Dominique, também foi para a Corvinal e também pareceu muito contente. Ela se sentou ao lado da irmã, Victoire Weasley, a prima mais bonita de Alvo e também o amor de Tiago.Mas essa história fica pra mais tarde...
Alvo começou a ter idéias malucas sobre o que ele estaria fazendo ali. Quer dizer, e se ele não conseguisse fazer mágica, e se tivesse virado um Aborto? Tudo bem, ele já tinha feito mágica, jogava quadribol com seu pai, e nunca tinha ouvido falar em bruxos que viraram Abortos, eles nasciam assim, mas não conseguia deixar de ter essas idéias malucas. E a todo minuto vinha em sua cabeça Sonserina e Grifinória, Grifinória e Sonserina... E se ele não fosse para nenhuma das duas, e fosse para Lufa-lufa ou Corvinal? E se o chapéu dissesse que não havia Casa para ele em Hogwarts e o mandasse embora? Alvo queria abrir um buraco e se enterrar bem fundo nele. Nem Scorpio ou até mesmo Rose falavam também; pareciam muito concentrados em não dispararem correndo dali.
- Scorpio Malfoy! – a diretora chamou.
Scorpio lançou um olhar de dar pena a Alvo; parecia que estava indo para a guerra. Alvo tentou sorrir para animá-lo, mas os músculos do seu rosto tinham endurecido para sempre, e ele achou que nunca mais conseguiria sorrir como se deve. O menino respirou fundo, sentou no banquinho e colocou o chapéu sobre a cabeça. Nem dava mais para vê-lo direito, pois o chapéu parecia ter duas vezes o seu tamanho. Ou talvez Scorpio apenas estivesse tão assustado, que parecia ter encolhido.
Demorou vários minutos para que o chapéu finalmente tomasse uma decisão, mas ninguém quebrou o silêncio enquanto isso. E foi só então que, um tanto hesitante, o chapéu exclamou:
- Então será... SONSERINA!
Scorpio parecia tão aliviado, que demorou algum tempo para se recompor e só tirou o chapéu quando a diretora limpou a garganta sonoramente. Ele se levantou, sorrindo de alívio, e até sorriu amigavelmente para Alvo e Rose ao passar por eles e se dirigir à mesa da Sonserina, que o recebeu com aplausos eufóricos.
- Que bom que ele conseguiu ir para a Casa que queria, não? – Rose disse tentando parecer animada. Alvo não conseguiu abrir a boca.
Mais alunos foram selecionados. Grifinória recebeu três alunos seguidos, e Alvo achou que não caberia ele e Rose lá, se eles fossem para lá. Mas talvez fosse apenas impressão, pois as outras mesas das Casas também foram enchendo bastante. Alvo estava pensando em um jeito de sair dali quando finalmente a professora exclamou:
- Alvo Potter!
Houve alguns sussurros no salão, e algumas pessoas se sentaram mais eretas nas cadeiras ao ouvir o sobrenome “Potter” e, lá da mesa da Grifinória, Alvo pensou ter ouvido novamente a marcha fúnebre. Alguém disse: “É o outro filho de Harry Potter? É tão parecido!” O menino achou que não conseguiria andar, suas pernas deviam ter derretido. Rose deu-lhe um empurrão e, aos tropeços, apavorado, Alvo caminhou até o banquinho, sentou-se e colocou o chapéu. Ele cobriu os seus olhos, e Alvo não viu mais nada.
- Hum... muito difícil. Outro Potter, huh? – disse uma voz dentro do chapéu, que só Alvo podia ouvir. O menino não conseguia pensar. Não conseguia escolher como seu pai tinha lhe dito que poderia fazer. Ele só queria que tudo acabasse bem... – Bem mais difícil que o primeiro, eu diria. Humhum. Sim, sim.
-Dá pra ir logo com isso?!Esse suspense está me matando!
- Não, não posso decidir rápido assim. Ou talvez seja melhor você decidir?
“Mas eu não sei!”, Alvo pensou desesperado, apertando os joelhos ossudos.
- Há muito talento e muita coragem aqui. Você é nobre, posso ver. Mas...
“Grifinória, então?”, Alvo pensou e, mais uma vez, a vozinha leu seus pensamentos.
- É Grifinória que você quer?
“Eu não sei, caramba!” Alvo pensou novamente, querendo agora bater naquele chapéu que não se decidia de uma vez. “Acho que vou vomitar!”.
- Hum, mas está tudo aqui, muito, muito esperto. Um tipo diferente de coragem. Sempre vai até o fim no que quer. E quer muitas coisas... Bem, se você não sabe mesmo, é melhor que seja...
Alvo fechou os olhos com força. E, por um único segundo, veio novamente a voz do seu pai em sua cabeça:
“... provavelmente o homem mais corajoso que já conheci”.
- SONSERINA!
Alvo estava chocado.Não sabia o que dizer.Como isso foi acontecer.
-Acredite...-Disse o chapéu, adivinhando os pensamentos de Alvo-você se sairá muito bem lá.
O salão continuou em silêncio. Não houve nem o pigarro da Profª McGonagall. Alvo estava em choque, paralisado. Não sabia nem o que pensar. Achava que tinha esquecido até de respirar. Sentiu o chapéu ser retirado de sua cabeça e novamente viu o salão cheio de alunos que o encaravam.
- Pode se sentar, então, Sr. Potter. – a diretora disse bondosamente, segurando o chapéu.
Alvo se levantou, suas pernas estavam dormentes. Ele não estava escutando direito. Olhou para mesa da Grifinória, silenciosa, e Tiago estava lá. Não estava gritando, nem batucando ou rindo de Alvo, parecia que tinha levado uma pancada no rosto. Alvo não lembrava de ter visto o irmão daquele jeito, e começou a se sentir realmente mal. E se ele tivesse decepcionado toda sua família? Será que mamãe ficaria brava? E vovô Weasley, o que diria?
Alvo olhou para Rose entre os alunos ainda não selecionados. Ela parecia – pela primeira vez – sem palavras. Tinha um olhar meio triste, mas sorriu encorajando-o. Será que ela estava decepcionada também? Será que não seria mais sua amiga agora que ele era um sonserino?
Então alguém ligou o som, e Alvo viu a mesa da Sonserina, verde e prata. Eles faziam tanto estardalhaço quanto fizeram para Scorpio, e pareciam realmente contentes. Será que o aceitariam?
Alvo se sentou, ainda meio anestesiado, ao lado de Scorpio. O menino o olhou de canto de olho, mas permaneceu em silêncio. Vários alunos mais velhos deram palmadinhas nas costas de Alvo, exclamando “Temos Potter!” Ou “Potter, imagine só?!” Alvo olhou a mesa dos professores e viu o Prof. Slughorn sorrir para ele, parecendo não caber em si de contentamento. O Prof. Neville e Hagrid, apesar de tudo, sorriram para Alvo ainda, animando-o. Ele se sentiu um pouco melhor.
E novamente a voz do pai em sua cabeça...
“... então Sonserina ganhará um excelente aluno, não? Não importa de verdade para nós, Al...”.
Os músculos do rosto de Alvo destravaram e ele finalmente conseguiu sorrir. Ele se forçou a prestar atenção ao restante da seleção. Rose, afinal, ainda estava esperando para ser selecionada.Suas outras primas,Roxanne e Molly 2(esta última ganhou o nome da avó)haviam caído na Grifinória.
Rose foi quase à última a ser chamada. Ela parecia quase tão nervosa quanto Alvo ou Scorpio estiveram. Alvo, por um momento, desejou que ela fosse para a Corvinal, só para ele não ser o único a ir para a Casa que não esperavam que ele fosse. Rose sentou no banquinho, tremendo por inteiro e, depois de também alguns minutos de espera, o chapéu exclamou:
- Que seja então... GRIFINÓRIA!
Alvo sentiu seu estômago afundar um pouquinho. Então, ela era uma grifinória. Como tio Rony queria. Como todos esperavam que uma Weasley fosse. Alvo não sabia se sentia feliz, por Rose estar dirigindo-se à mesa da Grifinória, contente e aliviada, e todos estarem fazendo festa para ela. E Tiago estar fazendo uma piadinha qualquer, sorrindo para a prima. Ou talvez ele se sentisse triste... porque Rose estava na Grifinória, onde esperavam que ele estivesse também. Mas Alvo se sentiu triste por outro motivo – apesar de achar que deveria se sentir chateado pelo outro motivo; ele não estava com Rose, com quem ele sempre esteve; eles estavam seguindo caminhos separados. Ele não dividiria o salão comunal com ela, ou as aulas, nem nada.
A menina pareceu notar que Alvo a encarava, pois se virou na mesa da Grifinória e acenou para ele. Parecia dividida entre contentamento e... – será? – a mesma tristeza que Alvo sentia.
- É, ela não tem cara de Sonserina mesmo. – Scorpio divagou baixinho ao seu lado, observando Rose na mesa da Grifinória com os olhos perdidos. – E eu também não suportaria aquela tagarela.
Após a cerimônia de seleção, a Profª McGonagall deu os avisos aos alunos do ano letivo, e novamente deu as boas-vindas a todos Estava tudo tão delicioso que Alvo até se esqueceu de todos os medos e preocupações que tinha. Ele e Scorpio colocaram tudo o que puderam no prato, e se ocuparam em devorar a comida por vários minutos. No entanto, depois que comeram tudo (o pudim de passas era realmente maravilhoso), os dois, de barrigas cheias e sonolentos, começaram a conversar sobre quadribol. Em nenhum momento, Scorpio fez qualquer comentário sobre Alvo ter ido parar na Sonserina. Parecia que eles ainda estavam no trem, apesar de suas vestes já terem magicamente adquirido o brasão com a cobra da Sonserina e as cores verde e prata.
A diretora os dispensou no final do banquete, e um garoto alto e corpulento, do quinto ano, disse ser o monitor e pediu que os alunos do primeiro ano os seguissem. Na porta grande de saída do salão, eles encontraram os primeiranistas da Grifinória, liderados por uma moça de cabelos castanhos e muito bonita. Rose sorriu para Alvo e Scorpio, ela estava do lado de uma menina loira com as vestes da Grifinória. Rose, no entanto, não seguiu os outros grifinórios; ela veio correndo até Alvo e Scorpio.
- Sonserina, huh? – ela disse apressada para Alvo, e depois lançou um olhar de rabo de olho para Scorpio.
- É... – Alvo disse um tanto desanimado, mas tentando não transparecer. Ele apontou para a roupa de Rose, com o brasão da Grifinória, um leão, e as cores vermelha e dourada. – Estamos diferentes.
A menina deu um meio sorriso.
- O chapéu disse que eu poderia ir para a Corvinal. – ela confessou de um fôlego só; parecia ter ensaiado a frase e muito aliviada por ter dito isso. – Mas eu não ia agüentar dividir o mesmo dormitório o mesmo dormitório com aquela metida da Nick por sete anos.Por isso, acabei indo para a Grifinória... Papai não vai me deserdar, afinal. – ela riu.
- Nem o meu. – Scorpio suspirou, e depois pareceu um tanto arrependido do que disse. – Mas acho que ainda vou ter que te agüentar, não é? Vamos dividir aulas, provavelmente.
- Vamos sim. – Rose deu um sorriso maroto. – Aracnídeo!
E ela saiu apressada, gritando que precisava correr para alcançar os outros, deixando Scorpio gritando para o nada: “Mas que raio de xingamento é esse?!”

Continua...

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