chapter six.



Photobucket

Capítulo 6, ou O Baile de Natal II, ou ainda à Ferro e Fogo



Photobucket Photobucket




"Foi só um jogo de azar
Palavras e palavras se perderam no ar
Tão perto dos seus olhos
Longe dos seus carinhos"
(Zezé di Camargo e Luciano)




MusicPlaylist
MySpace Music Playlist at MixPod.com




Lene conferiu, e o garoto havia virado a cadeira de frente para a pista, com uma Lynn muito emburrada ao seu lado, e os olhos dele estavam desviando-se das pessoas da pista e acabavam parando nela. A esta altura, a pista já estava cheia e as luzes apagadas e havia gelo seco no ar.

Ela deu de ombros, fingindo-se desinteressada, mas ficou tensa quando Amos a puxou para a outra música que ia começar. Era lenta e romântica, e Lene estremeceu ao sentir a mão de Amos em sua cintura, puxando-a para um abraço. É claro que ele entendeu errado, e inclinou-se para cheirar seu cabelo. Lene ficou estática.

Ao lado deles, Lily e James estavam em uma dança tão fofa e apaixonada que ela teve vontade de tirar foto, mas conteve-se. Lynn havia conseguido arrastar Sirius para a pista e havia se agarrado à ele também, coincidentemente ao lado deles.

- Quando é que James e Lílian vão se casar, mesmo? – Amos perguntou em seu ouvido.

Lene riu, e respondeu:

- Eu realmente espero que em breve.

- Belo casal – ele comentou – como a gente.

- Como? – ela não teve certeza se escutara direito.

- Como a gente formava.

- Amos...

- Eu sei, eu disse que não ia te encher, mas eu tenho direito de lembrar, não é?

Lene não respondeu, apenas afastou a cabeça do ombro dele. A última coisa que pretendia era dar falsas esperanças a Amos.

- Vamos sentar? Eu não jantei hoje, estou um pouco zonza.

O garoto fez uma careta, mas interrompeu a dança e eles foram de mãos dadas até a mesa.

- Você ficou incomodada. – ele falou, sentando-se no lugar em que Lynn havia sentado, ao lado da cadeira de Sirius em que ela estava agora.

- Fiquei?

- Com o que eu disse sobre nós.

- Fiquei.

- Por que, Lene? – ele tentou segurar sua mão, mas ela puxou-a. Indelicada, mas verdadeira.

- Eu já lhe disse, Amos. Não vou te dar esperanças, pare de agir como se ainda fôssemos namorados.

- Eu achei que depois de tudo o que está acontecendo, você perceberia.

- Hãn?

- Bem, Sirius está com outra garota, então ele não gosta mesmo de você, o que foi um tremendo alívio... mas você não percebeu que eu sou o cara certo pra você.

Ela ergueu as sobrancelhas. Outro furo, Amos.

- Você está fazendo de novo, Amos.

- O quê?

- Você realmente me acha FÁCIL? – perguntou, agressiva, inclinando-se na direção dele – o que eu te fiz, garoto, para pensar isso de mim?

- Eu não estava te chamando de fácil, Lene...

- Não, não estava, apenas disse em outras palavras que eu só estava esperando por Sirius? Ele não está em um altar para mim, Amos, e muito menos você está! Pare de pensar assim de mim, por favor!

- Marlene, sinceramente, não tem como não pensar que você não é apaixonada por Sirius Black, e que ele não é apaixonado por você! – ele respondeu no mesmo tom alto e rude dela.

A discussão já havia se virado para os gritos, mas a música estava alta e a única maneira de saber que eles estavam brigando era olhando, pois suas expressões estavam furiosas e vermelhas e os gestos agressivos.

- Isso não te diz respeito, aliás, me arrependo de que um dia tenha lhe feito respeito! Porque em um mês que a gente namorou, Diggory, você não adquiriu nenhum pingo de respeito por mim!

- Você quem adquiriu, não é? Sempre se agarrando com o Black, acha que eu não ouvia boatos?

- Você estava tão preocupado com os boatos que nem sequer pensou em me dar atenção! Esqueceu o que eu dizia para ligar para o que os outros estavam dizendo! Quer saber, você é mesmo um inútil!

- Inútil? – ele segurou seu braço agressivamente, balançando-a enquanto brigava – cuidado com o que você diz a meu respeito, Marlene, você pode se arrepender!

- E o que você vai fazer, me bater, estúpido?

Os olhos dele ficaram injetados, e por um segundo ela achou que ele ia mesmo bater nela. Mas James voou no pescoço dele e levantou-o pelo colarinho, furioso, ameaçando-o com o rosto a centímetros do seu. Lily pulou para o lado de Marlene, pousando uma mão protetora em seu ombro. Depois de alguns segundos falando, James soltou o garoto, que ajeitou a roupa e lançou um olhar furioso à ela, e Lene sustentou-o com vontade, e depois ele partiu.

- Lene, eu não sei o que você disse àquele garoto, mas se eu ver você perto dele de novo esta noite eu juro que vai ser a última vez dele nessa vida. – Jay havia se sentado na cadeira ao lado dela, e suas mãos tremiam.

- Não se preocupe, James – ela falou, arrumando seus cabelos – o idiota não vai voltar.

- Se Sirius não tivesse falado que estavam discutindo... diabos, esse Diggory é um covarde! Eu vou estraçalhá-lo no campeonato!

- O que você disse sobre Sirius? – ela perguntou.

- Ele estava ali há segundos, Lynn deve ter arrastado ele para algum corredor – o primo lhe disse.

- Ele viu vocês brigando e disse ao Jay – Lily emendou.

Marlene correu a pista com os olhos e não achou aquele par de olhos azuis-acinzentados. Encontrou-os, mas eles estavam oferecendo seu melhor sorriso à uma japonesa que ria incontrolavelmente, enquanto virava uma garrafa com o líquido transparente na taça dela.

- Grande coisa – ela murmurou, rabugenta.

- Hey, Lils! Vamos dançar com a Lene. – James sorriu para a ruiva, e os dois a pegaram pelos dois lados do braço, levando-a para a pista e começando a dançar no ritmo do rock que começava a encher os ouvidos deles.

Lene se divertiu com os primos, e fingiu não perceber, desconfiada, o sumiço de Amos. Ele havia parado uma garota loiríssima depois da briga, e eles foram para algum corredor, e ela percebeu que isso não fazia efeito nenhum nela quanto perceber que Sirius devia estar com Lynn fazendo alguma coisa romântica em algum corredor.

Depois de umas três músicas agitadas, começou uma valsa. Remo e Dorcas, Alice e Frank e todos outros casaisinhos na pista imediatamente se abraçaram, e Lily e James olharam para Marlene com um sorrisinho.

- Sobrei! – riu Lene, acenando para eles e indo para a mesa.

Ela pegou a sua taça e foi para o bar pegar mais daquele líquido transparente do inferno que não estava fazendo efeito algum. Depois de encher a taça, acenou para Pedro, que estava acompanhando uma menina baixinha de cabelos enrolados, dizendo para eles irem para a pista dançar. Ele apenas meneou a cabeça com tédio, e a menina, que havia inflado o peito de esperança, desabou. Lene saiu de fininho.

Depois da valsa, a música parou. Os casais voltaram para a mesa, e a pista ficou praticamente vazia, a não ser por aqueles que ainda insistiam em esperar por outra música. Lily se abanava com a mão enquanto James tirou o blazer e colocou no encosto da cadeira, e depois bagunçou os cabelos. Alice apareceu, quicando de felicidade, e puxou Lene e Lily para longe dos meninos.

Ela esticou a mão para elas e lhes mostrou a grossa aliança de prata no dedo de compromisso na mão direita, e as outras duas pularam em cima dela.

- Ele disse que vai me visitar no Natal, quer conhecer meus pais! – ela falou, sorrindo de orelha à orelha – imagine só!

- Que romântico, Lice! – Lene abraçou-a – você sabe que tem muita sorte, não é?

- Faltam homens românticos hoje em dia – Lily meneou a cabeça devagar, ainda sorrindo – srta. Longbotton. – completou, fazendo Alice rir.

- Ah, não seja exagerada, Lils! Estamos só namorando, isso não signif...

- Alice, este é o último ano! Corra pra pedir Frank em casamento antes que ele fuja! – brincou a ruiva, rindo.

- Bobona – Lice falou, e afastou-se um pouco para prender os cabelos cumpridos em um rabo de cavalo no alto.

Então, uma música começou a tocar, baixinho no começo. Marlene apurou os ouvidos. Oh, não. Oh, não.

- Oh, meu Deus, Jay! – ela foi até James, exultante – Jay, Jay!

Ele sorriu-lhe de soslaio.

- Ah, não, Lene... Tango, agora, não.

- Por favor, Jay, por favor. Eu te imploro!

Tango era o único vício de Marlene. Fazia aula em uma escola de dança trouxa que havia perto de sua casa com sua irmã mais velha e James desde os treze anos. É claro que ela era a única apaixonada pela dança, pois Samantha e James faziam obrigados pelos pais, mas sabiam dançar muito bem. Adorava os passos ousados e maliciosos da dança, adorava o contato direto com os olhos, a sensualidade...

- Jay, por favor. Lílian, fala pra ele dançar comigo! – ela continuou.

Era estranho aquela música estar tocando, mas ela não se importou.

- Eu? Quem sou eu pra falar alguma coisa? – riu a ruiva.

- É a ruivinha mais linda do planeta – James disse, mandando um beijo para ela.

- Ah, não, parem! – ela pediu – Jay, por mim, uma dancinha de nada. Você dançou com Lily a festa inteira e eu não reclamei!

James revirou os olhos, fingindo cansaço.

- Lê...

- Jay...

- Uma dança.

- É só o que eu to pedindo! – ela deu um pulinho, alegre.

- Vamos. – ele levantou-se, e ela pegou seu braço para ir para a pista enquanto ele ajeitava as mangas da camisa.

Foi quando ela o viu. Sirius estava parado a alguns metros na frente deles, quase no meio da pista, encarando-os. Lene parou de andar, estática, e o seu imenso sorriso desapareceu. James percebeu, procurou o que ela estava olhando, e então sorriu.

- Bem, ele é todo seu. – ele riu, virando-se para voltar.

Lene segurou o seu braço, ainda segurando o olhar de Sirius.

- N-não, Jaim...

- Vai lá, Lene. Eu aposto que ele foi lá pedir para colocar essa música.

Ela não disse nada. James voltou para a mesa, e ela continuou parada, sustentando o olhar de Sirius. O que ele estava fazendo? Ele não estava ajudando em nada. Ele foi até ela enquanto a introdução da música rolava, baixinho. Então, ele sorriu:

- Dança comigo.

Marlene mordeu os lábios com força, indecisa. Isso significava jogar todo o seu juízo fora. Imagine, se quando dançava com outros garotos na escola já se sentia embriagada e zonza, o que aconteceria se dançasse com Sirius?

- Six...

- Por favor, Lene.

Que se danasse seu juízo.

Sirius ergueu a mão, esperando que a dela se encaixasse na dele, com um sorriso maroto nos lábios e os olhos semi-cerrados entre os cabelos negros que lhe caíam na testa. Ela foi até ele, e arrepiou-se quando sentiu sua mão firme na base de suas costas, puxando-a para comprimir seu corpo contra o dela.

De repente, a música se enredou, e ele puxou-a para o meio da pista, girando-a e fazendo passos difíceis com as pernas, sem desfazer o contato com seus olhos. Agora ela sabia que estava realmente encrencada: primeiro, Sirius sabia dançar tango. Segundo: aquela era a dança na qual os olhos não se desgrudavam, a não ser por segundos, e o olhar de Sirius era realmente tentador.

- Eu não vou pedir desculpas, porque tudo o que eu te falei é verdade – ele disse, estancando a dança.

Ela sabia qual era o passo. Ergueu a perna esquerda dobrada até metade da cintura dele e depois a desceu, devagar.

- Mas pare de me ignorar, Lene... – ele murmurou, e girou-a até soltá-la para o lado, onde ela continuava a segurá-lo pelos dedos.

Então ele a puxou e, girando, Lene voltou para os seus braços, agora abraçados de costas, e enfiou uma perna entre as dele, enquanto as mãos dele alisavam sua cintura e ele cheirava seu pescoço, inspirando.

- ... isto está me matando. – Sirius completou, e ela não soube se era sobre ela ignorá-lo ou sobre a dança, mas soltou-se, voltando à posição inicial.

Ela foi empurrando-o para trás, sempre um pé na frente do outro, sem desfazer o contato dos olhos.

- Six, isto é só um jogo. – ela sorriu, maliciosa – você sabe que eu não resisto à você.

Ele sorriu, maroto, e a fez parar, começando a levá-la para trás da mesma maneira que ela fazia antes.

- Eu mandei aquela japonesa aos infernos – falou, tão próximo que o seu nariz tocava o dela e o seu hálito parecia avassalador.

- Huum, bom pra você – ironizou, enquanto ele soltava-se do abraço para segurar somente suas mãos e ela ficou de joelhos, arrastando a ponta do sapato enquanto Sirius a puxava para se erguer novamente.

Marlene não tinha como explicar o que estava sentindo. Era inédito. A melhor dança com o melhor dançarino, os olhos em sintonia, as mãos firmes dançando por seu corpo com habilidade.

- E pra você?

Lene estancou e o sorriso malicioso se perdeu em seu rosto. Agora, ele fazia uns passos que os mantinha no mesmo lugar, nariz contra nariz, e era inevitável não desviar o olhar para seus lábios entreabertos e ofegantes.

- O que eu tenho a ver com isso tudo? – perguntou, inocente, mordendo os lábios com força.

Diabos, não conseguia desviar os olhos. O contorno inferior estava chamando os lábios de Lene para beijá-lo.

- Marlene, você está sendo contraditória – Six sorriu, sedutor, percebendo o olhar dela em sua boca.

Foi aí que ele puxou-a contra si de uma vez, e o rosto dela grudou no dele – e ela sussurrou em seu ouvido:

- Sirius Black, não me provoque.

Ele riu e, no último passo da música, com os corpos colados, ele segurou sua cintura e inclinou seu tronco para trás, fazendo as mãos dela, que haviam voado para o seu pescoço como seguia a regra do passo, descerem lentamente e flutuarem no ar. A mão dele voou para sua coxa, e desceu até os seus joelhos, e ele se inclinou para não perder a proximidade dos rostos.

Lene viu que agora era ele quem encarava seus lábios, com aquele olhar faiscante. Ela sabia o que ele queria. Enquanto eles voltavam a ficar em pé, ela aproximou a cabeça da dele e tomou seus lábios entre os seus, mordendo-os e sentindo por alguns instantes a maciez perfeita. Depois, ela agradeceu a dança com um beijo no rosto e saiu, deixando-o sem reação no meio da pista.

Lene não se importou que todos estivessem olhando para eles, e nem que estivessem prestes a começar a bater palmas. James e Lílian tinham um enorme sorriso no rosto, e eles estavam nas primeiras palmas, quando notaram algo na expressão dela e estancaram. Marlene apenas fez um sinal com a mão para que Lily não a seguisse, e uma lágrima rolou discretamente por sua bochecha enquanto ela subia as escadarias para fora do salão principal.

O corredor estava frio, e ela abraçou-se, indo em direção à saída. Devia estar congelando, com a tempestade de neve, mas não se importava. A neve era uma boa parceira, uma parceira branca e quieta. Embora naquela noite estivesse agitada, rodopiando no ar em flocos arquitetados e soprando um vento muito gelado.

Sentou-se no primeiro degrau da escada, de cima pra baixo, e abraçou as pernas, olhando para o tapete escuro de neve que se formava nos jardins até o lago congelado, e deixou seus olhos vagarem entre os troncos que se sobressaltavam na orla da Floresta Negra.

- Eu estou começando a pensar que você é autista. – uma voz de veludo dançou em seus ouvidos, rouca.

Lene fechou os olhos.

- E suicida. – ele emendou.

Ela abriu os olhos e os ergueu para ele. E sim, tinham lágrimas em seus olhos cor de mel.

- Lene? – ele reclamou, estendendo a mão para ela.

Ela aceitou a mão dele, levantando-se no degrau, ficando mais baixa que ele. Sirius beijou sua testa e a abraçou, aquecendo-a instantaneamente.

- M-maldito – ela gaguejou com os lábios tremendo – você não sente frio?

- Não reparou que eu sou sempre quente, princesa? – ele riu, afagando seus cabelos.

Lene ficou em silêncio. Seu pacto de não se envolver nos flertes, não abraça-lo ou coisa assim havia ido para o espaço. Será que ele ao menos havia considerado aquele beijo/mordida?

- Lene, você não pode me beijar e sair correndo nunca. – ele falou, abaixando o corpo para alcançar seu pescoço com o nariz. – me deixa tentado a correr atrás...

- Sirius... pare com isso, por favor. – Lene pediu, e se soltou do abraço dele e cambaleou para trás.

As mãos dele não deixaram que ela caísse na escada, e ele puxou-a para mais perto, no degrau certo, colando seu corpo ao dela.

- Obrigada por me salvar – ela sussurrou, erguendo os olhos para os dele.

- Não fuja de mim – ele murmurou.

Ela sentiu o peito quente dele sob as roupas por um segundo, e encolheu-se. Depois, ele afastou-se e tirou o blazer, passando pelos ombros dela. Então tornou a abraçá-la, e disse:

– Vamos entrar, mera mortal, você está congelando. – riu baixinho.

Lene resmungou algo ininteligível e eles tornaram a entrar no castelo, longe dos flocos de neve que rodopiavam. Eles passaram pela porta do salão principal e Lene teve vontade de fazer um gesto feio com o dedo do meio para uma amiga de Lynn que os olhou e apontou, porque Sirius estava com um braço envolta da cintura dela e uma expressão preocupada.

Subiram as escadas em silêncio, e então ela percebeu que ele a levava para a cozinha. Seria um lugar aquecido o bastante.

- O que Diggory estava te dizendo? – ele perguntou, relutante, quando viravam para o corredor do quadro das frutas.

- Besteiras, como ele sempre diz. Só que desta vez foi o limite.

- Pontas me disse que o idiota estava segurando seu braço como se fosse te bater – Six tornou a falar, e sua voz tremeu.

Lene ficou quieta. Ela coçou a fruta no quadro e a porta se abriu, com uma lufada de ar quente. Em um canto perto dos fogões havia uma mesinha redonda, e ela sentou-se em um banquinho ali. Em três segundos, um elfo doméstico conhecido apareceu para servi-los.

- Senhor Black! Um chocolate quente em uma noite fria de festa? – ele dizia com a voz fina e servente.

- Ponha whisky, Dumbble, por favor. – ele pediu e se sentou ao lado de Marlene.

O elfo olhou-os hesitante.

- Só dois dedos, ninguém vai notar – repetiu Six, convencendo-o.

O elfo desapareceu, e em menos de um minuto voltava com duas canecas grandes de um chocolate quente fumegante. Marlene agradeceu do fundo do coração à ele, e deu uma golada que queimou sua língua. Sirius riu quando ela pulou no banquinho.

- Auch. Engraçadinho.

Ele encolheu os ombros, sorrindo para ela. Soprou em sua caneca e deu uma golada, pousando-a com um baque na mesa depois.

- Sabe, eu não entendo uma coisa – ele começou a falar, no começo hesitante, mas depois seu rosto corou (e ela pensou que fosse de raiva), e ele continuou seguramente – você namorou um mês com Amos, e quando ele a chama de fácil, tudo bem, coitadinho, ele é perdoado. Mas eu – e ele fez a sua melhor cara de cachorro que caiu da mudança – eu que sou seu melhor amigo há sei lá quantos anos digo algumas verdades pra você, o que eu sempre fiz e a gente sempre brigou por isso, e aí pá! Você finge que não me conhece. O cara mau, ah, vai, ele pode... agora o bom samaritano, fuja louco!

Lene riu das últimas palavras dele e depois segurou sua mão na mesa, acariciando entre seus dedos.

- O quê? – ele perguntou, querendo uma resposta.

- Six... eu estou confusa. Muito confusa.

- Eu sei o que é.

- Sabe?

- Sei, acho que está querendo se afastar de mim por causa do que aconteceu com Diggory, e com Ramones, e com Troy... mas eu não tenho culpa, Lene!

- Sirius, não é nada disso!

- Você pode ficar com todos esses caras de uma vez, mas não se afasta de mim, por favor.

E o coração de Lene apertou. Ela soltou a mão de Sirius de cima da mesa, e deu um gole em sua caneca, fitando o nada.

- E agora está brava comigo de novo, e eu nem sei por quê.

Lene tomou o conteúdo de sua caneca o mais rápido que pôde, sentindo descer em sua garganta e esquentar seu corpo, e depois a colocou com mais força do que pretendia na mesa, levantando-se.

- Obrigado pela conversa – ele resmungou, amargo.

- Olha, você quer saber de uma coisa? – ela se irritou pela trigésima vez naquele dia – me desculpe. Me desculpe por tudo, mas eu também não tenho culpa de nada, se quer saber! – com o gesto que ela fez com os braços, o blazer dele caiu no chão e ela pegou-o com rapidez, e depois voltou a falar, exasperada – eu não tenho culpa, Sirius! Não tenho culpa se você quis me beijar daquela maneira aquele dia, não tenho culpa do efeito que aquele beijo teve em mim, não tenho culpa se eu não consigo mais te tirar da minha cabeça! Nada dessa porcaria podia estar acontecendo, mas que merda, está!

Os olhos de Lene ficaram vermelhos e marejaram, e seu rosto se tingiu de rosa.

- Então a culpa é minha? – ele perguntou com a voz baixa comparada à dela, que gritava.

- Não! Eu não disse que era sua! Isso é culpa de... de... de Merlin, de James, da porra do destino, sei lá de quem! Não é minha, nem sua.

- Me deixa pensar, ok?

- Não! Da última vez que eu te dei tempo para pensar, você fez uma idiotice, eu não vou mais te dar nenhum tempo para pensar.

Ele levantou-se bruscamente e segurou-a nos dois braços com firmeza. Lene apenas encolheu-se sob seu olhar furioso:

- Eu vou te falar uma coisa também, Lene! Eu não quero te perder, EU QUERO VOCÊ!

Lene soluçou quando as mãos dele se apertaram em seu braço, e ele soltou-a imediatamente, com os olhos assustados.

- Desculpe.

Ela afastou-se dele com os olhos irados, andando de costas, observando os movimentos dele. Trombou em uma mesa, e então virou-se de costas para ele.

- Oh, droga, Lene, por favor, me desculpe.

Sirius teve a delicadeza de não ir atrás dela, e fez um gesto desolado para Lene quando ela se virou na porta para dizer:

- O que você sente por mim é físico, Sirius, e não vai passar disso.

E ela correu pelo corredor. Teve vontade de gritar consigo mesma quando notou que ainda estava com o blazer dele nas mãos, porque o cheiro dele parecia desprender-se em camadas para atingir em cheio o nariz dela.

Jogou-o em uma cadeira no dormitório e sentiu que a cabeça ia explodir. “Estúpido”.

Naquela noite, ela fez uma coisa que não fazia há anos. Pegou um pedaço de pergaminho e uma pena, e escreveu até que suas lágrimas se esgotassem e o sono a derrubasse, exausta.










Photobucket


16/04/09
ah, vai a continuação desse cap. logo que eu num aguento ;P :* /boboonapooco . comenta, por favor? :D
p.s: é, eu gosto de sertanejo, mas não que eu curta Zezé. a letra é meramente.. sei lá. é só por causa da letra, mesmo;

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • Lana Silva

    Nossa O.o  muito tenso esse capitulo... Ainda estou bobinha aqui...Espero que eles se resolvam logoBjoos! 

    2013-02-05
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.