chapter four.



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Capítulo 4, ou Neve e discussões



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"Memórias, não são só memórias
São fantasmas que me sopram aos ouvidos
Coisas que eu nem quero saber"
(Pitty)





Lene calou-se.

Eles haviam chegado à carruagem na qual os outros já haviam entrado, e deixou que James passasse na frente para poder limpar o rosto. Sentou-se ao lado de Sirius:

- Deixa eu ir na janela – ela pediu com uma voz suplicante – por favor.

- Não. – ele sorriu simplesmente.

- Seja cavalheiro, Six... por favor. Eu adoro ir na janela, vaai, por favor. Deixa.

- Não, Lene! Eu também gosto de janelas!

Ela suspirou pesadamente. Teria que tomar uma medida drástica. Levantou-se, segurando no teto para não se desequilibrar, e pulou no colo de Sirius, que riu e nem se mexeu.

- Sirius Black, saia agora de baixo de mim. – ordenou, mandona.

- Saia você de cima de mim!

- Almofadinhas, isso não é um exemplo de bons modos. – riu Remo, que estava sentado na frente deles ao lado de Dorcas.

Então Lene olhou para os amigos. Perto da porta estavam Jay e Lily, conversando entre os risos e com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco, e Alice na frente deles, ao lado de Pedro, que lhe contava alguma piada de elfos, e Remo e Dorcas rindo de Sirius e dela. Casais. Não que Alice e Pedro fossem um, mas a primeira com certeza encontraria Frank no vilarejo e Pedro sumiria como sempre sumia.

Ela ficou séria de repente e levantou-se do colo de Sirius, quieta. As mãos dele já haviam entrado no bolso de seu casaco e estavam ajudando a aquecer as suas, mas ela separou-se mesmo assim. Tornou a sentar ao seu lado.

- O que foi, Lê? – ele perguntou.

- Me diga que Frank não vai à Hogsmeade. – murmurou baixo.

- Ah, ele vai, sim – riu Six baixinho – ele vai chamá-la para o baile – apontou Alice com a cabeça.

- Droga. – praguejou.

- Está preocupada com isso, mesmo? Não se preocupe, Lene, Lynn vai ao vilarejo.

Algo no tom dele chamou a atenção de Marlene, mas ela não continuou a conversa. Concentrou-se na conversa de Lily e Alice sobre os vestidos. Pelo menos, teria uma boa parte da tarde com as amigas, para comprar as roupas.

A viagem até Hogsmeade não era longa. Quando chegaram, as três se juntaram e saíram correndo para a loja de vestidos, que estava lotada. Elas ficaram ali pelo menos duas horas para escolher vestido, sapato e jóias. Marlene escolheu um vestido de cetim roxo frente-única que ia até um palmo acima do joelho, com um broche de strass no decote, e um sapato prata de salto finíssimo e jóias prateadas. Lílian escolheu um de cetim também, tomara-que-caia preto colado ao corpo, do mesmo comprimento até um palmo acima do joelho, e sapatos pretos de saltos altos e jóias douradas. Alice comprou um de cetim azul, de cujo decote saíam duas cordinhas finas que era para amarrar no pescoço, e sapatos e jóias prateadas.

Amontoadas de sacolas, elas saíram para a rua principal. Havia recomeçado a nevar, e os flocos brancos caíam do céu formando uma bela paisagem no vilarejo. Elas correram para a Zonko’s, a loja de doces e travessuras. É claro que eles estavam lá. Frank estava pagando umas coisas que havia acabado de comprar, Sirius e James estavam com uma cestinha abarrotada de doces, e Remo estava abraçado com Dorcas enquanto observavam uma cachoeira de chocolate derretido apimentado que fazia trajetórias impressionantes, do outro lado do recinto. Lily e Alice ficaram com o casal e Lene correu até o primo.

- Hey, você vai levar todas essas coisas?

- Eu e o Sirius – avisou sem olhá-la, concentrado nas coisas da prateleira – quem sabe quando voltaremos de novo?

- Vocês, quando quiserem. – ela sorriu.

- Com esse inverno, as passagens são um inferno. – Sirius falou, passando um braço por cima de Lene para pegar alguma coisa na prateleira atrás dela.

- Além disso, temos que estudar. – James disse.

Lene tirou uma das luvas e colocou a mão na testa do primo, fazendo uma careta:

- Eu sabia, está quase cinqüenta graus.

Eles riram, e ela pegou um doce na cesta de Jay e correu para fora da loja sem dizer nada, mesmo sem ter noção do que faria agora. Dentro da Zonko’s, excluindo Six, estavam só casais. Óbvio que Lynn logo os encontraria.

- McKinnon! – alguém a chamou.

Lene virou para trás, intrigada. Não era costumada a ser chamada pelo sobrenome, e se surpreendeu quando olhou para trás e viu ninguém menos que Lynn, com sua cara de bolacha oriental e seu cabelo negro caindo como cascata atrás de si, sorrindo curto para ela e acenando.

- Oi? – ela perguntou sorrindo timidamente.

- Queria falar com você... vamos entrar aqui?

A japonesa a arrastou até o Três Vassouras. Sentaram-se em uma mesa perto da janela que acumulava neve do lado de fora. Depois de pedirem as respectivas cervejas amanteigadas, a oriental começou a falar:

- Eu soube... quer dizer, todos dizem, então é óbvio... que você e o Sirius tem alguma coisa. – ela disse, felina.

Lene sorriu, segura. Levantou os olhos para agradecer ao garçom e abriu calmamente a sua garrafa na beirada da mesa, tornando-a nos lábios em seguida. Depois, disse:

- Olha, eu vou ser bem sincera com você. Eu sei muito bem o que as fofoqueiras falam de mim por aí, e não me importo nem um pouco. Mas bem, te garanto que eu não tenho nada com seu Siriusinho, querida, pode engolir ele à vontade.

Lene só percebeu depois o quanto foi grossa, quando a japonesa estreitou os olhos para ela.

- Ok, me desculpe. Não se preocupe, eu só estou irritada, não tenho nada com o Six.

- Com o Sirius.

- Foi o que eu disse.

- Você o chamou de Six. Agora é Sirius para você.

Marlene arregalou os olhos cor de mel, surpresa, e não conteve uma gargalhada que chamou a atenção de várias pessoas nas mesas vizinhas, irando Lynn.

- Ok. Black é apenas um amigo. Um amigo distante. – ela disse ironicamente.

- Tudo bem... eu não me importo também com o que as pessoas falam, mas com o que realmente acontece. E se está me dizendo que não tem nada com o meu Six, está tudo bem.

Lene endureceu o queixo, e levou a bebida aos lábios, sem desfazer o contato com os olhos negros da japonesa. Era isso que ela queria? Era isso que ela teria.

- Bem, mas você deve conhecer Sirius o suficiente para saber que ele não gosta de pessoas possessivas, já que o classificou como “seu”.

- Oras, McKinnon, como eu o chamo ou deixo de chamar isso é problema exclusivamente nosso... – ela sorriu com malícia.

Lene riu.

- Tem razão. Pergunte pra ele como ele costuma me chamar às vezes também, pode te interessar... – provocou, dando uma piscadela com um olho.

A japonesa arregalou os olhos, surpresa pela audácia de Marlene, que começou a rir baixinho. Lynn pegou sua garrafa e levantou-se, ameaçando:

- Apenas se aproxime do meu Six, sua ousada...

Lene fez uma careta para ela enquanto ela dava as costas e saía do bar. Que cara aquela garota tinha para lhe falar daquela maneira? Nunca na vida havia conversado com ela, e depois da primeira experiência agradeceu a Merlin nunca ter colocado suas vidas num mesmo plano. Depois praguejou, pensando que as suas vidas estavam se aproximando.

Marlene meneou a cabeça, tentando afastar os pensamentos ruins. Observou do lado de fora, na rua principal, a neve caindo entre os cabelos e as tocas e bonés dos muitos estudantes que aglomeravam. Percebeu que um emaranhado de cabelos louros acenava para ela na janela, e ela chamou-o para entrar. As bochechas de Amos estavam coradas, contrastando com sua pele pálida, e seus olhos castanhos cheios de nuances verdes estavam brilhando, quando ele inclinou-se para beijar o seu rosto.

- Lene – ele disse, sentando-se na sua frente.

Ela sorriu para ele.

- Eu sinto sua falta. – Amos disse de repente.

Lene engoliu seco, e ergueu a garrafa para molhar os lábios de alguma maneira.

- Amos...

- Tudo bem, eu sei que você já me disse que não dá mais e todas aquelas coisas, mas Lene... você é diferente de todas as outras. Eu não consigo parar de pensar em como eu fui estúpido.

Ela mordeu os lábios, hesitante. Com certeza ele iria querer uma resposta para o baile.

- Eu não posso dar esperanças à você. – ela falou, segurando as mãos do garoto por cima da mesa.

- Vá ao baile comigo. Eu juro que eu vou tentar mudar.

Marlene abaixou os olhos para a mesa e depois para os estudantes no bar. Depois voltou-os para ele, quando ele disse:

- Por favor, Lene, me dê mais uma chance.

- Amos – ela começou pausadamente – eu realmente adorei passar um mês com você. Mas não dá mais, entende? E se eu sei que eu não vou ficar mais com você porque eu já decidi isso, eu não posso dar esperanças.

Ele ouviu atentamente e acenou positivamente com a cabeça. Depois, passou as mãos nos cabelos, afastando a neve destes.

- Eu não vou mais te encher. Mas vamos comigo no baile.

O sorriso imenso que ele abriu a fez sentir alguma coisa esquentar dentro de si. Talvez não estivesse tão perdido assim. Tudo bem.

- Ok.

- Ok? – ele repetiu, alegre.

- Sem pulos de três metros, por favor. – ela brincou, e ele levantou sua mão na mesa para beijá-la.

- Eu juro que não vai se arrepender.

- Comece parando com isso – ela puxou a mão da dele, corando mais ainda.

Amos levantou-se para beijá-la na bochecha e saiu também. Agora, Lene teve certeza que era só esperar que alguém viria encontrá-la. Afinal, não era tão chato ficar sozinha em Hogsmeade quanto pensara – dava pra resolver coisas além das pensáveis. E é claro que ela tinha razão, quando viu Sirius, Lílian e James passando pela janela sem notá-la dentro do bar, e adentrarem este com alívio por fugir da tempestade.

Os olhos de Sirius voaram para a mesa dela antes que qualquer outro o fizesse. Ele sorriu com o canto dos lábios e apontou para os amigos, e os três foram até lá. E sim, ele sentou-se ao lado dela, e Lily e James na frente.

- Estava aqui sozinha? – quis saber a ruiva, aquecendo as mãos esfregando-as uma na outra.

- Não, acabei de ter uns encontros agradáveis... – ela ironizou.

Quando percebeu que Sirius vasculhava o bar com os olhos – “Procurando a sua Lynn”, ela pensou – puxou o canto dos olhos para Lily e Jay. O último arregalou os olhos e Lil ficou boquiaberta.

- Ahn? – Sirius perguntou ao ver as expressões deles – o que eu perdi?

- Nada que lhe diga respeito, Six – ela brincou, apertando seu nariz.

Ele olhou para James.

- Jay, me conta.

- Vai ter que fazer mais que essa cara de cachorro para me convencer. – Pontas brincou, e Lily riu.

- Ahm, Amos também passou por aqui. E eu vou mesmo com ele – ela contou, jogando os cabelos para trás e olhando para fora para fugir dos olhares de reprovação.

- Oh, céus... ela perdeu mesmo o juízo – praguejou Sirius baixinho.

- Então fique longe de mim com esse cara, Lê. Eu te disse que tudo bem com ele porque você não estava mal, mas não faz sentido você voltar com ele agora.

- Heey, Jay, não vamos voltar! Só vou ao baile com ele. Ninguém mais me chamou.

Lílian sorriu:

- Ah, sim, ninguém! Tipo, Augusto Spinnet? Ah, ele não é ninguém! Félix Grunt? Ninguém! Ah, e também, Troy McClinton, Juan Grandez...

- Ah, fique quieta! – Lene riu.

- Priminha, tantos caras legais – James fez uma careta – e você escolhe justo ele.

- Ele gosta de mim, James – ela falou com sinceridade – pelo menos ele vai ficar feliz.

- Sempre altruísta... e daí que ele vai ficar feliz? Você vai ter que suportar olhar a cara dele o baile inteiro! – Sirius se manifestou, irritado – e em cada segundo que olhá-lo vai lembrar que ele te chamou de fácil e foi o seu namorado mais ciumento e possessivo, que não deixava nem você ir à cozinha à noite com a gente!

- Olha quem está falando! Você vai com a garota mais puta de Hogwarts, e o seu baile não vai significar nada pra você porque não sente nada por ela e sabe que ela já deitou com todos os seus amigos e mais metade dos outros alunos... aliás, é só isso que você quer, mesmo, não é?

- Marlene, eu não tenho culpa se você está infeliz com a sua vida amorosa, por favor, não faça esse showzinho descontando em mim.

- Mas... você é quem está se intrometendo na minha vida, Sirius!

A esta altura, as vozes dos dois estavam altas e pelo menos metade das cabeças no bar se viravam para olhá-los e apontavam.

- Parem com isso, infantis! – ralhou Lily – querem pegar um atestado para nunca mais vir para Hogsmeade?

- Eu não estou me intrometendo nada, você contou aqui pra todo mundo em alto e bom som que iria com ele, queria que eu tampasse os ouvidos e não escutasse? Ou então porque não escreveu um bilhete para os dois, para que eu não soubesse?

- Sirius, me deixa em paz. – ela pediu.

E é claro que saiu dali. A tempestade de neve havia engrossado e todos os seus sentidos pediram que voltasse para dentro do bar caloroso, mas o seu orgulho estava ferido. Sirius não tinha dado nenhum valor à isso.

Lene sentou-se em um banco na praça, perto de uma fonte congelada, sem se importar que não sentia suas mãos e muito menos seus pés por causa do frio. Se não se mexesse, o frio passaria.

Talvez se o seu coração também parasse de doer, o frio seria menor. Não entendia porque diabos estava se sentindo assim. Porque o efeito da discussão com Sirius estava mil vezes maior do que era antes, quando nada daquilo estava acontecendo. Mas ele havia começado a dizer mil palavras para fazê-la sentir-se mal! E Lene não era do tipo de garota que ficava quieta ao escutar mil palavras pra ofendê-la.

Ela esticou as pernas no banco, enfiando as mãos no casaco, furiosa. Era tudo culpa dele, mesmo. Se ele não tivesse dito nada sobre beijá-la naquela noite, há alguns dias atrás, ela não teria fechado os olhos tentando resistir. E se ele não tivesse entendido que aquilo era um consentimento, e pressionado seus lábios contra os dela... ah, droga. “Marlene McKinnon, você está proibida de se lembrar daquela noite!”

Mas era o que o coração dela pedia. Se lembrava perfeitamente da maneira como ele havia a beijado sem que ela correspondesse, e, sabendo que uma hora ou outra ela ia ceder, insistira. Se lembrava do toque macio e urgente dos lábios dele no seu, a delicadeza e a hesitação, e principalmente o desejo e o prazer. O toque quente das mãos dele sob a sua blusa, e os apertões cada vez mais fortes contra o corpo dele, a textura da pele do abdômen dele, quente, sempre quente. As respirações ofegantes depois.

Se não tivesse se lembrado do que Amos havia dito sobre Sirius querê-la, teria ficado ali com ele um bom tempo. E aí sim as coisas seriam estranhas. Mas o sorriso dele havia sido tão gentil... só se ele não estivesse são. Porque ela se lembrava perfeitamente das coisas que ele podia fazer/dizer quando não estava.

/flashon.
- Cala a boca, você vai sair daqui agora, e não vai pular, dançar ou abraçar mais nenhuma garota, está me ouvindo? – Lene ralhou, apontando o dedo para Sirius.

Ele piscou devagar, e depois deu um sorrisinho, olhando para o dedo dela.

- Você é muito brava, amor. – falou o garoto com a voz pastosa.

Ela revirou os olhos e apressou-se. Jogou o braço de Sirius encima de seu ombro e começou a carregá-lo escada acima. Tudo bem que ele tinha muito mais peso que ela e estava quase derrubando-a, mas o que mais poderia fazer? James parecia distante demais e Remo não estava em situação melhor que ele na festa lá embaixo, embora Six estivesse trançando as pernas e repetia diversas vezes que estava com vontade de vomitar, após beijar alguma garota que, mesmo percebendo a situação dele, não perdia a oportunidade, e ele aproveitava, passando as mãos onde não se deve passar na frente de todo mundo.

- Eu te amo, sabia?

- Eu também te amo, Six, só que você está bêbado demais e eu tenho que ser brava.

- Auch! – ele gritou, quando trombou o ombro oposto ao lado de Lene na parede – toma cuidado comigo, então!

- Fica quietinho. – ordenou, encostando-o na parede, para ir abrir a porta do dormitório masculino.

Sirius esperou, de olhos fechados e a testa franzida, como se estivesse dormindo e sonhando em pé.

- Vem, retardado. – ela chamou, rindo.

- Lene... – ele começou, e abriu os olhos – eu acho que eu não estou muito bem.

Quando ele passou a mão pela barriga, fazendo círculos, ela soube o que ele faria.

- Vem! – e o puxou para o dormitório.

Mas ele não conseguiu chegar até o banheiro. Vomitou no chão, espalhando o líquido no espaço central. Depois de ter esvaziado o estômago, ele virou a cabeça para olhá-la com os olhos semi-cerrados como uma criança que fez arte, e limpou a boca com o punho. Lene estava encostada na porta e deu de ombros para ele.

- Vai tomar um banho, eu limpo isso.

Sirius ergueu uma mão no ar, como se perguntasse algo.

- Onde?

- Aaaargh. – Lene se aproximou de Sirius e pegou a sua varinha no seu bolso traseiro, não sem ouvir um “tarada...” que ele murmurou e limpou o chão, deixando-o brilhante.

- Vaaai, Sirius, você tem que tomar um banho pra sair desse grau!

- Me ajuda? – ele perguntou.

Lene olhou para ele, desconfiada. Ele não estava falando em tom safado. Na verdade, ele estava com os olhos vermelhos e lacrimejantes – mas ela sabia que era apenas por causa da bebida muito exagerada.

- Ok... – murmurou, e eles foram para o banheiro.

Sirius jogou-se encima da patente fechada e ficou olhando-a na porta, com um sorriso malicioso. “Nem bêbado o desgraçado consegue perder o charme”, ela riu-se, cruzando os braços.

- Você está muito gostosa. – ele mordeu os lábios, olhando para as pernas dela.

Marlene bufou. Maldito o momento em que fora ouvir o conselho de Alice e colocar aquela saia jeans minúscula, porque ele não desviava os olhos de sua coxa.

- É verdade, Lene, você é boa demais. Se eu não tivesse acabado de vomitar eu ia até aí te beijar. – ele ia falando, olhando-a de cima a baixo – e na boca. – completou.

Ela riu e foi até ele. Primeiro, tirou seus sapatos. Sirius apenas observou, piscando devagar.

- E não tenta disfarçar não, eu sei que você tem vontade, todas têm vontade, mas algumas tem vontade de fazer coisas muito mais doidas... – ele refletiu, concentrado – você é uma dessas, Lene?

- Não! – ela riu; se ele estivesse são, ela daria a resposta contrária em tom zombeteiro e ainda emendaria alguma piada, mas ele não estava são – bem, Six, você vai ter que tomar banho de calças.

- Não! – exclamou, e levantou-se de um salto, tirando a camisa e as calças com mais rapidez do que ela pensava que ele fosse capaz.

Lene coçou o cabelo, enquanto ele terminava de tirar a calça de uma perna. Ele estava com uma cueca box preta. Ela franziu a testa, aquilo já era o suficiente.

- Nãaao! – disse abruptamente ao notar que ele queria tirar a cueca também.

- Lê... não tem problema, eu não ligo que você me veja pelado.

- Eu ligo!

- Ok...

Ele enfiou os pés na banheira, e Lene apressou-se para ligar o chuveiro e a torneira para enchê-la de água fria. Sirius estava olhando seu traseiro quando ela fez isso, e ela ralhou com ele.

- Sirius, vai se ferrar!

Ele riu e puxou-a contra seu corpo em um abraço forte. Lene tentou se soltar, mas ele mesmo bêbado, era muito mais forte que ela. Se molharia – o que não estava nem um pouco a fim de fazer – e além que não era nada próprio ficar abraçada ao seu melhor-amigo semi-nu e bêbado.

- Me solte. – ordenou.

- Toma banho comigo, eu te ajudo a tirar a roupa... – ele foi puxando-a para trás, onde estava caindo água do chuveiro.

- Sirius, eu vou gritar se você não me soltar, e você vai se meter em uma encrenca das feias!

- Só um banho, Lene, só isso... – ele falou, e inclinou-se para beijar seu pescoço.

Então as mãos dele saíram de suas costas, onde a prendiam fortemente, e foram para o botão de sua saia, ainda com os lábios em seu pescoço. Ela aproveitou a deixa e desviou-se, pulou para fora da banheira e secou os braços, que já haviam se molhado.

Rindo, ele tomou banho sob os comandos dela.

/flashoff.

Marlene abriu os olhos quando sentiu umas mãos segurarem seu ombro. E é claro que ela esperou que fossem as mãos dele, mas estavam pequenas demais... Alice. Sua sorte não era tão grande assim. A amiga tinha uma expressão preocupada. Frank estava a alguns metros dali, olhando para elas.

Lene tentou sorrir, mas conseguiu apenas fazer uma careta. Então, percebeu que seu rosto ardia pelo vento frio que o cortava por causa das lágrimas.

- Merd. – resmungou, tentando tirando as mãos do casaco para limpar o rosto.

- Vamos sair daqui, Lene, a tempestade está piorando.

Marlene deu de ombros. Não estava se importando nem um pouco com a neve.

- N-não. – ouviu sua própria voz, rouca.

- Você está congelando! – Alice reclamou, exasperada.

- Eu estou b-bem. Me d-deixe em paz!

- Não. – ela respondeu, e passou os ombros por baixo do braço de Lene, erguendo-a.

- Eu q-quero ficar aqui! – ela reclamou.

Frank, ao notar o que Alice fazia, correu para ajudá-la, segurando Marlene pelo outro braço. Ela não entendia porque eles estavam fazendo aquilo. Estava se sentindo perfeitamente bem. Finalmente, havia percebido qual era o problema. Não fosse pelo buraco em seu coração, ela poderia estar contando até mesmo piadas de trasgos e vampiros naquela tempestade de neve.

Eles foram levando-a em direção ao Três Vassouras. Quando Lene notou, pela janela, que Lily, James e Sirius ainda estavam lá, agora com uma garota de cabelos negros acompanhando-os, freou os pés imediatamente no chão entapetado de neve.

- Lá, não, Lice. Por favor.

A segurança em sua voz fez Alice parar também, e olhá-la apreensiva. Ela acenou para Frank, e eles a levaram para a Zonko’s, que era logo ao lado.

Alice pediu uma cadeira para o vendedor e ele arrumou uma em segundos, com um aceno com a varinha, olhando preocupado para Lene. Ela apenas jogou-se pesadamente na cadeira, suspirando.

- Eu vou te aquecer com um feitiço, está bem? – perguntou a amiga cuidadosamente.

Lene apenas fez que sim com a cabeça. Um fio dourado com nuances avermelhadas surgiu na ponta da varinha que Alice havia apontado para ela, e ela sentiu cada célula de seu corpo reclamar de dor. Sentiu as mãos e os pés formigarem, e algo quente surgir dentro de si desde onde Alice havia apontado a varinha para o resto do seu corpo, mas não era algo realmente bom. Doía.

- Aaahm, droga. – reclamou, fraca.

- Tome – o atendente da loja lhe ofereceu uma enorme caneca de madeira.

Ela não teve muita certeza se o líquido que tomou não era alcoólico, porque o efeito foi instantâneo. Mas não estava se importando muito com o que os estranhos lhe ofereciam naquele momento. Quando finalmente sentiu-se confortável, sentiu as mãos e os pés, eles estavam mais gelados do que nunca.

- Por que não me deixou lá? – ela ralhou com Alice, sem expressão, tornando a virar a caneca nos lábios.

- Ah, sim, você estava cometendo suicídio! O que diabos tem na cabeça? – a amiga repreendeu, passando uma mão no cabelo de Lene para arrumá-lo.

- Lene? – a voz de Sirius, preocupada, surgiu.

Ah, é claro. Ele devia ter visto pela janela, como fora tão burra? O sininho tocou quando ele passou pela porta, seguido de James e Lily. Marlene apenas ergueu os olhos para o trio, e depois virou-se para Alice, Frank e o outro homem:

- Obrigada, de verdade. – agradeceu sinceramente.

Frank e o atendente sorriram, e o último deu as costas rapidamente para voltar ao trabalho.

- Lene, você está bem? – Sirius se agachou na sua frente, preocupado.

- Estou. – murmurou baixinho.

Jay estava ao seu lado, com um braço sobre seus ombros:

- Que porra você estava fazendo no meio da tempestade? – ele perguntou, quase bravo, não fosse pelo tamanho de sua preocupação.

- Eu estava pensando, precisava ficar um tempo sozinha!

- Hum, bela maneira de ficar sozinha, porque não se matar, não é? – Lílian ironizou, nervosa.

- Gente, eu estou bem! Fiquei só uns minutos lá fora e Alice já vei...

- Você estava lá fora desde que saiu do bar? – perguntou Sirius, erguendo as sobrancelhas.

- Sim – ela disse sem olhá-lo.

- Faz uns vinte minutos, Lene. – ele falou, tentando procurar suas mãos dentro dos bolsos, mas ela não as entregou.

- Vamos voltar para o castelo, já fizemos tudo o que tínhamos para fazer aqui. – o primo lhe disse.

- Eu estou bem, James, de verdade! Pode ficar. – ela estava ficando irritada com toda aquela preocupação.

- A gente volta com ela – Lily disse, pousando uma mão no ombro de James.

Os olhos dos dois se encontraram ele se convenceu.

- Tudo bem. Paguem uma carruagem, não quero que Marlene morra hoje.

Enquanto Alice passava o braço no de Lene, e James lhe entregava suas sacolas, que ela tinha esquecido no Três Vassouras, Lily ralhou com o seu primo, dizendo que aquilo não era coisa que se falasse. Marlene riu, olhando para baixo. Não queria encontrar os olhos de Sirius.

- Vamos encontrar Remo – Jay disse após deixar as três perto das carruagens – se cuida, morena – aconselhou, e depois beijou sua testa.

Sirius apenas olhou-a por alguns segundos e depois abaixou-se para beijá-la na bochecha, demorando-se mais do que deveria e segurando-a pela nuca. Ela não olhou para ele quando eles se afastaram, e pularam para dentro da carruagem sem mais delongas.

As três sentaram-se sozinhas em um lado, uma de cada lado de Marlene. Ela enterrou o rosto nas mãos e apoiou o cotovelo nas pernas, sentindo-se péssima. Alice afagou suas costas e Lily ajeitou seus cabelos atrás da orelha. Lene nem percebeu quando as lágrimas tornaram a vir, mas já estava soluçando e tremendo. Quando ela tirou o rosto das mãos, tentou olhar para cima, suspirando profundamente, tentando estancar as lágrimas que escorriam livremente pelo seu rosto, sem sucesso.

- Eu devo estar horrível – ela disse finalmente.

Elas sorriram e Lily perguntou:

- O que aconteceu, Lene?

Marlene abaixou os olhos e franziu a testa. Tinha que dizer em voz alta.

- Eu descobri.


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Comentários (1)

  • Lana Silva

    Vixeee que vaca essa Lynn né ? Fiquei mortissima de raiva dela... Não sei porque, mas essas chinesas estão me irritando bastante - digo, não só as chinesas dessa fanfic kkk - mas agora realmente a Lene descobriu... E bem, bamos ve no que vai dar...Bjoos! 

    2013-02-05
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