David



A vida de Harry estava até um pouco monótona por ali, uma semana se passou e ele não teve muito que fazer, embora fosse muito comparado ao que fazia na 5ª Divisão. Mas naquele dia a 11ª estava um pouco diferente, um carregamento de alguma coisa havia chegado para Norma, e um homem muito estranho, tagarela e enorme estava sentado na cozinha, comendo e rindo sozinho.
-Hum, é... olá.
-Oi, você é novo por aqui?
-Sou.
-É, bem que pensei que nunca tinha te visto, tenho quase certeza que já vi todos daqui.
Harry observou o carregamento do homem.
-Wow! Isso é...
-Gemialidades Weasley! Adoro aqueles garotos, muito interessantes os dois. E ainda tem algumas outras coisas por aqui...
Harry estava pasmo.
-Norma geralmente não gosta que eu venda essas coisas por aqui, mas ela não está vendo... se você quiser lhe faço um preço baratinho.
Harry riu.

Trouxe uma sopa quente para você -disse Harry entrando na cabana, carregando uma bandeja.
-Obrigada.
-Marrie disse que você poderá sair daqui amanhã de manhã.
-É bom saber disso, é horrível passar cinco semanas inteiras deitada aqui.
-Que bom que você é mais obediente do que eu! Se fosse comigo mal agüentaria ficar aí durante três dias.
Ela sorriu.
-Meu medo de dar alguma complicação na minha perna era muito maior que a minha vontade de levantar. Só quando Marrie deixa.
-Mas eu trouxe algo que vai lhe alegrar.
Ele fez um ar misterioso e tirou um embrulho de dentro da capa.
-Merlin! É Chocolate da Dedosdemel! Como conseguiu isso?
-Tem um cara ali fora com habilidades muito parecidas com as de Mundungo -respondeu ele sorrindo- ele trouxe um carregamento bem interessante.
Ela ia falar algo quando a porta se abriu.
-Meu Deus! -disse Gina mais para si do que para alguém- David?!
-Eu disse que voltaria em breve!
-Acho que a sua noção de tempo está levemente distorcida...
-O que é o tempo senão aquele velho e mesquinho companheiro que não podemos caminhar sem ele? Aquele que nem sempre nos dá bons conselhos, mas que cura a maioria das mágoas...
Gina riu. Harry começou a achar que não estava no lugar certo, na hora certa.
-Idiota como sempre, percebo.
David fingiu estar ofendido e caminhou lentamente até Gina.
-Louca por mim como sempre, percebo.
Harry se sentiu extremamente deslocado quando David se inclinou sobre Gina e a beijou. Durante todo este tempo que estivera ali Gina nunca lhe contara sobre ter um namorado.
Gina deu um tapa de leve nele.
-Ora, deixe que ser chato. David este daqui é um amigo meu, Harry Potter. Harry, este é David Lins.
Poucas pessoas poucas vezes viram David Lins sem estar sério, e foi por isso que Gina se assustou quando David levantou num pulo, sacou sua varinha e apontou para Harry.
-Ele é um impostor, Gina.
-Não, não é.
-É sim, você está presa aqui desde que essa divisão começou, mas eu já saí bastante, Harry Potter está morto.
Harry levantou o cabelo, mostrando a cicatriz.
-É falsa.
-David, você está fazendo papel de ridículo, eu o conheço desde que tenho 10 anos, sem contar que Norma que o deixou ficar.
Ele pareceu ponderar, guardou a varinha e estendeu a mão para Harry, sorrindo como se nada tivesse acontecido.
-E aí, tudo beleza, cara?
Harry o cumprimentou ainda de cara feia.
-Bom eu estou indo, Gina.
-Por que, Harry?
-Ah não, deixe-o ir, Gina. Eu estou morrendo de saudades de você.
Harry nem esperou Gina responder, saiu do quarto logo.

Ele andou um pouco pela divisão, sem lugar certo, se sentia traído, embora ele e Gina não tivessem nada. Tentou se acalmar, amenizar o ódio que estava sentindo por David Lins, mas não conseguia. Entrou no seu quarto, talvez dormindo um pouco passasse.
-Ah, olá, Harry.
Harry olhou para a frente, David.
-O que você faz aqui?
-Ora, esse é o *i*meu*/i* quarto. E o que você faz aqui?
-Esse é o meu quarto.
-Ah sim, devem ter te colocado aqui imaginando que eu não ia voltar, faz sentido. Acho que vamos ter que dividir o quarto.
-Quanto tempo?
-Hã?
-Quanto tempo você pretende ficar por aqui?
-Pelo menos uns seis meses antes de eu sumir de novo.
Seis meses era muito tempo, Harry saiu do quarto, precisava falar com Norma.
Não era algo muito comum ir à sala de Norma, mas ele tinha um bom motivo para isso, ou pensava ter.
- Entre. Ah, é você. O que quer?
- Quero que David saia do meu quarto.
- Sem chances.
- O quê?
- Aquele quarto, Sr. Potter, é dele. O quarto de número 7 foi construído para David Lins, e como você quando foi integrado à 11ª Divisão o quarto estava vazio, você ficou por lá. Mas enquanto ele está aqui o quarto é dele, você terá que dividi-lo.
- Então arranje um quarto só pra mim.
- Esse lugar foi construído milimetricamente contado, cada cômodo planejado. Não há um quarto extra. Repito, você terá que dividi-lo.
- Mas Ryan não está aqui substituindo David? Então por que ele tem um quarto só dele?
Os olhos de Norma faiscaram.
- Não vou lhe perguntar como soube que Ryan substitui David.
Harry ficou quieto, talvez fosse melhor ficar mais calmo, antes que falasse algo mais que não devesse.
- ...mas eu posso te responder mesmo assim. David não se prende a um lugar. Mas ele é muito eficiente, achei que valia a pena tê-lo enquanto ele agüentasse ficar. E como ele acabaria voltando alguma hora, construí um quarto para a pessoa que o substituísse. Agora saia, você me tomou muito tempo.
Ele não quis contestar, não era saudável.

Ele estava comendo batata frita e lendo um pouco, a revista falava que Voldemort estava no auge de sua carreira e seria lembrado por muitos anos, há tempos não se via um dançarino de ballet tão bom quanto ele. Ele concordava, embora soubesse que Voldemort já teve tempos melhores, disse isso para o senhor que estava do lado dele, e ele riu, numa voz meio feminina.
Por que ele ria? Todo mundo sabia disso. Mas o velho continuou a rir com sua estranha voz feminina.
- Ora, não ria...
-Você acharia difícil não rir se visse o que vejo.
Ele abriu os olhos. Gina estava parada na porta, olhando e rindo. Colocou seus óculos e olhou para o lado, identificou do que ela ria. David havia caído da cama e dormia com uma das pernas em cima de Harry.
Ele afastou a perna de David e se levantou.
- Por que você dormiu no chão? A cama cabe vocês dois perfeitamente.
- Prefiro o chão.
- Você não gostou dele?
- É um idiota.
- Ah, não fale assim.
- Ok. O que está fazendo aqui?
- Troque de roupa, estou te esperando do lado de fora.
Ele não discutiu. Trocou de roupa rapidamente, David poderia acordar e resolver ir com eles. Quando ele saiu ela estava encostada na parede.
- Vamos rapidinho. Norma não pode nos ver.
- Por que não?
Ela não respondeu, só sorriu. Gina já tinha 22 anos, mas agora, agitada daquele jeito, mais parecia uma adolescente que vai contar um segredo para a amiga. Entraram numa sala que Harry nunca reparar a existência. Dentro da sala estava o homem que lhe vendera o chocolate da Dedosdemel.
- Estive conversando com ele estava manhã, e você nem imagina! Carl conhece minha família e, embora não conheça nem Rony nem Mione, você pode mandar um recado ou uma carta por ele. Ele é de confiança.
Ele por menos que um segundo se animou, mas lembrou do casamento repentino de seus amigos depois que ele sumiu. Harry não fazia falta.
- Não.
- O quê?
- Não. Eu não posso.
- Você pode.
- Não. Lembra-se? Você estuda na Alemanha e eu estou morto. Isso é o que pensam e é isso que devem pensar. São as normas de Norma.
- Normas são limites, e limites se colocam e se tiram. Nenhum limite é fixo para sempre. Você sabe que pode, só basta você querer.
-Não vou fazer isso.
Ele se levantou, estava cheio daquela conversa.
-Você não costumava obedecer às regras, Harry. Mudou bastante.
Ele se virou para ela, encarou aqueles olhos castanhos e disse de um modo amargurado.
-Tive motivos para isso.
Tomou seu café distraído, acha que tinha feito a coisa certa, mas será que realmente fizera? Ainda era tempo de consertar, Carl ainda estava por lá.
-Ele já foi. O fiz adiar por algumas horas a partida dele pra que vocês pudessem conversar, ou para que você escrevesse algo para Rony e Mione, e vejo que fiz tudo em vão.
Ele se assustou, não a vira entrar. Bom, mas de qualquer forma não estava disposto a ficar ouvindo sermão.
-Agradeço sua boa vontade -disse Harry entre dentes.
Ela ia se sentar à mesa para o café da manhã, mas resolveu sair. Naquela hora ele não se importou muito. Mas quando terminou seu café e voltou para seu quarto, ao ver David dormindo insuportavelmente tranqüilo, ele deu meia volta. Tinha que fazer as pazes com ela.

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