11ª Divisão



-Olá, Sr. Potter.
Ele notou. Ela também não gostava dele, assim como a enfermeira. Bom, da enfermeira ele também não gostava, mas de Norma... percebeu que não era seguro não gostar dela, ou o contrário.
-Olá.
Norma se levantou e caminhou até ele lentamente. Harry se sentiu incomodado quando viu que ela batia em sua cintura, e ainda mais incomodado quando ela conversou com ele olhando para frente, ou seja, para sua cintura.
-Diga seu nome.
-Harry James Potter.
-Tem certeza?
-Claro.
Assim que terminou de falar ela lhe deu um soco bem forte nos genitais. Contorcendo-se de dor, Harry caiu sobre seus joelhos, ela então lhe segurou o rosto, afastou seu cabelo e olhou a cicatriz.
-Parece verdadeira.
-É claro que é verdadeira -resmungou ele, furioso.
Norma voltou para seu lugar, a enfermeira, o ajudou a se sentar.
-A população do mundo inteiro acha que está morto, Sr. Potter.
-Creio que eu preferia estar.
-Sr. Potter... sinto lhe informar que... -ela parou a frase e ponderou- Como chegou aqui?
Harry lhe contou sobre a noite em que entrou n'O Caldeirão Furado, onde acordou em seguida, sobre a 5ª Divisão... Ela o escutava olhando alguns papéis que havia tirado da gaveta.
-Confere. Tudo o que você disse sobre a noite chuvosa confere com o que seus amigos disseram. A 5ª Divisão também é como você a descreveu. E...
Ela parou a frase e levantou-se. Encaminhou-se até um armário, abriu e de dentro tirou uma penseira.
-Pegue, talvez você precise de uma.
Ele pegou sem qualquer emoção.
-Marrie vai lhe encaminhar para o quarto de David. Descanse, depois venha falar comigo novamente.
Harry se levantou, entendeu que estava sendo convidado a se retirar da sala. Seguiu Marrie, a enfermeira, de muito mau humor. Ela andava rindo baixo, provavelmente dele.
-Não tem problema eu ficar no quarto que já é de alguém?
-Ah não -respondeu ela, rindo ainda mais- a gente fala que o quarto é de David só por hábito, ele não vem aqui faz 4 meses. Duvido que volte.
Harry ficou calado, sentiu-se melhor em saber que não teria que dividir quarto com alguém. Precisava de privacidade para pensar. Não andou muito e chegou numa fileira de portas, umas do lado das outras. Marrie lhe indicou a porta nº 7 e foi embora.
O quarto era pequeno; uma cama de solteiro, porém larga, um criado-mudo, um armário e um espelho eram todos os móveis que havia no quarto. Também havia um pequeno banheiro dentro do quarto. Abriu o armário e viu que suas coisas estavam todas ali. "Provavelmente acharam no meio da floresta". Tudo ali estava impecavelmente limpo, mas tudo tinha um ar frio, impessoal... melancólico.

Acordou se sentindo outro, havia tomado um bom banho quente e caído na cama, agora tudo que queria era uma boa refeição.
Saiu do quarto e notou um pequeno problema: não sabia se locomover ali, todo aquele lugar parecia um labirinto. Talvez fosse. Começou a andar conforme se lembrava do trajeto que fizera, mas não dera muito certo. Estava perdido.
-Merlim... me ajuda!
Um homem velho, com cara desconfiada apareceu.
-Me chamou?
Harry ficou sem entender. Aquele homem era louco? Bom, de qualquer forma resolveu aceitar a ajuda.
-Pode me levar até a cozinha?
O homem começou a andar e Harry o seguiu.
-Prazer, sou Leão.
O homem fico calado.
-Eu acho que cheguei aqui ontem...
O homem não falou nada, parecia nem ouvir.
-Hum... só por curiosidade... qual o seu nome?
A reação do homem não poderia ter sido pior, primeiro o olhou furioso, depois começou a bater nele com uma bengala surgida sabe-se lá de onde. Harry saiu correndo. Será que não havia uma pessoa sã ali? Encontrou duas portas uma do lado da outra, temendo muito pelo que poderia lhe acontecer, abriu uma porta. Nunca pensou que ficaria tão feliz em ver Marrie.
-Olá, todo-poderoso.
-Olá, Marrie.
-Achei que não gostasse de mim... que veio fazer aqui?
-Abri a primeira porta que vi na frente... à propósito, onde é a cozinha?
Marrie olhou para ele como se estivesse o analisando, então riu.
-Você chamou por Merlim ou algo assim?
Pela cara de desgosto que Harry fez ela deduziu que sim, riu ainda mais.
-Deixe-me adivinhar... você perguntou o nome dele?
Harry confirmou lentamente com a cabeça, Marrie dava murros na mesa de tanto rir.
-Qual a graça?
-Nunca, mas nunca mesmo pergunte o nome dele.
-Dele quem?
-Desse que você chamou de Merlim.
-Eu não chamei, eu falei "Merlim" e ele achou que era com ele.
-Que seja. Mr. M (como nós o chamando aqui de brincadeira) é um grande espião, tão grande quanto paranóico. Ele não fala o próprio nome para nenhum inimigo poder descobrir algo sobre ele.
-Mas como devo chamá-lo?
-Se você o chamar de "qualquer coisa" tenho certeza que ele atenderá. Mas com o tempo aposto que você lhe dará um nome.
Harry aceitou, mas estava pensando em algo...
-Como se confia em alguém que a gente nem mesmo sabe o nome?
-Sarah confia nele...
-Sarah? Sarah Cartar?
Marrie ficou surpresa.
-Você já ouviu falar nela?
Claro! Ninguém sabia sobre Sarah Cartar. Era justificável a surpresa dela. Ele próprio só ficara sabendo por Mione que estava ligada a algo secreto e tinha que passar informações a ela, mas também não fazia idéia do que Mione fazia.
De repente uma luz se acendeu na cabeça de Harry. Aquele homem era 'O'. O homem. No dia 13 de Março Rony, Mione e ele saíram de casa para ir ao Caldeirão Furado para ver Dumbledore, Sarah e 'O' se encontrarem. 'O' se chamava Bobble Valden. No dia ele nem sabia quem era 'O', nem mesmo transfigurado. E agora ele estava ali com ele.
-De onde você a conhece?-repetiu Marrie.
Mas Harry não estava mais a escutando, levantou-se e já saia da sala quando virou-se para ela.
-Onde mesmo fica a cozinha?

Depois de ter lanchado, Harry saiu da cozinha andando pelo trajeto que Marrie lhe indicara para voltar ao seu quarto. Ele tinha algo em mente, tinha que conversar com Bobble.
Com um pouco de sorte ele encontrou o corredor dos dormitórios. Seu quarto era o nº 7, mas ele foi abrindo porta por porta até encontrar o quarto que fosse de Valden. Deu sorte, ela o nº 3, ele estava sentado em sua cama lendo Onde se escondem os inimigos.
-Você! O que quer aqui?
-Só conversar...
O rosto de Valden se contorceu.
-Não temos nada para conversar.
-Tem certeza?Eu não creio que você está certo, Sr. BobbleValden.
Harry sentiu que não estava mexendo com a pessoa certa quando Bobble levantou os olhos lentamente em sua direção. A quantidade da frieza que o homem trazia nos olhos o fez temer por seus dias de vida.
-Como sabe meu nome?
Harry se sentou.
-Minha amiga trabalhava, ou trabalha pro senhor. Quando Marrie me falou um pouco sobre você e disse que Sarah confiava em você, eu liguei os fatos.
-Quem é você?
-É uma troca justa, eu sei seu nome, você sabe o meu. Sou Harry Potter.
O homem riu.
-Não, você não é.
Harry riu também.
-Não?
-Se você estiver achando que sua amiga a Hermione...
-Granger. Sim, é ela.
Bobble colocou um maldoso sorriso no olhar.
-Pronto. A prova viva. Você não é Harry Potter.
-Por que acha isso?
-Se você fosse quem você acha que é, saberia que ela já é Hermione Weasley há 4 meses.
Harry ficou chocado. Ele fez algumas contas nada precisas em sua cabeça... Podia não saber que dia era ou quantos tempo havia se passado desde que havia se separado de seus amigos, mas por alto dava para perceber que Rony e Hermione haviam se casado bem pouco depois de Harry ter "morrido".
Bobble riu mais uma vez.
-O que queria conversar comigo, Sr. Potter?
Harry não respondeu, ficou a olhar para o chão. Sua cabeça girava.
-Nada.
Levantou-se e saía da sala quando se virou e falou calmamente.
-À propósito, não sou o Sr. Potter. Meu nome é Leão.
Saiu atordoado e entrou em seu quarto, se espantou ao ver Norma sentada em sua cama.
-Temos a discutir.
Harry escorou-se na parede e escorregou lentamente, em seguida colocou a cabeça entre os joelhos dobrados.
-O temos para conversar?
-Não há lugar para você aqui, Sr. Potter. Mas podemos der um jeito se você decidir ficar.
Seu cérebro funcionou mais que rápido. Se Rony e Mione haviam se casado assim tão perto da sua "morte" é porque decididamente não estavam abalados. Ele não fazia falta alguma. Não havia ninguém esperando-o voltar, mesmo que pensassem que não havia volta. Já não havia lugar para ele... só a 11ª Divisão.
-Então dê um jeito qualquer. Eu vou ficar.

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