E Tudo Voltará a Ser Como Ante

– Quem são vocês?! – gritou Harrycliffe para os vultos, rangendo os dentes.
Um dos vultos deu um passo à frente e uma voz feminina respondeu:
– Nós somos aqueles que têm cérebro. Nós viemos trazer de volta tudo aquilo que se perdeu e levar embora tudo aquilo que não presta. Nós somos o F.A.N.L.I.P.W.A.
Hemmaione arrancou as suas botas a saiu correndo o mais depressa que podia em direção ao castelo.
– Pedro! – gritou uma voz masculina entre os vultos – Detenha-a!
Dois vultos saíram correndo atrás de Hemmaione, mas ela já havia entrado no castelo.
– É ali! – disse Pedro apontando para o quadro de Pamela Anderson quando eles entraram – Ademilton, você tem certeza de que é o único jeito?
– Infelizmente sim – respondeu o outro vulto.
Ademilton explodiu o quadro de Pamela Anderson e os dois passaram pelo buraco.
A Sala Comunal da Grifinória estava escura e fria. Os dois viram uma garota parada perto da escada. Ela parecia assustada. Era Padma Patil.
– Ela está lá em cima – disse Patil com a voz fraca.
– Ótimo – respondeu Pedro – Agora, volte para a Corvinal.
Patil atravessou o portal destruído e foi procurar a Sala Comunal da Corvinal.
– Vamos – disse Ademilton e Pedro concordou com a cabeça.
No instante em que Ademilton tocou no corrimão de pedra, os dois ouviram um berro alto e agudo que veio do alto da escada, no dormitório onde Hemmaione estava.
Pedro se assustou e recuou um pouco, mas logo se recuperou e acompanhou o parceiro pela escada até a porta do dormitório.
Ademilton entrou e se deparou com Hemmaione amarrada na sua cama. Duas alunas da Grifinória estavam perto da garota e uma delas falou:
– Desculpem, foi o único jeito que encontramos para não deixa-la fugir.
– Tudo bem – disse Pedro – E obrigado por ficarem de olho nela para nós.
– Boa sorte – murmurou a garota que saiu acompanhada de sua amiga, deixando os três sozinhos.
– O que vocês querem? – Hemmaione parecia ameaçadora.
– Trazer a Hermione de volta – respondeu Ademilton.
Hemmaione deu uma gargalhada, atirando a cabeça para trás com violência.
– Eu sou a Hermione! Agora, me desamarrem.
– Não – disse Pedro.
– Não o quê? – enfureceu-se Hemmaione.
– Não vamos desamarrá-la, você não é a Hermione.
– É claro que sou! Tirem-me daqui!
– Nós não vamos fazer isso.
Hemmaione tremia de raiva, os olhos fixos em Ademilton, que se aproximou da garota.
– Quem é você?
– Eu sou a Hermione! – gritou.
– É mentira! Diga o seu nome!
– Nomes! – Hemmaione berrou fazendo as janelas do dormitório vibrarem – Nomes!
– Diga o seu nome, agora!
– Nomes! – gritou Hemmaione ainda mais alto – Um, dois, três, quatro, cinco, seis! Um, dois, três, quatro, cinco, seis! Nomes!
Ademilton ficou em silêncio por alguns segundos e depois ordenou:
– Diga os seus seis nomes!
O rosto de Hemmaione se contorceu, tomando formas assustadoras. Quando ela falou, sua voz estava muito fina. Na verdade, pareciam várias vozes falando ao mesmo tempo.
– Eu sou Britney Spears, aquela que possui tudo que quer! Eu sou Paris Hilton, aquela que homem nenhum rejeita! Eu sou Ashley Tisdale, aquela que comanda! Eu sou Lindsay Lohan! Eu sou Hilary Duff! – Hemmaione fez uma pausa e depois disse lentamente – E eu sou Emma Watson, a rainha do submundo cor-de-rosa!
Pedro deixou escapar uma exclamação de horror. Ademilton dirigiu-se a ele.
– Está pronto?
– Acho que sim – murmurou Pedro.
Eles apontaram as varinhas para Hemmaione e dois intensos feixes de luz rosa invadiram o dormitório. Hemmaione urrava de fúria. De repente os seus cabelos lisos e loiros começaram a encolher e a mudar de cor. Eles passaram para um tom castanho e ficaram crespos e inchados. Os dentes da frente dela começaram a aumentar, a cintura mudou de formato, seus seios diminuíram e suas unhas encolheram.
Hermione olhou para os lados e deu um largo sorriso.
– Obrigada – disse meio rouca – Obrigada...
– É a nossa função, Mione – disse Ademilton feliz desamarrando os braços da garota – Pedro, precisamos voltar! Os outros ainda estão lá em baixo. Hermione, fique aqui e descanse.
Ademilton e Pedro saíram do castelo o mais rápido que puderam. O pufoso mutante estava tomando conta das portas de entrada e os deixou passar. Mais à frente, os outros integrantes do F.A.N.L.I.P.W.A. cercavam Harrycliffe. Runpert estava sentado em uma das cadeiras douradas da festa perto deles.
– Nós já cuidamos da Mione – anunciou Pedro para os outros.
– Aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhh!!!
Todos se viraram rapidamente. Gambondore havia conseguido passar pelo pufoso, e agora vinha correndo em direção ao grupo o mais rápido que podia com uma espingarda nas mãos.
– Invasores! Eu exijo que vocês saiam imediatamente da minha propriedade!
Três das pessoas que rodeavam Harrycliffe lançaram feitiços na direção de Gambondore. A espingarda sumiu de suas mãos, a sua barba ficou mais branca e comprida, o nariz se entortou, apareceram óculos em meia-lua no seu rosto que agora estava calmo e sereno. Suas vestes ficaram longas e luxuosas.
– Ah, olá! – cumprimentou Dumbledore sorridente – Fiquem à vontade para explorar os terrenos – e dizendo isso passou a caminhar lentamente, observando com interesse as plantas ao seu redor.
– Agora – disse Ademilton – é a vez do Harry.
– Espere! – interrompeu Runpert levantando bruscamente de sua cadeira – Ainda não. Ele tem que saber de tudo antes.
Harrycliffe não conseguia acreditar. Fora traído pelo próprio amigo.
Ademilton encarou Runpert por um tempo e depois disse:
– Tudo bem, conte o que você quiser. Mas seja rápido, ainda precisamos cuidar dos outros.
Runpert andou até Harrycliffe que o contemplava boquiaberto.
– Harrycliffe, tudo que aconteceu aqui nesta noite já estava sendo combinado há meses.
– Como você teve coragem...
– Espere! – interrompeu Runpert – Ouça até o final.
Harrycliffe respirou fundo, mas continuou imóvel.
– Essas pessoas são o F.A.N.L.I.P.W.A. Eles vieram aqui hoje para nos ajudar, ajudar a colocar as coisas no seu devido lugar. Eles entraram em contato comigo no final do terceiro ano, e me avisaram que se a situação não melhorasse, eles teriam que agir. Durante dois anos eu vigiei você. Todas as semanas eu recebia novas instruções do grupo sobre como eu deveria ajudá-lo. Várias vezes eu tentei alertar você, tentei trazer você de volta ao normal, mas acabei falhando. Então, uma semana antes da festa da abertura do verão, eu recebi uma carta que dizia que a partir daquele momento não havia mais jeito, havíamos chegado ao limite.
Harrycliffe permanecia em silêncio. Ele parecia tentar convencer a si mesmo de que tudo aquilo não era real.
– Em Newyorksmead – continuou Runpert – eu passei as últimas informações sobre a festa para o F.A.N.L.I.P.W.A. para que eles pudessem estar preparados quando chegasse a hora.
– A bruxa da loja do buffet!
– Exato – confirmou Runpert – Aquela era a Teté, uma integrante do grupo disfarçada. Eu a avisei que estaria na cidade naquele dia, e que precisávamos de um lugar para combinar tudo. Então ela teve a idéia de me esperar na loja.
Uma das pessoas ao redor de Harrycliffe não conseguiu conter uma risada. O garoto imaginou que essa fosse a tal da Teté.
– Além da Teté – continuou Runpert – também estão aqui hoje a Carol, a Lídia, Yana, Lalá, Pandora, Valdirene, Érika, Krika, Cláudia, Renato, Pedro e Ademilton.
A media que Runpert ia dizendo os nomes, cada um dos integrantes do F.A.N.L.I.P.W.A. acenava ou fazia um gesto com a cabeça. Harrycliffe olhava para todos com desconfiança.
– Não pode ser... – murmurou Harrycliffe.
– Você se lembra da Hilary?
– A revendedora Avon?
– Ela mesma.
– Vocês a seqüestraram!
– É claro que não! Ela estava nos ajudando. Tudo que a Hilary vendia para você passava antes pelas mãos do Snape.
– Snape?!
– Sim! Ele acrescentava uma fórmula mágica nos produtos que deveria te imunizar das mudanças. Mas Snape nos traiu, e passou a enfeitiçar os produtos para intensificá-las. Um exemplo disso é a sua expressão facial, ou melhor, a falta dela. Os cremes do Snape te deixaram assim. Quando Hilary descobriu o que Snape estava fazendo, ele a raptou para que ela não contasse o segredo a ninguém, e deu um jeito de pôr a culpa do rapto nos pufosos.
– Mas como vocês sabem disso tudo?
– Bom, felizmente a Hilary conseguiu avisar ao F.A.N.L.I.P.W.A. o que havia acontecido, e agora ela já está em um lugar seguro. Depois dessa confusão toda, o F.A.N.L.I.P.W.A. decidiu que já era hora de aparecer.
– E as outras pessoas? E os cavalos?
– Ah! Esses aí fomos nós. Eles eram más influências para você! E nós enviamos o pufoso mutante para a loja da liquidação. O dono foi obrigado a cancelar.
– Quer dizer que vocês criaram essa coisa? – perguntou apontando para o pufoso.
– Ah, não! Digamos que nós demos a eles uma função bem melhor que a antiga.
– Mas eu ainda não entendo direito o que você quer dizer com essas mudanças. O que tem de errado com o meu rosto?!
– As mudanças são culpa da Warner.
– Culpa de quem?!
– Da Warner! A Warner modificou completamente você, a Hermione, e vários outros alunos e professores.
– Quem é Hermione?
– A nossa amiga.
– Você que dizer Hemmaione?
– A Hemmaione não existe. O nome dela é Hermione, o meu é Rony, e você é Harry Potter.
– Runpert, você está louco?!
– Agora já chega – disse Ademilton – Rony, o Harry não vai se lembrar de nada disso quando acordar. E, além disso, é melhor colocarmos logo um ponto final nessa história.
Rony parecia um pouco triste, mas acabou concordando e se afastou do grupo.
– Runpert! – gritou Harrycliffe – Runpert! Volte aqui, Runpert! Runpert!
Treze feixes de luz branca atingiram Harrycliffe no peito. O garoto pairou no ar por uns dez segundos e depois foi descendo lentamente até pousar desmaiado na grama.

– Acorda, cara!
Harry abriu os olhos e viu o rosto de Rony um pouco distorcido sobre ele. Pegou os óculos e os colocou no rosto.
– A Hermione já desceu pra tomar café, nós vamos nos atrasar – disse Rony.
– Quem dá aula no primeiro tempo?
– A Minerva.
Ele levantou, trocou de roupa e seguiu o amigo pela porta do dormitório.
Harry sentia-se bem naquela manhã. Nada poderia ser melhor do que aquilo que estava acontecendo. Era como se tudo estivesse exatamente como deveria estar.

FIM

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