Os Novos Comensais



Já haviam se passado algumas semanas desde o malfadado encontro na sala de Gambondore. Desde esse dia o diretor havia se ausentado da escola. Harrycliffe estava agora com Hemmaione e Runpert. Eles estavam sentados em volta de uma das mesinhas de plástico, que era dedicada à Grifinória, no Grande Salão. Agora, as três cadeiras que os garotos ocupavam eram as únicas, pois Neville quebrara a quarta cadeira da casa ao sentar-se.
– Afinal, o que foi que você e Gambondore conversaram? – quis saber Hemmaione contemplando a própria imagem num espelho de bolso enquanto arrumava seus cabelos loiros e extremamente lisos.
– Eu já falei, ele não estava lá – disse Harrycliffe.
– Eu conheço o seu rosto quando você mente, Harrycliffe – disse ela segurando com força a sua mão.
– É impressão sua. Desde que a revendedora Avon sumiu, eu estou tendo que usar produtos da Abelha Rainha, que são horríveis.
– Olha! – disse Runpert apontando para o teto – O correio chegou.
Centenas de corujas entraram pelo teto do salão. Os garotos avistaram de longe a gigantesca coruja marrom que largara o jornal na cabeça de Hemmaione. Aos poucos, a coruja foi se aproximando dos garotos e deixou cair uma pesada caixa sobre a mesinha da Grifinória, que na mesma hora se partiu ao meio, derrubando toda a comida.
– Nossa! O que será isso?! – Runpert se inclinou sobre o buraco entre as duas metades da mesa e leu o que estava escrito na caixa – Para Harrycliffe.
Ouviu-se um grito de pânico que vinha da porta do Grande Salão. Gina vinha correndo para dentro do salão, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela respirava muito depressa.
Todas as pessoas presentes no Grande Salão se viraram para ver a cena. Hemmaione levantou e correu na direção de Gina.
– O que aconteceu, Gina? Está tudo bem com você?
– A... a... a... a... mu... mu... mu....
– A o quê? O que aconteceu? – perguntou Harrycliffe que também tinha se aproximado de Gina pra saber o que a aterrorizara, mas tudo o que a garota fazia era gaguejar.
– Acho melhor levá-a à ala hospitalar – disse Hemmaione.
– Não! – falou Runpert muito sério – Ela é minha irmã, eu sei como fazê-la falar.
Runpert se aproximou de Gina e pôs as mãos sobre os ombros da garota, dando-lhe um sorriso.
– Vai ficar tudo bem. Eu prometo. Agora... – Runpert começou a sacudi-la freneticamente – Fala, fala! Deixa de frescura! Fala logo! – ainda não obtendo o resultado desejado, Runpert apelou para uma solução mais drástica, dando uma bofetada na cara de Gina – Anda! Fala! – outra bofetada – Diz logo o que aconteceu! – outra – Gina! – mais outra.
– Certo! Eu falo! – disse Gina chorosa e Runpert parou de sacudi-la.
Gina respirou fundo, olhou para os lados e gritou:
– A Mulher Gorda sumiu!
O Grande Salão foi tomado pelos murmúrios de reprovação doa alunos.
– Eu não acredito que perdi meu tempo com isso! – disse Hemmaione irritada – olha aqui, minha filha, vai procurar um psicólogo, por favor!
Uma garota da Sonserina jogou um pacote de cereais em Gina antes de sair do Grande Salão.
O dia pareceu ter passado em apenas alguns minutos. Harrycliffe já estava deitado em sua cama, pronto para dormir, o que aconteceu quase que imediatamente, embora o seu sono não tenha sido muito agradável. Ele teve um sonho muito estranho.

Harrycliffe estava em uma sala escura e fumacenta. Por um momento ele pensou que estivesse sozinho, mas ele ouviu os passos de alguém que vinha caminhando de algum canto do aposento. Era Bellatrix Lestrange.
– Mas que escuridão é essa? – reclamou, e com um aceno da varinha, conjurou dezenas de velas que pairaram no ar iluminando a sala – Voldy, você está aí? Preciso falar com você! – ela olhou em volta, mas não havia mais ninguém ali – Ah! Já sei! Voldy, querido sai agora do armário.
Bellatrix apontou a sua varinha na direção de um armário muito grande e velho que estava encostado em uma das paredes e uma de suas portas se escancarou. Harrycliffe observou Voldemort saindo de dentro do armário.
Por algum motivo, Harrycliffe achou essa cena bastante parecida com a última vez em que vira Gambondore.
– Mas quem...? Ah! É você, Bella. Espero que seja muito importante, pois você interrompeu minha aula de pilates!
– Olha aqui, Voldy, eu estava muito feliz e confortável na minha cobertura em Londres quando recebi esse pacote – Bellatrix agitou uma trouxinha preta com as mãos – com as novas roupas dos comensais!
– E daí...?
– E daí que elas são ridículas! Onde foi que você arrumou essas máscaras?! Eu nunca vou usar isto, o que as minhas amigas do cabeleireiro vão pensar? E os leitores da minha coluna "Como passar anos em Azkaban, ser assassina e ainda assim ser chique e sexy", o pessoal da revista vai me demitir! Como você espera que eu sobreviva?! O custo de vida em Londres é altíssimo!
– Ora, Bella! Aquelas máscaras e uniformes antigos eram muito anos 80. Por favor! Eu só queria dar um up nos comensais.
– E pra isso você precisava ir à África para nos trazer máscaras de voodoo, medonhas e cafonas?!
– Bem... – disse Voldemort parecendo orgulhoso – Na verdade o crédito não é todo meu.
– Quê?! E de quem é então? – gritou Bellatrix, que parecia cada vez mais irritada.
– Só um instante – falou Voldemort com uma expressão infantil no rosto – Bryan, vem cá um minutinho!
Harrycliffe viu um segundo homem sair do armário onde Voltemort estava. Ele era muito alto e musculoso, usava uma roupa de couro preto e tinha um bronzeado de quem acabara de voltar da praia. Com os seus longos cabelos loiros escondendo uma parte do rosto, Bryan não parecia ter mais de 20 anos.
– Chamou queri... digo, chamou Lord?
Sua voz era muito fina, o que causava um contraste assustador com o seu físico.
– Chamei sim. Bryan, você pode, por favor, explicar à querida Bella a sua visão nova sobre os comensais?
– Oh! Mas é claro, com prazer! E onde ela está es... Aaahhhh!
– O que aconteceu Bryan? – perguntou Voldemort preocupado.
– O que foi? – ameaçou Bellatrix com uma irritação incontida na voz.
– Querida! O que é esse seu cabelo “me-socorre-que-eu-enloqueci”?! Em que ano você acha que nós estamos? E essa sua roupa “não-sabia-o-que-usar-então-joguei-tudo-de-uma-vez-no-corpo”! Meu amor, francamente! Até mesmo a Madonna – Bryan fez uma profunda reverência ao mesmo tempo que agitava freneticamente uma das mãos – já passou dessa fase! Eu até já vi umas pessoas que usavam esse tipo de roupa. Eles estavam na esquina, pedindo alguma coisa. Meu Deus! Como é mesmo o nome e se dá a eles? Ah! Lembrei! Mendigos.
Bellatrix tinha uma expressão diabólica no rosto, o seu queixo tremia descontroladamente, seus olhos brilhavam de fúria e ele apontava a varinha para o coração de Bryan.
– Ah! Claro! Eu já deveria esperar. Agora é a parte em que você vai me enfeitiçar, não é? Gente, fala sério! Que clichê de filmes de abracadabra! Olha só, bicha, vou te dar um conselho, ta? Se joga no século XXI!
– Eu nunca fui tão humilhada! Nunca, nunca me humilharam dessa maneira!
– Quer dizer que já te humilharam de maneiras diferentes? – perguntou Bryan interessado.
Quando Bellatrix estava prestes a amaldiçoar o rapaz, Voldemort se pôs entre os dois.
– Agora já chega! – disse com rispidez – Bryan, pode voltar para o armário, você já fez muito hoje. Bella, sente-se.
Quando se virou para fechar a porta do armário, Bryan apontou para os sapatos de Bellatrix com uma cara de espanto, mas ela não percebeu isso.
– E então, Voldy? Como vão ficar os uniformes e as mascaras?
– Já que você faz tanta questão, pode ficar com o seu uniforme antigo. Agora, se era apenas isso...
– Na verdade não era – interrompeu Bellatrix – Eu também quero saber se você tem alguma relação com o desaparecimento da Hillary Watson. Ela era minha amiga, além de eu ser uma das suas clientes.
– É claro que não! Eu também era cliente dela! Como você acha que eu consigo esse tom de pele branco e sem vida? Muito cosmético.
– Mas, se não foi você, quem foi?
– Se você quer mesmo saber, eu acho que quem está controlando os pufosos mutantes são os...

Harrycliffe acordou com um som muito alto, e logo reconheceu uma música de que gostava muito.

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