Quadribol



“...My loneliness is killing me
I must confess I still believe
When I'm not with you I lose my mind
Give me a sign
Hit me baby one more time..."

Como ele podia ter esquecido? Hoje era o dia do jogo de quadribol contra a Sonserina. Hemmaione já estava ensaiando as animadoras de torcida da Grifinória na Sala Comunal. Harrycliffe levantou, tomou banho, se maquiou depressa e foi ver o ensaio liderado pela amiga.
Umas quinze meninas com saias douradas muito curtas em diferentes tons de vermelho sacudiam pompons alegremente ao som de "Baby One More Time" da famosa cantora, atriz, modelo, apresentadora, ex-BBB e dona de uma transportadora de bruxos, Britney Spears.
Harrycliffe estava impressionado com as meninas, demorou pra ver Runpert sentado num canto olhando para Hemmaione com uma expressão de incredulidade.
– E aí, Runpert, o que você achou do ensaio? – perguntou Hemmaione visivelmente cansada.
– Você não vai quere saber. Ah! Oi, Harrycliffe! – saudou Runpert ao ver o menino da cicatriz viajante se aproximando.
– Eu preciso falar com vocês.
– Tudo bem – responderam Runpert e Hemmaione juntos.
Os três amigos saíram pelo buraco do retrato da Mulher Gor... quer dizer, pelo buraco da Pamela Anderson. Como a mesinha da Grifinória já não existia mais, eles resolveram se dirigir à biblioteca.
– Então, Harrycliffe, o que foi? – perguntou Hemmaione.
Harrycliffe contou o sonho estranho que ele tinha tido na noite anterior.
– Quer dizer que Voldemort não está por trás disso tudo? – perguntou Runpert – Então quem será?
– Eu não sei, quando Voldemort ia falar quem ele achava que era, eu acordei.
– Será que aquela caixa tem algo a ver com isso? – indagou Hemmaione.
– Que caixa?
– A caixa que você recebeu ontem no almoço e que partiu a mesinha da Grifinória! – explicou Runpert.
Harrycliffe tinha esquecido completamente da caixa com a confusão gerada por Gina no Grande Salão.
– Está lá no meu quarto, vamos.
Harrycliffe, Runpert e Hemmaione voltaram para a Sala Comunal da Grifinória, encontrando Pamela Anderson deitada de pernas abertas em seu sofá dentro do quadro.
– Senha, please! – pediu ela languidamente, acariciando os seios e estufando os lábios.
– Brasileirinhas – respondeu Runpert e o buraco se abriu imediatamente.
Os três correram para o dormitório dos meninos pela escada de caracol. A caixa estava em baixo da cama. Harrycliffe, exibindo seus músculos, partiu a tampa de madeira com um só golpe, derrubando seu conteúdo em cima da cama. Eram folhetos de papel.
– O que é isso? – perguntou Hemmaione enquanto pegava um dos papéis.
– São propagandas de cursos de teatro – disse Harrycliffe examinando os folhetos também – Mas por que eu precisaria de cursos de teatro e artes cênicas?
– Você tem certeza que não sabe? – perguntou Runpert com um sorriso no canto da boca.
– Tenho! Eu não sei por que eu precisaria de um desses cursos. Tem até uns mais curtos que são de graça. E isso parece... olha! Eu ganhei uma bolsa. Que estranho!
Eles ficaram lá durante certo tempo examinando a encomenda de Harrycliffe, mas a única coisa diferente que eles viram foi um enorme "F" branco no fundo da caixa.
– O que será que significa? – perguntou Hemmaione.
– Eu não sei, mas é melhor nós nos arrumarmos, Harrycliffe. E você também Hemmaione, o quadribol vai começar daqui a pouco. Vamos logo para o campo.

AVISO: Por motivos de contenção de despesas e por um roteiro mal adaptado, a cena de quadribol foi cortada.

– Nossa! Quase que nós não conseguimos ganhar essa! – disse Runpert enquanto tomava um gole de cerveja amanteigada.
– Não seja modesto, Runpert, você foi sensacional – disse Hemmaione chegando muito perto do rosto de Runpert e segurando a mão do garoto – Você é um jogador de quadribol realmente muito bom.
Runpert sentiu o seu rosto muito quente.
– O-o-o-o-bri-i-i, obri..., obrigado, Maione.
Runpert parecia um tomate, de tão vermelho.
Harrycliffe chegou naquele mesmo instante trazendo uma grande tigela de bolos e doces que ele tinha roubado da cozinha.
– Você foi muito bem hoje, Runpert! – disse ele enquanto dava palmadinhas nas costas do amigo.
A festa foi noite adentro na Sala Comunal da Grifinória. Nigel era o mais animado, já tinha gastado todo o seu estoque de fogos filibusteiros comprados na Zonko's, mas Harrycliffe não conseguia afastar da cabeça os estranhos acontecimentos daquele dia, que começou com o estranho sonho que tivera com Voldemort e Bellatrix, e terminou com a caixa que continha propagandas de cursos de teatro.
– Vou dormir – disse a Runpert e Hemmaione.
– Ah, já? Nós vamos ficar mais um pouco – disse Hemmaione sorrindo e lançando um olhar penetrante sobre Runpert.
Harrycliffe sacudiu a cabeça, achou que estava vendo coisas.
– Ah, certo, até amanhã então.
Harrycliffe subiu os degraus de pedra da escada de caracol e entrou no dormitório, que estava vazio. Colocou o seu pijama de seda chinesa tecida pelas lagartas mágicas de YuchoHuan, e foi deitar.
Havia algo em cima da sua cama, era uma pasta preta. Ele abriu a pasta rapidamente, dentro havia um envelope que Harrycliffe abriu também, encontrando um bilhete que dizia em letras brancas em um papel grosso e preto:

Se quiser saber o que está acontecendo, nos encontre no jardim, 01:00h da manhã em ponto. Vá sozinho.

Quem teria enviado aquilo? Harrycliffe não sabia o que fazer.
Ele passou muito tempo no quarto pensando se devia ou não contar para Runpert e Hemmaione sobre o bilhete. Harrycliffe decidiu que se alguém deveria saber sobre isso, então que fossem os dois.
Ele abriu as cortinas de sua cama e olhou para os lados, Runpert ainda não estava lá. Harrycliffe calçou as suas pantufas de pelúcia branca em forma de cavalo e desceu para a Sala Comunal.
– Abre a boca que agora eu vou enfiar com tudo!
Harrycliffe sentiu-se incapaz de fazer algum movimento. Acabara de ouvir a voz do seu amigo, Runpert. O que ele estaria fazendo?
– Ai, Run! – Harrycliffe ouviu Hemmaione dizer – Eu nuca fiz isso antes, tem certeza que não vai espirrar nada gosmento na minha boca?
– Se você fizer com jeitinho não vai acontecer nada que você não queira.
Harrycliffe estava muito aturdido, simplesmente não conseguia acreditar no que ouvia.
Ele foi se aproximando lenta e silenciosamente do local de onde vinham as vozes, deparando-se com as costas de Runpert. Na frente do amigo, Harrycliffe viu Hemmaione ajoelhada. A garota parecia estar segurando alguma coisa com as duas mãos.
– Hum! – fez Hemmaione como se estivesse com a boca cheia de alguma coisa – Run! Você prometeu que não ia espirrar nada na minha boca!
– Foi mal, Maione, eu sempre brinquei disso com Fred e Jorge, mas nunca me sujei assim.
– Você brincava disso com seus irmãos? – perguntou Hemmaione incrédula.
– Claro! Eles que me ensinaram! Se você morde o pãozinho com muita força ele explode na sua boca e te mela todo de creme. Tem uns de gostos horríveis!
– Run! Você não me explicou isso!
Hemmaione levantou-se e atirou o resto do seu pãozinho de creme na lareira, limpando a camisola cor-de-rosa com a ponta da varinha.
– Harrycliffe! – disse Hemmaione assustada – Eu não sabia que você estava aí! Eu e o Runpert ficamos conversando e nem nos demos conta da hora.
– Você está bem? – perguntou Runpert encabulado – Queria falar alguma coisa?
Harrycliffe mostrou o bilhete que recebera aos amigos.
– Que estranho! Você também recebeu isso? – perguntou Hemmaione – Eu pensei que só as meninas tivessem ganhado.
– Quê? Quer dizer que eu não sou o único? – Harrycliffe estava cada vez mais confuso – E o que você quer dizer com só as meninas ganharem?
– Harrycliffe, isto é uma propaganda da revista feminina Fazendo a Diferença. Ela é uma espécie de versão mais esculachada do Pasquim. Só tem mentiras, eles mal se decidem sobre o assunto que escrevem, falam sobre coisas aleatórias, desde escândalos sexuais envolvendo bruxos travestis que participam do programa da Bruxeana Gimenez até notícias sobre os últimos ganhadores do prêmio da Ordem de Merlin. Por isso eles acham que sabem de tudo.
– Mas porque eles dizem para eu descer a uma da manhã?
– Essa é a hora em que o feitiço anti-aparatação da escola se enfraquece.
Harrycliffe ainda não parecia muito convencido da história da revista.
– Olha! – disse Runpert – Tem algo escrito no verso do seu folheto.
Harrycliffe virou o folheto e leu a segunda parte da mensagem:

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Finalmente Harrycliffe se convenceu e subiu novamente para o dormitório. Por alguma razão ele sentiu que Runpert e Hemmaione queriam muito ficar sozinhos.

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