Começando a melhorar



Cap 13:Começando a melhorar

Dia 23 de novembro. Draco ainda não saíra do seu quarto. Talvez não saísse por pura vergonha ou por se sentir culpado. Tom, o visitou inúmeras vezes. Dizia que vinha por causa de Gina. Mas Draco não pensava que ela teria toda essa bondade.

O tapa que a ruiva lhe dera, fora como um banho de água fria. Ele simplesmente acordou. Parou de falar besteiras e ficou lá, na adega, parado olhando para o nada. Mal escutou Tom falando que teria que se apoiar nele.

Apenas foi para o seu quarto. A noite, antes uma criança, tampouco era mais. Sete horas da manhã e Draco Malfoy ainda estava lá. Olhando para a janela distraidamente, sem nenhuma vontade de comer, sem nenhuma vontade de se mover.

Draco lá, olhando para a janela,como se esperasse que a mesma a explicasse porque agia daquele jeito,não viu que a porta do seu quarto abrira. Escutara um breve pigarro, Draco já imaginara que era e apenas disse:

-Tom, eu já disse que eu não irei descer e se você vir aqui mais uma vez...poxa, você veio ver se eu estava bem de meia em meia hora!E ainda deu a horrível desculpa que a Weasley que o mandou!-falou Draco, ainda olhando para a janela,a dor de cabeça que estava sentindo era enorme.

-Mas quem disse que é uma mentira, Malfoy?-falou a ruiva.

***

Estivera preocupada. Tom lhe dissera que Malfoy ainda não dormira. Tudo bem, que depois de ir para o seu quarto, quando Draco teve a recaída eram mais ou menos dez horas da noite, ficou um longo tempo pensando. Tom trouxera as chaves da adega e Gina a guardou na gaveta da penteadeira que tinha no quarto.

Mesmo quando escutou as doze badaladas, mesmo com o enorme desejo de dormir, Gina não conseguia dormir. Não conseguia parar de pensar no que o loiro dissera. Não conseguira parar de pensar no loiro.

E ainda pensando nele, Gina resolveu que mandaria Tom o ver a cada meia hora. Sim, ela estava descontando tudo em Tom. Estava pedindo uma coisa, que ela mesma teria que fazer, Gina se culpava. A culpa a estava dominando. ¿Bem cedinho eu vou falar com Draco¿ pensou a ruiva, mas antes que repousasse pela milésima vez a cabeça no travesseiro percebeu o que falara. O chamara pelo nome ¿Por céus! Por que eu não o chamo mais de Malfoy? Por que eu preciso chamá-lo de Draco?¿ essas perguntas ficariam na mente de Gina por um longo tempo.

***

-Gin... Weasley? O que faz aqui? Veio bater em mim novamente?-falou Draco, a mesma voz arrastada.

-Não, Malfoy. Vim apenas porque eu... eu realmente... eu realmente estou...-falava a ruiva, mas por diabos! Por que estava gaguejando daquela forma? Por que mais parecia uma adolescente do que uma adulta?

-Você está...-disse Draco tentando ajudá-la de alguma maneira. Ele estava ansioso. Só de ver a ruiva ali perto dele, tudo bem que estavam numa distância consideravelmente grande enquanto Draco estava lá, sentando no peitoril da janela, Gina estava ali num canto, perto da porta. Mais ou menos um metro. Draco pouco pensou, mas quando viu já estava em pé e estava andando até ela.-Por que você não fala de uma vez?-falou Draco e quando se deu por si, estava mexendo nos longos cabelos de Gina.

-Malfoy... eu estava dizendo...oh, por diabos! O que eu estava dizendo mesmo?-disse Gina, ela estava parecendo um pimentão.A rosto em chamas, as orelhas também.Olhava para a mão de Malfoy. Mas por incrível que pareça ela não gritou no ouvido dele. Pouco esperneou ao sentir a mão fria dele no seu rosto. Mas antes que a outra mão de Draco pousasse no seu rosto, alguém bate na porta. Draco frustrado tira a mão do rosto de Gina e apenas murmura:

-Entre.

-O senhor deve estar com fome, na verdade eu sei o que o senhor precisa.-disse Tom entregando uma bela bandeja cheia de frutas,torradas, pães e um enorme bule de café. Tom finalmente reparou em Gina e disse- Senhorita, você quer tomar o café aqui? Ou prefere no seu quarto?

-Farei companhia ao senhor Malfoy.-sibilou Gina.

-Ótimo, irei pegar uma xícara para a senhorita. Acho que essa bandeja dá para os dois não? Se você acha que não eu irei pegar mais algumas coisas.-falou Tom se oferecendo.

Gina sorriu e disse:

-Acho que não será preciso. O senhor Malfoy poderá dividir comigo. Ou não irá, Malfoy?

-Irei sim.-falou Draco com polidez.

-Ótimo. Então irei pegar a xícara.-disse Tom saindo do quarto. Longe das vistas de Draco e de Gina, o mordomo deu um ligeiro sorriso e foi até a cozinha.

***********

Quase um mês se passara desde o pequeno ¿atentado¿, sim, Gina preferia chamar aquela aproximação, mais do que rápida e letal de um atentado. Um sério atentado aos seus sentimentos.

Não era só a tentação de querer que Malfoy ficasse perto de si, não era só a ligeira sensação de arrepio quando ele falava o seu nome. Um único, e horrível, sentimento dominava a ruiva nesses momentos. O sentimento de culpa.

Pensava que estava traindo Harry novamente, prometera a si mesma que nunca apaixonaria por ninguém. Prometera que amaria Harry eternamente. Gina agora sentia que aquela promessa fora quebrada.

Para sempre.

***

Draco naquele momento estava mais do que confuso! Onde já se viu se aproximar de uma Weasley? Onde já se viu quase encostar os lábios nos dela?

-Será que ela retribuiria? Será que, se eu a beijasse, ela gostaria? Será que ela não bateria em mim?-sussurrava Draco. Estava no seu quarto, estava distraído, sentado numa cadeira e começou a mexer na escrivaninha. Tom acabara arrumando o quarto, então às vezes sentia falta das poucas roupas que trouxera.

Vasculhando a escrivaninha, ele notou um pedaço de pergaminho, Lembrou-se do primeiro dia que estivera na clínica, lembrou-se dos dois pergaminhos que estavam na sua mala. O primeiro que abriu era uma carta de sua mãe. Da terrível Narcisa Black confessando que amava por demais o seu pai.

Agora, com a curiosidade em chamas resolveu abrir a carta, pode ver uma sofisticada letra.

-Por que diabos meu pai escreveria para mim?-sussurrou Draco novamente. A curiosidade tomava conta dele. Sem pensar desenrolou e começou a ler:

¿Draco,

Eu sei que você deve estar pensando. Por que diabos eu escreveria para você? Por que diabos eu não lacrara essa carta magicamente, como sempre fiz enquanto você estava em Hogwarts?

Porque eu não tenho mais tempo, meu filho, essa é a causa. Seu pai traiu o nosso Lord, seu pai traiu de uma maneira que a única forma de ressarcir a minha tolice é a morte.

Quando você achar essa carta provavelmente será tarde demais. Provavelmente já me achaiam. Você não pode acreditar meu filho, mas estando aqui, na Casa dos Gritos, escrevendo essa carta, eu só consigo pensar na maior besteira que eu fiz. Na maior besteira que te meti, e meti a sua mãe.

Você deve estar se ardendo de curiosidade para saber o por quê do nosso Lord estar tão furioso comigo não é?

Eu lhe digo. Eu tinha uma única missão, a missão de matar toda a família Weasley.Um de nossos espiões soube que no dia 31 de julho seria o aniversário do Potter, e o melhor seria na casa dos Weasley.

Não pude perder essa brilhante oportunidade, a maioria dos comensais foi até a imunda casa dos amantes de trouxas, tudo estava aparentemente calmo, mas podíamos perceber que na casa tinha um clima de felicidade, de esperança que essa guerra logo acabasse.

Aquele pelo que pude perceber era o 18º aniversário de Potter, ótima oportunidade de matá-lo também não é? Mas não, o Lord queria matá-lo pessoalmente. Queria ver o Potter sofrer. Queria ver o Potter morto nas suas mãos.

Invadimos a casa. Todos olhavam estupefatos para mim. Não pensamos nem duas vezes, eu dei a minha única ordem, a única ordem que eu nunca deveria ter dado. Deveria estar calado, quando eu disse: Mate todos! Menos o Potter.

Os duelos começaram. Eu resolvi começar pelo patriarca, comecei a duelar com Arthur Weasley, o amante de trouxas, o pobretão. Ele não ousava muito, não usou a maldição Cruciatus em mim, apenas tentava em vão me estuporar. Quando eu finalmente consegui desarmá-lo, apenas disse o Avada Kedrava. Arthur Weasley jazia ali, morto, o mesmo olhar assustado. O mesmo olhar que provavelmente eu terei quando me acharem.

Escutei um grito, percebi que muitos pararam, vendo que continuavam atônitos, dei a minha segunda ordem: o que estão esperando! Vocês não conseguiram matar ninguém até agora! Quero a família Weasley fazendo companhia para o patriarca!Além de fazer companhia a Percy Weasley.

Nesse momento eu escutei um único berro, mas parecia um urro, um urro de frustração. Era a caçula dos Weasley. Os olhos em chamas, os olhos inconformados, não permitindo nenhuma lágrima. Comecei a insultá-la, comecei a dizer que ela não conseguiria lutar comigo.

Nesse momento não sei de que maneira, tudo parou. Todas as lutas ficaram congeladas no tempo. Eu olhava para tudo aquilo super assustado. A primeira coisa que eu pensei foi que a Weasley tinha feito isso. Mas não, não era possível, afinal ela também estava congelada no tempo.

Foi aí que eu a vi, eu vi, por Merlin, Lílian Potter, os mesmos cabelos ruivos, os mesmos olhos do cicatriz. Os olhos que eu pensei ter amado desde os primeiros momentos que a vi.

-Lily...-eu sussurrei, eu disse tentando pegar na mão dela. Tentava de algum modo segurar a mão dela. Tentava de algum modo a abraçá-la além de pedi-la que falasse para mim que eu não estava enrascado.

-Vejo que você lembra de mim, Lúcio.-falou Lily, por Merlin, era ela, Draco! Era a mesma voz doce que fazia eu sonhar todas as noites. ¿E vejo agora o que você se transformou.-falou Lily e eu senti, eu senti o sofrimento, a tristeza que ela estava sentindo.- Lúcio, eu peço, pela ordem divina que não mate mais ninguém, que não deixe que matem mais ninguém dessa família. Peço por Deus que você não mate a senhorita Weasley, afinal ela será muito importante para o seu filho.Importante até demais.

-Lily, eu... eu não, eu tenho que matá-la! Essa é a minha missão! Eu vivo por causa disso!-eu dizia e pela primeira vez eu estava chorando. Chorando de puro desespero, de pura emoção. ¿Eu não posso fazer isso, Lily. Vão me matar.

-Se te matarem pelo menos, você sabe que o seu filho estará salvo, Lúcio. Você saberá que ele estará salvo. Eu não posso mais conversar com você. Cumpra o que eu disse. Fuja daqui. Está nas suas mãos. Vou esperar dez segundos.-disse Lily.

Eu estava numa encruzilhada. Ou eu matava a caçula dos Weasley, e provavelmente seria preso ou eu fugia dali e seria morto pelo Lord, mas não sei o por quê fiquei tentado com a segunda opção. Fiquei tentado em fugir para sempre. Fiquei tentado em não matar mais ninguém.

Decidi, não mataria a caçula. Desapareceria daquele lugar. Falei a minha decisão para Lily, ela concordou com um simples sorriso. Ah, eu nunca esquecerei aquele sorriso, Draco!

Eu fugi e cá estou, não tenho mais tempo. Escutei passos no andar de baixo. Não agüento mais fugir.

Termino essa carta.

Ass: Lúcio Malfoy¿

Draco olhava para aquela carta estupefato. Não acreditava que os seus pais tinham escrito. Na primeira Narcisa dizia que o amava e amava seu pai, na segunda, seu pai diz que era apaixonado por Lílian Potter, dizia também que Lílian Potter aparecera para ele e que o impedira de matar a Weasley.A mesma Weasley que ele quase beijara a quase um mês atrás.

Por Merlin! O que faria agora?

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