Capítulo Quatro



Se Ginny havia pensado que a simples viagem até o campo de batalha fora uma tortura, os acontecimentos que se sucederam após isso fora um pesadelo completo.

Assim que ela sentou-se no banco da carruagem, as enfermeiras – assim como a anciã que a alistara – reconheceram imediatamente que ela não era uma camponesa. Ginny Weasley era muito delicada e falava muito corretamente para ser uma simples camponesa.

Então, o inferno estava armado; Insultos e provocações das camponesas voaram de um lado para o outro, batendo contra os ouvidos da jovem, que permaneceu em silêncio por todo o trajeto.

A pior delas era uma mulher com os cabelos castanhos, olhos azuis e também inacreditavelmente gorducha, na opinião de Ginny. Ela não se importava literalmente com o que Ginny possivelmente iria falar, e parecia tampouco se importar em não ser nada polida. Simplesmente humilhava a jovem com palavras duras e escarnecedoras, pelo simples prazer de fazê-lo.

A anciã que a alistara estava ao lado de uma outra mulher, em silêncio, mas seus olhos analisavam Ginny, como quem esperava que ela revelasse a mulher ousada que revelara no bar.

Para a velha, esse fora um dos maiores motivos de alistar a garota; estavam precisando de mulheres ousadas, e Ginny demonstrara garra suficiente para merecê-lo, mesmo não demonstrando saber nada sobre como curar pessoas.

E também, ela alertara a garota que as provocações provavelmente surgiriam, tendo em vista a inveja e a bronca de garotas da nobreza.

Mas Ginny não se defendera por um minuto sequer, até o presente momento. Deixou que as mulheres zombassem e escarnecessem sua pessoa.

Mas nenhuma delas percebeu que o pescoço da garota estava ligeiramente avermelhado, coisa que apenas a anciã notara. Seria um sinal de aborrecimento ou simplesmente... Vergonha?

A mulher pareceu descobrir, quando a gorducha usara a cartada final.

Ela estendeu sua mão calejada e apanhou a de Ginny, erguendo-a a vista de todas as mulheres dentro da carruagem.

- Vejam estas mãos; tão macias quanto um travesseiro de plumas. Duvido muito que tenha tocado no trabalho. – a mulher riu histericamente. – Duvido que haja utilidade aqui.

- Fora! Fora! – gritou uma outra enfermeira, fazendo um gesto teatral de quem lhe atirava tomates.

Aquela fora a gota d’água para a jovem.

Não era somente o pescoço, mas todo o rosto estava tonalizado de vermelho, assim como seus cabelos flamejantes, lhe dando a aparência de uma brasa pura. Os olhos amendoados estavam cerrados.

Com grosseria, arrancou sua mão de perto da mão gorducha da mulher e a fitou por um longo momento, antes de replicar maldosamente:

- Quando olho para você, me pergunto se conseguirá fôlego o suficiente para carregar seu corpo e cuidar dos pacientes, mas nem por isso tento humilha-la na frente de todas as outras mulheres. Então por favor, deixe-me em paz.

A gorducha arregalou os olhos e soltou um guincho ofendido.

- Como ousa? – gritou. A anciã sorriu brevemente. A garota parecia estar aprendendo que naquele meio, não se era medido pela educação e o dinheiro, e sim por mostrar que você merecia o respeito e até mesmo, a amizade.

Ginny arqueou uma sobrancelha e respondeu num modo nada feminino:

- Quando uma pessoa me ofende, julgo-me no direito de fazer o mesmo. Então, se não quiser que eu lhe chame de saco de batatas, pare de me atormentar.

A mulher anciã sorriu aprovando a resposta da jovem, mas as outras camponesas apenas ficaram mais furiosas com Ginny.

Ginny por sua vez parecia não se importar mais com o que às enfermeiras iriam pensar a seu respeito. Sua expressão estava endurecida e ela mostrava claramente que, se as camponesas quisessem entrar em uma briga com ela, ela assim o faria.

- Você é tão arrogante como qualquer menina nobre. Não tem capacidade para estar aqui! – disse-lhe a mulher que fizera o gesto dos tomates. Ginny cerrou os olhos.

- E você fala de mais e faz o de menos. Acha que vai ser assim que vai salvar vidas? – rebateu erguendo o queixo de supetão.

A guerra para ela estava declarada. Tanto que, logo que chegaram, as mulheres fizeram o impossível para que Ginny ficasse completamente desolada.

Mas as provocações não pararam por aí. Enquanto os homens que as acompanharam armavam as tendas para as enfermeiras cuidarem dos soldados – que logo cortariam caminho para lá. -, as camponesas travaram um jogo, com o qual terminou com Ginny tendo sua malinha aberta e suas camisetas jogadas no lamaçal próximo.

A jovem sentiu os olhos arderem pelas lágrimas que tentaram sair em vão.

Ela estava furiosa o suficiente para que esquecesse que queria chorar, e erguendo uma camiseta completamente suja para a enfermeira que causou o maior dano, abrindo sua malinha, disparou:

- Você acha isso simplesmente engraçado? – ela gritou. O corpo estava tão sujo quanto à camiseta a que ela defendia. A camponesa, uma mulher com os cabelos curtos e negros, sorriu debochada.

- Se estou rindo, acha que não me divirto?

A mulher soltou um guincho indignado quando viu uma bola de lama cair sobre sua cabeça, e outra cair exatamente em sua roupa branca de enfermeira, impecável.

As outras mulheres olharam furiosas para Ginny, que agora tinha as mãos sujas pela lama que jogou.

A enfermeira anciã, quando saiu de sua tenda, deparou-se com a lastimável cena de duas mulheres mais Ginny rolando em plena briga na lama.

- Já basta! – a mulher gritou. Os cabelos vermelhos de Ginny estavam tão sujos de lama que já nem pareciam mais rubros. A lama pingava em seu queixo. – Já basta! – repetiu. – Estamos aqui para ajudar e salvar pessoas, não para deixarmos claro nossas intrigas com nobres!

- Ela é nobre! – gritou uma das mulheres que passara o tempo brigando com Ginny.

- Não importa! Se ela está aqui nos ajudando, trate-a como igual. E você – indicou Ginny. – Venha comigo, tenho que lhe dizer uma palavra. E enquanto isso vocês limpem-se porque os primeiros feridos estão chegando.

Ginny tentou limpar o rosto com as mãos, sujando-os mais ainda e acompanhou a mulher, até que entrasse na tenda. Havia um biombo de um lado, com algumas roupas penduradas e uma cama improvisada.

- Como lhe disse, irei lhe ensinar como cuidar dos feridos. Para isso, quero que fique todo o tempo ao meu lado, observando. Já reparei que é observadora e aprende ao ver como as pessoas ao seu redor fazem, mesmo não aprovando a atitude agora a pouco vista. – repreendeu-a. – Irei pedir para que me ajude, e quando achar que já está pronta o suficiente para cuidar sozinha e ditar ordens, assim o fará.

Ginny assentiu.

- E também quero saber se você realmente se acha capaz disso. Porque, se não o for, lhe darei a chance de ir embora ainda hoje.

Ginny evitou demonstrar o quanto se sentiu ofendida com tal comentário.

- Estou aqui, não estou? É claro que me sinto capaz de realizar tal tarefa.

- Até mesmo se for algum conhecido seu que você ver? Até mesmo se esse seu conhecido morrer e o padre tiver que rezar por sua alma?

Ginny piscou e respondeu com convicção, embora não estivesse com tanta convicção assim:

- É claro.

No meio da madrugada então, os primeiros homens feridos chegaram.

Era um estado catastrófico, e embora a jovem já tivesse lido o estados dos homens nas cartas que seu pai recebia, ela nunca conseguia imaginar o tamanho que tais palavras significavam. De todos que vinham apenas um deles estava lúcido. Todos os outros ou estavam inconscientes ou já beiravam à loucura.

E para o seu desespero, um destes era seu irmão.

Quando viu os soldados encarregados de trazer os feridos trazer mais um homem, ela tentou prestar serviço e ajuda-los, mas suas mãos tremeram no exato minuto em que reconheceu a fisionomia de seu irmão mais velho e os cabelos vermelhos como os dela – embora não fosse possível percebe-los, já que estavam muito bem presos e escondidos pela boina.

Ela não podia demonstrar que o conhecia tampouco que seus olhos embargaram ao ver o estado miserável em que seu irmão se encontrava. Inspirou profundamente e ajudou os soldados a colocar o irmão em uma das macas. Seu irmão tremia, e estava sujo de sangue por todos os lados.

Ginny virou-se para buscar a bacia com água morna enquanto ditava para uma das mulheres chamarem a anciã quando escutou uma voz as suas costas a chamar:

- Enfermeira.

Ela virou-se e sentiu vontade de recuar um passo ao ver o soldado que a chamava.

O soldado parecia um ogro. Sua voz era horrivelmente dura e de quem ditava ordens para as mulheres, como se elas não estivesse fazendo nada além de sua obrigação como ser inferior. Os cabelos eram platinados e compridos, e seu rosto mesmo sendo pontudo, suas expressões era todas sérias e assustadoras. Seus olhos cinza perfuraram a jovem. Ele também era alto demais para ser um simples soldado, ela pensou. O homem poderia ser comparado com um ogro, sim... Facilmente.

Ginny estava tão amedrontada pelo fato de seu irmão estar beirando a morte, que se esqueceu de que deveria também ser durona, pelo fato de que tinha que cuidar dos feridos.

- Sim? – perguntou timidamente.

- O homem deitado é Charles Weasley. – ele frisou. – O novo comandante exige que ele seja cuidado por Amélia em todos os momentos, por dizer que ela é a única mulher digna para salvar sua vida. Diz também para que diga que este homem em hipótese alguma mereça a morte. E diz que já deram um enterro digno ao comandante antigo.

- Ela fará tudo para que ele sobreviva. – Ginny assentiu. Estava quase pronta para dizer “E eu também, ele é meu irmão!”, mas limitou-se a dar as costas para o homem horrível e seguiu caminho para a tenda da anciã, enquanto uma das outras enfermeiras já traziam a bacia com água morna e vários panos brancos.

- Amélia! – ela chamou a anciã, tentando conter ao máximo sua voz desesperada. – Existe um homem ferido em que o comandante exige que receba seus cuidados.

A mulher saiu com uma sobrancelha erguida, mas apressada até a jovem.

- O comandante? O comandante está morto, menina. Acabei de ser avisada disso.

Tentando entender o que acontecia, a mulher saiu da tenda e encarou o soldado loiro com um ar de supetão. Depois lhe perguntou quem era o novo comandante, e o homem limitou-se a resmungar alguma coisa que Ginny não entendeu.

A mulher permaneceu um tempo em silêncio, antes de assentir com a cabeça e dizer num tom de voz enérgico:

- Compreendo. Nem eu acredito que Charles mereça a morte. Agora se não está ferido, por favor, saia da tenda.

O homem franziu o cenho e, contrariado, saiu. Amélia chamou Ginny. A jovem se apressou e parou ao lado da mulher.

- Sei que ele é seu irmão. – a mulher respondeu em um tom baixo quando estendeu um pano úmido para que Ginny colocasse sobre a testa do homem. – E estou satisfeita que não está desesperada.

Ginny por sua vez ficou satisfeita que ocultasse tão bem seu desespero.

Sua maior vontade era desmaiar.

Os cuidados para com seu irmão foram muito complicados, mas, por fim, Amélia assegurava satisfeita que o homem iria sobreviver. Charles Weasley, agora com o rosto limpo e com o corpo costurado e com ataduras por toda a parte, descansava serenamente em seu leito. A anciã olhou para os cantos para averiguar se tudo estava indo bem.

Os dias passaram e Ginny ia assumindo os cuidados e tendo as intuições certas com muita facilidade. Amélia estava assombrada como a jovem aprendera tão rápido como cuidar dos soldados e também notou que as outras enfermeiras agora haviam se despido da mascara de arrogância e ajudavam Ginny, e até obedeciam a suas ordens.

Sem duvida, Ginny havia se tornado com facilidade uma das melhores enfermeiras daquele lugar.

Em uma das noites que parecia estar tudo tranqüilo, Ginny largou-se no gramado junto com as outras enfermeiras e limpou o rosto cheio de suor. Sentia como se o seu corpo tivesse sido esmagado, e alguns fios vermelhos estavam grudados na face cheia de suor.

Uma das mulheres lhe estendeu uma garrafa e Ginny arqueou uma sobrancelha.

- O que é isso?

- Cerveja. – uma das enfermeiras lhe disse. – Afanamos algumas no bar antes de viajarmos.

Ginny pegou a garrafa, mas não a bebeu.

- Amélia provavelmente acabará com vocês se descobrir isso.

A enfermeira gorducha que Ginny discutira o primeiro dia balançou uma das mãos displicentemente.

- Ela não saberá, a menos que você conte.

A jovem sorriu como uma criança travessa.

- Não contarei.

- Você não vai beber?

As maças do rosto dela ficaram levemente rosadas.

- Nunca bebi.

As mulheres riram. Até Ginny sorriu.

- É de se esperar, vindo da nobreza. – a mulher provocou. – Você não sabe os prazeres da vida. Bom, existe uma primeira vez para tudo. Apenas não beba demais, ou é provável que você não esteja depois em condições de cuidar de mais ninguém, caso Amélia peça.

- Ou você acordará com uma dor de cabeça horrível na manhã seguinte. – sugeriu uma outra.

Ginny assentiu e olhou para o céu negro. Estava salpicado de estrelas e agradavelmente silencioso. Suspirando, segurou a garrafa e tomou um gole.

Ginny cuspiu todo o conteúdo em sua boca e fez uma careta de nojo. As enfermeiras riram.

- Como vocês podem gostar de uma coisa dessas? – perguntou com a voz fraquinha. – Isso é horrível.

As mulheres gargalhavam.

- É que você não está acostumada. Não é educado nós bebermos, também. Mas crescendo onde crescemos, sempre víamos nossos pais se embebedarem com seus amigos, e como crescemos todas juntas, uma ou outra sempre surrupiava alguma garrafa para experimentar.

- E acaba viciando. – disse uma moça de cabelos castanhos, quase tão nova quanto Ginny.

Ginny ainda fazia caretas ante o gosto ruim da bebida em sua boca.

- Me admira que algo tão ruim vicie. – ela comentou, tirando a boina arrumando novamente os cabelos vermelhos. Uma das mulheres suspirou.

- Eu acho os seus cabelos tão bonitos. – ela comentou com os olhos brilhantes. – Um vermelho tão vivo, tão...

Ela não terminou a frase, porque outra enfermeira se aproximara de Ginny e perguntou em um tom de voz baixo:

- Soube que Charles Weasley é seu irmão.

Surpresa, Ginny voltou-se para a mulher.

- Como ficou sabendo disso, Mary?

A mulher enrubesceu.

- Ora. Eu consegui imaginar, visto que os cabelos têm a mesma tonalidade de cor. E também achei muito estranho que você evita ficar perto dele toda a vez que ele está acordado. Sequer fala com ele. Em compensação, quando ele dorme, você cuida dele com o maior carinho.

- Não existe apenas a minha família ruiva na Inglaterra. – Ginny comentou divertida. – Mas sim, ele é meu irmão. Mas duvido que me reconheça, ele não me vê desde os meus treze anos, e eu mudei muito.

- Por que você não quer dizer a ele que é sua irmã?

- De meus irmãos, Carlinhos, como eu o chamo, é quem mais obedece as ordens de meus pais. Vigorosamente – ela ressaltou. – Seria um escândalo para ele se soubesse que não estou trancada dentro de casa esperando pelo meu noivo.

As mulheres aproximaram-se para ouvir.

- Seu noivo é Harry Potter, não é?

Ginny assentiu.

- Acredito que ele nem vivo mais esteja. – a jovem balançou a cabeça. – E mesmo se estiver, duvido agora que ele queria se casar com uma rebelada. – ela sorriu marota ante a afirmação. Na verdade, ela esperava por isso.

- Todos sabem a historia do casamento. Você tinha seis anos quando soube que ia se casar.

- Na verdade, eu tinha doze. – Ginny arqueou uma sobrancelha, divertida.

- Mas no fim das contas, vocês só iriam se casar depois que ele voltasse da guerra.

- Duvido que ele volte. – Ginny deu de ombros. – E torço por isso. Não quero me casar. Mas de qualquer modo, repito: duvido que ele vá querer uma rebelada e – ela ergueu as mãos para a mulher gorducha que ouvia a historia atentamente. – com agora as mãos calejadas.

Todas as presentes riram.

- Os nobres esperam que a mulher seja ignorante e submissa. – Ginny comentou com aspereza. – Se ela não souber ler, melhor ainda. Seja uma esposa ignorante e cegamente fiel. E que lhe dê herdeiros.

- Os camponeses também esperam que suas esposas sejam submissas. – uma delas analisou.

- Mas vocês se casam por amor, não é?

- Nem sempre. – Mary comentou. Sentiu-se penalizada ante o sonho de que poderia existir amor da jovem.

Ginny piscou, mas voltou-se enérgica.

- Não serei submissa se for obrigada a me casar. Tampouco serei ignorante. Sei ler muito bem e estudei muito mais do que arte. E não me entregarei a Harry Potter, caso ele esteja vivo e me obrigue a me casar.

Ela se enrubesceu ao dizer aquilo em voz alta. Mary sorriu sonhadora a ela.

- Quando voltar para casa, John e eu iremos nos casar. Ele está na guerra, também, mas esteve se correspondendo comigo até que eu viesse para cá como enfermeira.

E Mary começou a contar de belos momentos em que Jonathan e ela passaram juntos. Seus olhos brilhavam de amor em ternura ao mencionar o nome do homem.

- Meus pais gostam dele e os dele gostam de mim. Vamos construir uma casa para nós e creio que depois disso nada poderá nos separar.

Ginny estava encantada com as palavras da enfermeira e sentiu que sorria abertamente.

- É tão lindo escutar o quanto você o ama. – ela sussurrou, antes de sorrir para Mary.

No mesmo segundo, Amélia apareceu correndo até as enfermeiras. Mary tratou de esconder as garrafas de cerveja.

- Não vamos poder descansar tão cedo! – ela anunciou. Parecia enérgica. – Mais uma demanda está chegando, e parece que o novo comandante foi ferido!

As mulheres levantaram-se, fatigadas. Ginny até suspirou, mas sabia que se precisavam dela, ela estaria ali.

- São em torno de quinze homens vindo para cá. Estou providenciando mais macas, enquanto os homens que já estão curados já estão rumando para a guerra. Ginevra – ela olhou para a jovem. – Você se encarregará do comandante.

Ginny arregalou os olhos, assustada.

- Mas, Amélia! Eu não estou preparada o suficiente para ditar para as outras enfermeiras o que trazer e... E cuidar sozinha. Eu apenas estou ajudando.

- Vamos, garota! – ela a calou freneticamente. – Você se tornou muito boa, e todas nos reconhecemos isto. Você não precisa mais ficar apenas no cargo de ajudante. Mary, você a ajudará.

A mulher assentiu. Uma enfermeira loira saiu correndo da tenda.

- Amélia, os homens feridos chegaram!

- Vamos, vamos, vamos! – gritou a mulher com as enfermeiras, que rumaram rapidamente para dentro da tenda.

Ginny arregaçou as mangas de seu uniforme branco e arrumou a boina branca, de modo para deixar seu cabelo muito bem coberto, em sinal de higiene. Viram que os soldados que trouxeram os homens feridos ainda estavam ali. Junto com eles, o homem loiro que Ginny vira uma vez também estava presente.

Ele adiantou-se para a jovem da mesma forma que antes, intimadora. Mas Ginny, já segura de si, ergueu o queixo para o homem e o fitou.

- Onde está Amélia, enfermeira?

- Estou aqui. – disse a mulher, postando-se ao lado de Ginny.

- O comandante precisa de seus cuidados urgente, ele foi atingido por um grupo de bárbaros.

- Minha enfermeira cuidará dele. Leve-a até seu leito. – e indicou Ginny para o homem.

- Você não me entendeu, mulher. Eu disse que ele precisa de cuidados urgentes e precisos. Não imagino que uma enfermeira novata consiga...

- Se eu a indiquei, é que não a julgo novata, Malfoy. – ela o cortou friamente. – E se quer o seu comandante vivo, leve a jovem para o leito dele imediatamente.

O homem franziu o cenho contrariado para a mulher.

- Você tem que cuidar dele. – ordenou. Ginny, cansada daquela conversa do homem, o enfrentou.

- Será que você pode me levar até onde colocou seu comandante ou terei de perguntar qual dos feridos é ele para os outros soldados?

O loiro lhe lançou um olhar intimador, que Ginny o sustentou. Ela não soube dizer se ele havia desistido ou se ela havia ganhado, mas ele virou-se e disse:

- Siga-me.

Todas as enfermeiras já estavam prestando socorros para outros homens, e somente quando Ginny passou o leito do irmão – que olhava aturdido para todos os lados, por tamanha a confusão que estava o local – que o loiro fora apontar para o leito em que Ginny deveria estar.

- Ele está muito mau. – o homem olhava para Ginny como quem tentasse intimida-la para desistir. – Se você o matar... – ele rosnou. Ginny ergueu um dedo para ele.

O homem espantou-se. O olhar bravo que ela lhe lançava poderia ser digno de um general.

- Eu não vou matá-lo. Sou uma enfermeira. E o senhor está me atrapalhando, saia da minha frente.

O loiro estava surpreso. A mulher era uma formosura. Tinha os olhos mais bonitos que ele já havia visto. A pele era alva e seu nariz tinha poucas, mas perceptíveis sardas.

E mandona como o diabo. Malfoy saiu da tenda, contrariado.

Se ela tivesse tal garra para salvar as pessoas, o comandante estaria salvo.

Continua...

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