Prólogo



Prólogo

A garotinha de doze anos levantou o vestido ainda aberto nas costas e correu até de frente para o espelho de seu luxuoso quarto e observou sua imagem refletida. O vestido dourado com alguns detalhes em prata fazia um magnífico contraste com seus cabelos cor de fogo, que ainda estavam soltos e caiam como uma cascata ruiva pelas suas costas.

Senhorita Weasley, se você continuar correndo de um lado para o outro, não conseguirei fechar o seu vestido. – disse uma de suas empregadas, com um olhar severo para a criança.

-Estou horrível. – a garotinha suspirou. A mulher arqueou uma sobrancelha.

-Não consigo entender porque a senhorita acha que está horrível.

-Porque eu estou. – a mulher sorriu, solidária.

-Está querendo chamar a atenção de alguém hoje, criança?

A menina não respondeu, mas a mulher não precisou perguntar mais nada. As maçãs do rosto da caçula dos Weasley estavam como as das rosas que ela costumava cuidar no jardim da poderosa família.

-Você sabe quem vai vir aqui em nossa casa hoje, Dorothy? – a menina perguntou num tom baixo e cauteloso, como se estivesse com medo de que alguém mais ouvisse.

-Não sei, senhorita.

-A família Potter. – ela sussurrou. Dorothy sorriu.

-Oh sim. O filho deles é amigo de seu irmão Ronald, não? – a menina assentiu corando ainda mais.

Dorothy então entendeu; também, não precisava mais perguntar. Ela fora ama da pequena Gina Weasley, então ela a conhecia desde a terna idade. E muito bem, diga-se de passagem.

-Você já conversou com ele, Ginny? – a menina sacudiu a cabeça negativamente.

-Ele – ela se engasgou. – Ele é muito bonito, educado... Mas as únicas vezes que o vi, ele parecia muito sério.

-E mesmo assim interessou-se por ele?

A ama de Ginny agora prendia os cabelos da garotinha em uma bonita trança. A garotinha ruiva engasgou-se mais uma vez.

-Não quero mais falar sobre isso, Dorothy.

-Sim, senhorita.

Ela terminou de arrumar Ginny e a ajudou a calçar os sapatos em tom creme. Gina parecia uma princesa em miniatura. Sorriu.

-Está pronta, senhorita.

Ginny deu uma boa estudada em si mesma e deu um giro.

-Acha que ele vai me notar? – perguntou, esquecendo-se da ordem de que não queria falar mais sobre o menino Potter.

-Tenho certeza que sim, querida.

Ginny hesitou por um tempo, mas depois deixou que um largo sorriso escapasse em seu rosto. Depois, escutou alguém bater na porta de seu dormitório e, uma moça vestida exatamente como Dorothy entrou.

-Sua família espera pela senhorita, Ginny.

Ginny sorriu ainda mais.

-Estou descendo, Amélia.

Ela sorriu mais uma vez agradecida para sua ama e apressou os passos.

Para Ginny, sua vida era como um dos contos de fadas que sua ama passou a vida contando. Seu pai era um homem respeitado e poderoso, sua mãe era uma mulher honrada e seus dois irmãos eram dois homens bravos, para ela. Ela tinha uma vida boa e gostava disso.

Quando estava a caminho da magnífica escadaria de mármore de sua casa, escutou a voz de seu pai dizer:

-Claro que eu concordo. Sim, sim. – ela viu parou no topo da escadaria e viu seu pai e um homem alto de cabelos negros se apertarem às mãos. – Vai ser um dia memorável, este.

O homem riu.

-Era exatamente o que Lily estava a me dizer. Será um dia lindo, este. A partir do tal, estaremos unindo nossas famílias.

A pequena Ginny arqueou uma sobrancelha. O que seu pai e aquele homem estavam querendo dizer? Unir famílias?

O pai de Ginny a avistou e abriu um largo sorriso.

-Desça, querida, desça! Quero que você conheça o senhor e a senhora Potter! – ele abriu um largo sorriso. – E, claro, Harry!

Ginny achou aquela conversa toda muito estranha. Desceu as escadas e se apresentou educadamente para o senhor e a senhora Potter, e a senhora a elogiou, chamando-a de pequena dama. Ao lado dela estava Harry Potter. As mãos do rapaz estavam dentro do bolso e ele tinha a postura ereta. Não sorria, e apenas fez um aceno com a cabeça, a reconhecendo. Ginny sentiu seu sorriso abalar.

-Estávamos justamente a falar de você, querida. – Sua mãe sorriu solidária para a menina, colocando uma das mãos sobre seu ombro. – Estávamos decidindo seu futuro exatamente nesse momento.

Ginny preferiu não dizer nada. Achou que seria falta de educação perguntar sobre o quê exatamente eles estavam decidindo seu próprio futuro. Mas, sua mãe iria dizer do mesmo jeito, ela reparou.

-E agora está tudo decidido. – a mulher abiu um sorriso exultante e seus olhos brilharam. – Ginny, minha querida, você vai se casar!

A menina arregalou os olhos. Ela ia o quê? Casar! Mas ela ainda tinha apenas doze anos!

-Mas, mamãe...

-Você e Harry vão se casar assim que ele chegar à maioridade.

Os adultos estavam exultantes com o resultado que haviam chegado: suas crianças iriam se casar.

Mas nem Ginny nem Harry estavam felizes com aquela conclusão. Na verdade, a menina agora entendia porquê o menino Potter a encarava com os olhos cerrados e com um olhar de desgosto.

Ginny estava sentindo o mesmo, agora.

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