A verdade dói



12. A VERDADE DÓI

Dez e vinte e cinco da noite, Sala Precisa.

Pansy esperava pelo restante da turma sentada em uma cadeira, pensando na melhor maneira de revelar a verdade aos dois garotos. Ouviu um clique, e viu Blaise, Draco e Gina passarem pela porta.

-O que você está fazendo aqui? – perguntou Draco, olhando para todos os presentes.

-Temos muito o que conversar, Draco – respondeu Pansy, se levantando.

-Concordo – disse Blaise, balançando a cabeça.

-Onde está o Harry? – perguntou Gina, olhando ao seu redor.

-Ele disse que estava descendo, mas ainda não chegou. Acho que não demora.

-Até o Potter vai presenciar a nossa conversa?! – perguntou Draco, olhando para Gina.

-Na verdade... – começou a morena – ele vai participar dela também.

-Isso é demais pra mim – e, com isso, o loiro caminhava em direção à saída, sendo segurado pelo braço por Pansy.

-Não, Draco. Você vai ficar aqui e ouvir o que nós temos pra te dizer.

-E o que o Potter tem a ver com isso?!

-Mais do que possa imaginar – respondeu Blaise.

Os quatro sentaram-se novamente, na seguinte ordem: Pansy, Gina, Draco e Blaise, esperando que Harry chegasse em total e absoluto silêncio. Logo, outro clique se fez, e o moreno dos olhos verdes passou pela porta.

-Malfoy?!

-Agora já podemos começar – disse Gina – acho melhor sentar, Harry.

-Mas e o Malfoy?!

-Harry, senta – disse Pansy, em tom reprovador, o que fez o namorado sentar-se ao seu lado.

Pansy e Gina se olharam, e viram que era o momento certo de começar a contar. Ambas se levantaram, junto com Blaise, deixando apenas os dois rapazes sentados, se entreolhando e estranhando a estranha atitude das respectivas namoradas.

-Bem, nós temos algo pra contar pra vocês dois – começou Pansy, parando para tomar ar. Tanto ela quanto Gina tremiam, tamanha era a pressão em que estavam – É uma coisa realmente importante.

-Pra juntar um Malfoy e um Potter, só pode ser algo importante – disse Blaise, recebendo um olhar assassino das amigas.

-Espero que não fiquem bravos conosco, e que continuem nos aceitando – disse Gina, o que fez os garotos trocarem mais um olhar confuso.

-É uma coisa muito séria, e não fiquem bravos com elas. E nem comigo.

-Esses dias atrás, vocês disseram que nos amavam do jeito que somos...

-Eu não disse que amava ninguém! – defendeu-se Draco.

-Certo, mas você não me disse que gostava de mim pelo que eu era por dentro?

-Sim...

-Então, é a mesma coisa – continuou Pansy – e espero que continuem gostando de nós depois que souberem a verdade.

-Meninas, eles estão começando a se irritar – sussurrou Blaise para as duas, o que as fez tomar ar e decidir contar tudo de uma vez.

-Bem, é uma coisa séria – começou Gina – nós não... Nós não estamos em nossos corpos certos.

Draco e Harry arregalaram os olhos, visivelmente confusos, e se olharam, como quem espera a câmera escondida sair do lugar e revelar pra qual programa está gravando.

-Como?! – foi a primeira coisa que saiu da boca de Harry.

-Nós... Lembram do encantamento Sismen, que a professora McGonagall passou pra nós? – ambos acenaram com a cabeça, então Pansy passou a bola pra Gina.

-Ela passou esse trabalho apenas para os sétimos anos, e passou o encantamento Fillinus para os sextos anos.

-Como vocês dois devem saber, ambos os encantamentos são ligados, os dois juntos podem causar uma troca de corpos em seres humanos... – explicou Blaise, vendo que as garotas não sabiam direito o que falar.

-Enquanto a Pansy lia o trabalho Fillinus na Sonserina, eu lia o Sismen na Grifinória, já que nós duas tínhamos trocado de trabalhos.

Os dois se olharam novamente. Afinal, eles estavam vendo Pansy Parkinson falar dela mesma em terceira pessoa, e a história que elas acabaram de contar explicava muita coisa do que vinha acontecendo.

-Quer dizer que vocês não são vocês mesmas?! – perguntou Harry, começando a entender.

-Quer dizer que a Pansy está ruiva e a Weasley morena?! – indagou Draco, incrédulo.

-Quer dizer que vocês duas trocaram de corpos e nos enganaram?! – perguntou Harry, quase afirmando.

-Nós não queríamos enganar vocês – disse Pansy.

-Mas enganaram – concluiu Draco – e fizeram nós dois trocarmos de namoradas!

-Eu estava namorando a Parkinson?!

-E eu estava com a Weasley?!

-Gente, calma! – tentou acalmar Blaise, vendo que os dois se levantavam – foi só uma troca!

-E você ajudou a me enganar, Blaise – acusou Draco, com o dedo apontado para o nariz do amigo.

-Foi por uma boa causa, Draco – respondeu Blaise, esboçando um sorrisinho amarelo.

-Então... Eu namorei a Parkinson, pensando ser a Gina?! – pelo jeito, Harry ainda não conseguira digerir toda a informação, fazendo Draco revirar os olhos.

-Gente, vocês não vão ficar bravos por causa disso, vão?! – perguntou Gina, temendo a resposta que receberia.

-É CLARO QUE VAMOS! – gritaram os dois juntos – Vocês enganaram nós dois, não têm como perdoar isso! – disse Draco, respirando fundo e tentando se acalmar.

As duas já estavam prestes a chorar, e Blaise começava a ficar nervoso com a reação dos garotos, já que não conseguiu controlar direito a explosão. Harry e Draco já estavam mais calmos, mas a mágoa continuava.

-Você fez eu me apaixonar por você, Parkinson...

-Você se apaixonou pela Gina, não por mim.

-Saiba que eu não estou apaixonado pela Gina. Eu amo você, e agora fui descobrir isso.

-Eu também te amo, Harry... – disse a ruiva, com as lágrimas brincando em seu rosto.

-Mas eu não posso aceitar o fato de você ter mentido pra mim, Parkinson, mesmo te amando – respondeu Harry, com os olhos também marejados, saindo da sala quase correndo.

-Draco... – começou Gina, já incomodada com o silêncio do loiro.

-Não diga nada, Weasley. O que você e a Pansy fizeram não tem perdão.

-Mas Draco, nós não podíamos te contar! – disse Gina, já quase desesperava, vendo a amiga chorar sentada no chão, compulsivamente.

-Você, o Blaise e a Pansy mentiram pra mim, e eu não posso dizer que perdôo vocês, porque eu não perdôo.

-MAS DRACO EU TE AMO! – gritou Gina, chorando desesperadamente, segurando o braço do loiro.

-Me solta, Weasley.

-É melhor soltar mesmo, Gina – advertiu Blaise, vendo que a garota não soltara a braço do amigo, o deixando mais irritado ainda.

Gina, ao ouvir a voz de Blaise a mandando soltar o loiro, soltou, vendo o amado sair da sala, praticamente correndo. Se aquele não fosse Draco Malfoy, Blaise poderia jurar que uma lágrima escorreu por seu rosto...

***

Quando viu Draco sair pela porta da Sala Precisa, Gina sentiu seu mundo desabar. Caiu ao lado de Pansy, soluçando, abraçada aos joelhos. Blaise não sabia o que fazer, então resolveu não fazer nada. Sentou-se ao lado de Gina e ficou lá por um tempo, pensando em como ajudar as amigas.
Ele tinha certeza de que Draco e Harry ficaram magoados, tristes, mas que com o tempo aceitariam, já que realmente gostavam das garotas. O problema era quanto tempo isso levaria. O moreno sabia que, enquanto os garotos não voltassem atrás na decisão, Pansy e Gina não melhorariam nada de estado, e ele simplesmente não podia agüentar suas duas melhores amigas chorando pelos cantos o tempo todo! Precisava urgentemente fazer alguma coisa para ajudar, mas nada lhe vinha à cabeça.

Sentiu uma cabeçinha deitar em seu ombro, e se deparou afagando os cabelos de Gina, que chorava como se o mundo tivesse acabado. Bem, o mundo dela era o seu relacionamento com Draco, então realmente tinha acabado.

Pansy ainda chorava, mas não tanto quanto Gina. Seu rosto estava vermelho, e sua mão estava apertando fortemente a do moreno. Blaise se via numa situação desesperadora: tinha que ajudar os casais, de uma forma ou de outra.

“Maldito seja quem criou a Grifinória e maldito seja o feitiço que mudou as duas de corpo! Agora a Gina me passou um pouco do conhecido ‘instinto grifinório’!”

-Meninas – começou ele, com calma – precisamos ir.

-Certo... – disse Gina, enxugando as lágrimas e levantando, para logo em seguida ajudar Pansy a fazer o mesmo.

-Nós vamos pras nossas casas certas agora? – perguntou Pansy, temendo encontrar com Harry.

-Acho melhor não. Não vão gostar de ver uma Weasley na Sonserina, e creio que nem a Pansy na Grifinória.

As duas concordaram com a cabeça, seguindo o amigo para fora da sala. Em silêncio, os três caminhavam pelos corredores do castelo, Pansy indo para a Grifinória e os outros dois rumando para a Sonserina.

Gina não fazia nada para evitar o choro, apenas não mais soluçava. Blaise passou seu braço esquerdo pelo ombro da amiga, deixando-a deitar sua cabecinha no ombro no moreno e recomeçar a chorar. Ambos entraram no Salão Comunal, e Gina logo avistou um punhado de cabelos loiros deitado no sofá.

Draco tinha o olhar vidrado na lareira. Se sentia perdido, triste, enganado, idiota... Quem a Weasleyzinha era para fazer aquilo com ele?! Ela o fez ficar apaix... Não, ela o fez gostar dela, para depois revelar tudo?!

“Eu não gostava da Weasley, eu gostava da Pansy. Mas eu só gostei da Pansy quando ela era a Weasley...”

Blaise impediu que a amiga fosse até o loiro, lhe dizendo que era melhor deixá-lo sozinho por um tempo, até que se acalmasse completamente.

“Espero que ele consiga se acalmar completamente, um dia...” pensava o moreno, enquanto encaminhava Gina para o quarto que deveria ser de Pansy.

***

Enquanto isso, Pansy caminhava lentamente até a Torre da Grifinória, temendo encontrar certo moreno pelo caminho. Mas, felizmente (ou seria infelizmente?!) não encontrou Harry. Bem, até que chegou ao Salão Comunal.

O moreno estava sentado em frente à lareira, observando o fogo subir e descer, enquanto lágrimas percorriam seu rosto. Pansy se aproximou, sentando-se ao lado dele, mas continuando em silêncio. Silêncio que foi quebrado por ele:

-Ainda não te perdoei.

-Eu sei, e não estou aqui pra te pedir pra me desculpar.

-Então boa noite, Parkinson – disse Harry, se levantando.

-Espera, Harry! – disse Pansy, segurando a perna do moreno – fica comigo.

-Eu não posso.

-Por que não?! Você me ama, Harry, não negue. E eu também te amo. Por que não podemos ficar juntos?! – disse Pansy, se levantando também, sentindo as lágrimas virem aos olhos.

Em resposta para a última pergunta da ruiva, Harry se aproximou mais dela e lhe deu um beijo apaixonado, cheio de desejo, sendo banhado pelas lágrimas de ambos.

Ao se separarem, Pansy sorria, e Harry permanecia sério, olhando nos olhos da ex-namorada.

-Nós não podemos continuar com isso. Foi o último dos últimos, Parkinson.

E, deixando Pansy chorando para trás, Harry virou as costas e foi embora, para que a garota não visse que lágrimas corriam por seu rosto também.


N/A: gnt eu to chorando aqii!! esse cap. foi mto triste, nao?? e creio q o proximo vai ser mais ainda...
Mas enxuguem as lágrimas e continuem lendo por favor!!

Bjs

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