Lembrando um pouco



Hermione já estava na estação de trem. Sua mala enorme no chão, e seu gato, o Bichento, no colo. Tinha muitos planos para aquele ano na escola, mas antes precisava ir a Toca, pois a ameaça de Voldemort era constante, e ela não podia se arriscar, e ainda tinha o casamento de Gui e Fleur. No momento ela usava óculos escuros e roupa preta, seu cabelo amarrado em um coque. Estava irreconhecível. Como não podia aparatar, e nem usar pó de flu, estava sendo obrigada a pegar um trem de trouxas. Desembarcaria na estação mais próxima da casa dos Weasley. De lá caminharia até a primeira montanha, onde o sr. Arthur estaria a esperando.
Bichento se mexeu no seu colo, ela o ajeitou novamente. Isso lhe trouxe uma lembrança muito remota de Perebas, o falso rato de Rony, que na verdade era Pedro Pettigrew transformado em animago. Ela começou a rir sozinha, lembrando de todas as brigas tolas e idiotas que os dois tiveram porque Rony achava que Bichento perseguia o seu pobre, e indefeso, rato velho apenas por birra. Mas o gato era esperto e sabia que aquela coisa, na realidade, não era um rato.
O trem se aproximava e um medo diferente tomava conta dela agora. Onde estaria Harry? Será que não estava pensando em fugir da rua dos Alfeneiros 4? Poderia ele esquecer da promessa feita a Dumbledore antes do diretor morrer? Sua preocupação com Harry era enorme. Ele era como um irmão que ela não tinha. Jamais esqueceria como se tornou amiga dele e de Rony.
Foi no dia em que escutara Rony falar mal dela, algo que a marcou muito. Naquela época ela não soube o porque, hoje tinha certeza do motivo de ter ficado tão chateada com o comentário do menino de cabelos ruivos. Sem saber, ela já gostava dele naquela época, talvez desde a primeira vez em que o vira no Expresso Hogwarts. Mas se ela não ficasse triste, não teria ido ao banheiro para chorar, o trasgo não a atacaria, e os garotos não teriam que salvá-la, logo a amizade que se fortaleceu naquele dia, jamais aconteceria.
Harry e Rony a salvaram, mostrando seus atos heróicos de bravura, no caso de Rony algo surpreendente já que ela e ele não se entendiam nenhum pouco. Hermione aprendeu com os dois amigos que lealdade e amizade são mais importantes que livros e inteligência, e que as diferenças podem ser deixadas de lado nos relacionamentos amigáveis.
Entrou no trem, havia poucos trouxas ali dentro, era um domingo quente, cheio de mormaço, ela estava desconfiada que Voldemort estivesse por trás de todo aquele calor. O abatimento e o desânimo eram visíveis até nos poucos jovens que havia dentro do trem. Aquilo devia ser obra dos dementadores que provavelmente estavam nas proximidades. Se os jovens estavam ficando abatidos, sem vontades, sem sonhos, onde o mundo dos trouxas e dos bruxos ia parar?
Era por isso que ela admirava muito Harry. Para ela, Harry Potter não era apenas o menino que sobreviveu, era também o menino cheio de sonhos, que merecia ficar vivo para realizá-los. Sua amiga Gina também era uma sonhadora, ambos mereciam ficar junto, nem que ela precisasse se sacrificar para que os jovens com sonhos, como eles, pudessem ser livres de Voldemort. Seu medo poderia se transformar em coragem, sua angústia em determinação, seus desejos em mudanças naquele mundo. Era para isso que o todo o conhecimento e inteligência do mundo serviam: para que cada um os usasse para melhorar o mundo em que vivem.
O problema todo era Rony. Olhando as colinas verdes, pela janela do trem que já estava andando, perguntava-se a si mesma se valeria à pena em meio à guerra do mundo da magia, onde a cada dia morria mais um, tentar começar um romance sem precedentes com ele. Os dois eram maduros o bastante para compreenderem o que sentiam um pelo outro, mesmo que ela ainda tivesse uma certa incerteza dos sentimentos dele por ela. Mas cada passo mais aprofundado era como aproximar a data do casamento. Gui e Fleur estavam se casando por causa da incerteza de estarem vivos no dia seguinte, e pelo o que ela conhecia Rony, ele ia querer o mesmo, logo que o caso entre eles dois ficasse sério.
Era mais uma coisa admirável em Harry, talvez ele estivesse errado, mas Hermione achou correta a atitude dele quando ele terminou o namoro com Gina para tentar protegê-la da ameaça de Voldemort em vez de pedi-la em casamento com a pouca idade que estava. O trem parou, e em poucos minutos esvaziou-se por completo. Ela sentiu um calafrio. A próxima estação era a sua, mas alguma coisa estava estranha.
Não havia ninguém no vagão, mas era como se houvesse. Ela olhou para trás, depois para o lado direito, e novamente para a janela da esquerda onde estava sentada. Bichento continuava deitado em cima de sua mala. Não agüentou e abriu a boca para falar. Precisava perguntar.
-Quem está ai?
Ninguém respondeu. Devia ser sua imaginação. O coração pulsava aceleradamente.
-Hermione...
Um sussurro veio detrás dela. Ela congelou. Mas precisava pensar, raciocinando, pegou em sua varinha. Deu um pulo e atacou o que parecia ser apenas o ar.
-Expelliarmus!
Um baque ensurdecedor rompeu-se. Alguma coisa foi jogada na parede dos fundos do vagão. Uma cabeça apareceu.
-Você não sabe brincar não? – Era Rony, ofegando, todo errado, acabava de tirar o resto da capa da invisibilidade, estava vermelho no rosto, de raiva, seu cabelo desgrenhado. – Precisa me atacar desse jeito?
-Oh! Me desculpa... – de repente Hermione se deu conta que o culpado era ele. – Espera ai! Foi você que me assustou. Eu apenas me defendi! Com um monte de dementadores a solta por ai, e com Voldemort por todos os cantos, você queria que eu fizesse o que?
A indignação no rosto dela não superava o rosto calmo e tranqüilo de Rony.
-Você tem razão. Foi mal... Só queria me divertir um pouco, mas acho que pisei na bola. – O rosto de Rony ganhou uma expressão triste. Mas em um segundo ele voltou a sorrir. – Mas é que essa capa da invisibilidade é muito legal, e eu queria ver sua cara de espanto. Adoro te ver apavorada e irritada.
Ambos se olharam. Hermione sentiu sua face esquentar, devia estar vermelha. Pode ver também as orelhas de Rony tornarem-se um pimentão de tão vermelhas.
-Mas de quem é essa capa? – perguntou ela para mudar de assunto.
-É do Olho-Tonto-Moody. Ele me emprestou. Sabe... eu queria te ver, acompanhar você, e para não ser descoberto por nenhum comensal, precisava de um disfarce, mas como eu não tenho roupas pretas... – disse ele, olhando para Hermione de cima a baixo, vendo sua calça jeans preta, sua blusa, moletom, e seus sapatos pretos. – Você fica legal de coque e óculos escuros.
Mais uma vez Hermione se sentiu encabulada.
-Mas como eu não tenho esses artifícios de trouxas, eu fico com os meus de bruxos mesmo, que são bem mais legais – completou Rony se rindo.
-Idiota... Mas seu pai deixou você vir?
-Na verdade, nem minha mãe, e nem meu pai sabem que eu estou aqui... Sai de casa a pouco tempo, eu aparatei...
-VOCÊ FICOU MALUCO???
-O que foi? Qual é o problema em aparatar?
-Agora o Ministério da Magia sabe onde estamos, aliás onde você está, seu idiota! Todo o plano de minha chegada ser tranqüila foi por água abaixo... Tinha que ser você!
Hermione voltou a sentar-se, bufando de raiva, Rony sentou no outro banco, atrás dela, e a tocou no ombro. Ela sentiu um calafrio na espinha.
-Desculpa... Eu sempre faço tudo errado mesmo, ainda mais quando se diz em respeito a você... Eu não queria que fosse assim. Mas acho que você sabe do que eu estou falando... Você estava ali na minha frente na época daquele baile e eu , babaca, não te convidei. Juro que ainda posso sentir o mesmo ciúme que senti quando te vi entrando de braços dados com Vítor Krum. E depois minha falta de coragem em admitir, e até mesmo falar com você, sobre o que eu estava sentindo, acabei ficando com uma garota que eu nem gostava só para ver se chamava sua atenção. – Rony respirou fundo, Hermione olhava pela janela do trem, com os olhos cheios d’água. – Mas foi quando Dumbledore morreu que eu pensei... “Nossa que babaca, estou deixando o tempo passar, as coisas acontecerem, e Hermione pra depois... E se o depois não vier?” Enquanto você chorava em meu ombro no enterro, eu tomava uma decisão muito importante: arranjar um jeito, muito em breve, de te dizer tudo que sinto. E agora estou aqui, da maneira menos cogitada para lhe dizer tudo isso.
O silêncio caiu sobre os dois. O trem continuava a rodar, as colinas estavam se tornando montanhas. Rony já pensava em tirar a mão do ombro de Hermione, talvez mudar de assunto, quando ela a segurou com sua mão, as unhas pintadas de preto visíveis a olho nu.
Ela não falou nada. Ele viu algumas lágrimas rolarem pelo rosto dela. O trem começou a parar.
-Você não vai me dizer nada?
-Eu sempre esperei por esse momento – começou ela, levantando-se e olhando para ele. – Mas agora que ele chegou, eu não posso ficar com você.
-Por que não? Somos livres, não somos? O que há de errado? – Rony se levantou surpreso.
-Você não vai me entender... – ela se posicionou na porta. O trem parou, a porta se abriu, ela pegou sua mala e Bichento, e saiu. – Precisamos encontrar seu pai, antes que o Ministério nos encontre primeiro e comece a fazer um monte de perguntas para nós dois. Você esqueceu que implantaram o toque de recolher, e que por causa de Voldemort, ninguém pode ficar andando por entre os trouxas?
Rony saiu do trem ainda aturdido, ela tinha razão em tudo que falava. O ministério já devia estar atrás dele. Se pegassem os dois juntos, sobraria para ela, e ele se culparia por isso.
-Vem! Vamos por aqui Mione, eu conheço um caminho mais rápido para chegar até a primeira montanha. Meu pai já deve estar lá, com Gui e Carlinhos.
Os dois começaram a correr. Rony pegou a mala de Hermione, e Bichento permaneceu no colo de sua dona. Saíram da estação de trem dos trouxas, sem perceber a pouca movimentação que ali havia. Estava tudo muito vazio. Vazio demais, pensou Hermione, ao passar pelo guinche e ver a cabine sem ninguém para atender. Algo de muito horrível estava acontecendo, a sensação de que Voldemort estava à espreita dos dois só crescia a cada arbusto transpassado. A montanha verde, com apenas um restante de neve em seu pico, parecia cada vez mais longe. Hermione tropeçou numa pedra, Bichento caiu com as quatro patas no chão, como se nada tivesse acontecido, mas ela caiu de joelhos.
-AI!
Rony a ajudou levantar, seu joelho esquerdo estava sangrando.
-O que eu faço?
-Deixa de ser idiota Rony! Precisamos continuar a correr. Há alguém nos seguindo, você não percebeu?
-Senti passos nos cascalhos quando passamos pelo aglomerados de árvores logo ali atrás, mas foi só.
-Talvez haja algum portal ali, que pode ser do ministério, ou até mesmo algum feito por Voldemort. Temos que ir. DEPRESSA!
Hermione começou a correr mancando, sentia sua pele esfolada arder, mas quando chegasse na Toca cuidaria disso. Rony estava em seu encalço com sua mala. Quando tudo parecia perdido, e Hermione começava a correr olhando apenas para baixo, já sentindo o peso de sua cabeça sobre seus ombros, ela bate em alguma coisa sólida.
-Calma! Sou eu... Arthur.
Um alívio percorre o corpo ofegante de Hermione, Rony dobra os joelhos e põe as mãos sobre eles, respirando fundo.
-Uau! Nunca corri tanto.
-Rony? O que faz aqui?
-Mais tarde ele explica, temos que ir... Rápido! Há alguém nos seguindo...
-Querida não há ninguém, só estamos aqui, Gui, Carlinhos e eu.
Nessa hora Gui e Carlinhos apareceram detrás de uma pedra gigante atrás de Arthur, ambos vestindo capas verdes-musgo.
-Oi! Tudo bom Mione? – perguntou Gui.
Hermione balançou a cabeça dizendo que não.
-O que foi que houve com você menina? Você é a Hermione, não é? A que todos falam? Principalmente Rony, não é? – perguntou Carlinhos, os cabelos tão vermelhos quanto os de Rony e Gui.
-Eu volto a afirmar sr. Arthur tem alguém atrás de nós... Talvez seja porque Rony aparatou e daí...
-O QUÊEE? RONY! RONY, VOCÊ APARATOU? COMO PODE FAZER ISSO?
-O que há de errado em aparatar afinal?
-O Ministério da Magia tem controle sobre quem aparatar no território britânico. E se Voldemort possuir algum aliado lá dentro, ele sabe onde você está, e em conseqüência onde todos estamos. VAMOS! Temos que sair daqui! Por aqui, atrás da pedra, há vassouras lá.
-Mas... Mas eu...
-O que foi Mione? – perguntou Arthur.
-Eu não sei voar numa vassoura – desabafou Hermione.
-Não tem problema, então ela vai comigo no Saki – disse Carlinhos.
-Saki?
-É o dragão que ele trouxe com ele. – respondeu Rony sorridente.
-Mas não é proibido?
-Minha tarefa é cuidar de dragões, eu posso carregar um quando ele precisa de cuidados.
-E que cuidados o Saki precisa? – perguntou Hermione temerosa.
-Ele é um pouco bravo demais, só se aquieta comigo.
-Se não há outra maneira.
Todos foram para detrás da pedra, e Hermione identificou imediatamente Saki, ele tinha um porte médio, não era grande como os dragões da primeira prova do Torneio Tribruxo e nem pequeno demais como Norberto, o dragão que Hagrid pegara uma vez para criar. O dragão era azul fraco, uma cor estranha para um dragão, pensou Hermione o olhando fixamente.
-Ele é albino – disse Carlinhos, parecendo ler seus pensamentos. – Tem essa característica singular... – Ele sorriu. – Um dragão na cor azul clara... Ele é o único no mundo inteiro. Não se adaptou bem com seus companheiros por causa dessa sua diferença que para seu bando é algo horrível, mas que para os bruxos de um modo em geral é uma dádiva. É uma pena que os seres humanos não se aceitem uns aos outros sem diferenciar cores, raças, tamanhos e sangues. Parecemos animais, mesmo já estando no século que estamos.
Hermione concordava com ele.
Os dois se aproximaram de Saki.
-Oi Saki! Essa aqui é a Hermione, ela vai nos acompanhar até em casa, está bem?
Saki pareceu não se importar, continuava sentado como um dragão que era, olhando para cima, louco para voar. Carlinhos ajudou Hermione a subir.
-Hei! Deixa que eu ajude... – disse Rony, aproximando-se dos dois.
-Não precisa maninho. Pegue sua vassoura, temos que ir... Anda moleque!
-Não me chama de moleque!
Nessa hora uma explosão acontece perto deles, Hermione e Carlinhos que já estão em cima de Saki, se abaixam, enquanto pedaços de pedras caem em cima dos dois, o dragão se agita e começa a bater as asas de três metros de comprimento cada, com muita força.
-Segure-se Hermione! Ele vai voar!
Hermione agarra-se no pescoço de Saki.
As vassouras de Rony, sr. Arthur e Gui sobrevoam o dragão, e o seguem.
-O que foi aquilo? – pergunta Hermione a Gui.
-Parecia ser um comensal da morte! Acho que era Lúcio Malfoy, e talvez Snape estivesse junto!
Não falaram mais nada o resto do percurso. Sem demorar muito chegaram a Toca.


A Toca continuava igual, todos entraram pela cozinha. Rony não estava gostando nada das conversas que Hermione e Carlinhos estavam tendo. Falavam de Saki e dos dragões de modo em geral, mas a aproximação dos dois era notada de longe.
-Olá queridos! Demoraram! Hermione, minha querida...
-Olá sra Molly!
-Tudo bem?
-Tudo sim.
-Me dê aqui a mala dela Rony.
-Toma! O gato dela, aquele Bichento, tá ali na rua, nos seguiu... Não sei como. Bem que ele podia ter ficado para trás...
-Rony foi essa a educação que eu te dei?
-Deixa sra Molly! Rony nunca gostou de Bichento. Acho porque ele sabe que Bichento é mais esperto do que ele, e pode muito bem achar o caminho da Toca, já que já esteve aqui antes, enquanto Rony precisa ficar aparatando.
-O que? Você aparatou Rony?
-Bem, mãe... Eu... – Rony olhou para Hermione, a fuzilando com os olhos.
-Eu aqui preocupada porque Voldemort está à solta, fazendo mil e uma maldades com trouxas e bruxos, achando que meu filho está protegido sobre o teto de seu quarto, quando na realidade ele aparatou! VOCÊ NÃO SENTE DÓ DA SUA MÃE NÃO???
-Desculpa mãe...
-Mas o que está acontecendo aqui... Preciso de descanso, amanhã é meu casamento.
Era Fleur, usava um roupão rosa-bebê, e tinha no cabelo um tapa-olhos.
-Ah Fleur... Não me venha com essa, você só dorme nesses últimos dias.
-Mas Molly, eu preciso ter energias para o casamento.
-Gui, fale com sua mulher... Eu tenho mais o que fazer! E Você Rony, trate de se comportar. Harry vai chegar daqui a pouco. Não quero nenhuma bobagem feita até lá. Ouviu bem rapaz?
-Sim, mamãe...
-Que bom, Harry virá para cá, pensei que não fosse seguro ele vir.
-A casa está enfeitiçada, ninguém sabe onde a Toca está, a não ser o guardador do segredo.
-E quem é?
-Eu também não sei. Vamos, pegue o Bichento e vamos subir, Gina está no meu quarto, está ansiosa para te ver.
Carlinhos e Gui ficaram na sala, enquanto ele e Hermione subiram. Rony chegou na porta de seu quarto e parou ao colocar a mão na maçaneta. Virando-se para ver melhor Hermione.
-Por que não pode ficar comigo?
Ele olhou no fundo dos olhos dela.
-Porque o mundo da magia está em guerra, e esse não é o momento para isso.
-Só por causa disso?
-Só? Você acha pouco?
-Não, mas é como se você me escondesse algo. Por acaso é Vítor Krum? Continua se correspondendo com ele? – perguntou Rony irritado.
-Não é nada disso! Agora me deixa entrar, Gina deve estar querendo falar comigo...
Hermione o empurrou, abrindo a porta, Gina estava lá dentro, olhando pela janela do quarto. Parecia triste.
-Oi Gina!
Ela virou-se, e viu Hermione, uma de suas melhores amigas.
-Ah... Hermione!
Ela se atirou nos braços da amiga, sem dizer mais nada. Ainda sentia um pouco pelo fim do namoro com Harry.
-Está tudo bem Gina?
-Harry virá para cá hoje. E sabe... é meio arriscado. Tenho medo pela vida dele.
-Não se preocupe. Mas quem foi buscá-lo?
-Moody, Fred, Jorge, e Lupin. Tonks foi para sua casa, mas depois virá para cá também junto com eles.
-Sim, sei... Ela e Lupin estão mais firmes que nunca, não é?
-É sim... E é isso que eu não entendo... Se Tonks se arrisca por Lupin, e ele a aceita... Por que eu não posso me arriscar por Harry? Por que eu não posso estar ao seu lado?
-Harry prefere assim. Ele tem medo que você, talvez a pessoa mais importante pra ele agora, sofra alguma coisa. Ele perdeu os pais quando era um bebê, depois viu um amigo morrer, perdeu o padrinho, e agora... Dumbledore morreu em sua causa. Você acha que ele quer ver você entrar para essa lista?
Gina voltou para perto da janela, e deixou lágrimas rolarem por seu rosto.
-Mas não é justo!
-Gina, eu não sou bom com as palavras, mas sou seu irmão, e entendo a preocupação que o Harry tem com você. E pode confiar em mim, ele gosta muito de Você, ele não faria isso tudo, se não gostasse.
-Valeu Rony...
Uma batida na porta fez todos arregalarem os olhos, Hermione foi abrir.
-HARRY! – ela se lançou em seus braços como era seu costume fazer, sempre que o encontrava. Rapidamente Gina limpou os olhos. Rony sentiu uma pontada de ciúme de Harry, por Hermione abraçá-lo sem se importar com nada.
-Oi Mione!
-Mas o que foi que houve? Você está todo arranhado...
-Me encontrei com alguns comensais da morte... Mas felizmente todos escapamos... – Harry parou de falar, viu Gina no canto do quarto. – Oi Gina.
-Oi Harry...
-Oi Rony!
-Caramba cara! Mas e ai como foi que escaparam?
-Dando muitas voltas no quarteirão do bairro. Até despistar. Mas como vocês estão?
-Gina, Mione e eu estamos ótimos. Mas quase que pegam Hermione e eu, cara!
Rony contou tudo sobre a vinda até a Toca.
-Nossa! Como vamos... – Harry olhou para Gina.
-Não adianta Harry, Gina já me obrigou a contar tudo. Eu juro que não foi minha intenção, mas ela falou que ia me azarar se eu não contasse o que estava acontecendo.
-É Harry, não adianta! Eu sei que você está pretendendo ir atrás da horcruxes com Rony e Mione, e me deixar aqui feita uma palhaça.
-Mas é que...
-Não precisa me explicar, e se você acha que eu ia contar pra minha mãe, está enganado! Não sou dedo-duro!
Hermione percebeu Harry abaixar a cabeça. Ele devia estar se martirizando.
-Você tinha que contar para ela, não é Rony?
-Mione, eu já disse, ela me ameaçou... E todos sabem que Gina é muito boa com feitiços de azaração.
-Gina... – Harry sentou-se na cama de Rony. – Nós voltaremos para a escola, McGonagal tomará conta de tudo lá. Eu sairei escondido, não queria que ninguém fosse comigo. Mas Rony e Hermione são teimosos.
-Somos seus amigos, isso sim! – protestou Hermione.
-Sim, mas estão querendo dar suas cabeças pela minha. Eu não preciso ver mais gente morrer por minha causa. Não basta Dumbledore?
-Lembra de todas as nossas aventuras juntos? Enfrentamos um cachorro de três cabeças, descobrimos uma câmera secreta na escola, voltamos no tempo juntos... Você acha que tudo isso não foi dar a cabeça a prêmio? A única diferença agora, é que crescemos e sabemos que os perigos existem e são mais fortes do que pensávamos.
-Hermione está certa cara. Temos que nos unir. E não nos separar nesse momento.
-Eu fui junto no Ministério, acho que estou incluída nessa, não estou?
-Sim Gina, está... Mas infelizmente você ainda não pode fazer feitiço fora da escola, e nós três podemos. Deixarei Rony e Mione irem comigo, em nome de tudo que já passamos juntos. Mas você precisa ficar, e continuar estudando.
-Enquanto o mundo da magia está em guerra? Nunca!
-Gina... Se Harry morresse por você, você se culparia pelo resto da vida de ter ido junto. Não é?
Gina abaixou a cabeça, quando Hermione lhe perguntou isso.
-Amanhã partiremos para Hogwarts, onde todas nossas lembranças estão. E de lá iremos para um outro mundo. Um mundo desconhecido para nós.
Harry terminou a frase confiante, Hermione sorriu radiante, e Rony deixou seus olhos brilhando ao imaginar a grande aventura que eles estavam prestes a fazer.

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