Tru Brucia In Abrucia Ous Cont




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A velha escada rangeu quando ele começou a subir os degraus, cautelosamente, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Ele pisou seguro no chão empoeirado do segundo andar e caminhou decidido até a porta quebrada e cheia de marcas; Ao empurrá-la olhou apreensivo dentro do quarto, somente para descobrir que se encontrava vazio.
Foi quando sentiu uma pontada gerando uma leve pressão no pescoço: Uma varinha, encostada na lateral do pescoço.

- Eu já lhe disse para me avisar com antecedência quando quiser vir aqui... – Falou o dono da varinha, com uma voz rouca.

- É assim que você recebe os amigos agora? – disse Thomas Lee com um sorriso enviesado no rosto.

Thomas se virou enquanto o outro rapaz abaixava a varinha, os longos cabelos negros e cacheados, estavam mal-tratados, estava pálido e com olheiras fundas, e o traço mais marcante: a pele macilenta parecia esticada sobre os ossos, sinal de que havia perdido muito peso em pouco tempo.
William Blake não tinha mais nenhuma semelhança com o rapaz que um dia fora.

Os dois entraram no quarto a passos lentos, Thomas se sentou na ponta de uma cama velha e mal cuidada, William conjurou uma cadeira e se sentou próximo a uma mesa, na qual, Thomas reparou, havia um objeto circular, que lembrava bastante uma bacia, coberto por um pano grosso de cor cinza.

- Alguma novidade? – Falou William, acordando Thomas de seus pensamentos.

- O de sempre, ele se tranca naquela sala do sétimo andar e deixa alguns alunos vigiando a entrada...

- Já tem alguma idéia do que aquele garoto faz lá dentro? – William falou enquanto conjurava copos em cima da mesa.

- Não... O garoto é esquivo... Sabe esconder o que anda fazendo. – Thomas correu os olhos pelo quarto, se demorando numa pilha de garrafas vazias ao lado da cama – Me arrisco a dizer que nem mesmo o Prof. Snape sabe o que aquele garoto anda fazendo.

William puxou uma garrafa de Uísque de Fogo de cima da mesa e encheu os dois copos, oferecendo um para Thomas. Os dois beberam o liquido fumegante em poucos goles.

- Vamos ter aula hoje? – Thomas falou com certo tom de suplica.

- Hoje não... Eu tenho que me preparar para uma viagem. – William agora mirava céu nublado pelas frestas da janela que havia sido coberta com tabuas velhas.

- Pra onde você tem viajado tanto?

- Lugares... – William encarou o amigo – Lugares aos quais você nem gostaria de saber.

- Quando você parte?

- Essa noite – Falou William levantando e guardando a garrafa no criado-mudo ao lado da cama. – Como vai a sua namoradinha?

Thomas sorriu com a pergunta – Tivemos uma pequena discussão... Não sei se ela ainda é minha “namoradinha”.

- Qual foi o motivo da discussão? – William jogava um casaco de viagem e uma serie de objetos prateados em cima da cama – Se me permite perguntar é claro...

- Eu disse uma coisa estúpida... Nada de mais...

- Não confio naquela garota... Você não devia ter falado sobre mim pra ela – Ele conjurou uma bolsa de couro e começou a guardar os objetos de prata.

- Eu confio nela... Ela não vai contar seu segredo a ninguém – Ele olhou com um sorriso malicioso para William – Alem disso, a Evelyn também confia nela.

William congelou por alguns instantes e lançou um olhar de esguelha para o amigo, desviando rápido o olhar e voltando a ajeitar as coisas que levaria na viajem.

- Como está a Evelyn? – Ele disse com a voz meio embargada.

Thomas sorriu abertamente. Sabia que William ia perguntar sobre ela; sempre que o nome dela ia parar na conversa ele perguntava, tentando disfarçar interesse.

- Ótima... – Thomas se levantou e começou a ajudar o amigo separando roupas de viagem – Não para de olhar aquele medalhão que você deu pra ela...

William olhou rápido para Thomas – Ela gostou? – Apreensão estava nitidamente estampada na cara do garoto.

- Claro! – Falou Thomas, como se fosse a resposta mais obvia possível – Ela te ama, lembra? - Os dois sorriram.

Os dois terminaram de arrumar os objetos e as roupas, separando tudo que William disse precisar nos inúmeros bolsos do casaco de viagem e numa longa capa de um couro marrom e enrugado.

- Se alguma coisa acontecer... – William falava olhando novamente o céu nublado do lado de fora – Eu vou estar aqui até as seis horas entendeu?

- Certo.

- Se aquele garoto fizer qualquer coisa diferente, venha imediatamente me avisar.

Os dois apertaram as mãos com força, e se despediram com um breve aceno de cabeça. Thomas desceu a escada apressado, e ao dobrar um corredor, desapareceu das vistas de William. Ele se sentou cansado na cadeira que havia conjurado e suspirou pesadamente lançando um olhar ao misterioso objeto circular coberto com o pano cinzento em cima da mesa.


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Evelyn viu a pesada chuva começar a cair através da janela da sala do professor Binns. Ela olhava distraidamente o céu nublado do lado de fora, sem dar absolutamente nenhuma atenção ao fantasma que falava sobre algo sobre “O estatuto de Leis dos Não-Portadores-de-Varinha”.
Ela aproveitou que ninguém na sala parecia prestar atenção em nada, e puxou o medalhão de prata para fora das vestes, abriu discretamente para que ninguém a visse, e esperou as palavras se formarem: WILLIAM BLAKE - CANSADO – ESCONDIDO.
Ela suspirou; Havia passado à semana inteira observando o medalhão, e havia notado que essas palavras eram as que mais apareciam; às vezes acontecia à pequena alteração de VIAJANDO e normalmente bem tarde da noite, DORMINDO.
E uma vez para espanto de Evelyn o medalhão indicou: WILLIAM BLAKE – PARADEIRO INDETERMINVEL – causando grande confusão na garota.
Os alunos levantando apressados alertaram a garota de que a aula havia terminado. Guardando o medalhão nas vestes ela seguiu em direção do grande salão para o lanche da tarde.

Faltavam apenas duas semanas para o prometido reencontro com William, coisa que Evelyn não deixou que Tommy esquecesse. Ao menos duas vezes por dia ela relembrava o garoto da promessa que ele havia feito, e ele apenas sorria e pedia para ela ficar despreocupada. Era bem mais fácil falar com Tommy agora, ele sempre estava passeando pelo sétimo andar.
Algo que não passou despercebido por Pamela.

- Evelyn seja racional! Tem um motivo para ele estar no sétimo andar todos os dias! – Ela repetia pela milésima vez quando Evelyn se sentou ao lado dela na mesa – Com certeza tem algo com a missão... Com certeza tem algo com aquele garoto misterioso!

- Pamela... – Evelyn disse calmamente, como que explica algo a uma criança – Eu prometi ao Tommy que esqueceria desse tal garoto... Alem disso, se você quer tanto saber o que o Tommy faz no sétimo andar, por que você não pergunta?

Evelyn viu os olhos verdes de Pamela indo direto para a mesa da Lufa-Lufa, mais precisamente, no lugar vazio de Thomas. Durante a semana os dois não haviam se falado nenhuma vez.

- É complicado... – Pamela disse ainda olhando para a mesa – Minha situação com Thomas é complicada...

Evelyn franziu o cenho, e analisou a amiga por alguns instantes – O que houve? – Ela disse baixo para que só Pamela escutasse – Você e o Tommy pareciam tão... Sei lá... Apaixonados...

Pamela encarou os olhos castanhos de Evelyn, e suspirando fundo falou com voz triste:

- Ele me disse uma coisa que eu não esperava ouvir... Eu fiquei com medo e acho que o magoei... – Ela suspirou profundamente – Agora tenho vergonha de voltar e pedir desculpas...

Evelyn refletiu sobre as palavras que Pamela havia dito, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a garota se levantou, lançou um sorriso de dentes perfeitos e disse com o que Evelyn reconheceu imediatamente como falsa alegria:

- Depois me encontra na sala comunal... Preciso de ajuda com meu dever de poções.
E sorrindo saiu do salão. Evelyn viu os cabelos louros dela balançando graciosamente quando Pamela cruzou a porta do salão. O céu cinzento pairava fantasmagoricamente no teto encantado.


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Pamela encostou-se numa estatua do terceiro andar. Fechou os olhos tentando clarear os pensamentos: Estava tudo tão bem antes... Por que o Tommy tinha que complicar as coisas?

- Pensando em mim?

A garota abriu lentamente os olhos e não pode deixar de sorrir quando viu o sorriso perfeito e os olhos verdes na frente dela. Lá estava Tommy, a gravata do uniforme folgada e os cabelos despenteados, do jeito que Pamela não conseguia resistir.

- Como você faz isso? – Ela perguntou.

- Isso o que? – Ele ficou confuso e se aproximou dela, encarando os olhos dela de uma maneira que fez com que Pamela se arrepiasse.

- Aparece e desaparece aqui no terceiro andar.

Ele olhou para baixo evitando a pergunta, e isso fez com que Pamela se sentisse mal... Não por que ele não iria responder a pergunta, mas por que havia quebrado contato visual, e ela queria mais... Precisava de mais.
Ela se aproximou tocando o rosto dele com as mãos. Os dois estavam a milímetros de distancia quando ela disse:

- Precisamos conversar Tommy...

- Daqui a algumas horas eu me encontro com você nas estufas...

- Por que não agora? – Ela falou praticamente num sussurro.

Ele se afastou e desviou o olhar novamente – Eu preciso resolver uma coisa antes, no sétimo andar – Ele cortou o contato da mão dela com o rosto, fazendo um leve carinho com o polegar nas costas da mão dela – Depois nós podemos conversar.

Pamela ficou lá olhando para ele alguns instantes antes de falar com segurança na voz:

- Eu vou com você então.

- O que? – ele perguntou aturdido.

- Eu vou com você – Ela disse como se fosse uma resposta obvia – Até o sétimo andar...

- Pam... – Mas antes que Tommy pudesse argumentar ela colocou o indicador sobre os lábios dele fazendo o calar.
- Prometo que vai ser rápido... E prometo não te atrapalhar com o que quer que você fique fazendo lá. – Ela olhou com olhar de suplica, e foi à vez de Thomas ficar arrepiado. Ele não teria conseguido dizer não, nem se tentasse.

- Tudo bem...

Ela o segurou pelas mãos, e os dois rumaram para o sétimo andar de mãos dadas, sem dizer nenhuma palavra.


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Sem Pamela para conversar Evelyn decidiu passar seu tempo livre antes de ir a sala comunal, na biblioteca. O Professor Snape havia passado um trabalho particularmente difícil sobre vampiros, e ela achou que seria um bom momento para começar a fazê-lo (nas ultimas semanas ela não havia dado muita importância aos estudos).

Ela seguia para a sessão de livros sobres defesa contra artes das trevas, quando na metade do caminho viu uma pilha de livros abertos sobre uma mesa. Ela correu os olhos pela sessão em que estava, e foi com enorme satisfação que ela viu uma garota com longos cabelos castanhos e crespos; totalmente absorta na leitura de um livro próxima a uma estante.

- Oi... – Evelyn se aproximou timidamente – Lembra de mim?

A garota olhou para Evelyn por cima da grossa capa de couro do livro – Claro! Você era a garota com quem eu conversei quando eu estava... – Ela corou um pouco e se demorou um pouco antes de terminar a frase –... Jogando Xadrez...

Evelyn sorriu, lembrando-se da garota observando a pecinha do cavalo entre os dedos.

- Você resolveu seu problema? – Evelyn perguntou com genuína curiosidade, arrancando um sorriso tímido da garota da grifinória.

- Receio que não... Infelizmente as coisas continuam as mesmas. – Ela manteve o sorriso, apesar de parecer meio triste na afirmação.

Houve uma pausa constrangedora em que as duas garotas ficaram lá se encarando, sem saber ao certo o que dizer. Foi a garota da grifinória a primeira a quebrar o silêncio.

- Sou Hermione Granger a propósito.

- Evelyn McDowel – Disse Evelyn de maneira cordial, depois prestou mais atenção aos livros que Hermione lia: Todos sobre famílias bruxas. – Fazendo algum dever?

Hermione colocou o livro que lia em cima da mesa e puxou um outro do mesmo tema para as mãos – Não... Na verdade é só uma pesquisa para me distrair...

Evelyn olhou novamente os livros – Você não acha que são muitos livros para alguém que quer só se distrair?
Hermione sorriu – Nunca se tem livros demais.

Evelyn se sentou à mesa num pedacinho onde não havia nenhum livro. – Se importa se eu ficar aqui fazendo um dever?

- Não... Claro que não! – Ela colocou mais um livro sobre a mesa e puxou um outro da prateleira – Já disse que a biblioteca é de todos não é mesmo? – Falou num tom brincalhão.

Evelyn já havia aberto um rolo de pergaminho na mesa e estava prestes a abrir seu exemplar de Animais Fantásticos, quando notou um livro com detalhes dourados na capa, um livro com o titulo de Linhagem Pura: Genealogia Bruxa.
Ela puxou o livro para perto de si e começou a folhear as paginas.

- Posso dar uma olhada nesse aqui? – Perguntou ela a Hermione, que continuava a tirar mais e mais livros das prateleiras.

Ela olhou para o livro por um instante antes de responder sorrindo – Claro... Acho que o que estou procurando não vai estar ai mesmo...


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Quando Thomas e Pamela alcançaram o sétimo andar (e ela não pode deixar de notar que Thomas olhava em todas as direções a procura de alguma coisa), Thomas levou a garota até uma parede de pedra. Pamela olhou confusa para o garoto, mas instantes depois uma porta se materializou diante deles.
Eles entraram e Pamela ficou totalmente sem fala. A sala era pequena e redonda, enfeitada com velas e espelhos; no centro, almofadinhas multicoloridas.

- Eu nunca tinha vindo aqui antes... – Ela disse olhando tudo ao redor – Que lugar é esse?

- Chamam de Sala Precisa. – Ele se sentou numa pilha de almofadas – Uma sala encantada... Só aparece quando você precisa dela... Ela está sempre equipada com algo que você precise... Algo que você deseje.

- E o que você desejou? - Perguntou a garota confusa sentando-se ao lado dele.

- Um lugar calmo para conversar com você.

Ela sorriu e voltou a analisar a sala.

- Pam... – Thomas olhava para o chão, de certa forma procurando as palavras que deveria dizer – Sobre aquilo que eu disse... Foi burrice minha perguntar uma coisa daquelas... Nós dois...

O resto da frase se perdeu no ar. Pamela se atirou sobre o garoto, jogando os braços em volta do pescoço dele. Ela beijou Thomas como nunca havia beijado antes, era como se a vida dela dependesse daquele beijo.
A principio o garoto se espantou com a atitude, depois os olhos dele fecharam lentamente e ele retribuiu o beijo com a mesma intensidade dela.
Ele pressionou o corpo dela com força para mais perto do dele, ele queria aproveitar cada detalhe do beijo, aquele leve puxão, era um pedido, ele precisava dela mais perto.
Ela instintivamente aceitou o convite, e soltou seu peso por cima do garoto, que caiu com ela de costas nas almofadinhas da sala.

Quando os dois se separaram do beijo, Pamela piscou preguiçosamente, estava deitada por cima dele, sentia o peito dele arfando embaixo dela.
Thomas tentou memorizar cada detalhe dela naquele momento: Os olhos verde-piscina se abrindo lentamente e piscando, os cachos louros jogados de qualquer jeito para trás, a boca inchada e respiração descompassada devido ao beijo.

Ela mordeu o lábio inferior (Thomas sorriu), depois acariciou a face dele – Tommy... – Ela sussurrou – Vamos esquecer aquilo... Eu te amo, não precisamos pensar em nada agora... Vamos deixar acontecer... E ver onde nós vamos parar...

Ele puxou o rosto dela para perto para um beijo gentil e depois falou baixinho no ouvido dela:

- Pam... Eu te amo.

Algumas velas da sala se apagaram (ou desapareceram, eles não conseguiram ver).

- Por que a luz diminuiu? – Thomas perguntou.

- Acho que fui eu quem desejou isso... – Ela disse com um sorriso travesso no rosto.

Quanto tempo eles ficaram na sala apenas se beijando e trocando juras de amor, nenhum dos dois saberia dizer. Mas após um tempo sem nenhuma explicação Thomas soltou Pamela apressado e se pondo de pé num salto, se dirigiu até a porta.

- Temos que ir Pam... – Ele ajeitava as roupas apressadamente da melhor maneira que podia – Eu tinha um compromisso... E me esqueci completamente.

Demoraram alguns segundo para a garota compreender. Ela se levantou e ofereceu a mão ao rapaz, com a mão livre ele puxou a pesada porta de madeira e conduziu a namorada para fora da Sala Precisa.


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Wlliam puxou um pequeno relógio de bolso feito de prata para fora das vestes, eram quase seis da tarde. Apesar de ter aprontado tudo num tempo muito inferior ao que imaginara que levaria, ele decidiu esperar mais um pouco, caso Thomas tivesse novidades.
Ele olhou em cima da cama os objetos que havia separado para a viagem, verificando se estava levando tudo que iria precisar pela terceira vez.

Os instrumentos mágicos diversos (a maioria que ele havia roubado da casa de seu tutor, Rookwood) foram todos colocados nos bolsos magicamente ampliados do casaco, enquanto poções de todos os tipos estavam engarrafadas em uma bolsa de couro no pé da cama.

Ele lançou um olhar para o objeto circular em cima da mesa antes de deitar na cama, cansado. Ele fechou os olhos por um instante tentando se lembrar quando havia sido a ultima vez em que tivera uma boa noite de sono. Lembrou-se do dormitório da sonserina em Hogwarts.
Hogwarts...
Era lá que ela estava. Evelyn. Ele se imaginou abraçado com ela novamente: O calor da pele alva dela, o cheiro floral dos longos cabelos negros, o gosto dos lábios rosados...
Ele ainda se lembrava perfeitamente de cada detalhe do rosto dela... Ele ficou deitado por um bom tempo imaginando se ela estava pensando nele.


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Evelyn prendeu a respiração quando virou a pagina e viu o brasão da família Blake estampado. Havia uma curta descrição da família e suas realizações nos cantos das paginas, e o mais importante, na pagina ao lado, o nome de cada pessoa que fazia parte daquela linhagem, interligado no desenho de galhos secos de uma arvore negra.

Ela percorreu os nomes com o dedo e encontrou em um dos últimos galhos da árvore os nomes: Jonathan e Guilhermina Blake. Ela prendeu a respiração por um instante... Eram os pais de William.
No galho em que esses nomes apareciam havia uma bifurcação que se dividia em dois galhos menores em que se lia: Dorian Blake e William Blake.

Ela parou por um instante tentando assimilar o que havia acabado de ler. Leu os dois nomes lentamente e analisou os galhos finos e contorcidos do desenho diversas vezes antes de dizer para si mesma: “Ele tem um irmão...”.

Ela puxou o livro mais para perto e leu cada letra do pequeno texto nas bordas da pagina, com o maior cuidado para não perder nenhuma palavra.


Os Blake são sem duvida uma das mais antigas famílias da comunidade bruxa, tendo raízes que datam até o século XV. Membros dessa família podem ser encontrados em todo o leste Europeu e em algumas partes da América do norte.
Famosa por ser uma das cinco famílias bruxas com sangue totalmente puro em sua linhagem, essa família nunca agregou nenhum trouxa.
Está família esteve por gerações em Hogwarts (normalmente na casa da Sonserina, e em raras ocasiões na Grifinória) e em certa época em Durmstrang.
Dentre as inúmeras conquistar ao longo da historia, devemos destacar que o notório alquimista Bartholomeus Blake, foi criador de diversos antídotos e poções restauradoras, que ainda hoje são utilizadas em tratamentos médicos bruxos.
A grandiosidade dos Blake decaiu quando eles abertamente se filiaram ao famoso bruxo das trevas Gerllet Grindelwald, no ano de 1935.
Após a queda de Grindelwald (1945), vários de seus membros foram mortos ou enviados para uma pena em Numengrad. O antigo prestígio da família havia acabado, e eles seguiram através dos anos se interligando com outras famílias puras. Foram poucos os que permaneceram fieis à linhagem dos Blake.
O pouco de influencia que essa família possuía acabou quando eles tomaram partido ao lado de outro bruxo das trevas: Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado.
Como todos sabem, o famoso bruxo das trevas foi derrotado pelo Menino que Sobrevieu, e seus partidários foram caçados. O legado da família Blake acabou quando a maior parte foi para Azkaban ou morreu em duelos com o ministério. Os poucos remanescentes agora fazem partes de outras famílias.



Pela primeira vez Evelyn se sentiu insignificante. Não eram somente os segredos que ela não conhecia sobre William... Ela não sabia de nada sobre ele.
Ela não conhecia a família do garoto, não soube nada da infância dele... Pela primeira vez ela percebeu que o homem que ela tanto amava era um completo estranho.

Ela leu novamente o nome de Jonathan Blake. "Meu pai foi mandado para Azkaban, por fornecer venenos aos comesais da morte. Uma mentira é claro... Foi uma armação.”.
Ela imaginou William quando era criança chorando sozinho no quarto, sem mãe, o pai numa cela fria de Azkaban... Mas... Ele tinha um irmão... Por que ele não disse nada de um irmão?
Ela pensou no quão pouco ela sabia sobre ele, o quão pouco ela havia descoberto sobre o verdadeiro William.


Famosa por ser uma das cinco famílias bruxas com sangue totalmente puro em sua linhagem, essa família nunca agregou nenhum trouxa.


Ela sentiu o estomago embrulhado, e por um momento teve certeza de que iria vomitar.
Ela era uma nascida-trouxa. Se eles ficassem juntos ela estaria sujando a linhagem dos Blake... Ela se sentiu inadequada, como se estivesse destruindo o pouco de família que um dia ele possuiu.
Ela analisou o brasão dos Blake: Uma serpente enroscada numa arvore negra de galhos secos, em baixo da arvore um imponente leão deitado. Tudo cuidadosamente desenhado por dentro de um escudo de prata, o lema da família brilhando em letras prateadas no centro de tudo:


“Tru Brucia In Abrucia Ous Continus”.


Ela fechou o livro e se levantou, se despediu rapidamente de Hermione, pedindo emprestado o livro.

- Tudo bem... Espero que possamos nos encontrar novamente Evelyn – Ela disse animada, Hermione gostava de ter alguém por perto na biblioteca.

Evelyn apenas sacudiu a cabeça afirmativamente, e seguiu um pouco mais deprimida em direção a sala comunal.


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Quando Pamela e Thomas saíram da Sala Precisa já havia três pessoas do lado de fora esperando:
Um era um sextanista da sonserina, magro de rosto pontiagudo, com os cabelos louro-platinados assentados perfeitamente na cabeça.
Os outros eram duas garotinhas da Lufa-Lufa que Pamela se lembrou de já ter visto no sétimo andar antes.
O clima ficou tenso, ela reparou que os três encararam Thomas por um tempo quando eles discretamente saiam da sala de mãos dadas; Ela até notou que as garotinhas lançaram um olhar de puro ódio ao garoto antes de cochicharem alguma coisa uma no ouvido da outra.

- Pam, é melhor você ir... Fique no seu dormitório não importa o que aconteça entendeu? – Thomas falou sem olhar a namorada nos olhos.

- Tommy... – Ela apertou a mão dele em busca de alguma explicação para a mudança repentina.

- Eu te amo Pamela... Faça isso por mim...

Ela soltou a mão dele com certa relutância. Pamela seguiu até o fim do corredor, mas a curiosidade era maior, escondendo-se dentro de uma sala vazia. De dentro da sala ela observou Thomas se afastando da entrada da Sala Precisa, indo à direção a um outro lugar. O garoto de cabelos louros entrou na Sala Precisa olhando ao redor para ter certeza de que ninguém o estava observando. Por um tempo as garotinhas ficaram do lado de fora, e Pamela concluiu que estavam vigiando a entrada da Sala precisa para o garoto de cabelos louros.
As garotinhas falaram entre si algo que Pamela não conseguiu entender. Uma delas sorriu e seguiu na mesma direção que Thomas havia ido.
Confusa, e com uma pontada de ciúme irracional da garotinha, ela seguiu para o dormitório da corvinal.


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Quando Pamela atravessou a porta para a sala comunal, a primeira coisa que viu foi o rosto triste de Evelyn. A garota estava sentada numa mesa de estudos ao lado de uma janela.

- Você não parece nada bem... – Falou Pamela se aproximando da amiga.

- E você parece ótima. – Disse Evelyn com um sorrisinho se formando no rosto. – Você foi falar com o Tommy não é?

- Não! – Pamela sorriu – Ele que veio me procurar... – Ela se sentou junto à amiga, e só então notou um livro grosso de capa com detalhes dourados. – O que é isso? – Ela perguntou vendo o brasão dos Blake na pagina em que estava aberto o livro.

- Nada... – Ela fechou o livro rápido e escorregou ele de qualquer jeito dentro da mochila. – Peguei na biblioteca para me distrair.

- Hummm. – Pamela olhou desconfiada – Tudo bem... Mas espero que não tenha esquecido que você tem que me ajudar com o meu dever de poções!

Evelyn sentiu-se um pouco mais feliz por dentro, parecia que falar com Tommy realmente tinha feito bem a Pamela.

- Só depois que você me contar os detalhes do seu encontro com o Tommy! Não me esconda nada Pam!

Pamela narrou tudo que havia acontecido do momento em que ela se encontrou com Thomas, até a visita deles a Sala Precisa. Estava descrevendo os momentos em que passaram deitados sobre as almofadas da sala quando um relâmpago assustou a garota e ela parou por um instante.

- Droga! Não parou de chover o dia todo! – Pamela olhou pela janela e viu o céu cinzento despejando pesadas gotas sobre o castelo.

Evelyn deu uma olhada rápida para o lado de fora, depois voltou a encarar a amiga – Tudo bem... Termina de contar... O que aconteceu depois?

Pamela enrubesceu, depois disse tentando disfarçar um sorriso – Nada... O Tommy tinha uma coisa para resolver... Então saímos da Sala Precisa... – Pamela se lembrou de súbito de uma coisa. – Havia um garoto...

Outro relâmpago cortou os céus do lado de fora, iluminando com um clarão a sala comunal. Pamela viu o lampejo refletido no rosto muito alvo de Evelyn, e algo que ela havia deixado passar despercebido fez sentido na cabeça dela. Foi só quando juntou Evelyn ao garoto louro que entrou na Sala Precisa que ela compreendeu.

- Evelyn...

- Que foi Pam? – Evelyn perguntou preocupada, por que Pamela estava com os olhos ligeiramente arregalados e havia ficado muito pálida.

- Evelyn... Acho que sei quem é o garoto misterioso que o William estava vigiando...

Evelyn não teve tempo de dizer nada; Outro relâmpago iluminou o céu cinzento com um estrondo. As duas olharam pela janela, mas foi Evelyn quem viu... Dois vultos atravessavam a chuva em direção da floresta proibida. Ela se levantou da cadeira e se aproximou da janela, tentando enxergar melhor.

- Aquele parece ser o...


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Thomas Lee caminhava com dificuldade através da chuva em direção a floresta proibida. Ele sentia a ponta da varinha encostada na nuca.

- Mais rápido – Disse a garotinha da Lufa-Lufa que segurava a varinha firme apontada na nuca do rapaz – Não me force a fazer nada que eu não queira.

Como podia ter sido tão descuidado? Era isso que Thomas pensava. Deixou-se visível, e eles o encurralaram... Fora desarmado com tanta facilidade, que agora se amaldiçoava por não ter treinado mais com William.

A chuva fazia com que as vestes colassem no corpo do garoto, que escorregava e tropeçava agora que estavam adentrando a floresta. Ele arriscou uma olhada para trás, e viu a própria varinha, escapando pelos bolsos das vestes da garotinha.

- Depressa! – Ele sentiu um cutucão na nuca que queimou feito brasa quando a ponta da varinha encostou-se à pele. Ele reprimiu um gemido de dor, a garotinha fez mais pressão com a varinha, se divertindo com o sofrimento de Thomas.

Eles andaram por cerca de cinco minutos, até que chegaram a uma clareira aberta. As arvores eram mais dispersas e o terreno era praticamente plano, grossas raízes se espalhavam pelo chão, os galhos das arvores balançavam ferozmente com a chuva, as pesadas gotas ainda caiam do céu com força.

- Pare! – A garotinha ordenou – Vire-se para mim!

Thomas obedeceu a ordem. Lentamente ele girou no mesmo lugar até que ficou de frente para a garota. Ela devia ter no máximo doze anos, mal alcançava nos ombros dele.

- De joelhos. – Ela ordenou com um sorriso cheio de malicia no rosto.

Ele foi se abaixando aos poucos, pensando num plano de fuga... Mas não conseguiu ver saída... A garota tinha a varinha apontada direto para o rosto dele, ele estava desarmado, estava muito longe do castelo, e ninguém jamais o ouviria na chuva. Esse era o fim.
Ele caiu de joelhos de frente para a garota. Seu ultimo pensamento foi Pamela. Os cabelos louros e sedosos, o gosto dos lábios, o sorriso, a voz... Com um aperto no coração ele percebeu que jamais iria sentir o calor da garota novamente.
Ele viu a garota erguendo a varinha no ar, e fechou os olhos... Esperando pela maldição que lhe tiraria a vida.

- ESTUPEFAÇA!

A voz feminina rompeu pelo ar pronunciando o feitiço. Mas não era a voz que Thomas esperava ouvir. Ele abriu os olhos a garotinha olhando furiosa para algo alem de Thomas.
Olhou ao redor: Evelyn e Pamela avançavam por entre as arvores com as varinhas em punho.

- ESTUPEFAÇA! – Evelyn gritou novamente errando a cabeça da garotinha por alguns centímetros.

Era o momento. Ele se jogou em cima da garotinha, puxando para si a varinha de dentro dos bolsos dela. Percebendo o que havia acontecido, a garota correu em direção a floresta, lançando feitiços em todas as direções.

- PROTEGO! – Thomas teve de gritar quando um lampejo dourado foi em direção de Pamela. O projétil atingiu o escudo invisível e ricocheteou no galho de uma arvore que se partiu caindo no chão com um estrondo. Thomas teve de saltar e rolar pela clareira para não ser atingido.

A garotinha viu como ele havia ficado vulnerável, havia aberto a guarda para proteger a namorada.
Ela apontou a varinha direto para o peito de Thomas.

- LACARNUM INFLAMARI! – Ela berrou quando um jato de chamas azuis acertou Thomas direto no peito.

Thomas sentiu o peito arder, era como se um chicote em brasa o açoitasse sem parar. Sentiu uma pontada fervente e incomoda no meio do peito, antes de cair de costas no chão.
Ele sentiu as gotas de chuva acertando com força o rosto dele, e ouviu os gritos de Pamela ao longe, cada vez mais distantes... Ele colocou a mão sobre o peito, no exato lugar onde o feitiço o havia atingido... Não foi com surpresa que viu a mão se encher de sangue: O Próprio sangue escorria pelo lugar onde o feitiço lhe acertara. Ele se sentiu com frio... Tudo foi ficando escuro...

- TOMMY! – Pamela gritou quando os olhos dele se fecharam e a cor desapareceu do rosto do garoto.


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NA: Desculpem terminar o cap de um jeito tão melancolico... =P

ok, eu sei que é besteira da minha parte falar isso novamente, mas eu tenho que agradecer de coraçao todos que visitaram e realmente leram a fic... E agradecer com todo carinho as pessoas que comentaram...

MUITO OBRIGADO.

E pedir a todos que lerem a fic, que deem a sua contribuiçao, dando ideias para o novo nome da fic... aceito sujestoes galera!

Rafael Wrencher.

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