O Conselho de Tommy Lee



Exatamente como na mesa do café da manha, uma luz se ascendeu no cérebro de Evelyn. Ainda havia alguém que sabia sobre William... Snape estava enganado ela não era a única com conhecimento da situação. Em algum lugar desse castelo tem um aluno da Lufa-Lufa que deve saber exatamente onde William está. Em algum lugar desse castelo está Thomas Lee.


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Infelizmente falar com o rapaz se provou uma tarefa um pouco mais complicada do que imaginava.
Thomas evitava Evelyn de todas as maneiras possíveis. Sempre que notava que Evelyn estava vindo em seu encalço o garoto corria para o terceiro andar, e de uma maneira misteriosa simplesmente desaparecia.
Precisava de um plano para extrair alguma informação...

Evelyn estava impaciente, caminhava de um lado para o outro na sala comunal da corvinal, olhava o tempo todo para o relógio de pulso. Pamela havia dito que tinha aulas duplas de herbologia com a Lufa-Lufa, a turma de Thomas, Evelyn a fez prometer segurar Thomas de qualquer maneira nas estufas, desse jeito o rapaz não poderia se esquivar das perguntas sobre o paradeiro de William. – Finalmente uma utilidade para aquela garotinha... – pensou, lembrando-se que as maneiras diretas de Pamela às vezes a tornavam muito insuportável. Mas pensando bem, fora exatamente o jeito direto dela que colocou a cabeça de Evelyn no lugar.

Já estava quase na hora de acabar a aula de herbologia, deveria ir imediatamente até as estufas, se quisesse falar com Thomas. Saiu apressada, com a gravata frouxa, o cabelo e as roupas estavam mal arrumados. Já estava na escadaria do salão principal quando alguém chamou seu nome.

- Senhorita McDowell...

Ela virou-se e se surpreendeu ao ver o novo professor de poções, Hóracio Slughorn.

- Senhorita McDowell, é você não é mesmo querida?

- ham... Sou eu professor... – Não tinha a mínima idéia do que o professor queria, mas notou um pouco encabulada que o professor avaliava com um olhar a maneira desleixada com a qual a garota estava vestida. Envergonhada ela tentava ajeitar os cabelos num rabo de cavalo.

- Tenho algo bastante importante a discutir com a senhorita... Se puder me acompanhar até minha sala...

Ela consultou o relógio de pulso uma outra vez, se demorasse, Thomas iria escapar mais uma vez de suas perguntas.
Percebendo o gesto da aluna o professor se apressou em dizer:

- Apenas por alguns instantes... Não se preocupe.

Não havia escapatória, derrotada ela concordou com um aceno de cabeça e os dois seguiram juntos em direção da sala de poções.
Quando entraram na sala, Evelyn não pode deixar de se lembrar da noite em que William lhe revelou detalhes de sua conturbada infância. Sentiu um aperto no coração, em parte por saudades do moreno, mas o real motivo da aflição era outro. Evelyn pensou por um instante... Talvez fosse isso que o professor queria, teria ele descoberto sobre William e Snape? Estaria atrás de informações?

- Sente-se querida! – Ele disse, ele mesmo se sentando na cadeira de sua mesa. Timidamente Evelyn se sentou temendo o rumo da conversa.

- Aceita um pouco de cerveja amanteigada?

Evelyn balançou a cabeça negativamente, estava com medo de dizer algo que não deveria.

- Ora querida, não precisa ser tímida! – Ele abriu um largo sorriso enquanto enchia uma taça de cerveja para si – O que eu tenho para falar com você é algo que tenho certeza que irá lhe agradar!

Ele puxou um pedaço de papel de uma gavetinha da mesa e ainda com o largo sorriso disse com uma voz alegre:

- Antes de tudo querida, preciso confirmar alguns detalhes com você tudo bem?

Ela não compreendeu muito bem a pergunta, mas mesmo assim concordou com outro aceno de cabeça.

- Pois bem então... – Ele olhou para o papel e em seguida para Evelyn, como se analisasse o que os dois tinham em comum – Evelyn MacDowell... Aluna do sexto ano... Nascida trouxa... Vejo que tirou excelentes notas nos seus N.O.M.s... Uma das melhores da sua classe de Runas Antigas... – Sorriu e deu uma piscadinha para a garota.

- Me parece que você senhorita MacDowell, tem um futuro incrível pela frente! – com cuidado ele retornou o pedaço de papel para a gavetinha. – Decidi lhe convidar pessoalmente a participar do meu circulo privado de amigos...

Agora Evelyn não estava entendendo absolutamente nada.

- ... Um clube fechado onde alunos de Hogwarts podem se encontrar e ter um pouco de diversão... O Clube do Slugue!

- Bom professor... – Evelyn parecia estar finalmente compreendendo. Já sabia a algum tempo, o professor organizava algumas reuniões para expandir seu circulo de amigos... – Terei de pensar a respeito...

- faça isso minha jovem!

Ela consultou novamente o relógio, estava vinte minutos atrasada... A turma de Herbologia já havia sido liberada.

- Agora professor, me desculpe, mas estou realmente atrasada para algo importante.

Ela se levantou sem mais palavras e seguiu o mais rápido que pode em direção das estufas, já estava sem esperanças... Não importava o que Pamela tivesse feito para manter Thomas lá, ele não era estúpido, deveria ter desaparecido novamente no terceiro andar.


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Ela demorou alguns minutos para chegar até as estufas, olhou em todas as direções, estava deserta. A turma da Lufa-Lufa já havia saído há muito tempo atrás... Havia perdido a chance.
Já estava dando meia volta e retornando ao dormitório quando um barulho chamou sua atenção.

Um arbusto de cor avermelhada balançava freneticamente em varias direções, a principio Evelyn imaginou que fosse apenas mais uma das plantas mágicas da professora Sprout, mas foi com um grande susto, que notou que sons humanos saiam do arbusto. Ela se aproximou com cuidado, a respiração presa, uma mão esticada a frente... Ela afastou o arbusto lentamente.

- Thomas? – Ela exclamou meio surpresa antes de perceber o que acontecia. Deitados no chão das estufas, sujos de terra, estavam Thomas com sua gravata folgada e blusa com os primeiros botões abertos, os cabelos negros mais despenteados que nunca. Sua capa estava a muitos metros de distancia. Abraçada ao rapaz estava Pamela, que continuava com seus cachos louros impecavelmente arrumados, na verdade se não fosse pelo batom extremamente vermelho dela, totalmente borrado no rosto da garota, Evelyn não teria compreendido o que estava acontecendo... Os dois estavam lá ofegantes, foi Pamela quem falou primeiro:

- Ah, você veio!

- Pamela! O que você está fazendo? – Evelyn simplesmente não conseguia compreender como uma garota do quarto ano podia estar tão calma numa situação dessas.

- Bom... Você me pediu para segurar ele aqui de qualquer maneira... Essa foi a melhor maneira que encontrei!

Thomas não pode deixar de sorrir com a afirmação, Pamela tinha um jeito fantástico de descomplicar assuntos complicados, por assim dizer.

- Ele é todo seu, querida... Pode fazer suas perguntas... – Ela se levantou, limpou o batom do rosto e ajeitou as vestes sujas e terra, se dirigiu de volta ao dormitório, antes de sair das estufas disse com um sorriso maroto no rosto: - Agente se esbarra de novo qualquer dia Tommy! – deu uma piscadela com o olho e saiu como se o que tivesse acontecido fosse à coisa mais comum do mundo.

Thomas ainda estava hipnotizado pela garota que acabara de sair das estufas, demoraram alguns instantes antes dele voltar à realidade e olhar para Evelyn. Ele afastou o olhar com receio da conversar que teriam.

- Não tem mais onde se esconder Thomas... Tenho perguntas a fazer...

- É eu sei... – Ele ajeitava o cabelo – não achei que pudesse te evitar por muito tempo mesmo... – Ele se colocou de pé e agarrou as vestes sujas no chão – Vem comigo, tem um lugar onde podemos conversar.


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Thomas a levou até o banheiro feminino do segundo andar, ao qual Evelyn já sabia, quase nunca era usado, devido a fantasma de uma garota, a Murta Que Geme.
Quando os dois entraram no banheiro a cabeça da fantasma atravessou um dos boxes fechados com um sorriso esperançoso no rosto.

- Queridinho é você? – Quando viu que era Thomas fechou a cara e sumiu de vista.

- Não... Não é seu “queridinho”... Ele está ocupado.

- De quem ela ta falando? – Evelyn perguntou intrigada.

- Ninguém importante – Thomas se sentou no chão molhado perto de uma das pias oferecendo um lugar seco para Evelyn ao seu lado. – Sente-se e faça as suas perguntas Evelyn... Mas eu não lhe garanto responder todas elas.

Ela se sentou decida ao lado dele. Agora que estava lá não tinha certeza de por onde começar. Ela olhou para Thomas, o garoto tinha acabado de fazer quinze anos, quartanista magro, cabelos negros bagunçados, olhos castanhos muito claros, ele devolveu o olhar com um sorriso de dentes perfeitos, e a pergunta saiu meio que sem querer dos lábios de Evelyn:

- Você também é um comensal?

O sorriso de Thomas se alargou mais

- Não... Eu não sou...

- Então como você... – antes que a garota pudesse terminar a pergunta Thomas se adiantou.

- William confiava em mim, ele me contou tudo.

- Então ele não confiava em mim?

- Não! Muito pelo contrario! – Thomas percebeu a tristeza no olhar da garota e se apressou em explicar – ele te ama tanto que achou injusto te colocar em risco por culpa do passado dele. Ele me contou por que confiava em mim, e escondeu de você por que te amava.

Evelyn precisou de alguns instantes para compreender o que ele havia falado. Ainda se sentia mal consigo mesma por ter ficado tão nervosa quando deveria ter ajudado seu amado.

- O professor Snape sabe que você também conhece o segredo deles?

- Não. William diz que Snape é como o pai que nunca o deixaram ter. Ultimamente Snape anda muito abatido... “É o inicio da guerra chegando”... É isso que diz o William, ele achou melhor não colocar mais um motivo de preocupação nas costas do Snape.

- Onde está o William? – esperara tanto tempo para fazer essa pergunta que as palavras saíram rápido, se atropelando.

- Não posso dizer... Não ainda.

- Thomas... Eu o amo! – Havia suplica em seus olhos, Thomas analisou a garota por alguns instantes, e após um longo suspiro disse com voz rouca.

- Se você esperar três meses eu te levo até ele.

- Três meses? – A indignação estava clara na afirmativa.

- É isso ou nada.

Ela desviou o olhar irritado para uma das pias do banheiro. Depois de um tempo concordou com um aceno de cabeça.

- Ele vai estar seguro?

- Relaxe, ele não está em nenhuma missão perigosa ou nada do tipo. – Ele se colocou de pé e ofereceu ajuda para que a moça se levantasse. – Se importa se eu lhe der um conselho?

- Claro que não... – Disse Evelyn confusa.

- Quando vocês se encontrarem não de motivos para que William duvide do seu amor. – Evelyn não compreendeu a afirmação, abriu a boca para dizer alguma coisa, mas Thomas a interrompeu bruscamente. – Sabe não é só por que William é um puro sangue que ele foi parar na sonserina. Ele tem um dom para esconder segredos... Ele conseguiu esconder do Snape que eu sei o segredo... Escondeu de você por dois anos que era um comensal da morte. Não que ele não confie nas pessoas, mas para que elas fiquem bem.
O pai adotivo dele o treinou para ser um guerreiro... E Snape o treinou para ser um sobrevivente... Ele é um bruxo que está sempre em busca de mais conhecimento... Se ele não tiver certeza do seu amor... Talvez continue a esconder coisas de você no intuito de te proteger.

Ele olhou nos olhos da garota, e ela pode notar que o sorriso de Thomas estava desaparecendo, como se ele se lembrasse de algo que tentava se esquecer.

- Quando eu cheguei em Hogwarts era o pior da minha turma. Os garotos da sonserina tiravam sarro de mim, não tinha amigos na Lufa-Lufa... Minha própria casa! Mas William viu algo em mim que ninguém mais tinha visto...
ele me ensinou pessoalmente... Tudo que sei foi ele quem me mostrou.
E ele viu algo em você também!

Ela abaixou o rosto encabulada.

- Ele te ama. Ele não vai se afastar para sempre... Quando essa guerra que está começando terminar, tenho certeza, você vai ser a primeira pessoa com quem ele irá querer passar o resto dos dias.

Ela olhava para os própios pés. Não tinha ideia do que dizer, não depois de tudo que Thomas havia dito. Mas então uma coisa ocorreu em sua cabeça.

- Thomas... Quem é o menino do qual você estava falando em Hogsmeade?

O rosto de Thomas empalideceu.

-Ninguém. É perigoso falar sobre isso... Para seu bem, esqueça essa história.

Ela engoliu em seco. Abraçou forte Thomas e se despediu com carinho quando saíram para os corredores.

- Tchau Thomas...

- Até a próxima... E pode me chamar de Tommy... Tenho certeza que vamos nos ver muito no futuro...

Evelyn já estava no final do corredor quando Thomas gritou ao longe:

- Hei! Se a sua amiga quiser esbarrar em mim qualquer dia desses... Diga pra ela que eu aceito de bom grado!

Evelyn não pode deixar de sorrir. William estava bem, Thomas era uma boa pessoa... Agora só precisava esperar três meses para reencontrar seu amado.


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