A Garota na Biblioteca



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Evelyn estava sentada na mesa da corvinal durante o café da manhã, parecia mais abatida do que nunca, olheiras molduravam os olhos castanhos claros, a pele branca estava atingindo uma cor de cera... Noites sem dormir pensando em William estavam acabando com a garota. Pamela estava sentada ao seu lado observando Evelyn enquanto distraidamente enrolava com os dedos um dos seus cachos loiros e perfeitos.
Dois meses haviam se passado desde a conversa de Evelyn com Tommy no banheiro inundado do segundo andar, a garota ficava animada a cada dia que se passava, a cada dia ficava mais perto de reencontrar William. Seu coração disparava todas as vezes que pensava no garoto... Uma aflição tomava o corpo inteiro dela, será que ele iria a perdoar pelo tratamento que recebeu? Afinal ela o havia abandonado no momento em que ele mais precisava dela.

- Pensando no gatão? – Pamela despertou Evelyn de seus devaneios, nos últimos meses a quartanista acabou meio que fazendo uma amizade forçada com ela. Evelyn até já havia se acostumado com a sinceridade chocante de Pamela... Na verdade, até gostava desse traço dela.

- Estava sim... – disse com sinceridade enquanto a loira observava atentamente.

- Ele está bem! O Tommy já garantiu isso!

- Eu sei... Não é isso que me deixa preocupada agora... – Ela deu um longo suspiro e mirou fundo nos olhos verde piscina de Pamela – Se ele está bem, Por que não fez contato comigo?

Pamela abriu a boca pronta a uma explicação, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa Tommy Lee, que havia saído de sua mesa na Lufa-Lufa, sentou-se ao lado dela e deu um beijo estalado antes de desejar um ‘Bom dia’ a Evelyn.
Ela sorriu ao ver o garoto, que embora magro e com o nariz levemente torto, ainda sim era bonito... Usava a gravata frouxa e o uniforme parecia ter sido arrumado de qualquer jeito. Com os cabelos negros bagunçados e o sorriso perfeito que acabaram roubando o coração de Pamela.

- Vou direto para minha primeira aula... – Evelyn disse se levantando – Tenho que falar com o professor Slughorn...

Depois de se despedir seguiu direto para a sala de poções. Na verdade a garota não tinha nada para dizer ao professor, mas nas ultimas semanas, desde que Pamela e Tommy haviam começado a namorar, era simplesmente insuportável ficar perto deles... Não que ela tivesse ciúmes ou algo do tipo, mas vê-los apaixonados a fazia lembrar de William, e o coração dela reclamava de saudades.

- Minha solidão me traz ainda mais solidão – pensou consigo mesma.


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Ela seguiu direto para as masmorras, encarando por longos minutos a porta da sala de poções; Foi ali que ela viu Will pela ultima vez. Ela se esforçou para lembrar dele... O cheiro dos cabelos longos e macios dele, a voz macia, o toque gentil das mãos dele e principalmente os olhos negros e fundos que transbordavam amor quando ele a olhava.
- Senhorita McDowel?

Evelyn se assustou com a voz, o professor Slughorn vinha gingando pelo corredor e parou de súbito ao perceber a aluna encarando a porta da sala de poções.

- Desculpe, não quis assustar... – Disse o professor com um sorriso jovial no rosto – O que faz tão cedo aqui nas masmorras?

- Cheguei um pouco mais cedo para a sua aula professor – Evelyn disse depois de se recompor do susto.

- Entendo... – O professor levantou uma das sobrancelhas em sinal de desconfiança – Você parece meio abatida minha jovem... Algo de errado? – Ele falou numa voz que parecia ter genuína preocupação.

- Não é nada professor... – Ela se apressou em dizer – Não tenho dormido direito, só isso...

O professor analisou a garota por um instante, e depois abrindo um largo sorriso convidou a garota a entrar na sala de poções. Ela se sentou timidamente numa cadeira próxima a mesa do professor.

- Aceita um gole de cerveja amanteigada ou quem sabe uma caneca de hidromel? – Enquanto falava, ele mesmo se servia de Hidromel.

- Não professor, obrigada...

Ele a fitou por um instante depois deu um gole longo na caneca de hidromel e sorriu para a garota como um garotinho vendo os presentes embaixo da arvore de natal.

- Suponho senhorita McDowel, que você já pensa na proposta que eu lhe fiz?

Demoraram alguns instantes antes de Evelyn se lembrar do convite para o clube do Sluge; nas ultimas semanas não conseguia pensar em outra coisa se não William, e o convite foi deixado de lado... O professor de poções a olhava ansioso pela resposta, Evelyn imaginou que talvez aquilo fosse exatamente o que ela precisava para colocar os pensamentos no lugar.

- Aceito professor... Parece-me algo interessante – Ela sorriu gentilmente antes dos primeiros alunos chegarem e a aula começar.

- Ótimo querida... Agora vá para seu lugar, temos uma aula agora.


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- Ela anda meio abatida você não acha? – Pamela estava abraçada a Thomas; deitada atrás de um arbusto grande e avermelhado nas estufas.

O rapaz suspirou fundo, apertando mais o abraço – Ela sente falta do Will – ele concluiu tristemente.

- Tenho medo...

- De que querida? – confuso por não saber do que Pamela falava.

- Ela pode fazer alguma besteira... Ela esta confusa e triste... Acho que ela ainda se culpa por ele ter ido – ela acariciava as costas de Tommy, feliz por ele estar ali – Ela se sente mal por ele nem ter tentado fazer contato com ela.

- Talvez eu possa resolver isso... – o olhar dele ficou distante e sonhador por um instante.

- Como? – Pamela se espantou.

Tommy se colocou de pé rapidamente, beijou a loira com intensidade. Quando os lábios se desgrudaram ele deu um sorriso maroto.

- Pode me fazer um favor Pamela?


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O dia se arrastou normalmente, Evelyn respirou aliviada por saber que agora teria tempo livre antes do jantar. Ela pensou em ir até os jardins, mas teve certeza de que nesse horário encontraria Pamela e Tommy...
Ela pensou nos dois juntos, sentiu-se como um fantasma, como um quebra cabeça com uma peça faltando. Tommy e Pamela tinham um ao outro agora, estavam se amando, e ela estava sozinha, sem nem ao menos saber aonde encontrar o homem que ela tanto ama... Seus pensamentos vagaram até William.

Por que ele não fez contato? Ele ainda me ama? – ela pensou consigo mesma... Mas imediatamente outros pensamentos vieram. – Ele não faz contato porque está chateado. Ele não me ama porque o abandonei quando ele mais precisava.

Ela tentou afastar aqueles pensamentos da cabeça. Ela precisava de algo para se distrair, algo para esquecer do mundo. Primeiro ela decidiu ir a um lugar calmo, depois achou melhor procurar alguma coisa que a mantivesse entretida por horas, talvez dias... Algo como...

Um livro – ela imaginou – a biblioteca.


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Ela seguiu até a biblioteca, parando somente para observar uma garotinha que havia deixado cair um pesado telescópio de latão no chão do sétimo andar.
Na biblioteca ela procurou encontrar um lugar vazio e isolado, um lugar onde estaria sozinha; demorou só alguns instantes para achar uma ala da biblioteca onde só havia uma garota, uma sextanista da grifinória, de cabelos castanhos muito cheios e crespos.
Evelyn pegou um livro de poções qualquer em uma prateleira próxima e começou folhear as paginas preguiçosamente, tentando ao máximo não pensar em William. Os olhos dela vagaram distraidamente pela biblioteca e ela notou um fato curioso que não havia percebido: Apesar de ter vários livros abertos sobre a mesa, a garota não lia. Ao invés observava sonhadora; um tabuleiro de xadrez.

Evelyn tinha certeza que conhecia aquela garota de algum lugar, mas mesmo forçando a memória não conseguiu se lembrar. Decidiu falar com ela.

- Se importa se eu me sentar aqui? – ela disse timidamente quando se aproximou da mesa onde a garota estava.

Como que acordando de um transe, os olhos dela entraram em foco e ela se apressou em dizer: - Claro... A biblioteca é de todos não é?

Evelyn abriu um sorriso tímido, e se sentou na frente da garota, que por sua vez retribuiu o sorriso e voltou a analisar o jogo de xadrez.
Evelyn correu os olhos pelos livros na mesa, a maioria de defesa contra artes das trevas e poções, depois, discretamente observou a garota, forçando a memória a se lembrar da onde a conhecia. Os olhos pousaram no emblema de monitor cuidadosamente colocado sobre as vestes da garota, depois reparou que ela segurava alguma coisa: Uma peça do tabuleiro de xadrez. Na verdade, observando com mais atenção, Evelyn notou que a atenção da garota estava totalmente voltada à pecinha na mão dela.

- Desculpe... – Evelyn disse sem jeito – O que é isso na sua mão?

A menina enrubesceu e tentou desajeitada colocar a pecinha de volta no tabuleiro, derrubando varias peças de suas posições; irritadas as peças voltaram para seus lugares lançando olhares maldosos a garota.

- Não é nada de mais... Uma peça do jogo, o cavalo, uma das peças mais importantes. – ela disse num fôlego só.

- Desculpe a pergunta... – Evelyn não pode conter a curiosidade – Mas por que você está segurando isso?

A garota desviou rápido o olhar e encarou os pés por alguns instantes antes de dizer timidamente:

- Por nada... Besteira minha. – Ele arriscou um olhar para Evelyn e sorriu.

Foi no momento daquele sorriso que Evelyn notou o quão abatida a garota parecia; era como se ela não dormisse a meses, foi no momento daquele sorriso que Evelyn se viu refletida no rosto da garota, e imediatamente disse a primeira coisa que lhe veio a cabeça.

- Você também sente falta de alguém...
Evelyn levou as mãos em direção a boca imediatamente quando percebeu o que havia dito. A garota por outro lado, olhou espantada por alguns instantes depois sorriu divertida pela cena.

- Dá pra perceber? – ela disse corando levemente.

- Desculpe... – Evelyn falou envergonhada – não foi minha intenção...

- Tudo bem... Eu já não me importo mais com esse tipo de coisa... – Ela voltou a pegar a pecinha do tabuleiro. – Eu venho aqui às vezes pra me distrair... Mas desde que encontrei esse tabuleiro de xadrez fica impossível de me concentrar...

- Por quê?

- Ele me faz lembrar de uma pessoa – Ela disse contemplando sonhadoramente o cavalo novamente.

- Essa pessoa sabe o quanto você sente falta dela?

A garota da grifinória olhou por um momento para Evelyn, como se a avaliasse, sorriu timidamente; Evelyn imaginou que talvez ela estivesse considerando a situação, talvez desabafar fosse exatamente o que aquela garota precisasse, e Evelyn tinha sido uma oportunidade.

- Eu não sei... – Ela falou lentamente ainda olhando o cavalinho de madeira que se contorcia em sua mão – Ele anda estranho ultimamente... Distante.

Evelyn se lembrou de Will mudando de assunto repentinamente, e da maneira como ele olhava nervoso para os lados quando o assunto não o agradava.

- Talvez... – A garota continuou a dizer distraidamente – Talvez ele não me ame da mesma maneira que eu o amo... – Ao perceber o que havia dito ela corou violentamente e voltou a olhar para os pés.

Evelyn sentiu uma grande afeição por aquela garota. Quando Evelyn se preparou para dizer alguma coisa um grito a impediu. Pamela vinha direto para ela sem fôlego, seguida direto por uma Madame Pince muito irritada que reclamava sobre o barulho na biblioteca.

- Evelyn! – Pamela disse recuperando o fôlego – Tommy quer que você se encontre com ele no banheiro quebrado do segundo andar imediatamente... – Dizendo isso puxou Evelyn pelo pulso e a arrastou em direção a saída da biblioteca.

Antes de sair Evelyn olhou uma ultima vez para a garota da grifinória.

- Hey! – Evelyn disse antes de sair – Às vezes eles nos amam tanto que se afastam sem por amor... Ele te ama eu tenho certeza!

A monitora da grifinória deu um sorriso e se despediu com um tchauzinho discreto.


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- O que você estava fazendo conversando com aquela garota? – Pamela perguntou num tom de curiosidade que Evelyn não soube definir.

- É só uma garota que conheci na biblioteca... Por quê?

- Você não sabe mesmo quem é?

Evelyn olhou confusa para Pamela – Não Pam, não tenho idéia... Sei que ela é da grifnória, mas... – Mas Pamela cortou a amiga na metade da frase.

- Evelyn! Aquela é Hermione Granger! Ela é a melhor amiga do Harry Potter!

De súbito Evelyn se lembrou da onde conhecia a garota. Ela era a melhor aluna de Hogwarts dos últimos anos, já havia ganhado prêmios por serviços prestados à escola... Já havia aparecido no profeta diário uma ou duas vezes durante o torneio tribuxo... Como pode se esquecer dela?

- Você tem razão! – Evelyn disse sorrindo – Mas, o que tem de mais nisso?

- Evelyn! Seu namoradinho é um comensal da morte!

- Fale mais baixo Pam!

- Não tem ninguém por perto... – Ela olhou seria para Evelyn – O segredo do William está mais seguro longe de Harry Potter...

- Eu não vou sair por ai espalhando nada sobre ele!

- Todo cuidado é pouco...

Antes que Evelyn falasse algo, as duas perceberam que estavam na porta do banheiro da Murta-Que-Geme. Foi quando Evelyn teve um súbito assomo de expectativa... O que Tommy queria com ela no banheiro? Da ultima vez em que estiveram ali ele tinha noticias sobre William. O coração dela bateu mais forte.


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