Amor de Prata e Diamante



Antes que Evelyn falasse algo, as duas perceberam que estavam na porta do banheiro da Murta-Que-Geme. Foi quando Evelyn teve um súbito assomo de expectativa... O que Tommy queria com ela no banheiro? Da ultima vez em que estiveram ali ele tinha noticias sobre William. O coração dela bateu mais forte.


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Ela olhou ansiosa para Pamela, que simplesmente sorriu e empurrou a pesada porta de madeira para frente. As duas entraram no banheiro e se olharam ao redor à procura de Thomas.

- Querido? É você? – Uma voz animada saiu de um dos boxes, logo em seguida a cabeça de Murta-Que-Geme se materializou através de uma das portas. Olhou indiferente para as duas alunas da corvinal antes de se fechar e desgosto e dizer entre dentes – Ahh... São vocês...

- Sim somos nós... – Pamela parecia ofendida – hei, por acaso algum aluno da Lufa-Lufa esteve aqui?

- Claro que não! – Disse Murta de uma maneira que ficasse claro que ela não aprovava o tom de voz de Pamela – Afinal, esse é um banheiro de Garotas.

Pamela olhou irritada ao redor, ainda procurando por Thomas.

- Acho que o Tommy vai se atrasar... – Ela olhou preocupada para a amiga – Vamos esperar ele aqui... O que você acha?

Evelyn nem se quer ouviu o que Pamela havia dito; Ela ainda olhava atenta para o fantasma no boxe do banheiro, analisando o rosto tristonho dela. Os pensamentos de Evelyn iam a mil por hora, voltados para algo que ela havia se esquecido... Se esquecido até agora.

- Murta... – Evelyn falou, impondo o máximo de educação que conseguiu – Posso te perguntar uma coisa?

Pamela olhava de Murta para Evelyn sem entender o que estava acontecendo.
A cabeça de Murta se inclinou um pouco, como se avaliasse a situação.

– Pergunte... – Ela disse com uma das sobrancelhas levantadas em sinal de desconfiança.

Pamela olhava agora diretamente para Evelyn, com curiosidade estampada no rosto. Evelyn olhou rapidamente para Pamela e depois fixou o olhar dentro dos olhos de Murta.

- Murta... Quem é esse garoto que você chama de “querido”?

O rosto do fantasma se distorceu num sorriso de satisfação enquanto ela deslizava pelo ar em direção a Evelyn. Ela rodopiou ao redor de Pamela e veio parar bem de frente a Evelyn.

- Ele é incrível! – Ela disse sem disfarçar o sorriso no rosto – Ele é bonito, gentil, sensível... Ele está com problemas, mas mesmo assim vem aqui me visitar quase toda semana...

- Problemas? – Evelyn falou com falsa curiosidade – Que tipo de problemas?

Murta voltou a ficar desconfiada, e subiu rapidamente as mãos em direção a boca – Não! Ele me fez prometer não contar a ninguém!

Evelyn olhou de esguelha em direção a Pamela. Ainda sem entender aonde ela queria chegar.

- Por acaso... – Falou Evelyn quase cantarolando as palavras – Esses problemas teriam algo com o Você-Sabe-Quem?

O rosto de Murta se deformou num misto de espanto e medo. Evelyn e Pamela se entreolharam com sorrisos nas faces.

- Eu não vou dizer nada! Não façam mais perguntas! – Murta gritou de maneira aguda, antes de voar pelo ar e entrar com toda força dentro de um dos boxes. As duas garotas ainda escutaram os gritos dela durante algum tempo ecoando no encanamento.

- É isso! – Evelyn falou eufórica – Esse garoto que a Murta-Que-Geme chama de “querido”... Eu me lembrei... O Tommy já o conhecia!

- Como você sabia?

- Quando viemos aqui há dois meses atrás, ele entrou no banheiro avisando a Murta que não era “o queridinho dela”... O resto foi palpite...

Pamela sorriu, depois começou a ajeitar os cabelos vendo o próprio reflexo em um dos espelhos sujos e quebrados do banheiro.

- Tudo bem... Mas de que adianta? Sabemos que tem um garoto que vem aqui durante a semana que tem algo com Você-Sabe-Quem... Grande coisa...

Evelyn se sentiu irritada pelo fato de ser a única pessoa vendo que algo importante tinha acabado de acontecer. Ela puxou Pamela gentilmente pelo braço fazendo com que ela a olhasse nos olhos...

- Pamela... – Ela falou séria – Antes do Will ir embora, O professor Snape o havia mandado vigiar um garoto... Um garoto que tinha cometido um erro que resultou naquela garota amaldiçoada em Hogsmeade...

Pamela contraiu o cenho, como uma pessoa tentando resolver um enigma.

- Eu achei que esse garoto, o “queridinho” da Murta... – Continuou Evelyn – Era o William... Por que da maneira com a qual Thomas havia falado, ele pareceu saber exatamente onde o tal garoto estava... Mas agora me passou essa idéia pela cabeça... – Ela ainda olhava fixamente para Pamela; A mão aumentando a pressão no braço da loira – Talvez esse garoto que visita a Murta seja o mesmo garoto que William estava vigiando.

- Evelyn... Você não acha que isso é um pouco conveniente demais?

Mas Evelyn tinha um brilho diferente nos olhos, Pamela notou um lampejo de felicidade que ela não via há muito tempo.

- Pam! Tommy sabia exatamente onde o garoto estava por que é ele quem o está vigiando!

Pamela ficou confusa por um instante. Depois foi assimilando a informação, as palavras de Evelyn começavam a fazer sentido dentro da cabeça dela.

- Depois que William partiu, Tommy começou a vigiar o garoto! É a única resposta!

- Esqueça esse garoto – Disse uma voz masculina vinda da porta do banheiro.


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As duas garotas olharam rápido, e se espantaram quando notaram Tommy encostado na parede; A porta entreaberta logo ao lado dele. Ele estava sério, e olhava diretamente para Evelyn.

- A quanto tempo você está ai Tommy? – Evelyn perguntou temendo a resposta.

- O suficiente. – Ele disse ríspido sem desgrudar os olhos dela. – Pam... Você pode nos deixar sozinhos querida?

- Tommy... – Pamela tentou argumentar, mas Tommy não lhe deu espaço para falar.

- Eu te encontro no salão Pam... Deixe-nos sozinhos... Agora... Por favor.

Pamela olhou rápido para a amiga, deu um beijo na bochecha de Thomas antes de sair apressada do banheiro. Thomas não deixou de olhar para Evelyn em nenhum momento.
Ele olhou ao redor, para ter certeza de que estavam sozinhos.

- Eu te proíbo de tentar descobrir quem é o garoto que você estava falando.

- Eu estava certa não é? – Ela falou sorrindo.

- Isso é sério Evelyn! – Ele disse agressivamente, a voz soando como um grunhido. – Me prometa que vai ficar longe de problemas... Prometa-me que vai esquecer desse garoto.

- Tommy! – Ela se assustou com a reação do amigo – Esse garoto é a chave de tudo! È por causa dele que Will foi embora! Se eu achar esse garoto eu acho o Will!

Tommy não se conteve. Ele correu e segurou com força os braços de Evelyn.

- Você não entende? – Ele falou baixo, os olhos com uma fúria que Evelyn nem sabia que ele possuía. – William foi embora para te proteger! E mesmo assim você vai correr em direção do perigo! Você quer que o sacrifício dele, de deixar você para trás tenha sido em vão?

Foi quando Thomas Lee viu o medo nos olhos de Evelyn que percebeu o que estava fazendo. Ele a soltou rápido e desviou o olhar do dela. Ele foi cambaleando em direção a um canto qualquer do banheiro e desabou sentado lá. Lagrimas correram livres pelo rosto dele.

- Desculpe. – Ele disse simplesmente com a voz embargada.

Evelyn se ajoelhou de frente ao rapaz, que olhou confuso por um instante, limpando as lagrimas que insistiam a continuar a cair. Ela o puxou para perto de si e o abraçou com força.

- Eu é que tenho que pedir desculpas... Você tem razão... – Evelyn se surpreendeu com o som embargado da própria voz – Ele está fazendo isso por mim... Não é justo com ele.

Tommy se afastou do abraço dela. Esfregou com força os olhos para afastar as ultimas lagrimas persistentes.

- Desculpe por te segurar daquele jeito... Eu estou um pouco abalado pelo que vi quando fui me encontrar com o William.

Evelyn ficou em estado de choque por um instante. Não esperava de maneira nenhuma escutar Tommy dizendo uma coisa dessas.

- Você foi se encontrar com o William? Por que não me levou junto? – Depois ela compreendeu o que ele havia dito – Como assim abalado com o que viu? Ele está bem?

- Calma! – Tommy percebeu o erro que foi ter dito aquilo – Você vai saber do que eu estou falando em breve.

Ele ficou em pé, ajudou Evelyn a levantar – Eu já te disse montes de vezes que ele está bem – Ele enfiou a mão no bolso e puxou um pedacinho de papel – Isso aqui é seu... Eu vou me encontrar com a Pam agora... – Ele abraçou a garota com força, e colocou o papel na mão dela.

- Não importa o que aconteça... Eu vou cumprir minha promessa. Em um mês eu vou te levar até o William... Certo?

Ela devolveu o abraço e se limitou a balançar a cabeça afirmativamente. Tommy lançou a ela um olhar cheio de significados antes de sair do banheiro em direção ao grande salão.
Evelyn desembrulhou o papel amassado e o corpo inteiro dela tremeu quando ela reconheceu a caligrafia arredondada de William. No papel havia apenas uma coisa escrita:

ESPERE NA SALA COMUNAL DA CORVINAL ESSA NOITE.


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Evelyn olhava as chamas na lareira crepitando suavemente. Sentada naquela que havia se tornado sua poltrona favorita, a poltrona em que havia chorado por horas quando William se foi.
Ela olhava ao redor da sala comunal o tempo todo... Já era tarde, só havia umas oito pessoas por lá. Ela olhou para Pamela sentada no chão perto dela cochilando de tempos em tempos. Pamela estava diferente, parecia perturbada com alguma coisa, cansada e apreensiva. Nem mesmo os cabelos loiros e cacheados tinham a mesma perfeição que normalmente tinham, nem se quer os olhos tinham o mesmo brilho.

- Você não precisa ficar aqui esperando comigo... – Disse Evelyn preocupada com a amiga.

- E perder a chance de ver o que quer dizer essa carta do seu gatão? – Ela abriu um sorriso cheio de dentes – De maneira nenhuma!

- Pam... Você parece meio... – Ela parou um instante medindo bem as palavras antes de dizer qualquer coisa – Abatida.

O rosto de Pamela se desmanchou em algo que Evelyn não conseguiu distinguir, mas que lembrava de certa forma tristeza.

- Não é nada Evelyn... É que depois que o Tommy saiu do banheiro nos tivemos uma longa conversa... – Ela começou a mirar à lareira e o olhar dela saiu um pouco do foco – Só estou cansada... Nada de mais...

- Vá dormir Pamela... Amanhã eu lhe conto tudo.

Pamela se levantou e deu um beijo estalado na bochecha de Evelyn, surpreendendo a garota.

- E não se esqueça de contar nenhum detalhe ok? – Sorriu e deu uma piscadinha antes de subir as escadas do dormitório.


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Ainda demoraram algumas horas antes do ultimo aluno ir dormir. Mas Evelyn não apresentava absolutamente nenhum sinal de sono, esperava pacientemente na sala comunal. As chamas da lareira já haviam se apagado... Evelyn olhava distraída para uma grande janela logo ao lado da estátua da fundadora da casa.
Não havia nenhuma estrela do lado de fora... Nuvens negras cobriam o céu. Com certeza haveria uma grande chuva no dia seguinte. As nuvens pareciam ficar cada vez mais densas; de fato Evelyn notou uma nuvem muito escura vindo em direção ao castelo.
Só quando ela estava bem perto ela notou que não era uma nuvem.
Ela correu e abriu a janela bem a tempo de uma grande massa negra pousar pesadamente em cima de uma das mesas da sala. Demoraram alguns segundos antes que a massa disforme fosse identificada: Um morcego muito negro e grande (tinha quase o tamanho de uma coruja) com uma caixa de veludo negro amarrada em uma das patas.
Evelyn se aproximou, e o morcego estendeu a pata indicando a garota que ela deveria retirar o embrulho dali.

Quando Evelyn desatou o nó e puxou a caixa para si, o morcego se dobrou em algo que lembrava uma reverencia, e voou direto ao teto da sala; onde ficou pendurado de ponta cabeça.

Ela abriu a caixa com cuidado, somente pare encontrar do lado de dentro um envelope muito bonito de cor vermelha e uma sacola de pano vermelho estufada. Ela decidiu abrir o envelope primeiro, encontrando do lado de dentro uma carta feita de uma pergaminho avermelhado:


Meu amor,
Desculpe se essa carta chegar tarde da noite até você, dei ordens diretas ao Alucard para que só lhe deixasse essa caixa quando você estivesse sozinha; Peço-lhe que cuide bem de meu morcego essa noite, Alucard fez uma viagem muito longa para lhe trazer esse presente.



Evelyn olhou para o morcego dormindo preguiçosamente no teto, e sorriu para o corajoso mensageiro. Depois voltou a ler a carta:


Desculpe-me também por não ter lhe escrito antes, mas a verdade é que eu sinceramente não sabia o que falar... E para ser sincero, ainda não sei.
Mas acho que a melhor maneira de começar e dizendo isso: Eu sinto tanto a tua falta meu amor. Não há um dia em que eu não pense em você. Tenho tanta saudade do teu calor, do seu carinho e dos seus beijos. Às vezes me pego fechando os olhos e imaginando que você está ao meu lado. Você não tem idéia do quanto você me faz falta.
Nas poucas vezes em que Thomas veio até mim ele me disse que você sofre por minha partida, e isso me entristece e alegra ao mesmo tempo.
Entristece-me por que eu não consigo nem suportar a idéia de te imaginar sofrendo, sinto-me mal por saber que eu sou a razão da sua dor.
Isso me alegra por que se você sofre com minha falta, é por que ainda me ama.
Peço-lhe... Por favor, não sofra por mim. Eu estou bem. Eu lhe dou minha palavra meu amor, quando essa guerra terminar, nós dois estaremos para sempre juntos.
Sempre que se sentir preocupada comigo, eu quero que você olhe o presente que lhe mandei.

Com todo meu amor, William.



Nada a havia preparado para aquilo. Ela não controlou as lagrimas, e chorou abertamente, chorou por saudade, e chorou por felicidade. Ele a amava e pensava nela. E ela o amava também... Mais que tudo na vida.

Com as mãos tremendo ela abriu o saquinho vermelho, e o coração dela quase parou quando ela viu seu conteúdo: Um cordão feito de prata, com uma elegante medalha redonda. Ela analisou o presente por alguns instantes e descobriu que a medalha se abria, e no lugar onde deveria haver fotos, havia apenas uma superfície de diamante lisa, onde estrelas e planetas brilhavam. Sua maior surpresa foi quando uma das superfícies de diamante girou e o nome WILLIAM BLAKE brilhou; Logo em seguida a superfície ao lado girou e as palavras: CANSADO e ESCONDIDO apareceram.

Evelyn não pode acreditar, ele havia lhe dado uma maneira de saber como ele estava. Uma maneira de senti-lo mais próximo. Ela enxugou as lagrimas e sorriu feliz, mal podendo esperar para mostrar seu presente a Pamela no dia seguinte.


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NA: em primeiro lugar eu gostaria de agradecer a todos que deixaram um comentario, e deixar claro que darei uma olhada nas fics e comentar assim que eu puder ok?

em segundo lugar, eu gostaria de me desculpar pelos capitulos tão curtos e corridos, mas faz tudo parte de uma coisa que eu tenho planejada, em breve irei escrever capitulos maiores e com MUITO mais conteudo, eu prometo.

E por ultimo, e nao menos importante, eu gostaria de pedir a ajuda de qualquer pessoa que venha a ler essa fic...
Uma coisa importante que venho querendo a algum tempo: Pedir a opinao de vocês, para o novo nome da fic... gostaria de opinioes...

Muito obrigado, Rafael Wrencher

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