Lembranças da Serpente



- Tenho uma coisa seria para te contar. – ele segurou as mãos dela com força.

Ela não sabia ao certo se queria ouvir o que ele tinha a dizer, as palavras “Lord das Trevas” ainda estavam ecoando claras na mente dela.



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As lagrimas brotavam dos olhos da garota, ela já não podia se controlar.

- Não quero ouvir nada – A raiva comandava as palavras, ele havia mentido se passando por outra pessoa. Tinha que feri-lo, precisava se afastar dele.

- Escute... – Ele apertou com ainda mais força as mãos dela, estava desesperado – Não é o que você está imaginando... Eu posso explicar.

Ela desviou o olhar, preferiu encarar um o caldeirão vazio próximo da mesa do professor, não queria olhar nos olhos aquele que um dia ela amou tanto. – não quero explicações. – Foi o mais fria possível na afirmação, queria o ver sofrendo tanto quanto ela.

- Você se lembra quando falávamos sobre os seus pais?

- O que eles têm com isso?

- Eu nunca te contei sobre os meus pais – Ele soltou as mãos da garota e se afastou ela não pode resistir e arriscou olhar para ele, havia tanta tristeza no rosto de William que por um momento ela quis esquecer tudo e abraça-lo, mas não podia, não deveria, ela estava com raiva e medo. Ele se sentou em uma das cadeiras dos alunos, e olhou fixamente para o caldeirão assim como Evelyn estava fazendo.

- Minha mãe morreu quando eu nasci. Meu pai era um bom homem, era amigo do Professor Snape, os dois estudaram juntos aqui em Hogwarts. – Ele fez uma pausa e tomou fôlego antes de continuar – Ele era dono de uma loja de ingredientes mágicos no Beco Diagonal, não era uma grande loja, mas ele gostava. Eu tinha só um ano de idade quando aconteceu... Nem sei ao certo como aconteceu... Quem me contou a historia foi o próprio professor Snape...

Evelyn se aproximou lentamente, não pode deixar de notar, pela primeira vez em todos esses anos em que conhecia William, havia lagrimas nos olhos do garoto.

- Você-sabe-quem tinha sido derrotado... O garoto Potter tinha feito tudo mudar... Meu pai foi mandado para Azkaban, por fornecer venenos aos comesais da morte. Uma mentira é claro... Meu pai era um homem honesto, armaram para que um comesal fosse liberado com uma sentença menos branda. Meu pai foi preso injustamente. – Ele esfregou com força os olhos e olhou para o lado – fui criado por um Ex Comesal da morte chamado Rookwood, um canalha, só aceitou minha guarda para se safar de uma pena em Azkaban... Quando eu tinha nove anos fiquei sabendo que meu pai havia morrido na prisão...

Ele se levantou de uma vez assustando Evelyn, limpou as lagrimas do rosto com a manga das vestes e chutou com força a mesa que estava mais próxima.

- Com dez anos Rookwood decidiu que eu já tinha idade suficiente para ser marcado com a Marca Negra. Na época eu nem sabia o que era... Foi só a dois anos que as coisas ficaram ruins. Você-Sabe-Quem retornou, a marca apareceu...

Ela prestava atenção em cada palavra que ele dizia, anos de tristeza e amargura eram finalmente colocados para fora.

- Sou obrigado a cumprir ordens... Se me recuso a fazer qualquer coisa ele me mata. Snape sabe da minha condição ele tem me protegido, evitado que eu acabe sendo mandado para alguma missão perigosa, ou que eu seja ordenado a matar alguém. Snape diz que há uma chance de escapar do lord das trevas...

- E porque você está me dizendo isso agora? – ela perguntou, sem demonstrar emoção na voz.

- Por quê? - ele perguntou incrédulo – você é a pessoa mais importante na minha vida! Você foi a melhor coisa que já me aconteceu!

- Não é o que parece – ela retrucou - Você mente! Esconde seus segredos de mim!

- Se eu escondi alguma coisa foi por que te amo! Queria te proteger! – ele avançou para a garota, voltou a segurar as mãos dela, ela percebeu que ele tremia. Os longos cabelos estavam caídos sobre o rosto do rapaz.

Evelyn não queria ouvir essas palavras, como poderia saber se isso não é mais uma grande mentira? Ela mirou o rosto sincero do rapaz por alguns instantes, mas decidiu que não podia fraquejar, não deveria ceder, ela afastou as mãos dela das dele.

- É só isso que você tem a dizer? – ela disse quebrando o incomodo silencio.

- Você acha isso pouco?

- Tenho que ir para meu dormitório, não quero mais nenhum problema. Boa noite William. – Ela seguiu decidida para fora da sala, deu uma ultima olhada para William, o garoto arrasado ainda olhava esperançoso para ela, como esse ultimo olhar ela foi embora.

Demoraram alguns segundos para que William percebesse o que havia acontecido, quando compreendeu que a mulher que ele amava estava partindo decidiu evitar, correu até a porta o mais rápido que pode, viu somente a garota virando o corredor sem nem ao menos olhar para trás. A vontade fraquejou, e raciocinou por um momento, considerando as pessoas com as quais estava envolvido era melhor para ela ficar longe dele. Ele não iria deixar nada de ruim acontecer com Evelyn. Seguiu até a sala do mestre das poções, bateu na porta e foi permitido entrar.

- Professor Snape, não posso cumprir a missão, isso passou dos limites para mim. Vou embora.



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Quando Evelyn finalmente chegou na sala comunal da corvinal, desabou numa das poltronas próximas a lareira, cedeu as emoções, mesmo se tivesse tentando não teria sido capaz de parar de chorar. Refletiu por longas horas. Havia perdido o controle, deixou-se levar pela raiva e pelo medo, feriu aquele que mais amava. Como pode ter sido tão idiota? William a amava, estava estampado no brilho dos olhos dele.

“Snape diz que há uma chance de escapar do lord das trevas”.
Nem se quer é culpa dele! Ele está tentando fugir, não tem escolha... O que foi que eu fiz?



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