capitulo 2



Ficou surpresa quando saiu da sorveteria e o encontrou observando, com ar interessado, a vitrina da loja de roupas masculinas. Antes que se distanciasse na direção oposta ele já estava a seu lado.
- Precisa deixar que eu tente desfazer a péssima reputação que os ingleses parecem ter para você. Nem todos os ingleses são desprezíveis mulherengos como pensa. – disse ainda com um brilho zombeteiro no olhar - Deixe-me provar-lhe isso... Tome um aperitivo comigo hoje à noite, depois que as crianças dormirem, no bar do hotel.
Quando ela ia responder ele tocou-lhe o braço de leve.
- Por favor, hoje é a minha última noite em Veneza.
O corpo de Hermione reagiu ao leve contato arrepiando-se como o de um gato.
- Creio que não - Enquanto respondia ela lembrava-se de Vitor, de como ele conseguia ser meigo e persuasivo no começo. O bebê mexeu-se e resmungou - Tenho que ir - apressou-se - O bebê tem que mamar. Até logo!
- Eu também vou voltar para o hotel.
Ele não entendera que ela o queria longe. O inglês passou a caminhar ao lado dela, segurando-a de leve num cotovelo, guiando-a entre a multidão. Hermione zangou-se consigo mesma ao perceber que gostava da mão dele em sua pele nua.
- Vou me trocar e arrumar a mala - contou ele - Depois tenho um almoço com meus colegas no Cipriani antes da conferência desta tarde.
O que queria dizer que era a última vez que o veria, pensou Hermione com o que deveria ser satisfação, mas teve vontade de se castigar quando notou que era uma leve decepção.
- Por favor, não se atrase por minha causa - pediu - Julia não pode andar mais depressa.
- Na verdade não estou com pressa – disse ele encurtando o passo para acompanhar o dela. - Então quer dizer que voará para a Austrália no fim da semana... Irá diretamente daqui ou passará em Londres?
- Tenho que passar em Londres para pegar o resto das minhas coisas, mas pegarei o primeiro vôo assim que chegar – disse com má vontade.
- Não quer me dizer o seu nome?
- Hermione. - ficou sem jeito com a má vontade que transparecia em sua voz e procurou falar com suavidade, porém as sobrancelhas ergueram-se em sinal de irritação ao acrescentar - Hermione Granger.
- Ronald Weasley. Vou para a Austrália daqui a alguns dias.
- Mesmo? Férias? - Fez a pergunta sem querer.
- Em parte. Vou também a negócios. Tenho interesses a tratar em Melbourne e um casamento a comparecer. Tenho uma fazenda de criação de ovelhas na região oeste de Victoria, a cerca de três horas de Melbourne. Terei que ficar por lá, substi¬tuindo meu administrador que vai viajar em lua-de-mel. Em que região da Austrália você mora?
- Melbourne - novamente Hermione lamentou a tensão em sua voz, queria ter respondido com indiferença, queria demonstrar que não significava nada eles estarem indo para o mesmo lugar.
- Por que tem tanta pressa em ir para lá?
- É um caso de urgência. – disse com uma voz fria - Terei pouco tempo para mim quando chegar lá.
- Problemas familiares? Doença?
- É a minha... - calou-se. Sua irmã não gostaria que falasse de seus problemas pessoais com um estranho. Nicole jamais conver¬sara com ela sobre seus desgostos matrimoniais por meses. Negara que tivesse qualquer problema, dando todas as desculpas do mundo para um marido grosseiro e egoísta. Mas com o tempo, havia ficado difícil esconder o que acontecia e Nicole lhe pedira socorro. Hermione morava em Londres e era a única que poderia impedir que a energia e o telefone fossem desli¬gados por falta de pagamento - Importa-se de falar de outra coisa?
- Oh, claro, vai procurar emprego assim que chegar em casa?
Teria que procurar um emprego, uma vez que Vitor a impossibilitava de voltar para a empresa onde tra¬balhara. Ele era sócio da prestigiada firma que ia a Melbourne de tempos em tempos. Podia até mesmo transferir-se definitivamente para lá, como ela fizera indo para Londres. No entanto, graças a Vitor, não ficara na matriz da empresa os seis meses planejados. Pedira demissão e ia ser difícil arranjar emprego igual ao que tinha na maior empresa de Melbourne, mesmo que Vitor não fizesse a maldade de espalhar o boato que ela não era confiável. E ele era capaz disso, porque fazia de conta que não a traíra. "Essa mulher nada significa para mim", havia sido a patética de¬fesa dele quando ela o apanhou com a outra.
- Ainda não decidi - respondeu - Boa viagem de volta a Londres.
Entrou atrás da apressada Julia pela porta de vidro que Ronald Weasley manteve aberta. Não desejou o mesmo para a viagem a Melbourne esperando que ele compreendesse que não queria vê-lo de novo. Ronald Weasley era muito cheio de si; bonito demais, sexy demais, encantador demais... E, como Vitor, considerava-se irresistível.
O bebê começou a chorar nesse momento. Se Ronald disse alguma coisa, ela não ouviu. Atravessou apressadamente o saguão e entrou no elevador que já ia fechar as portas, sem dar a ele a chance de segui-la.
Fora nessa mesma noite que o mundo explodira na sua cabeça. Após deitar as crianças e esperar meia hora para ter certeza que dormiam sossegadas, foi até o jardim da cober¬tura para respirar um pouco de ar puro antes de se enfiar em seu quarto.
O pôr-do-sol era magnífico. Lembrou-se de Ronald Weasley, e o que dissera: "Precisa apreciar o pôr-do-sol ao lado de um homem...”.
Sentiu-se inquieta e desejou jamais ter ido para Veneza, jamais ter conhecido Ronald. Ele era tudo que desprezava num homem, no entanto...
Ouviu um ruído atrás de si e os cabelinhos da nuca se arrepiaram. Será que era ele?
- Hermione, imaginei que a encontraria aqui.
Era uma voz conhecida, de sotaque inglês, mas não a dele. Voltou-se e surpreendeu-se com o vulto alto e forte contra o céu brilhante. Era o pai de Julia e Josh, Draco Malfoy, seu patrão. Ainda vestido como estava ao sair, com a esposa, só que estava sem o paletó.
- Senhor Malfoy, esqueceu alguma coisa? As crianças estão dormindo.
- Eu sei, fui vê-las agora mesmo. - Ele se aproximou - Vim jantar aqui porque preciso organizar umas anotações para a reunião de amanhã. Os amigos trarão minha mulher, mais tarde.
Ela podia sentir o cheiro de uísque no hálito dele.
- É melhor eu ir para meu quarto – disse. Lá ela estaria segura, uma vez que os filhos dele dormiam no quarto ao lado e ela poderia trancar a porta.
- Espere - Malfoy a segurou pelo braço - Fique e aprecie esse vista maravilhosa.
- Por favor, senhor Malfoy, solte-me – disse tentando, em vão, se soltar.
- Você é uma mulher muito atraente Hermione – disse com a voz rouca - Não devia ser tão tentadora.
Como era cínico. Ele a culpava por sua fraqueza; era um verdadeiro clone de Vitor, que lhe dissera quando o pegara no flagra: "Não pude evitar. Ela é uma feiticeira sedutora, nunca mais vai acontecer." De fato, não acontecera porque ela não dera chance.
- Quer fazer o favor de soltar meu braço? - disse com voz tensa, fitando Malfoy com ódio.
- Só um beijinho Hermione, isso não vai magoar ninguém. Veneza é a terra do amor, lembre-se. Você está sozinha e isso não é justo. Não posso deixar que vá embora daqui sem pelo menos um...
- Não! Por favor, senhor Malfoy.
Hermione estava mais brava e enojada do que com medo. Sabia que alguém poderia entrar no terraço a qualquer momento, ele também devia saber, mas não se importava. Só se impor¬taria com sua mulher e ela estava jantando no Palazzo Gritti. Incrivelmente, desejou que Ronald Weasley apare¬cesse ali. Ele podia não ser o cavaleiro ideal numa armadura brilhante, mas com certeza a salvaria das investidas de Draco Malfoy. Enquanto ele distraísse o bêbado, ela fugiria.
- Hermione você é tão linda, sabia? – E num gesto brusco, ele apertou-a contra si e colou a boca na dela, silenciando seus protestos. Ela tentou escapar, po¬rém Malfoy era muito mais forte e não ligava para os socos que levava no peito, nem os pontapés que de vez em quando acertavam suas canelas.
- Draco!
Essa simples palavra, dita num tom rascante, conseguiu o que todos os esforços de Hermione não haviam conseguido.
- Pansy!? - O choque pareceu curá-lo da bebedeira. Ele empurrou Hermione para longe. - Querida, graças a Deus você chegou! Esta descarada praticamente me atacou. - Hermione perdeu a voz diante de tanto cinismo. - Saí procurando por ela, porque não estava no quarto e me preocupei com as crianças... Encontrei-a aqui, apreciando o crepúsculo sozinha, devo dizer, quem sabe com saudade do namorado... Quando me viu, ela se atirou nos meus braços. Tenho certeza que não era a mim que ela beijava, mas ao namorado distante. Devemos tratar este caso com calma, amor, e perdoá-la. A culpa é de Veneza, do crepúsculo, da magia...
- Perdoá-la? Você enlouqueceu? Se não posso confiar na babá de meus filhos? Arrume suas coisas e vá embora assim que amanhecer. Vai sair daqui sem receber um centavo, não vamos pagar sua passagem para a Austrália. Use a passagem de volta para Londres que já tem. Tenho certeza que saberá dar um jeito para voltar à sua terra... E boa viagem!
- Querida, não pode fazer isso - implorou Draco, enquanto o coração de Hermione gelava. - Nós precisamos dela.
- Posso contratar uma camareira do hotel para cuidar das crianças até o fim da semana. Ela vai embora.
- Mas não pode dispensá-la sem nada. Prometemos pa¬gar-lhe a passagem de volta à Austrália e...
- Você está do lado dela, é? – disse fuzilando Draco Malfoy com o olhar - Estou achando que ela não foi a instigadora da cena repulsiva que acabei de ver. Você é que se atirou em cima dela!
- Pansy, nunca. Eu não faria isso - defendeu-se o homem.
A dramática negativa fez os lábios de Hermione se contraírem pelo desprezo, porém ninguém lhe prestava atenção. Draco estava ocupado demais em salvar o próprio pescoço e Pansy em livrar-se dela.
- Vou ligar para o aeroporto amanhã cedo e fazer reserva para Hermione no primeiro vôo à Londres - determinou Pansy - Não quero que ela volte conosco no fim da semana. Irá amanhã.
Draco Malfoy mordeu os lábios.
- Meu bem, não podemos mandá-la embora sem lhe pagar ao menos os dois dias que ela passou aqui e...
- NÃO! Ela não terá mais do que o dinheiro que lhe demos para gastar consigo e as crianças. E se bancar a esperta, cancelo a passagem dela para Londres, e que se arranje. Tenho certeza que encontrará outro homem rico para pular em cima.
Parecia loucura, mas o rosto Ronald Weasley surgiu na mente de Hermione e ela enrubesceu. Ele também iria embora no primeiro vôo da manhã seguinte. Se os Malfoy conseguissem reserva, iria encontrá-lo no avião.
Bem, com certeza não iria pular em cima dele, nem de qualquer outro inglês bonitão, rico ou pobre. Já havia tido o bastante de ingleses até o fim da vida.


N/A: Aqui esta mais um capitulo. Queria agradecer aos comentarios
Tanne, Carla Ligia Ferreira, Maira Daróz , Banana Potter, Lau Potter e Sâmya Carvalho muito obrigada por comentar espero que vcs continuem gostando da finc.
bjs

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    Nossa Pansy foi ....Energica! Coitada da Mione nem fez nada...Draco é um safado!

    2011-11-29
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