Passado.



“Estou sozinha em casa. Padrinho foi para Nottingham e não deve voltar tão cedo, parece que alguns antigos Comensais da Morte foram localizados por lá”.


“A madrinha foi com a Nicole no médico, criança pequena sempre está resfriada, mas não é nada apenas rotina.”


“Tenho sentido falta de algo na minha vida, não sei o que é, mas espero ter achado o que me ajude: decidi contar a minha vida, talvez se eu contar para mim mesma tudo que acontece durante o dia eu perceba que não falta nada, ou pelo menos irei descobrir o que falta.”


“A primeira coisa que pensei quando tomei essa decisão foi como seria maneiro se daqui a alguns anos viessem a encontrar o diário e acho que quem encontrasse iria querer saber tudo, desde o começo.”


“Bem, para começar eu me chamo Lya, mas é muito mais fácil alguém saber quem eu sou através do meu pai, Sr. Nicolau Flamel. Isso mesmo, sou filha do único bruxo que produziu a pedra filosofal, pode parecer muito maneiro, porém só com o tempo se descobre o quanto pesa ter o sobrenome Flamel. Nasci um ano antes dos meus pais decidirem destruir a pedra que ainda lhes conservavam a vida. Eles me amaram muito, e nunca deixaram nada faltar, por isso quando eu tinha cinco anos e o Elixir da vida começava a acabar eles me batizaram, me entregaram para o homem mais confiável do mundo, Prof. Dumbledore. Esse sempre me pareceu um avô, seus olhos sempre calmos me confortaram quando a morte enfim chegou para os meus pais, sua voz tão doce era capaz de me fazer dormir, ainda gosto de ouvir histórias contadas por ele. Morei por três anos no castelo onde funciona a escola de Hogwarts, a minha existência era um segredo para os alunos e meus cuidados foram destinados à senhorita Ponfrey. A minha vida no castelo era divertida e no mínimo diferente, passava a maior parte do tempo ou com os elfos na cozinha, ou na ala hospitalar cuidando dos alunos desacordados. Era estranho como eu adorava quando eles deliravam, depois sempre espalhavam por aí que tinham visto um anjo cuidando deles.”


“Os dois primeiros anos se passaram sem que nada, além disso, acontecesse. Entretanto numa noite as coisas mudaram um pouco, eu estava cuidando de um aluno que achava estar desacordado quando ele abriu os olhos e não estava delirando, ele sabia que eu não era um anjo e começou a fazer perguntas. Eu estava tão curiosa quanto ele, nunca tinha conversado com um aluno antes. Passamos a noite conversando. Acabei descobrindo porque a pedra filosofal foi destruída, já que eu conversava com o senhor Harry Potter. Nas noites que se seguiam ele me apresentou os seus amigos, isso sem que a Senhorita Ponfrey soubesse. Também quando descobriram já era tarde demais.”


“Passei mais um ano na escola, o senhor Potter e seus amigos já tinham se formado quando veio o convite: como o Senhor potter e a senhorita Ginny tinham se casado eles pediram a minha custódia e eu passei a morar com eles. Peguei o costume de chamá-los de padrinhos, ganhei uma nova família – os Weasley -, sem contar com uma vida normal ou quase.”


“ Eu vivia sossegada, todo domingo na casa dos avós (Srs. Weasley), estudando em escola trouxa, morando com os padrinhos, natal em família, só que quando eu completei dez anos todos ficaram preocupados. Eu já devia ter apresentado algum indício de magia, mas não apresentei. E não iria apresentar, foi uma surpresa ninguém esperava, foi tão estranho, todos olhando para mim com um certo ar de pena que eu só fui entender mais tarde. Apesar de ter nascido de uma família bruxa eu não poderia praticar magia, eu nasci um aborto.”


“Todos esperavam que eu fosse ficar arrasada com isso, mas não fiquei. Eu tinha uma vida trouxa na escola, com computadores e CDs e ao mesmo tempo eu tinha um Hipogrifo no meu quintal, para mim a vida de aborto não parecia ruim.”


“E ainda não parece, tenho muitos amigos tanto trouxas quanto bruxos , claro que eles dificilmente se encontram até por que os bruxos passam o ano dentro da escola. Mas isso nunca foi motivo para que nós nos afastássemos, sempre nos correspondemos por carta e na maioria das vezes eles me mandam cópias das suas matérias no castelo (não é por eu não ter poder que não vou ter conhecimento mágico), todo verão nós nos encontramos e fazemos piqueniques: levamos todo tipo de doces, sucos, tortas bruxos e trouxas, eles jogam quadribol e teve um ano que eu até ensinei a eles como se joga vôlei, no começo foi difícil eles quererem aprender as coisas trouxas, mas acho que eles perceberam que isso de certa forma era importante para mim.”


“Tirando isso tudo, acho que sou uma adolescente normal, tenho espinhas, neuras, principalmente com meninos, padrinhos que pegam no meu pé, sapos de chocolate na geladeira, não isso não.”
“Acho que já disse tudo.”


— Lya! Chegamos!
— Estou indo madrinha!
“Até amanha”.

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