Tropical



-Como podemos ter esquecido do baile?! – exclamou Lílian, enquanto se arrumava com as garotas.
-Acho que essa semana foi tão cheia que esquecemos de tudo.- concluiu Mia, enquanto escovava os cabelos loiros, jogando-os por cima de suas vestes azuis.
-Será que essa cor fica mesmo bem em mim? – perguntou Vitória, apontando para suas vestes vermelhas.
-Claro! Contrasta perfeitamente com a sua pele clarinha! – falou Lílian, enquanto arrumava o cabelo da amiga, ajeitando seu alto rabo-de-cavalo.
-Meninas, não gostei dessas vestes em mim! – exclamou Alice.
-Por quê?! Você está linda, Lice. – falou Mia, sorrindo para a amiga.
-Não gosto da cor!Alguém troca comigo? São todas as vestes iguais!- choramingou Alice.
Mia e Vitória fingiram que não ouviram o pedido da amiga, e continuaram se arrumando. Obviamente não queriam trocar de vestes. Lílian, vendo aquela situação, se apiedou da amiga e aceitou trocar as vestes, ficando por fim Alice de verde e Lílian de lilás.
-Ficou bem melhor em você!- exclamou Alice, admirando Lílian.
-Realmente ficou bom, Lil’s.- disse Vitória.
-Por quê será que o diretor escolheu esse tipo de veste para todas? –perguntou Mia, curiosa sobre as roupas de todas as meninas, que eram iguais.
-Realmente não sei.-respondeu Lílian, penteando o cabelo.
-Sem querer parecer convencida, meninas.-começou Mia apreensiva, enquanto calçava um sapato.- Mas nós parecemos...hum...deusas gregas nessas roupas, vocês não acham?
Imediatamente todas começaram a rir, mas concordaram internamente.
-Vamos? – perguntou Vitória, animada.
Lílian ia a frente do grupo, liderando as amigas ás portas do Salão Principal, onde um aglomerado de estudantes esperavam ansiosos as portas do baile se abrirem. As garotas puderam reparar que as outras meninas usavam vestes muito semelhantes ás dela, se não iguais, enquanto que os meninos usavam todos, dos pés á cabeça, branco.
Não tardou muito e as portas do Salão se abriram, revelando uma magnífica decoração. O tema, como as meninas descobriram ao entrar, era...tropical. Vários coqueiros haviam sido magicamente plantados; o chão era de areia fofa ( o que rendeu várias reclamações das meninas de salto); o céu magicamente encantado estava repleto de estrelas; havia uma grande fogueira postada ao lado da mesa dos professores, esta enfeitada com várias flores; e todos se surpreenderam muito ao ver a Professora McGonagall usando um colar do tipo havaiano, de vestes brancas com o emblema de Hogwarts, e pés descalços, seu chapéu pontudo enfeitado com estrelas-do-mar, sua cara demonstrando que ela claramente não aprovava aquele tipo de vestimenta. Não demorou muito para os estudantes perceberem que todos os professores seguiam aquele padrão, que parecia ser exigido por Dumbledore. O professor Horácio Slughorn, diretor da casa da Sonserina e professor de Poções, parecia mais do que nunca um leão-marinho.
Logo Dumbledore apareceu magnífico em vestes branco-prateadas e brilhantes, parecendo muito feliz e confortável, também com os pés descalços. O diretor ergueu os braços e começou um acalorado discurso:
-Caros alunos, é com grande prazer que dou início a este baile. Muitos de vocês devem estar se perguntando o porquê desses trajes.Creio eu que nesses tempos sombrios nos quais nos encontramos, seria bom usarmos as mesmas vestes, afinal, todos somos iguais, e devemos nos unir.A nossa decoração tropical expressa tranqüilidade, e as vestes combinam com isso. Mas agora, chega de conversa! Espero que vocês se divirtam tanto quanto eu já estou me divertindo! – desejou o diretor.
- E para começar, tenho a honra de poder apresentar a banda “Livres Elfos!” – O Salão se encheu de aplausos e vivas, enquanto as cortinas caíam de um palco improvisado, revelando um bruxo de aparência admirável, jovem, parecendo ligeiramente entediado segurando um microfone, uma bruxa dedilhando as compridas unhas pintadas de roxo pela guitarra, outra sentada a um banquinho, com longos cabelos crespos girando as baquetas da bateria e por fim outro bruxo, este com apenas uma estranha franja e um cavanhaque, em pé, aparentemente arrumando seu teclado, todos usando grandes orelhas postiças.
-A senhorita poderia me conceder essa dança, Professora Minerva? – perguntou o diretor (nessa hora, muitos alunos assobiaram) á professora, que não pareceu muito feliz, mas acabou aceitando.
A banda iniciou uma música agitada, e ao mesmo tempo em que Dumbledore dançava muito expansivamente, a Professora McGonagall apenas arriscava passinhos tímidos para a esquerda e direita, respectivamente.
Enquanto isso, Alice, Lílian, Mia e Vitória conversavam displicentemente a um canto, quando avistaram os marotos, que avançavam em sua direção...sem par.
-Eu não acredito!- exclamaram Tiago e Lílian ao mesmo tempo, quando os marotos finalmente se juntaram ás meninas.
-Vocês vieram sem par?-perguntaram Sirius e Vitória, parecendo muito espantados.
-Viemos, algum problema? – responderam uma pergunta com outra Mia e Pedro, um tanto quanto agressivamente.
-Não, nenhum.-disseram defensivamente Alice e Remo.
Os oito ficaram em silêncio por um momento, mas logo desataram a rir.
-Mas, sério, vocês vieram sem ninguém? – perguntou Lílian aos marotos, ainda rindo.
-Vocês nos falaram que já tinham acompanhantes!-exclamou Tiago, aborrecido.
-Não, não dissemos nada a vocês. -respondeu Alice calmamente, enquanto as amigas concordavam com a cabeça.
-Claro que disseram e...-começou Tiago, mas ele vagamente foi se lembrando que as meninas não haviam lhes dito nada, porque afinal, com a correria da semana, o baile havia sido esquecido pelos meninos.
Tiago pareceu muito embaraçado, e começou a revistar sua memória para ter certeza que não tinha mesmo falado com as garotas sobre o baile, mas a voz de Sirius o despertou de seus pensamentos:
-Por que é que vocês estão tirando os sapatos?
As garotas nem se deram o trabalho de responder ao maroto, apenas se dirigiram á pista de dança, onde uma música animada ainda tocava.
Após algum tempo dançando com as garotas, Vitória se separou do grupo e foi chamar os marotos para se juntarem a elas. Eles não pareceram muito animados, mas ao se encontrarem com as garotas, mudaram subitamente. Apenas Pedro parecia desconfortável, por isso Lílian foi dançar com ele, ajudando-o a se “soltar”. Logo depois, a pedido de Tiago, Vitória foi dançar com Pedro, deixando assim a ruiva livre com os amigos. De repente, a música, até então agitada, cessou, dando espaço a uma melodia lenta, suave. Vários casaizinhos foram se formando, e um bando de garotas automaticamente se sentaram, umas muito risonhas e animadas, e outras parecendo desconsoladas, esperando os convites para dançar.
Alice, Lílian, Mia e Vitória se entreolharam; como meninas á frente do seu tempo que eram, não apreciavam muito aquilo. Todas se deram os braços, e, rindo, iniciaram uma coreografia hilária, que rendeu aplausos dos marotos, e curiosamente de Dumbledore, que bailava sozinho.
Quando a música acabou, as meninas suspiraram aliviadas, os casaizinhos se separaram e as garotas nos bancos levantaram-se. Mas rapidamente outra música lenta se iniciou, e os casaizinhos, como ímãs, se juntaram novamente, enquanto as solitárias garotas praticamente caíram nos bancos.
Tiago e Remo pareciam muito nervosos. Sirius, como sempre, bonitão e descontraído analisava as garotas sentadas, e Pedro conversava com Mia, Alice, Lílian e Vitória, que pareciam extremamente entediadas.
Não demorou muito e um Remo muito apreensivo convidava Lílian para dançar, enquanto Tiago fazia o mesmo com Mia. Os dois, trocando eventuais olhares significativos, foram se aproximando, se aproximando, até que efetuaram uma troca de pares, dançando assim com seus objetivos.
Vitória parecia muito entediada enquanto conversava com Pedro e Alice, que parecia alheia a tudo e procurava com os olhos alguém pela pista de dança. Sorriu ao avistar Tiago e Remo dançando com as garotas sonhadas, mas seu sorriso se desmanchou ao ver John dançando com sua namorada. Sentiu alguém tocar-lhe o braço, mas não deu importância. Só queria continuar olhando o garoto, por mais que aquilo lhe doesse, por mais que ela sofresse, só queria olhá-lo. A mão gelada que tocava seu braço intensificou o toque, e finalmente, Alice virou-se para ver quem lhe chamava.
-Quer dançar? –perguntou um garoto alto e desengonçado, que Alice sabia ser o melhor amigo de John.
-Hum. -hesitou a garota. -Pode ser. -respondeu, por fim, aceitando a mão que o garoto lhe estendia e se dirigindo ao centro da pista de dança com o garoto.
-Seu nome é Alice, certo? –perguntou o garoto, enquanto conduzia Alice.
-Sim. Desculpe-me, o seu é...?-perguntou a garota, sorrindo sem-graça.
-Bott’s.Bem, Frank Longbottom para dizer a verdade. Bott’s é só apelido. – explicou Frank, enquanto observava alguém atrás dela.
-E você também está no sexto ano, não é mesmo?-perguntou Alice, tentando ignorar os insistentes olhares que o garoto lançava para alguém atrás deles, acompanhados dos pisões nos pés.
-Hum?-perguntou Frank, voltando seu olhar para a garota á sua frente.
-Perguntei se você é surdo ou está com algum problema. Deve ser a décima vez que pisa no meu pé esquerdo. – falou Alice, se irritando com Frank, que agora parecia escarlate e conciliava seu olhar entre a garota e um casal á sua frente.
Alice, bufando, virou-se lentamente, seu olhar encontrando o entediado de Vitória, para se deparar finalmente com John e Mary, que dançavam coladinhos logo á sua frente.
-Entendo. - sibilou ela para Frank, a voz carregada de ódio. - Da próxima vez, nem gaste seu tempo comigo. Vá logo falar com ela e me deixe em paz.
Não tendo certeza do por que, ela desferiu um tapa na cara do garoto, e saiu desabalada pelas portas do Salão Principal.
-Isso que é festa. - concluiu Pedro, enquanto tentava colocar duas coxas de frango inteiras na boca, ao mesmo tempo.
-Ah, cala a boca. – resmungou Vitória ao garoto, para depois sair dançando sozinha mesmo pela pista de dança.

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