A tristeza de Luna



Novembro passou tão rápido como um pomo de ouro no céu. Logo, as chuvas finas tornaram-se mais constantes e, de chuvas, passaram para uma neve fina, porém insistente, até que se tornou completamente impossível sair nos jardins sem ter que atravessar uma espessa camada de gelo, que fazia com que os pés dos alunos afundassem até os joelhos no começo de dezembro. As aulas nas estufas de Herbologia estavam ficando atrasadas, pois geralmente tinham que ser canceladas por causa da neve. Também Hagrid teve que mudar seu esquema de aulas de Trato de Criaturas Mágicas, transferindo sua classe dos jardins para uma sala vizinha à de Adivinhação, onde Firenze continuava ensinando assuntos vagos sobre o conhecimento dos centauros. Era difícil saber em que aula aprendiam menos: na de Firenze ou na de Trelawney; os dois praticamente não explicavam nada sobre nada.

Os alunos do quinto e sétimo anos, no entanto, nem deram por falta de visitarem os jardins da escola; estavam tão absortos em suas revisões, tarefas e matérias dos N.O.M.s e N.I.E.M.s, que era praticamente impossível não topar com um desses alunos na biblioteca, estudando, nas salas comunais, estudando ou até mesmo nos corredores, trocando informações e anotações com outros colegas e, difícil imaginar... estudando. Alguns estavam ficando tão paranóicos, que era mais prudente nunca cumprimentá-los; um simples "bom dia" já era motivo para bate-bocas e respostas desagradáveis.

Luna Lovegood, obviamente, fazia parte da massa de alunos que davam graças a Deus por não estarem nem no quinto ou no sétimo ano. Ela sabia muito bem a paranóia que eram esses dois anos e estava muito bem e feliz no seu sexto ano, obrigada. Apesar de que ela não tivesse ficado tão neurótica quanto a maioria de seus colegas no ano anterior; Colin Creevey, por exemplo, tinha entrado em crise e ficado na ala hospitalar por dois dias se recuperando. Em compensação, ele tirou onze N.O.M.s, enquanto Luna apenas cinco. Mas ela não se importava; não tinha nenhuma grande ambição quanto a algum grande cargo em algum lugar importante. Ela só estava feliz se terminasse Hogwarts, conseguisse ser uma boa jornalista, talvez trabalhar por uns tempos junto com o pai, até que, um dia, conseguisse ter sua própria revista. E ela não precisava de onze N.O.M.s para isso.

O que ela precisava mesmo, pelo menos, o que ela realmente queria... ela tinha certeza de que nunca conseguiria.

Eles tinham brigado... eles estavam novamente juntos... Brigaram novamente e voltaram de novo. Agora estava tudo bem mais uma vez. E Luna sabia que sempre seria assim. Sempre... Era tempo perdido acreditar que, algum dia, ela seria notada em algum desses espaços quando os dois brigavam. O que ela poderia fazer?

- O que eu faço? - ela repetiu seus pensamentos em voz alta, sem perceber que estava fazendo isso.

BUM.

Luna deu um sobressalto. Um líquido amarelo esverdeado, de aparência nojenta e estragada, voou para todos os lados, sujando paredes, carteiras e outros alunos. Uma garota da Corvinal soltou uma exclamação veemente quando um grande jato amarelo e viscoso sujou seu uniforme, e Luna sabia que ela estava lhe xingando de todos os nomes mais feios entre os dentes. Mas ela não estava, nem de longe, tão mal quanto Luna, que tinha todo o rosto e os cabelos encharcados de poção, sem contar seus braços e sua carteira, onde estava sentada sozinha. Ela sentiu os olhares de todos na masmorra turva pela fumaça das poções se voltarem para ela, toda suja do que tinha explodido da sua Poção da Habilidade. Ou o que restara dela.

- A senhorita poderia começar limpando essa sujeira. - uma voz grossa e fria ressoou ao seu lado.

Quando ela levantou a cabeça, lentamente, encontrou os olhos fundos e gelados do Prof. Severo Snape a encarando de cima, com claro desprezo e nojo estampados na face. Ele fez um aceno com a varinha, murmurou "Evanesco", e o que tinha sobrado da poção de Luna em seu caldeirão sumiu com um piscar de olhos. Ela tinha acabado de ficar sem nota na tarefa do dia.

- Dez pontos a menos para a Corvinal pela sua distração, Srta. Lovegood. - ele disse com aquele tom de desprezo. - Da próxima vez, retorne à Terra e leia as instruções da Poção. E pique as raízes de asfódelo. Nunca as jogue inteiras no caldeirão. Pare de viajar no mundo da Lua...

Luna não disse nada, apenas sentiu uma imensa vontade de sair correndo dali e nunca mais ter que olhar para ninguém, principalmente para o Prof. Snape. Ela pegou um pano e começou a limpar a poção, que tinha sujado toda a carteira e uma parte do chão, lugares que o professor não tinha feito questão de limpar para que Luna tivesse esse trabalho. Pelo canto do olho, ela viu alguns garotos do outro lado da sala rindo dela, discretamente. Viu também o Prof. Snape, esvoaçando como um morcego por entre as carteiras, e descontando mais cinco pontos da Corvinal daquela mesma garota que tinha sido atingida pela poção de Luna, pois ela tinha reclamado que estava suja.

Mais dez minutos torturantes se passaram até que o abençoado sinal do almoço tocasse, e seria desnecessário dizer que todos os alunos correram para entregar suas amostras de poção e saírem o mais depressa da sala. Luna, após terminar de limpar a mesa e o chão, juntou suas coisas o mais rápido que pôde e saiu ligeira da masmorra, já que não tinha amostra alguma de poção para entregar.

Vários sonserinos que passavam pelas masmorras, apontaram para ela, rindo de se acabar depois de verem o estado deplorável em que a garota se encontrava. Ela apertou o passo, subiu as escadarias em direção ao Saguão de Entrada e quase deu um encontrão em alguém. Quando levantou os olhos, viu a última pessoa que queria encontrar em todo o mundo inteiro naquele momento: Ronald Weasley.

Ele estava com as mesmas sardas de sempre, o mesmo cabelo ruivo, a mesma altura, que fazia com que Luna tivesse que quase ficar com torcicolo para que tivesse que enxergar aquele olhar cativante. Porém, o olhar dele não estava cativante no momento: ele estava, primeiro, surpreso; depois, espantado e, por último, com um meio sorriso que obviamente era o máximo que ele conseguia para controlar o riso.

"Ótimo, ria da Loony Lovegood também, seu estúpido!", ela pensou com raiva, e ao mesmo tempo, muito envergonhada por Ronald estar lhe vendo nessa situação.

Seria ótimo se o chão se abrisse aos seus pés.

- O... o que houve com você? - ele perguntou, a voz um pouco diferente por causa do riso que estava tentando esconder. - Andou mergulhando em algum Creme de Canário?

- Não estou enxergando minhas penas... - ela tentou usar um tom sarcástico, mas não conseguiu fazer isso na frente dele. Pelo contrário, seu tom de voz saiu abafado e um tanto lunático como sempre. Luna queria se suicidar por isso.

Ele quase riu, mas se controlou novamente. Pigarreou, desviou o olhar, como se fosse complicado encarar Luna daquela maneira, e disse, observando um grupo de terceiranistas que descia as escadas.

- Bem, já que eu te encontrei... - ele começou, e Luna ainda podia ver o meio sorriso no rosto dele. Deveria estar sendo incrivelmente difícil conter o riso. - Você sabe onde foi parar a Gina? Eu precisava conversar uma coisa com ela...

- Não, eu não sei. - Luna respondeu, não conseguindo desgrudar os olhos do sorriso de Rony e se amaldiçoando por isso. - Talvez ainda esteja em aula.

- É, tem razão... - ele olhou de esguelha para ela. - Se a encontrar, diga que estou procurando por ela.

- O.k.

Uma gota da poção pingou do cabelo de Luna para o chão. Um grupo de sonserinas passou perto deles, e Pansy Parkinson gritou por cima do ombro:

- Novo método de beleza, Loony?

- Está fedendo... - uma outra sonserina do grupo disse.

- Até a Granger é "menos ruim", Weasley! - Pansy Parkinson completou.

Luna viu as orelhas de Rony ficarem vermelhas. Ele bufou, abriu a boca para dizer algo, mas desistiu e voltou-se para Luna, seu sorriso desapareceu por completo, surgindo uma expressão muito nervosa.

- Erm... existe um feitiço para limpar isso. - ele falou, um pouco sem jeito. - Mas eu não sei conjurá-lo direito, se você encontrar a Gina, peça para ela te ajudar, ela sabe fazer isso. Erm... até mais.

E ele foi embora, enquanto Luna apenas permanecia parada no meio do Saguão de Entrada, observando-o se afastar. Outra gota de poção respingou até atingir o chão. Ele... tinha segurado o riso... talvez para que ela não se magoasse... Ele tinha até sugerido um feitiço para ela se limpar...

Mas agora, ela tinha certeza de que ele iria voltar para o Salão Principal, encontrar Hermione Granger, e novamente ficar aos beijos com ela, como sempre ficava quando os dois não estavam brigando.

Luna suspirou. Por que tinha que ser assim?

Sentindo-se miserável, ela caminhou até as escadas, subindo-as praticamente se arrastando, sem se importar com os risos das pessoas que passavam por ela. Ela nem ao menos olhava por onde ia. Queria apenas encontrar um lugar onde pudesse ficar sozinha e em paz, sem que ninguém a visse. Quando chegou ao segundo andar, ouviu alguém chamar seu nome.

- Luna!

Ela reconheceu Gina, correndo ao seu encontro, com uma expressão confusa no rosto. Ela parou próxima à amiga, olhando-a de cima a baixo, estupefata.

- Luna...?! O que aconteceu com você?

A garota bufou. Já era o segundo Weasley que perguntava a mesma coisa a ela num espaço de cinco minutos.

- Aula do Snape... - ela disse entredentes.

- Ah, não! - Gina exclamou desanimada.

A próxima coisa que Luna sentiu foi a mão de Gina segurando seu braço e a puxando até um armário de vassouras do Filch. A amiga fechou a porta, e a única luz no armário era de umas frestas na porta. Gina topou em um balde, xingou alto, e depois tirou a varinha do meio das vestes, apontando-a para Luna.

- Limpar!

Instantaneamente, a poção viscosa e nojenta desapareceu de cima da garota. Mas Luna não se importou. Tudo de ruim já tinha acontecido até ali, e não importava que agora estivesse limpa.

Gina pareceu notar que algo mais estava errado, pois ela suspirou quase tão desanimada quanto Luna, abaixou a varinha, e a encarou com pena.

- Aconteceu alguma coisa além de você ter sido banhada por uma poção, ter levado bronca do Snape e as pessoas terem rido de você no caminho?

Luna encarou a amiga por um segundo. Tudo aquilo que Gina tinha enumerado já era o suficiente para que qualquer um se sentisse o último ser da face da Terra, mas não era por isso que ela estava chateada. Aliás, ela estava chateada há muito tempo, e o motivo tinha esbarrado nela minutos atrás.

- Você não vai me contar? - Gina insistiu.

- Aconteceu... algo... mais...

O olhar de Gina mandava que Luna contasse tudo.

- Eu encontrei... ele... agora pouco... e eu estava... - ela abriu os braços. - ...do jeito que você viu.

Ela sabia que Gina tinha entendido quem era ele. Ela suspirou profundamente e olhou para a amiga compreensivamente.

- Você precisa esquecê-lo, Luna... O Rony nunca vai...

- Quem o mencionou aqui?

- Não adianta negar! - Gina a encarou duramente. - Todo mundo sabe que você gosta dele!

Luna ficou paralisada. Depois, baixou os olhos.

- Todo mundo? - murmurou.

- Não... eu exagerei, é claro. - Gina remendou. - "Todo mundo" é muita gente... Eu notei...

- A Srta. Perfeita notou...

Ela escutou Gina bufar.

- É claro que Hermione notou... ela é a namorada dele!

- Eles não namoram!

- Tá, mas eles brigam e ficam juntos, eles... têm um relacionamento, o.k.?

Luna suspirou, fazendo um bico.

- Ah, Luna! Você não pode ficar... presa a ele toda a sua vida! Faz anos que você vive assim!

- Olha quem fala! - Luna acusou, já cheia daquela conversa. - Você não pode dizer nada, Gina, você babava pelo Harry por anos! Todo mundo notava!

Luna percebeu, tarde demais, que feriu Gina. A amiga respirou muito fundo, engoliu em seco, e olhou dura para Luna.
-

Eu percebi que aquilo não me levaria a nada. E desisti.

Luna sabia que ela não tinha desistido, mas dizer o que vinha à sua cabeça sempre a levava a grandes problemas. Ao invés disso, apenas abaixou novamente os olhos, murmurando um "desculpe". Gina sorriu.

- Você não precisa se desculpar... Você... não estava errada.

Gina, subitamente, parecia estar achando muito complicado olhar Luna nos olhos, e um pano encardido do Filch parecia muito mais interessante. Luna a encarou por alguns instantes e percebeu que ela não era a única pessoa no mundo a ter problemas.

- Você entende, Gina? Entende como é difícil?

Gina apenas a olhou de esguelha.

- Entendo... Mas... - ela respirou fundo, rindo, o que Luna achou estranho. - Sabe de uma coisa? Eles são tudo uns idiotas... panacas... estúpidos... ridículos! Não merecem nossas preocupações!

- Não merecem mesmo! - Luna completou, sorrindo. - São uns imbecis... tolos... burros...

- Trasgos sem cérebro!

- Lulas sem miolos!

- Lulas?

- Foi a primeira coisa que veio à minha cabeça. - Luna deu de ombros.

E as duas riram de si mesmas.

*******

Quando Rony chegou ao Salão Principal para almoçar, Harry e Hermione já estavam sentados à mesa da Grifinória. Hermione, como de costume, tinha apoiado um livro na mesa e comia com um olho no prato e outro no livro. Já Harry, tinha apoiado o cotovelo na mesa, o queixo na mão e observava vagamente a mesa dos professores.

- Eu não acredito que você ainda não largou isso! - Rony exclamou ao se sentar ao lado de Harry, que meramente olhou de esguelha para o amigo quando este falou e depois voltou a observar a mesa dos professores. Hermione olhou severamente para Rony por cima de seu volume de... qual era o da vez? Ah, Defesa Contra as Artes das Trevas.

- Ao contrário de algumas pessoas... - Hermione disse venenosamente, seu olhar correndo de Harry para Rony. - ...eu me preocupo com os meus N.I.E.M.s!

- Nós também nos preocupamos! - Rony retrucou com o máximo de dignidade que conseguiu juntar. - Não é, Harry?

No entanto, o garoto pareceu não escutar. Ele ainda insistia em manter seu olhar vidrado na mesa dos professores. Rony deu uma cotovelada bem caprichada no amigo, e ele deu um salto na cadeira, olhando assustado para os amigos.

- Não é, Harry?

- Anh... eu acho... é... é sim.

Rony e Hermione se entreolharam. Harry parecia ficar mais estranho a cada dia que passava.

- O que há de tão interessante na mesa dos professores? - Hermione perguntou com os olhos estreitos, como se estivesse estudando a reação de Harry.

Rony, no entanto, não estava preocupado com ele; seus olhos percorreram a mesa dos professores, e ele não conseguiu ver nada de anormal; Snape continuava com a mesma cara rabugenta de sempre e sebosa de sempre, pelo menos o nariz ainda parecia de gancho e o cabelo gorduroso. Flitwick ainda se esticava para tentar conversar com Lupin, simpático e cansado como de costume. Hagrid ocupava espaço demais e quase espremia a Profª. Sprout, que tentava conversar com McGonagall. Nada diferente, exceto... o olhar de Rony captou o olhar de ninguém menos que Alvo Dumbledore, que observava Harry, por sua vez. Mas o diretor pareceu notar Rony, porque sorriu para ele, levantou a taça, e dois segundos depois parecia muito absorto numa conversa com a Profª. Sinistra.

- Não há nada lá... - Harry se explicava, quando Rony terminou de examinar os professores. - Eu só estava... distraído.

- Você anda muito distraído. - Hermione pressionou, com desconfiança. Harry parecia estar sentindo isso, porque desviou o olhar bem rápido para seu prato de purê.

- Até parece a Loony Lovegood... - Rony comentou casualmente, enchendo seu prato com bife e batatas. - Sempre "Di Lua".

- Luna Lovegood? - Hermione perguntou subitamente, seus olhos correndo desconfiados não mais para Harry, e sim Rony. - Por que você falou nela agora?

- Ah... eu só... a encontrei no Saguão agora pouco... Ela estava cheia de um negócio amarelo, até deu pena, sabe?

- Você ficou com pena dela?

- Por que você fica repetindo o que eu falo?

- Deve ser para memorizar mais fácil. - Harry comentou timidamente, apenas levantando ligeiramente os olhos do seu prato de comida. - Ela também fica repetindo a matéria.

Um olhar gelado de Hermione o silenciou e o fez voltar sua atenção para a comida.

- Você a encontrou?

- Hermione, se você não notou, nós estudamos na mesma escola! - Rony disse, já irritado com aquela insistência. - Vai dizer que você não encontra várias pessoas por aí?

Ela ia dizer algo, mas Gina apareceu e se sentou ao seu lado, rindo de alguma coisa que Rony nunca entendeu o porquê.

- Oi, Hermione! - ela cumprimentou jovialmente, servindo-se de costeleta de porco.

- Anh... Oi, Gina!

Rony arregalou os olhos, espantado com aquilo; até mesmo Harry, a distração em pessoa, naquele dia, parecia ter notado. Gina não fizera a mínima questão de ao menos olhá-los, quanto mais cumprimentá-los!

- Eu não sabia que tinha a habilidade de ficar invisível! - Rony falou, encarando a irmã. Ela apenas sorriu, cheia de si, e disparou:

- Vocês não entenderiam porque são lulas sem miolos! - e desembestou a rir.

Harry e Rony se entreolharam, completamente confusos, enquanto Hermione parecia não estar entendendo tudo, mas achando muito engraçado. Harry se virou para Gina, as sobrancelhas erguidas, e perguntou simplesmente:

- Como é que é?

- É, Harry... - Gina continuou, achando tudo muito divertido. - Você também é uma lula sem miolos!

Harry apenas ficou parado, como se estivesse absorvendo aquilo. Hermione até tinha largado seu livro para rir. Então, subitamente, Harry deu de ombros e falou:

- Eu estou oficialmente desistindo de entender tudo isso. É loucura!

E ele voltou sua atenção, pela terceira vez, para seu prato de comida. Rony encarou o amigo por alguns instantes, e bufou.

- É, cara... concordo contigo.

Nos dois minutos seguintes, nos quais tanto Rony quanto Harry estavam muito mais preocupados em comer do que tentar entender o que se passava na mente doentia de garotas, Hermione e Gina começaram uma conversa animada, na qual riram tanto, que já estava ficando irritante. Rony resolveu cortar aquela alegria.

- Ei, Gina! - ela parou de contar algo a Hermione e se virou para encarar o irmão, um tanto quanto aborrecida. - Você encontrou a Luna, por acaso?

Foi esquisito. Aconteceram reações adversas depois disso. Hermione parecia querer soltar fogo pelas ventas, e escolheu retomar seu livro de Defesa para estudar, mas Rony ainda via os olhinhos dela espiando por cima das páginas. Gina ficou pensativa e, depois, ligeiramente emburrada. Harry agiu como uma pessoa normal e não esboçou nenhuma reação absurda. Aliás, ele nem se importou.

- Encontrei sim. - Gina respondeu com um grunhido. - Por quê?

- Ah... o que era aquele negócio amarelo nela, hein? - Rony fez uma pergunta completamente diferente da que queria no começo.

- Não interessa.

Rony fez uma careta.

- Ela não te passou meu recado?

- Agora você deixa recados com ela? - Hermione saiu detrás do livro, completamente irritada.

Rony ia falar algo para ela, mas Harry entrou na conversa.

- Ela está apenas memorizando...

Hermione lançou outro olhar gelado para o amigo e voltou ao livro.

- Que recado? - Gina perguntou indulgente, voltando ao assunto primordial.

- Ah, é uma "Di Lua" mesmo... - Rony disse, percebendo que Luna não tinha passado recado algum para Gina. Esta, depois da frase do irmão, ficou ainda mais brava. - É que eu queria falar com você!

- E não está falando agora?

Hermione deu uma risadinha irritante. Harry quase engasgou com seu suco de abóbora, rindo. Rony olhou para o amigo e disse entredentes:

- Traidor da raça!

- Rony, se você queria tanto falar comigo, desembucha! - Gina disse com impaciência.

- Você recebeu uma carta da nossa mãe também?

- Anh... recebi.

- Então, Gina! - agora era Rony que estava impaciente. - Nós vamos passar o Natal com eles esse ano, não é?

Estranhamente, Gina estava sem ação. Ela olhou para Harry, parecendo considerar alguma coisa. O garoto, por sua vez, apenas a encarou confuso, e era perturbador como os dois pareciam se entender com um único olhar. Rony buscou os olhos de Hermione e, pelo menos, parecia que ele não era o único a notar isso.

- Ah... acho que sim, não? - Gina voltou a falar. - Mamãe não gosta que nós passemos o Natal longe dela desde... desde que a... guerra... recomeçou.

- E vocês dois? - Rony se voltou para Hermione e Harry. - Vão vir com a gente, não?

- Anh... mas ela nos convidou? - Hermione perguntou timidamente.

- É claro que sim. - Gina disse rindo. Harry, novamente, olhou confuso para ela. - Ela sempre os convida! - a garota completou, e estranhamente aquela frase parecia dirigida a Harry.

- Vai ser na Toca? - Hermione quis saber.

- Hum... não exatamente. - Rony disse. - Vai ser no... Largo Grimmauld.

Ao mesmo tempo, Rony e Hermione olharam para Harry, preocupados. Gina apenas o olhou de esguelha, e depois deu uma garfada na sua torta. No entanto, Harry não esboçou nenhuma reação, o que era estranho, porque "Largo Grimmauld" também era um nome que causava reações ruins nele normalmente. Mas Harry apenas olhou intrigado para os amigos e perguntou:

- O que foi?

- Nada! - Gina exclamou rapidamente, muito rapidamente. E muito rápido também mudou de assunto. - Então já está resolvido, vamos passar o Natal lá! Anh... que aulas vocês vão ter hoje de tarde?

E o resto do almoço foi gasto em comparar as óbvias diferenças entre a aula de Lupin, que seria dali a pouco, com a detestável aula de Snape no final da tarde. Mas, novamente, Harry parecia muito ocupado em prestar atenção à mesa dos professores...

*******

- Ah, droga!

Já fazia quase um mês que Trevo estava sumido. Neville estava começando a ficar preocupado. Muita gente podia achar idiotice de sua parte, mas ele realmente gostava daquele sapo, e não gostava quando o perdia (e isso acontecia quase sempre).

Neville estava próximo ao corujal. Pensou seriamente em entrar lá para procurar seu sapo fugitivo... Mas, no corujal? Será que alguma coruja tinha comido Trevo? Sua avó não ficaria nada feliz com a notícia, aliás, ela predizia um fim trágico como aquele para seu sapo desde que Neville tinha sete anos.

Ele resolveu entrar de qualquer jeito. Não custava nada, afinal. A luz do sol que penetrava pelas janelas sem vidros ofuscou sua visão, e ele sentiu aquele cheiro familiar e desagradável de titica de coruja. Seus pés produziam um ruído de trituração que se confundia com alguns pios indignados de corujas enquanto ele pisava na palha e ossos de animais, temendo estar pisando em algum ossinho de Trevo.

- Trevo! Você tá aí?

- Era só o que me faltava... - alguém resmungou. - Primeiro, sou "Loony", depois "Di Lua", e agora "Trevo". Qual será meu próximo nome inusitado?

Foi só nesse momento que Neville finalmente notou que não estava sozinho. Luna Lovegood estava sentada em uma das janelas, observando chateada os jardins lá fora. Ele sentiu seu estômago afundar um pouco. Os cabelos loiros dela brilhavam ao serem atingidos pela luz. Ele respirou fundo e tentou falar normalmente.

- Ah, desculpa, eu... não te vi aí, Luna.

- Tanto faz. - ela murmurou amargamente.

Neville não sabia se estava certo, mas ele sentiu suas pernas caminharem sozinhas para mais perto da garota. Não fazia pouco tempo que ele sentia coisas diferentes perto dela; Neville simplesmente não acreditava que ninguém notasse como ela era... diferente...

- Anh... você veio mandar uma carta?

Pergunta idiota pra se fazer. Se ela estava ali, no corujal, era óbvio que estava enviando alguma correspondência. Neville se sentiu idiota.

- Não. - ela respondeu vagamente, e Neville se surpreendeu. - Eu gosto de ficar aqui, pensando...

Neville achou esquisito que alguém gostasse de ficar meditando em um lugar tão infestado por aquele cheiro de cocô de coruja e animais mortos, mas ele preferiu não comentar isso. Luna parecia muito chateada com alguma coisa. Ele se aproximou mais um pouco, e encostou um cotovelo no peitoral da janela, em um lugar onde Luna não estava sentada. Ela parecia tão absorta, que não se importou. Neville se sentia muito sem jeito, mas tentou prosseguir com uma conversa.

- Erm... onde você vai passar o Natal? Aqui em Hogwarts mesmo?

- Não, eu vou passar com meu pai. - ela respondeu. - E você?

Neville ficou animado que ela tivesse lhe feito a pergunta, e respondeu rapidamente:

- Anh... com minha avó. Como sempre.

E talvez ele visitasse seus pais também. Por um momento, ele se esqueceu de Luna e apenas pensou nos seus pais. Seria um Natal como todos os outros... ele, sua avó... seus tios... e seus pais, naquele lugar... daquele jeito...

- O que foi?

Neville voltou a olhar Luna, e ela o encarava profundamente com aqueles seus olhos azuis arregalados. Neville achava os olhos dela tão bonitos... Ele não sabia quando começara a achar isso, só sabia que agora ele achava, ou melhor, tinha certeza.

- Nada...

Luna pulou do peitoril da janela para o chão, ainda sem tirar aqueles olhos arregalados de cima de Neville. Ela mordeu os lábios inferiores, parecendo um pouco nervosa.

- Por que você sempre me olha assim?

- Como?

Neville sentiu o coração disparar. Era estranho como Luna parecia captar as coisas no ar, mesmo sendo uma pessoa tão desligada. Aparentemente, pelo menos.

- Desse jeito... esquisito. É perturbador.

Ele sentiu a garganta seca. Abaixou rapidamente os olhos, tentando desviá-los do azul dos de Luna, e encontrou a mão dela solta. Sentiu uma vontade imensa de segurá-la, uma vontade insana, mas parecia tão difícil esticar sua própria mão e segurá-la... Ele se imaginou tantas vezes naquela situação, e agora não sabia como agir. Mas também sabia que algum dia teria que fazer aquilo... Ele gostaria de saber se era mais fácil para os outros garotos, porque, para ele, parecia tudo muito complicado.

Luna abriu a boca para dizer algo, mas silenciou imediatamente quando Neville tomou coragem (não sabia de onde) para esticar sua mão e segurar a dela. Ele a acariciou entre seus dedos, e sem saber como estava agindo daquela maneira, voltou a encarar Luna nos olhos. Ela parecia chocada, piscava sem parar, e sua boca estava entreaberta.

Neville olhou os lábios entreabertos dela por um segundo antes de começar a agir. Ele não sabia como, nem o porquê, mas estava fazendo aquilo. Ele se aproximou mais um pouco da garota, que parecia completamente em estado de choque, incapaz de realizar algum movimento; seus corpos estavam muito próximos. Ele ainda sentia a mão dela, pequena e macia, entre os seus dedos.

Aquele mesmo barulho de trituração era produzido enquanto ele se aproximava mais dela. Ele sentiu o cheiro dela, e era estranho, porque tinha cheiro de alguma poção malcheirosa das aulas do Snape, mas mesmo assim ele gostava. Ou, ao menos, não se importava com esse mero detalhe no momento.

A sua outra mão livre correu para tocar os cabelos dela, e Neville sentiu-os macios e... esquisito... estavam melados. Ele colocou uma mecha solta atrás da orelha dela onde também se encontrava uma pena de escrita. Ele sorriu, achando aquilo engraçado. Luna era engraçada. Ela, no entanto, estava levando tudo muito a sério, ou então estava surpresa demais para tentar esboçar qualquer outra reação. Ela respirava rápido, parecendo apenas um gatinho assustado. Neville sentia os dedos da mão dela gelados nos seus.

Ele tocou o rosto dela, acariciando suas bochechas, e elas também estavam geladas. Mas talvez fosse apenas por causa do frio. Ou não. Neville novamente engoliu em seco; não acreditava que estava fazendo aquilo... Mas estava, e agora iria terminar. Sim, era o momento que ele esperava.

Então, ele abaixou ligeiramente seu rosto, aproximando-o do de Luna. Ela não fez objeção, porque ainda parecia assustada demais para fazê-lo. Seus narizes se tocaram, tão frios como a neve que caía fina lá fora. Luna fechou seus grandes olhos, e Neville fez o mesmo com os seus.

O que ele sentiu logo depois foram os lábios rachados pelo frio de Luna. A sua mão livre encontrou, sozinha, a cintura da garota, e a apertou, puxando o corpo para mais perto. Era estranho, porque estava frio, Neville sabia disso, mas ele se sentia muito quente. Ele sentiu vagamente quando a mão livre de Luna segurou a sua nuca, cravando os dedos nos seus cabelos. Seus corpos estavam colados, e poderia estar nevando sobre eles, que nenhum dos dois sentiria frio.

Ele explorou os lábios de Luna e, depois, sua boca, e sentiu-a tremer quando fez isso, mas depois ela pareceu gostar, porque retribuiu. Neville subiu sua mão pelas costas dela, que estavam fofas por causa da grande quantidade de roupa que ela usava. Ele sentiu algo se desenroscar do seu pescoço e, só algum tempo depois, seu cérebro registrou isso como sendo Luna desenroscando o cachecol que ele usava do seu pescoço. Depois de fazer isso, ela segurou a nuca dele, com a mão gelada, o que causava um arrepio bom na espinha.

Neville tentou mudar o sentido do beijo e foi nesse momento que aconteceu. Luna soltou uma risadinha, abafada pelos lábios dele colados no seu. Rapidamente, ele se afastou dela, sem entender. Abriu os olhos, e viu Luna ainda de olhos fechados, rindo. Ela tinha soltado a mão da dele e, agora, segurava com as duas mãos o seu cachecol. Ria sem parar, e Neville simplesmente não conseguia entender o porquê. Ele beijava tão mal para que ela achasse assim tão engraçado? Ele se sentiu ridículo.

- O que foi? - ele perguntou, um pouco envergonhado, um pouco revoltado.

Lentamente, Luna abriu seus grandes olhos azuis saltados e o encarou, ainda rindo. Neville estava ficando muito nervoso. O que ela achava? Que aquilo era uma grande piada? Para ele não tinha sido, e isso o magoava.

- Eu... - ela começou, rindo. - Eu...

- O que é tão engraçado?

- É só que... - o riso dela começou a diminuir. - Bem, eu... eu não sei, eu...

Algo saltou na cabeça dela, e Luna deu um sobressalto, soltando um grito assustado. Neville também deu um salto, e seus olhos se arregalaram ao ver o que tinha acabado de saltar sobre Luna.

- Trevo!

A garota olhou para o alto de si mesma, intrigada, e não ria mais. Algumas corujas que observavam saltaram de seus poleiros naquela direção e, rapidamente, Neville se aproximou novamente de Luna, esticou as mãos e segurou Trevo antes que ele virasse lanchinho de corujas. Luna se encolheu um pouco quando uma coruja das torres deu um rasante sobre sua cabeça loira. Então, ela e Neville se encaram por alguns segundos.

- Eu... preciso... ir... - Luna balbuciou, fazendo gestos sem sentido.

- Então... tá. - Neville respondeu, dividido entre falar para ela ficar e falar para ela ir embora, afinal, ela tinha rido do beijo dele! Ele resolveu não dizer nada.

- Então... tchau...

- Tchau.

E ela caminhou até a porta, apressando cada vez mais o passo, até que abrisse a porta do corujal e, depois, saísse correndo. A porta bateu com estrondo. Trevo coaxou entre suas mãos. Algumas corujas piaram, observando cobiçosas o sapo nas mãos de Neville, que se virou para olhar a neve pela janela.

Por que tudo tinha que ser tão esquisito com ele?

Ele se virou, e encarou por alguns segundos a porta do corujal, por onde Luna tinha saído.

E ela tinha levado cachecol dele com ela...

*******

A neve, que tinha dado uma trégua, recomeçou a cair no final da tarde. Gina se encolheu, tremendo. A aula de Herbologia tinha terminado mais cedo, e ela e Luna caminhavam pelos jardins cobertos de neve em direção à escadaria de mármore. Gina queria que aquele caminho acabasse logo, ou então ela congelaria de frio, mas Luna não parecia tão ansiosa quanto ela. Na verdade, Luna estava mais "Di Lua" do que de costume.

Ela não parecia estar com frio. Parecia tão desligada, que nem o frio a atingia. Ela apenas ficava segurando nas mãos um cachecol, dourado e vermelho, as cores da Grifinória, encarando-o como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Esquisito, porque o cachecol de Luna era azul e prata.

- De quem é esse cachecol, hein?

Nada. Nenhuma resposta. Luna nem parecia ter escutado. Gina fez a única coisa que lhe pareceu inteligente no momento; arrancou o cachecol das mãos de Luna.

- Ei!

Ela estava certa. Luna tinha finalmente voltado à realidade com aquele baque brusco. Gina sorriu e observou o cachecol que estava nas suas mãos; sem dúvida, pertencia a alguém da Grifinória.

- De quem é?

- De quem é o quê? - Luna perguntou brava.

- O meu livro de Herbologia... É claro que eu estou perguntando do cachecol, esperta! - Gina exclamou, agitando o cachecol na frente de Luna.

- Devolve isso!

- Não mesmo! Não devolvo até que retorne da Lua, Loony!

Ela bufou, cruzando os braços.

- Não vai me contar de quem é? Ou o que aconteceu para você estar tão absorta?

- Ele me beijou.

- Ah... ele te beijou... - Gina repetiu, sem notar que o fazia. - Ele te beijou... ELE TE BEIJOU?!

Ela gritou aquilo tão escandalosamente, que alguns dos seus colegas que também voltavam das estufas as encararam como se fossem problemáticas ou algo do tipo. Luna parou de andar e encarou Gina como se ela fosse louca.

- Fala um pouco mais alto e quem estiver na Torre de Astronomia vai te ouvir também...

- Mas... mas... - Gina balbuciou, totalmente chocada. - Ele... ele... te beijou? Mesmo?

Não era possível... como? Rony estava com Hermione, como poderia...? Era impossível! Insano! Sem sentido!

- Eu não te contei o nome dele, Gina.

Por um instante, Gina parou de repetir em seu cérebro o quanto aquela situação era impossível para tentar processar em sua cabeça o que Luna tinha acabado de dizer. "Eu não te contei o nome dele"?, era isso que ela tinha dito.

- Como assim?

- Bem... - Luna começou, retomando aquele seu tom sonhador de sempre. - Ele me beijou...

- Ele quem, criatura?

- Ele... Neville...

Gina não disse nada por um momento. Ela tinha ouvido direito? Não precisava lavar as orelhas? Neville?

- Neville? Neville Longbottom?

- Eu não sabia que tinha outro em Hogwarts.

- Isso é... completamente... surpreendente, Luna!

Ela sorriu ligeiramente.

- Eu sei.

Gina parou de se desesperar, a situação era boa, afinal. Diferente, mas boa. Ela olhou o cachecol em sua mão; fazia sentido, Neville também era da Grifinória.

- E então, foi bom?

- Erm... não sei...

- Como não sabe?

- Ah... foi... legal.

- E...

- Mas eu ri.

- Você riu?

- Ri.

- Você é louca? Ele deve ter ficado ofendido!

Luna parecia chocada. Provavelmente não tinha considerado essa hipótese.

- Você acha?

- Por que você riu?

- Ah, é que... - ela fez um gesto displicente. - ...ele roçou o nariz na minha bochecha de um jeito que fez cócegas.

Gina a encarou como se ela fosse louca. Não... não era como se Luna "fosse" louca. Ela era louca... Só ela mesmo para fazer algo daquele jeito.

- E agora?

- Eu não sei...

- Você vai falar com ele?

- Eu não sei...

- Vai esperar ele falar com você?

- Eu não sei...

- Você gosta dele?

- Eu não sei...

- AHHHHHH!!!

Luna piscou seus olhos absurdamente grandes, assustada com o grito da amiga.

- O que eu faço?

- E eu que sei?

- Você deveria me ajudar!

- O.k., da próxima vez não ria.

- Não foi minha culpa! Saiu sem querer...

Gina suspirou.

- Eu não sei, Luna... Você é que tem que saber o que você mesma está sentindo, não é?

- Acho que sim... - ela respondeu desanimada.

Gina jogou o cachecol, e Luna o apanhou surpresa.

- Aproveita que você tem que devolver o cachecol e fala com ele!

- É... pode ser.

E Luna sorriu, envolvendo o cachecol de Neville em volta do próprio pescoço. Intimamente, Gina sentiu um pouco de inveja dela... As coisas eram mais fáceis para Luna, apesar de tudo. Ela não tinha que lidar todo dia com uma mentira, com alguém que gostava muito, mas que há muito tempo, não era mais a mesma pessoa...

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