O túmulo de cristal



Cap. 36
O TÚMULO DE CRISTAL

Harry foi encontrado adormecido, debruçado sobre Ayame, logo na manhã seguinte, por Madame Pomfrey. Ela o acordou com um grito assustado, e logo depois:
__ MAS O QUE É QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI??
O garoto levantou-se cambaleante.
__ Nada... eu... só...
A enfermeira o olhou criticamente, mas com certa pena:
__ Ora, vá, vá logo... Dumbledore estava te procurando... Vá encontrá-lo logo...
Harry saiu apressadamente da enfermaria e rumou para o escritório de Dumbledore. Quando chegou na gárgula em forma de águia que guardava a entrada, ficou imaginando qual seria a senha para entrar.
Nem precisou pensar muito, pois logo a estátua saiu do lugar e uma pequena abertura ficou visível. O diretor saiu pela abertura e chamou Harry para subirem para o escritório. O garoto se espremeu pela fresta e se pos em pé na escada em forma espiral que subia sozinha.
O escritório de Dumbledore estava todo bagunçado, com várias caixas de papelão e coisas espalhadas por todo o canto.
__ Desculpe a desordem, Harry__ disse o diretor abrindo a porta e deixando o garoto ir primeiro__ Estou arrumando algumas coisas.
O moreno se sentou na cadeira em frente à escrivaninha do diretor, como sempre fazia, lugar que aliás, parecia o único que não estava bagunçado. Os papéis, porta-canetas e outras bugigangas que Dumbledore guardava na sua mesa estavam em perfeita ordem como sempre. O diretor sentou-se em sua cadeira do outro lado da escrivaninha.
__ Então, Harry__ começou ele__ Eu fui procurá-lo na sala comunal hoje mais cedo, mas o Sr. Weasley teve a bondade de dizer que, quando ele adormeceu, você estava lá, mas quando ele acordou, você não estava mais.
Ele falava isso não como uma repreensão, mas com ar de graça.
__ Desculpe, professor... Eu... saí.
__ Foi até a enfermaria, não foi?
O garoto confirmou com a cabeça. Dumbledore suspirou.
__ Harry__ disse ele mansamente__ Eu entendo como você se sente. Esta noite também tive que me segurar para não ir até lá. Mas você não deve mais fazer isso, ficar se remoendo. Foi Ayame quem me ensinou isso. A vida deve seguir em frente. Tente se ocupar com outras coisas, está bem?
O moreno concordou com um aceno da cabeça novamente. Silenciou um pouco e, antes que Dumbledore recomeçasse a falar, disse:
__ Foi tudo tão rápido__ desabafou ele__ Tanto com Ayame como com Sirius. Eu sei lá.... Mas foi um pouco diferente com Sirius... Eu não tinha um corpo dele pra ficar ali, sabe...
__ Eu entendo, Harry. E também, apesar da ligação entre você e Sirius ter sido muito grande, a entre você a Ayame era especial. Mas... vamos fazer o que eu te chamei pra fazer. Eu peço desculpas por ter que colocar você nessa situação, essa é a pior parte de tudo, mas você é quem, além de mim, conhecia mais a Ayame.
O garoto se arrumou na cadeira.
__ Temos que preparar exatamente o quê?__ perguntou ele.
__ Nós? A minoria das coisas. Deixei o resto com outros. Detalhes mais especiais, entende. Como o... túmulo. As roupas. O lugar.
Harry balançou a cabeça, indicando que estava entendendo. Porém, cada vez que pensava naquilo, vinha um aperto em seu coração.
__ Vamos começar pelo túmulo__ disse o diretor baixinho, e Harry notou que ele também estava um pouco perturbado__ Eu acho que a cor mais... certa... seria o vermelho. Poderia ser de pedras vermelhas e alguns rubis, como Ayame gostava....
Harry ouvia com atenção, mas de repente uma idéia veio em sua cabeça do nada e ele teve certeza de que era aquela idéia que deveria ser efetuada.
__ Não__ ele interrompeu Dumbledore__ Cristal.
__ Como, Harry?__ indagou o diretor sem entender.
__ O túmulo... deve ser de cristal. E não fechado, com o corpo à mostra...
__ Mas... Harry...
__ Eu não sei, mas tenho uma sensação muito grande de que deve ser feito assim. Eu não sei mas... acho que é como Ayame queria.
Ao ouvir isso, o diretor suspirou e concordou.
__ Tudo bem. O professor Snape conhece uma poção que...IMPEDE... a decomposição do corpo. Assim poderemos fazer como você está dizendo.
__ Desculpe, professor, mas eu sinto...
__ Não se desculpe, Harry, eu entendo... Também já tive uma sensação dessa antes. Vamos escolhe o lugar, agora. Você que conhece melhor os lugares que ela gostava de ficar... Eu diria a biblioteca, mas acredito que a nossa querida bibliotecária não iria gostar disso....
__ Ela gostava de ficar lá fora... Perto do lago era seu lugar favorito.
__ Então será nas margens do lago... Mas não pode ser em um local muito visitado, entende... Pedirei para Hagrid providenciar isso.
__ As roupas eu acho que Hermione poderá ajudar melhor, sabe...
__ Sim, eu concordo. Você poderia pedir para ela escolher uma?
Harry confirmou.
__ Uma última coisa, Harry... O horário.
Harry refletiu um instante e disse:
__ No pôr-do-sol. Ela gostava de observá-lo.
Dumbledore se levantou e apertou a mão de Harry.
__ Até lá, então.
O garoto se afastou da mesa e saiu pela porta lentamente. Era a primeira vez que ele temia o fim do dia.


O pôr-do-sol estava vermelho como o amanhecer do dia anterior. Uma multidão vestida de preto estava em pé nos jardins que rodeavam o lago. Harry e seus amigos, mais os membros da Ordem e os professores estavam na primeira fila. De lá, o garoto via certinho a mesa comprida de pedra vermelha, incrustada de rubis, e com uma tampa de cristal, perto da margem.
Fawkes, a fênix de Dumbledore, estava empoleirada em uma árvore próxima. Ela começou a cantar, um lamento triste que ao mesmo tempo doía, mas curava o coração. Hagrid veio da orla da floresta com o corpo de Ayame nos braços. Ela estava vestida com um longo e sedoso vestido vermelho, com uma faixa amarrada na cintura e vários fios de ouro enfeitando a seda. Uma pequena coroa de ayames vermelhas em sua cabeça, enfeitando seus cabelos negros, a fazia parecer uma verdadeira princesa.
O guarda-caças a colocou delicadamente na mesa de pedras vermelhas e se afastou. Dumbledore se aproximou e tirou a varinha do bolso. De repente, várias pétalas rosadas começaram a cair de sua varinha, e rodearam o corpo da garota, preenchendo os espaços da mesa que seu corpo não preenchia. Por fim, o diretor lhe deu um beijo na testa e fechou a tampa de cristal.
O lamento de Fawkes ainda continuava, cada vez mais tocante. Porém, ele foi ficando diferente com o passar do tempo em que todos faziam silencio, e penetrava cada vez mais no coração de cada um, plantando um sementinha de esperança em cada coração. Harry sentiu um pequeno broto se formar dentro se si, mas logo a profunda tristeza de estar ali o sufocou novamente.
Quando estavam voltando para o castelo, Mione e Gina disseram:
__ Temos que nos apressar. Dumbledore nos pediu para que arrumássemos todas as coisas de Ayame... Acho que ele vai guardá-las em seu escritório, foi o que ele comentou.
Harry agora entendia a bagunça na sala do diretor. Ele provavelmente estava arrumando espaço para as novas coisas.
As duas seguiram em frente rapidamente, ao passo que Harry e Rony sentaram-se nas escadarias da entrada e ficaram fitando a noite chegar, silenciosamente.
Depois de um tempo, os dois garotos resolveram entrar. O Sr. e a Sra. Weasley estavam na sala comunal da Grifinoria, assim como Fred, George, Carlinhos e Gui. Harry não notara que eles estavam no funeral. O garoto mal sentou-se na poltrona quando Hermione gritou que precisava de ajuda para levar as caixas, e o garoto foi ajudá-la.
Nas caixas, estavam todas as coisas de Ayame: algumas Harry conhecia, como o álbum de família dela, e outras não, como vários CD´s com seu nome escritos.
Ele perguntou para Hermione o que tinham nos CD´s.
__ São as música dela__ ela respondeu__ Você não sabia? Ela me disse que sempre escrevia músicas e as gravava.
O Sr. Weasley, Gui e Carlinhos se ofereceram para levar as caixas até o escritório de Dumbledore. Só quando eles já haviam saído é que Harry percebeu que um CD havia caído de uma das caixas. Nele não estava escrito nada.
De repente, o garoto sentiu que devia ouvir o CD, mas sozinho, sem ninguém por perto. Subiu ao seu dormitório, e pegou a varinha. Ele havia aprendido que os CD´s bruxos não precisavam de rádio, era só dizer o feitiço certo e ele começava a tocar normalmente.
__ Radiatus__ disse ele baixinho, apontando para o CD.
De repente, a voz cristalina de Ayame soou no dormitório:
__ Olá, aqui é a Ayame Vermefire! Nesse Cd eu coloquei somente uma música, pois está é uma canção muito importante para mim. Eu a compus em Hogwarts, um tempo depois de minha família ter falecido. Acho que quem quer que esteja ouvindo vai entender perfeitamente o que eu quis com essa canção. Eu ainda não escolhi um nome, mas.... Aqui vai.
Um música de um som calmo e bonito começou a tocar. Após um tempinho, a voz de Ayame começou a cantar:

Eu me encontrei hoje
Oh, eu me encontrei e corri pra longe
Alguma coisa me puxou de volta
A voz da razão que eu havia esquecido que eu tinha
Oh, eu sei que você não está aqui pra dizer
O que você sempre costumava dizer
Mas está escrito no céu esta noite
Então, eu não vou desistir
Não, eu não vou me rebaixar
Mais cedo do que parece
A vida dá a volta por cima
E eu vou ser forte
Mesmo que tudo dê errado
Porque, em pé aqui no escuro
Eu ainda acredito
Que alguém está olhando por mim

Eu vejo uma luz vermelha
Que está brilhando no meu destino
Brilhando toda hora
E eu não terei medo
De segui-la em todo o lugar que ela me levar
Tudo o que eu sei é que o ontem já passou
E agora mesmo eu pertenço
À esse momento dos meus sonhos

Não importa o que as pessoas digam
Não importa quanto tempo leve
Acredite em si mesmo
E você voará alto
O que importa mesmo é o quanto verdadeiro você é
Siga seu coração...
Então, eu não vou desistir
Não, eu não vou me rebaixar
Mais cedo do que parece
A vida dá a volta por cima
E eu vou ser forte
Mesmo que tudo dê errado
Porque, em pé aqui no escuro
Eu ainda acredito
Que alguém está olhando
Que alguém está olhando por mim

( Tradução adaptada de “Someone is Watching Over Me” _ Hilary Duff)

Harry enxugou algumas tímidas lágrimas que escorriam quando a música terminou. Aquilo era, claramente, uma mensagem para ele. Ele se levantou, de repente se sentia renovado e com energia novamente.
Ele decidira. Agora não ficaria mais se remoendo por causa da morte de Ayame. Tinha que seguir em frente. Ele não iria desistir, não se iria se rebaixar para a tristeza. Ele iria ser forte, e daria a volta por cima.
Por que, afinal, alguém, lá de cima, estava olhando por ele.


e ai!
esse é o penultimo cap da fic einh!
mas NAO PERCAM o proximo, muitas revelaçoes!!
comentem ok?
bjus

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