Halloween nas Masmorras



A felicidade de Tiago era contagiante. Ele era agora todo sorrisos, mas Lily tinha pedido pra ele não contar pra ninguém que iam juntos à festa do Slug. As pessoas supunham muitas coisas, e os boatos voavam nos corredores e nos salões de Hogwarts. Imaginavam que, para ele ficar tão feliz, só mesmo namorando a Lily. Mas eles nunca eram visto juntos, e mal se falavam, como sempre acontecera.


Agora todos da escola sabiam da festa do Slug, e os poucos convites eram disputados a tapa. Para irritação de Harry, Diggory foi falar com Gina, para saber se ela já tinha par. Gina lançou a Harry um olhar de aviso e disse a Diggory que já tinha companhia.


Lily também foi cercada de garotos, mas não negou nenhum convite, apenas dizia que ia pensar, e que dava a resposta depois. Nessas horas, Tiago sentia como era frágil a esperança que ela havia lhe dado.


No dia da famigerada festa, as ruivas estavam se arrumando e Alice estava ajudando.


- Lily, chega de mistério! Conta logo como foi a sua conversa com o Tiago naquele dia! Eu e Alice já cumprimos a nossa parte!


Alice havia se aproximado de Frank, e os dois tinham marcado de estudarem juntos esta noite. Gina ia mesmo com Harry à festa.


- Esse foi o preço por vocês serem tão metidas, tá? - as meninas se fizeram de ofendidas. - Mas eu sou magnânima, e vou contar... Naquela noite, ele mal me deixou falar! Pediu desculpas pelo que eu tinha visto, sabia que eu tinha ficado chateada, mas a culpa não era dele. Disse que praticamente tinha jogado a menina no chão, e que se eu quisesse, ele jogava de novo...


- Só o Tiago mesmo! - riu Alice.


- Pois é... Então ele disse que era louco por mim, e que não era justo, bem na hora que a gente tava começando a se entender, eu me afastar de novo.


- Como assim, vocês estavam começando a se entender? - Gina arqueou as sobrancelhas. - Tá faltando um pedaço de história aí!


Lily suspirou e contou, a contragosto, o que tinha acontecido na ala hospitalar quando ela estava internada. Alice e Gina gargalhavam, diante de uma enrubescida narradora.


- Vamos parar com isso? Ou vocês não querem saber do resto?


- Desculpa, amiga! Continua, por favor. - pediu Alice, ainda rindo.


- Voltando: Ele dizia que não era justo que a gente se afastasse exatamente quando estávamos começando a nos entender, e me pediu pra dar uma chance a ele.


- Ai, Lily, para de suspense! - gritou Gina, quando Lily se calou.


- Aí eu disse: "Certo.". Ele ficou me olhando, incrédulo, e perguntou: "Certo, o quê?". E eu disse: "Certo, eu te dou uma chance. Vá à festa do Slug comigo."


- Aaaaaaaaaaai, Lily, e aí? - Alice já roía as unhas.


- E aí que ele ficou sem fala. Então eu disse que ele não precisava ir, se não quisesse. Aí ele começou a rir, me abraçou e disse que nem se ele estivesse acamado deixaria de ir a essa festa comigo.


- E então?


- E então o quê? - Lily disse num tom pretensamente inocente.


- Lily! Não acredito que rolou só isso!


- Ele me beijou. - ela disse, bem baixinho.


Alice e Gina começaram a gritar. Fizeram tanta algazarra que umas garotas do quarto ano entraram no quarto, pensando que alguém estava sendo atacado.


- Então vocês estão namorando! - disse Alice, depois que a porta foi fechada.


- Não estamos namorando!


- Lily, você é complicada demais pro meu gosto! - "Agora sei de onde Harry puxou essas manias e complicações dele!" pensou Gina, com um sorriso.


- Foi só um beijo, garotas. Depois fui pro salão principal e encontrei vocês, lembram?


- Desisto de você, ruiva! Não sei como o Tiago tem tanta paciência! - Gina suspirou. - Você vai ficar com ele hoje?


- Talvez. - e deu uma risadinha.


- Tenho pena de Tiago Potter! - disse sombriamente Alice.


* * * * * * * * *


- Então vocês estão namorando? - perguntou Remo.


Harry e Tiago estavam se arrumando no dormitório, e Sirius e Remo estavam lá, conversando. Pedro havia descido antes, para jantar.


- Nós não estamos namorando ainda, mas é só uma questão de tempo, Aluado.


- Ei, Pontas, tu é muito convencido, cara! E se essa história toda for um plano da Lily, pra te desmoralizar? - perguntou Sirius, só botando lenha na fogueira.


- Ela não faria isso! E deixa de ser recalcado, Almofadinhas! Só porque não vai pra festa fica querendo estragar a felicidade dos outros, é?


- Calma, apaixonado! Já não está mais aqui quem falou...


- Olha, não dava pra vocês passarem um pouco dessa sorte pra nós, não? Somos amigos, não é? - pediu Remo. - Afinal, vão à festa com as garotas mais bonitas da Grifinória!


- Cuidado, Aluado! Quando se trata das Foguinhos, esses dois viram bicho! - riu Sirius.


- Literalmente, senhores, literalmente... - falou Tiago, ajeitando a gravata, em frente ao espelho.


Harry já estava pronto há horas, mas Tiago queria tudo perfeito. "Espero que ele não invente de dar um jeito nos cabelos, agora! Senão, perderemos a festa..." - pensou, divertido.


- Tiago, está na hora. Vamos descer? - chamou Harry.


* * * * * * * * *


Remo e Sirius nunca riram tanto! Quando as garotas desceram com seus vestidos de noite, os marmanjos não conseguiram nem piscar. Elas se entreolharam, satisfeitas do efeito que causaram nos garotos. Pegaram cada um pela mão e os arrastaram para fora da sala comunal.


Lily estava de vestido frente única verde musgo, e os cabelos caíam numa cascata até a cintura, lisos. Tiago abriu a boca várias vezes, mas não conseguia emitir um som que fosse. Lily entrelaçou os dedos nos dele enquanto rumavam à sala de Slughorn, nas masmorras.


Harry estava boquiaberto. Já tinha visto Gina em trajes de festa antes, mas nada o havia preparado para ver aquele mulherão. Ela estava com os cabelos presos num coque frouxo, com alguns cachos escapando e dando leveza ao rosto. Vestia um tomara-que-caia preto, e estava simplesmente estonteante.


- Você está linda, Gina. - finalmente conseguiu articular algo. Já estavam quase chegando à festa.


- Obrigada, Harry. Você também está muito bonito. - Ela também não estava preparada pra ver essa versão mais "delinquente" do Harry de beca. Os cabelos revoltos e a barba por fazer contrastavam com as vestes, tornando-o perigosamente atraente.


Lily e Tiago andavam um pouco mais devagar que Harry e Gina, e o moreno finalmente havia esboçado uma reação à sua Foguinho.


- Lily, desculpa a minha mudez temporária, mas é que te ver assim me deixou sem fala.


Lily sorriu e continuou andando.


- Você não vai dizer nada, ruiva?


- Sobre o quê?


- Estamos quase chegando.


- Desculpa, mas não estou entendendo onde você quer chegar com essa conversa, Tiago...


- Lily... - parou de andar e se aproximou dela, até os corpos ficarem colados, olhos nos olhos. - Sou louco por você, Foguinho! - murmurou. E, quando as bocas estavam quase se tocando, ele perguntou: - Você quer namorar comigo? - E a beijou.


* * * * * * * * *


- Harry, olha ali! - Gina apontou pro casal.


- Já não era sem tempo, hein? - sorriu.


- Acho que as pessoas vão cantar “aleluia”, quando os virem juntos.


- E o que você acha que vão dizer quando nos virem juntos? - sussurrou Harry, se aproximando.


- Vão esperar você levar outro tapa, Harry, se não se afastar. - e saiu de perto dele.


* * * * * * * * *


- Isso foi um sim, Lily?


- Não. - ela disse, simplesmente.


- E foi um não? - perguntou, com medo.


- Também não.


- Lily, seja objetiva, pelo amor de Merlin!


- Isso foi um "vou pensar no seu caso", certo?


- Pense com carinho, tá?


- Tá! Agora, vamos pra festa.


* * * * * * * * *


A festa estava impressionante. Slughorn era realmente muito bem relacionado, e conseguiu trazer desde jogadores da seleção inglesa de futebol, até astros pop e políticos renomados do mundo bruxo.


Todos estavam em trajes de gala, e o professor estava como queria: com toda a atenção para ele. Quando os dois casais entraram na festa, Slughorn deu uma desculpa ao Assessor de Assuntos Internacionais do Ministério da Magia, Lenny Michaelson, e foi recebê-los.


- Meus queridos, é uma honra recebê-los na minha humilde festa! - e fez uma reverência exagerada. - São dois rapazes de muita sorte, por acompanharem as mais belas da noite.


Lily e Gina agradeceram, ruborizadas. Os Potter esperavam que o professor continuasse.


- Agora se divirtam! Depois os apresentarei a alguns amigos. Sr. Potter, tenho alguns colegas que jogam na seleção que querem conhecê-lo. E Sr. Granger, será que mais tarde podemos ter um particular?


Apesar de intrigado, Harry aceitou e se afastaram.


- O que será que ele quer com você? - perguntou Gina, ao seu ouvido. Harry ficou todo arrepiado, mas disfarçou.


- Não faço a mínima ideia. - falou, quase encostando os lábios no pescoço dela. Se Gina não estivesse sentada, com certeza teria caído.


- Harry, cadê o Malfoy? - Gina tentou mudar de assunto.


- Eu não o vi ainda. Também não vi Snape, Avery ou Nott. - franziu a testa.


Deram uma volta pela festa, e viram que eles não estavam lá. Não queriam perguntar a ninguém, para não dar na cara...


- Gina, eu vou dar uma olhada no Mapa do Maroto, pra ver se eles estão no castelo. Por favor, fique aqui. Eu volto já.


- Não senhor! Eu vou com você! Acha que eu vou ficar aqui, de vela, é?


- Gina, eu vou ao banheiro masculino, pra olhar o Mapa! - inventou. Não queria que ela fosse. Dependendo do que visse, talvez ele tivesse que agir, e sabia que ia ser mais difícil se livrar dela então.


- Eu já disse que vou com você. E você não precisa ir necessariamente ao banheiro; pode ir a uma sala vazia ao lado do salão. Podemos passar por um casal de namorados procurando um lugar mais calmo, não?


"Droga, Gina!" - pensou Harry, e depois grunhiu em concordância. Deram-se as mãos e andaram calmamente até achar uma sala vazia.


- Juro solenemente que não vou fazer nada de bom! - disse, quando Gina lacrou a porta e imperturbalizou as portas e janelas.


Harry procurou por toda a extensão do Mapa, e nem sinal do quarteto. Continuou olhando, e também deu por falta de Pettygrew.


- Gina, eles devem estar reunidos! Os comensais!


- Mas não é aqui na escola, é?


- Não. A não ser que eles estejam na Sala Precisa, mas eles não sabem da existência dela.


- Como você tem certeza disso?


- Lembra no meu sexto ano, que Malfoy usou a Sala Precisa para... Bem, você sabe pra quê, né? Ele disse que descobriu o lugar quando nos achou numa reunião da Armada de Dumbledore. Se o pai dele conhecesse o lugar, com certeza teria dito ao filho, não?


- Certo, então. E o que vamos fazer?


- Não há o que fazer... Eles não estão aqui, não precisamos vigiá-los. Temos apenas que conferir, esporadicamente no Mapa, se eles voltaram.


* * * * * * * * *


Quando Harry e Gina voltaram para o salão, não viram Tiago ou Lily. Separaram-se brevemente e foram procurá-los; ia ser muito arriscado sacar o Mapa do Maroto ali, e afastar-se talvez demorasse mais do que procurá-los.


- Meu rapaz, podemos conversar agora? - Slughorn segurou o braço de Harry, quando ele ia passando.


- Professor, pode ser outra hora? Preciso muito falar com Tiago e Lilian, o senhor os viu, por acaso?


- Eu os vi há uns dez minutos, indo para a sacada. Eles formam um casal muito bonito.


- Obrigado, professor. Volto em instantes, está bem? - e foi para a tal sacada. Tiago e Lily estavam lá, conversando.


- Por um instante eu pensei que vocês tinham voltado sem mim e a Gina.


- E nós pensamos que vocês estavam ocupados demais, para lembrarem-se da gente. - riu Tiago.


Harry ficou vermelho, e Gina os achou naquele momento.


- E então, vão negar pra gente que estavam se agarrando por aí? - continuou Tiago, rindo da cara que Harry estava fazendo de vergonha.


- Nós não estávamos nos agarrando. - negou Gina, com a voz firme. - estávamos conversando, diferente de um certo casal, que fica se agarrando pelos corredores.


Lily ficou da cor dos cabelos, e Tiago deu uma sonora gargalhada.


- Ei, Granger, você está lascado! Sua Foguinho é osso duro de roer...


Todos riram e começaram a conversar. Então Harry se lembrou da conversa com Slughorn.


- Gina, você pode vir aqui, um instante?


E se afastaram um pouco do casal, que começou a fazer piadinhas dos dois.


- Eu tenho que ter aquela tal conversa com Slughorn. Por favor, fique aqui com os dois, certo? E use isto se eu demorar. - e entregou-lhe discretamente o Mapa do Maroto.


- Harry, onde eu vou guardá-lo? Não tenho bolsos...


Harry se negou a dar a resposta óbvia: no decote. Mas ela seguiu o olhar dele e enrubesceu.


- Ok, eu guardo, mas você tem que me dar cobertura...


E Harry se aproximou dela, como que a imprensando contra o parapeito da sacada. Gina pôs o Mapa no decote, e Harry não se atreveu a olhar. Sabia que se o fizesse, estava perdido.


* * * * * * * * *


- Professor? O senhor está disponível? – Harry perguntou, referindo-se à conversa que Slughorn o havia convidado, antes.


- Claro, Sr. Granger. Por favor, siga-me até a minha sala. Espero que não se incomode, mas há outra pessoa que também quer falar com você. Ao entrar, deparou-se com o professor Ellis.


- Jonathan, ei-lo. Sr. Granger, por favor, sente-se.


Harry ficou tenso, especialmente depois que o professor trancou a porta. Empunhou discretamente a varinha.


- Harry... Posso chamá-lo assim? - Harry assentiu. - Harry, meu rapaz... - Slughorn continuou. - Chamei-lhe para esta conversa, porque prof. Ellis e eu estamos francamente impressionados com o seu potencial mágico. Eu estava comentando com Jonathan um fato curioso que aconteceu na minha sala, você deve se lembrar, do episódio do caldeirão dos meus alunos da Sonserina... - Harry assentiu novamente. - Pois bem! Eu queria muito saber o que aconteceu naquele dia.


Harry não sabia o que dizer. Nem desconfiava do conteúdo da conversa, mas jamais esperava ser interrogado por isso, especialmente porque não percebeu que Slughorn havia percebido. Harry não conseguia falar nada


- Harry, você é um legimente?


- Não, professor! - a voz voltara.


- Então como percebeu o feitiço do senhor Malfoy?


- Eu senti o feitiço. - disse, derrotado.


- Mas o feitiço não havia sido feito ainda. E o senhor Malfoy é muito bom em feitiços, e digo isso sem nenhum favor.


- Eu senti a intenção dele. - Harry estava se sentindo muito mal em confessar isso, mas não havia como não fazê-lo.


Os professores entreolharam-se, e então prof. Ellis deu um grande sorriso.


- Eu sempre soube, Sr. Granger, que o senhor era um grande bruxo... agora tivemos certeza. Será que o senhor nos daria a honra de participar da nossa sociedade secreta?


O queixo de Harry caiu. "Sociedade secreta? Que história é essa? E dentro de Hogwarts?" - pensava freneticamente.


- Nesta sociedade, Harry, estudamos magia antiga. Atualizamos feitiços e poções. Há anos estamos ajudando o Ministério da Magia e o Hospital St. Mungus.


- Professor, tem mais alguém de Hogwarts nesta sociedade?


- Certamente, meu caro; Alvo Dumbledore.


- Professor, eu posso pensar melhor, antes de responder? O senhor sabe, é meu sétimo ano, tenho NIEMs e -


- Claro, Harry. Eu entendo que você não esperava por isso, e poderá pensar melhor, sim. Só peço que não demore.


- Obrigado, professor. - e virou-se, para a porta. - Boa noite.


- Boa noite Harry. Ah, só para constar, você não vai conseguir falar nada do que se passou aqui, pois a nossa sociedade tem meios de proteção próprios, você entende, não?


- Claro que sim. Boa noite, então. - e saiu, o que já estava quase virando rotina, totalmente desnorteado.


* * * * * * * * *


Gente tô achando essa fic romântica demais...


Vou botar mais ação, tá? Mas sem perder a ternura jamais! :P


Bjos e obrigada pelos comments e votos... Vocês não imaginam o sorriso que se abre cada vez que os recebo!


Bjos. =D

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