Desculpas e Favores



Eles não estavam se falando. Isso já estava virando rotina. Harry estava preocupado, e sabia que a culpa da situação era toda sua, e devia resolvê-la.


- Vejo que desistiu de manter aquele penteado, como dizer... exuberante, Sr. Granger. - disse Slughorn rindo, quando eles entraram nas masmorras.


Durante a aula de poções, Harry tentou chamar a atenção de Gina, mas ela sequer olhava para a mesa onde ele estava, com Tiago, Sirius e Remo. Harry suspirou e voltou a dar atenção à sua poção, quando sentiu um movimento à sua esquerda.


Malfoy estava tentando usar um feitiço não-verbal nele, mas era lento demais. Harry discretamente alertou os três amigos na mesa, para que ficassem de sobreaviso e, quando sentiu que Malfoy havia finalmente conseguido fazer o feitiço, executou um protego também não-verbal.


A azaração ricocheteou e virou o caldeirão dos Sonserinos sobre eles, queimando-os. Professor Slughorn os acompanhou até a ala hospitalar, extremamente desconfiado do que havia acontecido. Ele vira o Sr. Malfoy tentando fazer um feitiço, mas achou estranho que tivesse dado tão errado. A não ser que... "Das duas uma: ou temos um legimente aqui, ou esse rapaz é um bruxo extremamente poderoso..." - pensou Slughorn, lembrando-se de Harry.


Gina olhou para Harry, preocupada, e, por um instante, esqueceu-se de que não estavam se falando.


- O que houve, Harry? - perguntou Gina discretamente, da ponta da sua mesa.


- Não dá pra eu explicar agora; a gente pode conversar no fim da aula? - ele pediu baixinho.


Ela assentiu, apesar de perceber que ele não queria conversar somente sobre o caso Malfoy. Slughorn voltou pouco tempo depois, retomando a aula.


* * * * * * * * *


Mas não foi assim, tão fácil. Eles tiveram que sair correndo da aula para a sala de transfiguração, e Harry suspeitava que Lily e Alice não queriam que eles conversassem, já que não saíam de perto de Gina. Ele sempre odiara esses grupinhos de garotas, que não se desgrudavam...


"Droga! Minha própria mãe contra mim... Como eu vou poder com isso?" - pensou, amargurado. Como que lendo seus pensamentos, Tiago cochicha:


- Há outros meios de se comunicar que dispensam a voz.


Harry pensou em várias coisas impróprias para o horário, Tiago percebeu e começou a rir.


- Eu quis dizer um bilhete, Granger... Você é meio desesperado, hein? - e virou-se, para acompanhar a aula.


* * * * * * * * *


Na hora do almoço, Gina suspirou aliviada; havia conseguido escapar de uma conversa constrangedora. Não sabia até quando, mas, no que dependesse dela, não aconteceria tão cedo. Quando estava comendo a sobremesa, uma primeiranista da Grifinória loirinha trouxe-lhe um pergaminho e saiu, sem dizer nada.


- Gina, você não vai abrir? - perguntou Lily, ao vê-la guardar o pergaminho no bolso das vestes.


- Agora não... Estou almoçando ainda, vocês não perceberam?


- Corta essa, Gina! Eu sei que esse bilhete só pode ser do Granger. E não adianta pensar que não vai nos dizer, por que nós a obrigaremos, tá?


- Vocês são muito dramáticas! - riu Gina, mas sem ler o pergaminho. Não queria olhares sobre ela enquanto estivesse lendo. Se fosse mesmo do Harry, talvez ele estivesse esperando ver a sua reação escondido em algum canto do salão. "E se ele estiver com a capa da invisibilidade?" - pensou, por fim. Ela não o tinha visto no almoço, era muito estranho.


Finalmente conseguiu escapar das garotas (disse que estava com um pouco de dor de cabeça e avisou que ia tomar um banho e deitar um pouco antes das aulas da tarde começarem). Trancou-se no banheiro e abriu o pergaminho.


Gina,


Sei que você não quer nem olhar na minha cara, e você tem razão para fazê-lo; eu fui um idiota completo desde que nos revimos.


Proponho uma trégua: eu vou tentar não falar da última semana, e você também faz de conta que ela não existiu. Temos um objetivo maior a cumprir, e nossos desentendimentos estão mexendo demais conosco.


Mas eu não vou conseguir sem você, Gina!


Por favor, fale comigo! Eu preciso de você, Foguinho!


Desculpa por eu não ser exatamente o que você quer, ou o que você merece. Eu sei que mesmo sem querer te magoo, e isso me deixa muito mal.


Harry


* * * * * * * * *


Gina desceu do dormitório e o procurou, mas Harry não estava lá. Sirius vinha descendo as escadas, e ela foi em direção a ele.


- Oi, Sirius. Onde ele está?


- Esperando por você, no dormitório. - riu em resposta.


Ela abriu a porta e foi até a cama dele. Ele estava deitado, com o olhar parado no teto.


- Oi, Harry. - anunciou-se.


Ele se sentou imediatamente, tentando reprimir o sorriso por vê-la no seu quarto.


- Gina, você ainda está muito chateada? Desculpa, eu -


- Se eu não tivesse te desculpado, não estava aqui, né? - disse, brincando e não deixando que ele continuasse.


- Amigos? - e estendeu a mão a ela.


- Amigos. - ela apertou a mão dele. Era melhor assim.


* * * * * * * * *


Harry estava atrasado para a detenção. "Mamãe vai me matar!" - pensou Harry sorrindo. Já estava correndo quando avistou os cabelos vermelhos de Lily. Ele ofegou um “boa noite” e se encostou na parede, sentido uma pontada nas costelas de fadiga.


- Você está pegando os piores trejeitos de Tiago. - resmungou Lily.


Harry tentou não rir e a seguiu até a Hemeroteca ("biblioteca" de jornais) de Hogwarts. Ela lhe entregou uma máscara para se proteger da poeira, tomou a sua varinha e o levou até cerca de 20 caixas, com Profetas Diário da década de 50, para que ele pusesse em ordem crescente de data.


Harry suspirou e começou o seu ofício. Passaram-se quase 3 horas, até que Lily disse que ele podia parar. Não tinham conversado. Harry estava impressionado com a oportunidade que havia lhe caído nas mãos; ele estava com os jornais da época em que Voldemort estava em Hogwarts, e Harry podia ler a visão que o mundo bruxo tinha dos acontecimentos desencadeados então por Tom Riddle. Talvez achasse algo ali que pudesse ajudar na missão.


Quando Lily se levantou, Harry escutou a porta da Hemeroteca abrindo-se devagar e lembrou-se do que havia prometido a Tiago.


- Lily, posso te fazer uma pergunta pessoal?


Ela arqueou as sobrancelhas, mas assentiu.


- O que há entre você e o Tiago? Desde que cheguei aqui só o vi te tratando como uma rainha, e você sempre sendo grossa com ele.


- Ele merece. - disse secamente, e virou-se para a porta.


- E por que você não admite, então, que é louca por ele?


- Eu? Louca por aquele idiota? Você é doido, Granger? - Lily gritou de volta.


- Lily, pode negar o quanto quiser, mas até ele já sabe que você é apaixonada por ele. Eu só queria te avisar isso... - Harry falou num tom inocente, mas estava à beira de um ataque de risos.


- Como assim, ele sabe que eu gosto dele? O que ele anda dizendo por aí?


Ela agora vinha com tudo na direção de Harry, os olhos faiscando.


- Lily, por que você se desgasta desse jeito? Olhe, não entendo vocês, viu? Ele é louco por você. Sirius me disse que ele ficava com quem quisesse, mas depois que se descobriu apaixonado por você não ficou com mais ninguém.


Lily não conseguia falar nada.


- E todo mundo percebe que você não consegue parar de olhar pra ele... - Harry começou.


Lily desabou na cadeira derrotada.


- Vocês se merecem, Harry. Você e a Gina. Ela me disse praticamente a mesma coisa, sabe? Mas tudo bem, eu reconheço quando perco uma discussão... Eu admito: sou louca pelo Potter. Mas não vai adiantar nada você ir contar pra ele, porque eu vou negar até a morte. - levantou-se e saiu da sala, fechando a porta.


Tiago tirou a capa da invisibilidade e começou a dançar no meio da sala. Harry não se aguentou mais e começou a rir.


* * * * * * * * *


Foi malz o capítulo meio pequeno e pouco movimentado, mas algumas coisas tinham que ser resolvidas, né?


Bjos e peloamorde: comentem!!! (e votem!) =D

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