Explicações



- Harry, você trouxe aquele mapa magnífico? - perguntou Dumbledore.


- Claro que sim; e a capa da invisibilidade também.


- Excelente! - Dumbledore sorriu. - Então, façam o favor de se trocar na sala ao lado, enquanto eu resolvo algumas pendências aqui.


O clima estava muito pesado entre Harry e Gina. Ela nem olhava na cara dele, e ele estava com remorsos por ter sido tão duro com ela. Mas ela é quem devia estar com remorsos, afinal, foi ela quem disse aquelas coisas sem fundamento! - "Eu, egoísta!.. Onde já se viu? Eu me afastei por causa deles, pelo bem deles... Será que ninguém entende?" - pensou, amargurado.


Gina foi para trás de um biombo e trocou suas roupas por vestes escuras. Ela ainda estava fumaçando com a audácia do Todo-Poderoso-Potter, mas não ia dar o gostinho pra ele e desistir da missão. - "Hogwarts é enorme, e se eu der sorte, a gente nem se vê!" - pensou ela, tentando se enganar.


O silêncio era extremamente opressor, e Harry foi o primeiro a quebrá-lo:


- Gina, - falou, vagarosamente – eu, eu... eu preciso te pedir desculpas; eu não devia ter dito o que eu disse. Sei que você é capaz dessa missão, e estou honrado por você tê-la aceitado. - falou de um fôlego só.


Gina não esperava que ele se desculpasse. Conhecia Harry Potter. Sabia que ele era orgulhoso, e que não pediria desculpas depois de ter escutado as poucas e boas que estavam engasgadas na sua garganta. Mas sabia também que não devia esticar uma discussão. Ele foi nobre em tentar colocar uma pedra no assunto, e ela iria aceitar. Temporariamente.


- Tudo bem, Harry. - ela não ia pedir desculpas pelo que havia falado. Ele mereceu cada insulto! - Agora vamos, Dumbledore nos espera.


Quando chegaram à sala do diretor, havia dois malões com vestes, livros e dinheiro. Dumbledore estava de costas para eles, olhando o horizonte pela janela.


- Antes de tudo, preciso alertá-los do perigo desta missão. A magia que vamos utilizar para levá-los ao passado é muito antiga e poderosa, e qualquer deslize pode ser fatal. Vocês têm como inimigos o tempo e suas consequências, além dos comensais. Tomem muito cuidado! Qualquer xícara tirada do lugar pode ter efeitos desastrosos. Chamei ambos aqui porque confio nos dois. Estou confiando em vocês o mundo em que vivemos. - Dumbledore virou-se para eles - Preciso que vocês me prometam duas coisas: a primeira é ficarem sempre unidos; aconteça o que acontecer, estejam sempre próximos, confiem um no outro. A segunda coisa é ter cuidado com as suas decisões. Não coloquem em risco o futuro por impulso, ou por sentimentos outros, como raiva ou dor.


Harry e Gina se entreolharam de cenho franzido. O que Dumbledore queria dizer?


- O que eu estou dizendo é que vocês não estão numa missão comum; vocês têm sentimentos envolvidos, mágoa e raiva de algumas pessoas que vão encontrar nesta empreitada. Lembrem-se: tudo o que fizerem vai se refletir no futuro.


O silêncio que se seguiu a estas palavras foi quase palpável. Harry finalmente entendeu o que Dumbledore havia dito; ia conviver com Pettygrew, Malfoy e Snape. Até então só tinha pensado como ia ser maravilhoso conviver com os pais e com Sirius e Lupin...


- Como vamos voltar, Dumbledore? - perguntou Gina, quebrando o silêncio.


Dumbledore baixou os olhos. Suspirou e voltar a olhar para eles. - Vocês vão voltar quando a missão for completada. - disse, com a voz rouca.


- Quer dizer que só voltaremos se completarmos a missão? - Harry perguntou, e Dumbledore assentiu - E se nós falharmos?


- Não quero pensar nessa hipótese. Vocês vão conseguir. - Dumbledore disse, mais confiante.


- E se não conseguirmos? O que vai acontecer? Vamos ficar presos na época? - perguntou Gina, ansiosa.


- Eu realmente não sei, minha querida. Não tenho registros dos que fizeram esse tipo de intervenção no tempo. E receio não ter nada sobre os que não voltaram. Como eu disse há pouco, esta magia é poderosíssima, antiquíssima e por demais perigosa. Acredito que pouquíssimos tenham se aventurado. Só quem tem muito a ganhar ou nada a perder a faria...


Harry olhou para Gina, novamente preocupado. Ele estava no "perfil", se é que se pode dizer isso; ele não tinha o que perder, e estava indo para salvar seus pais e a si mesmo. Mas Gina? Ela não precisa ir...


Percebendo o olhar sobre si, Gina interrompe Harry no momento em que ele abre a boca. - Eu tenho os meus motivos. Eu vou. - disse, decidida.


Harry revirou os olhos. "Ótimo! Faça o que quiser, sua doida! Não é por falta de avisos que você tá entrando nessa fria!" - pensou, com raiva. Mas, bem no fundo, ele estava admirado por ela estar tão segura e decidida.


- Muito bem, então. - Dumbledore retorna à conversa. - Faremos o seguinte: vocês me ajudarão a conjurar o Portal do Tempo. Então, irão para o dia 31 de agosto de 1978, aparecendo próximo à cabana de Hagrid, na orla da Floresta Proibida. Ele não vai estar lá, e vocês poderão fazer o caminho sem problemas até a minha sala. A senha é Chiclé de Baba-e-Bola, e vocês vão entregar a mim (daquela época) esta carta. - e entrega um pergaminho com um brasão estranho nas mãos de Harry. - Sigam as instruções que eu der e mantenham-se unidos!


Harry guardou a carta num bolso interno das vestes. Gina suspirou e se levantou.


- Dumbledore, você poderia mandar uma carta para a minha família, explicando tudo? Eu sei que eles vão entender. Diga-lhes que estarei com Harry, isso vai tranquilizá-los.


O coração de Harry se aqueceu neste momento. Ele se levantou e caminhou até ela, ficando muito próximos.


- Gina, sei que você tem os seus motivos, e que é capaz, mas, por favor, me ouça: não vá! Vai ser muito perigoso, e você tem a sua família e eu nunca vou me perdoar se você se machucar ou algo pior...


- Harry, agradeço a sua preocupação, mas minha decisão já foi tomada. - ela tentou dizer o mais frio possível, mas sabia que havia transparecido o quanto havia ficado tocada com a preocupação dele. Virou-se para Dumbledore e perguntou: - Podemos ir?


- Sigam-me.


* * * * * * * * *


Depois de conjurado o Portal, Harry e Gina se despediram de Dumbledore, pegaram seus malões e, com certo receio, encaminharam-se para dentro do portal.


A viagem lembrava um pouco a via pó-de-flu, mas esta era fria, muito fria. Ambos estavam tremendo, quando deram conta de que estavam ao lado da casa de Hagrid. Era fim da tarde, estava ventando muito e eles tinham que se aquecer.


Correram para a escola, e não pararam até se verem em frente das gárgulas. Disseram a senha e se prepararam para a conversa mais estranha que teriam na vida. Dumbledore olhou surpreso para eles quando abriu a porta após suas batidas.


Harry tirou a carta das vestes e disse:


- Boa noite, professor Dumbledore. Por favor, leia isto antes de nós conversarmos.


Dumbledore olhou estupefato para o brasão no pergaminho e abriu-o. Foi boquiabrindo-se a cada linha que lia. Nem Harry nem Gina haviam presenciado nada que um dia houvesse chocado Dumbledore. O diretor terminou de ler, recompôs-se e virou-se para eles.


- Então você é o filho de Tiago Potter e Lilian Evans? - foi apenas uma pergunta retórica; isso agora era óbvio. Apesar da barba por fazer e do cabelo um pouco maior, era, sem dúvida, a mistura dos seus dois alunos. - E você também dispensa apresentações, minha querida. Seu cabelo é seu cartão de visitas. Uma legítima Weasley! - Gina sorriu. - Agora, por favor, expliquem-me essa história direito.


Harry demorou quase meia hora para contar tudo a Dumbledore, sempre tendo o cuidado de não contar o que fosse desnecessário, afinal, não devia contar-lhe o futuro, isso poderia ser desastroso. Optou por contar apenas o que tinha a ver com a missão.


Terminada a história, Dumbledore ficou uns minutos em silêncio, tamborilando os dedos uns nos outros. Depois de mais um tempo, levantou-se e começou a planejar com eles a melhor maneira de inserir o casal no ambiente da escola, sem levantar suspeitas.


* * * * * * * * *


Por favor, comentem!


Obrigada =D

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.