Jogos e Carta



Lily acordou meio desorientada. Tentou se mexer, mas não havia muito espaço. Então percebeu que Tiago estava deitado na cama com ela, na ala hospitalar.


- Tiago, acorda! - ele disse, dando uns cutucões de leve nele.


Tiago só deu uma grunhida, virou-se para ela e a abraçou.


"Oh, Merlin, e agora?" - pensou, desesperada. E começou a tentar de desvencilhar dele.


Tiago estava acordado há horas. Pra falar a verdade, não tinha nem dormido. Passou a noite velando o sono de Lily, preocupado, pensando pela primeira vez na possibilidade de perdê-la. Apesar do cansaço e do stress da noite, Tiago ainda era um maroto, e não ia deixar de aproveitar uma oportunidade de ouro dessas com a sua Foguinho.


- Ah, Lily... - ele deu um gemido e apertou o abraço.


Lily nem respirava. "Como vou sair dessa?" - pensou, mais desesperada ainda. Mas, nesse momento, Tiago decidiu por ela. Ele começou a subir a mão pro decote da camisola dela, e Lily não deixou barato.


- Deixa de ser safado, Potter! - e o empurrou pra fora da cama. Ele caiu com estrépito, e Madame Pomfrey entrou correndo no quarto, pra saber o que estava acontecendo.


- Não foi nada, Madame Pomfrey. - disse Tiago, sem graça. - Eu acabei dormindo na cadeira e escorreguei.


Madame Pomfrey olhou de Tiago para Lily, e ela confirmou a história de Tiago. Preferia morrer a admitir a quem quer que fosse que acordou abraçada a ele na cama.


- Ai, Lily, doeu. - disse Tiago, depois que a enfermeira saiu do quarto.


- Era pra ter te deixado estéril, seu -


- Ah, eu tava com saudade de você me xingando, Foguinho! - disse, abrindo um sorriso.


Lily bufou e revirou os olhos, mas não podia ignorá-lo. Não depois de ele tê-la trazido para ser tratada. Ele percebeu que ela estava se segurando para não xingá-lo de novo, sentou-se na cama e perguntou:


- Como você está se sentindo?


- Estou bem, Tiago. - ele abriu um grande sorriso. Era a primeira vez que ela o chamava de Tiago. - Só estou um pouco cansada, ainda.


- Lily, você se lembra do que aconteceu?


- Alguns flashes, apenas. Lembro que eu estava descendo as escadas muito indignada por causa de uma discussão com aquele impossível do Granger, - se era possível, o sorriso de Tiago ficou maior. - quando eu ouvi um grito e depois senti muita dor...


- Maldição Cruciatus... O Malfoy me paga! - Tiago falou baixinho.


- Foi o Malfoy quem lançou essa maldição em mim? Uma maldição imperdoável? - perguntou, incrédula.


- Tá, foi ele. - confirmou, depois de ver que ela não ia deixar ficar sem resposta. "Droga, não era pra ela ter ouvido!"


- Ah, mas ele me paga! - ela quase gritou, tanta raiva estava sentindo.


- Não senhora! Você não vai se meter com ele. Ele é muito perigoso. Além do mais, quem vai pegá-lo sou eu...


- Você não pode me dar ordens, Potter! - acabara de ser rebaixado a Potter de novo!


- Então eu posso pedir pra que você não faça isso? Por favor! - suplicou.


- Olhe, eu -


- Lily, será que você não entende que eu quase morri ontem à noite quando te vi desacordada? Eu não quero que você se machuque. Ele é um doido! Te atacou por causa de idiotices como pureza de sangue... Por favor, me prometa que vai se cuidar, que dele cuido eu.


- Tiago, eu não quero que você se machuque. - ela disse baixinho.


- Ah, Lily... Sou louco por você, sabia? Num momento briga comigo, e no outro é tão doce! - e a abraçou.


- Quem você pensa que está enganando, Tiago Potter? - ela disse, se afastando dele. - Você pensa que eu vou cair nessa fácil assim? Vamos lá: prometa que não vai se meter com o Malfoy ou com os "coleguinhas" dele.


- Mas Lily...


- Nada de "Mas Lily"! Prometa agora! Quer me matar de preocupação, é?


- Tá, eu prometo! Mas não tem graça, viu? Você sabe que eu não consigo te negar nada... - e sentou na cama, fazendo cara de zangado, mas segurando o riso.


- Que bom que estão se entendendo, meus jovens, - era Madame Pomfrey, trazendo um cálice na mão. - mas esta mocinha aqui tem que tomar outra dose da sua poção restauradora, e o senhor tem que dormir um pouco. Pode voltar para o seu dormitório. E não adianta bater o pé, que agora não tem Dumbledore para te autorizar, e, pelo que escutei, você já foi bastante xingado essa manhã.


Tiago baixou a cabeça, derrotado. Mas estava feliz. Lily estava melhor, e eles estavam começando a se entender.


* * * * * * * * *


Harry ficou muito feliz com as notícias, e ele e Gina começaram a traçar uma estratégia para manter a segurança do casal. Harry estava sempre com a capa da invisibilidade e com o seu Mapa do Maroto, seguindo os pontinhos dos pais por todos os lados, mas também vigiando os Sonserinos.


Malfoy foi encontrado no dia seguinte à internação de Lily completamente desorientado. Foi mandado para St. Mungus, já que seus pais não confiavam que ele ficasse na enfermaria da escola.


Lily voltou às aulas dois dias depois. Ela e Tiago não conseguiram conversar direito. Estavam sempre acompanhados, e não queriam que os outros percebessem o que estava se passando.


E assim as aulas foram indo, até Gina chegar exultante para Harry, no fim de Setembro.


- Harry, vão fazer a seleção para o time de Quadribol! Que maravilha! Tem muito tempo que não jogo.


- Hum-rum. - foi só o que ele disse.


- Ai, Harry, que desanimação é essa?


- Gina, você esqueceu que eu sou apanhador? E esqueceu que o time já tem um apanhador? E que esse apanhador é o capitão do time?


- Ah, Harry, você faz drama por tudo! Joga em outra posição, oras...


- Não... E outra coisa: se você entrar no time, vai poder ficar perto de Tiago, e eu vou ter que ficar aqui fora, protegendo Lily, né? - falou, triste.


- Harry, eu não gosto de ficar adulando ninguém não, tá? Eu vou fazer o teste. Tem duas vagas pra artilheiro e uma pra batedor. Se você mudar de ideia, a seleção vai ser nesse sábado, 10 da manhã. Agora eu vou ver se consigo uma vassoura, tchau!


Tinha dias que a Gina era assim, um furacão. Harry que o diga! Essa história de se manter à distância estava acabando com ele.


* * * * * * * * *


Óbvio que Gina entrou no time. Harry foi assistir à seleção, e Tiago foi falar com ele.


- Ei, cara, você joga quadribol?


- Tô meio enferrujado... - não era mentira. Mas não queria que Tiago soubesse que ele era apanhador. Nunca pensara em como seria um embate com o seu pai.


- Qual a sua posição?


- Harry é apanhador, Tiago. - disse Gina, antes que Harry pudesse dar uma evasiva. - E é o melhor apanhador que eu conheço. - terminou, com um sorriso.


- Sério? Você é apanhador? Era o jogador que faltava pra gente fazer um "racha" com os candidatos, pra ver quem fica com cada vaga.


- Eu não tenho vassoura...


- Eu arranjo uma. E aí, vamos?


Harry tentou negar, mas quando viu Gina o incentivando a jogar, concordou e foi para o centro do campo, com o resto dos jogadores.


Ah, voar... Harry sempre se sentia mais vivo quando estava voando. O sorriso foi inevitável. A partida começou. Gina era do time de Harry, e começou fazendo dois gols. Sirius, que era batedor do time de Tiago, não conseguia rebater um balaço na direção dela.


Harry desligou-se do jogo (como sempre) e ficou procurando o pomo. Então viu Tiago descendo muito rápido, e foi atrás dele. Quando começou a se aproximar, percebeu que Tiago estava fazendo uma Finta de Wronsky. "Que audácia, papai! Fazer um truque manjado desses com o seu filho?" - pensou Harry, rindo e guinou a vassoura pra cima, pra continuar procurando o pomo.


Então o viu. Do outro lado do campo, asinhas reluzindo. Harry guiou a vassoura para lá, mas Tiago também havia visto o pomo. Só que a vassoura de Tiago era bem melhor que a de Harry, e a distância foi diminuindo até os dois ficarem emparelhados. Quando ficaram a uma mão do pomo, Harry deixou Tiago pegar. E Tiago percebeu, mas não disse nada.


- Que jogaço! Não é possível que a Grifinória perca o campeonato este ano! Temos dois apanhadores excelentes, três artilheiras lindas (além de Gina estavam Anna Gregory e Susan Roberts, as duas últimas do quinto ano), e um batedor que é o máximo! - disse Sirius, todo sorrisos, a caminho do vestiário.


- Ei, Harry, quero falar com você. - disse Tiago, quando estavam todos saindo do vestiário. - Por que você fez aquilo? - perguntou quando ficaram sozinhos.


- Aquilo o quê? - retrucou Harry, se fazendo de inocente.


- Harry, por que você não pegou o pomo? E não tente negar que você poderia tê-lo pego!


- Eu não peguei o pomo porque não queria que as pessoas falassem que você não merece ser o titular do time. - assumiu, derrotado. - Eu joguei bem hoje, mas não pretendo voltar ao campo. Já me machuquei muito, lá na Irlanda o jogo é bem mais pesado que aqui. - inventou. - Além do mais, você joga muito bem, só estava desconcentrado.


- Como você percebeu que eu estava desconcentrado?


- Lily estava na arquibancada, não estava? Não é difícil ver como ela mexe com você... - alfinetou Harry. - E aí, como vocês estão? - e começaram a andar em direção do castelo.


- Não estamos... Mas também, vocês não nos deixam sozinhos um minuto!


- Quer dizer que se vocês tivessem privacidade, seria tudo diferente? - perguntou Harry, como se não acreditasse.


- Lógico, né? Vocês são uns chatos de galocha, sempre no nosso pé! Mas vou dar um jeito de pegar essa Foguinho de jeito... E a sua, como está?


- E a minha o quê? Minha família? - Harry brincou.


- Harry...


- Não existe esse negócio de "minha Foguinho"! Nós somos apenas amigos.


- Você mente muito mal, Granger. - e saiu rindo, para o salão principal, almoçar.


* * * * * * * * *


No fim da tarde, a prof.ª McGonagall deu-lhe o recado que Dumbledore queria conversar com ele sozinho. E que ele desse um jeito de Gina não saber que eles iam conversar.


Harry deu uma desculpa qualquer depois do jantar, e saiu para a sala do diretor. Chegou lá pouco mais de oito e meia, e o professor o estava esperando ao lado das gárgulas.


- Meu caro, - começou Dumbledore, depois que se sentaram na sua sala. - tenho algo a lhe contar que devia ter feito há mais tempo, mas as circunstâncias não permitiram.


Harry sentiu o estômago dar um solavanco e engoliu em seco. Sempre que Dumbledore começava com esse discurso, vinha um grande problema.


- Quero que você leia isto. - disse, depois de ver que Harry não ia dizer nada, e entregou-lhe o pergaminho.


Prezado Harry,


Desculpe este pobre velho por fazer mais esta falseta, mas você haverá de compreender que eu não podia contar a Gina este "pormenor".


A sua missão no seu agora presente não é apenas de salvar seus pais, mas também de proteger Gina. Na sua época de origem, ela estava correndo um grande risco. Os seguidores de Voldemort descobriram o potencial mágico dela.


Gina é a escolhida para representar a Luz e a Pureza. O fato de ser a primeira mulher a nascer em gerações de sua família, e ser a sétima, o número mais forte, apenas confirmam seu destino.


Há uma magia dentro dela que ninguém imagina qual seja, e que pode ser desencadeada a qualquer momento. Os seguidores, acredito eu, querem oferecê-la em ritual, pela volta do seu mestre, caso a tentativa de matar seus pais fracasse.


Eu realmente não quis aumentar ainda mais seu fardo, mas você tem que protegê-la. Gina não desconfia, e peço-lhe que não diga nada a ela. Pode ser perigoso. Por favor, tome cuidado.


Confio em ambos, sei que se sairão bem.


Alvo Dumbledore


Harry sentia que a cabeça ia explodir. Ele não ia dar conta! Sua preocupação com Gina nessa história toda já era grande demais, e agora ela precisa de proteção, e ele não sabia o que fazer.


* * * * * * * * *


Os capítulos tão ficando meio curtos, né? Foi malz. = | Continuem votando/comentando/sugerindo, tá? Bjos. =D

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