Vida Nova

Passaram dezesseis anos após aquele terrível encontro em Hogsmead. O Mundo Bruxo ainda era instável, mesmo com a destruição de Voldemort. Harry lutara bravamente com o Lorde das Trevas, duelo que muitos chamaram de Luta do Século. Atualmente mortes estranhas andavam ocorrendo. Vários Comensais ainda andavam soltos e desejando vingança pela morte do Mestre. Mas quem todos temiam no presente era um bruxo que um dia fora da luz: Severo Snape, que ficara conhecido como Anjo das Sombras. Ele agora liderava um exército de pessoas fiéis à Magia Negra. Todos aqueles que iam contra o bruxo era encontrado morto de forma cruel mais sem vestígios que acusassem o autor do crime, deixando assim o Ministério da Magia de mãos atadas.


Harry e seu fiel amigo Rony tornaram-se aurores notoriamente conhecidos. Fizeram muitas capturas que muitos diziam impossível. O ruivo Weasley casara-se com sua melhor amiga, Hermione Granger e teve com a mesma, três lindos filhos, todos agora estudando na mesma escola dos pais.


Mas voltando o assunto aos personagens principais...


Em um amplo quarto em um apartamento em Londres, adentra um moreno de olhos verdes somente com uma toalha enrolada ao corpo. Estava se preparando para o jantar que seria servido em sua casa.

Indo em direção a cama ele percebeu que um estranho caderno sob a cama. Pegou e folheou-o. Era o Diário de sua esposa. Ia depositar novamente na cama mais uma imensa curiosidade apossou-se dele e instintivamente abriu e leu a primeira página:


Londres, uma noite fria de novembro.


Não sei como depois de tanto tempo e pelo que passei resolvi fazer outro diário. Talvez a necessidade de querer desabafar e não ter em mim um olhar de crítica pelo que vou dizer. Fazem mais de quinze anos que sou casada com uma pessoa maravilhosa. Tenho um lindo filho que apesar de não querer aceitar já é quase um homem. Eu devia estar feliz por ter uma família maravilhosa. Mas não estou. Tenho um vazio dentro de mim. Um vazio que só pode ser completado por alguém odiado por todos os bruxos. Alguém que na minha adolescência me fez sentir a beleza do primeiro amor e também o pesadelo de ser usada e rejeitada. Ele foi e continua sendo o homem da minha vida. Meu marido, o Harry, é um grande auror e está na cola dele. Sei que devia amar meu esposo, mas não consigo. Tenho por ele um carinho especial por todos esses anos que estamos juntos. Ele me deu a paz que me prometeu enquanto ainda estudava. Mas não conseguiu despertar em mim uma paixão. Talvez por eu ainda estar ligada a outro. Não tem um dia que não me lembro dele. Não vou dizer o seu nome aqui, pois alguém pode ler esse diário. Disse que teria por ele um desprezo mortal por tudo que me fizera. E tudo que eu tenho é enorme carinho, capaz de me fazer largar tudo se um dia ele voltar para o lado do bem.
Às vezes é preciso aceitar o destino que a vida nos reserva, mesmo que isso nos leve à morte. Pior que morrer é perder alguém que se ama. Sinto-me seca por dentro. Incapaz de amar outra pessoa como eu o amei. Ele ainda é minha razão de viver. Escondo todos esses sentimentos dos que me rodeiam, demonstrando uma felicidade que estou longe de sentir. Mesmo a vinda de um filho não foi capaz de realizar como mulher. Queria poder voltar ao tempo e poder escolher não ter me envolvido com ele. Tudo seria tão fácil. Minha vida não seria esse mar de mentiras no qual tento não me afogar.
Bem, vou terminando por aqui, por que meu marido chegou.

Harry parou de ler. Não sabia que sua esposa era tão infeliz. Sentia-se frustrado. Durante esses dezesseis anos, fora um marido exemplar. Amava-a com toda intensidade. Sentia, as vezes que ela ficava distante mais achava isso normal. Colocou a roupa que estava na cama e dirigiu-se para a copa, onde sua esposa estava dando os toques finais para o jantar:


-Gi, meu amor, como estou?


-Lindo como sempre – respondeu Gina Weasley.


-Ângelus ainda não chegou? Harry disse roubando um petisco da mesa.


-Ainda não querido. Mas sabe como é nosso filho. Sempre atrasado. Agora vou me arrumar. Quero que ela tenha uma boa impressão de mim.


Harry riu. Na opinião do moreno não havia mulher mais encantadora no mundo.


Minutos depois a campainha toca. Harry vai atender. Era o filho e mais uma garota loira.


-Oi Pai – Ângelus disse abraçando Harry – Que saudades! Quase não te vejo!


-Oi filho – Harry retribuiu o abraço – Não vai me apresentar essa linda moça?


-Ah sim, claro. Essa é Anne – Ângelus apontou a bonita loira- Minha namorada.


-Prazer Sr Potter – Anne estendeu a mão para cumprimentar Harry – Meu sonho era conhecê-lo!


-Quanta honra. Uma linda garota querer me conhecer – gracejou Harry.


-Desde pequena ouço minha família contar estórias sobre o senhor. O grande bruxo que é.


-Assim me deixa encabulado – Harry corou. Mesmo depois de tantos anos não se acostumava com o título de herói – Vamos entrando. Ângelus, sua mãe foi se arrumar e já vem.


-Anne fique com meu pai. Eu vou atrás da minha ruivinha.


Ângelus parou em frente a porta do quarto dos pais que estava entreaberta. Viu mãe arrumando os cabelos cor de fogo.


-Posso beijar a ruiva mais linda desse mundo? – gracejou Ângelus.


-Filho! – Gina voltou para a porta – Claro que sim. Venha me dar um beijo e um abraço. Estava morrendo de saudades.


Depois de alguns minutos conversando ambos foram para a sala. Harry e Anne se encontravam numa conversa acirrada.


-Anne. Essa é minha mãe! Não é linda?


-Angel, para com isso.


-Prazer sra Potter - Anne levantou-se e abraçou Gina – A senhora realmente é muito bela.


-Muito obrigada. Você também é muito bonita. Meu filho teve muita sorte.


-Que isso – Anne ficou sem graça- Eu que tive sorte em conhecê-lo.


-Ah, vamos para com isso – interrompeu Ângelus – Estou morrendo de fome. O jantar está pronto mãe?


-Sim filho. Vamos jantar. Venham – Gina indicou a porta da copa. Ângelus e Anne foram à frente. Gina esperou a marido.


O jantar fora muito alegre. Gina estava de muito bom humor e deixou a convidada bem à vontade. Logo após comerem, os quatro foram para sala e deram continuação a conversa sobre família. Anne contara que vinha de uma família de trouxas, e muitas vezes sentia-se excluída por isso.


-Anne, infelizmente, no mundo existem ignorantes que pensam que ter sangue puro é algo magnífico. Uma das melhores bruxas que conheço, e que logo você conhecerá é filha de trouxas também.


-Está falando da titia, pai?


-Sim filho. Estou falando de sua tia Hermione.


-Ela é realmente muito boa e inteligente – disse Gina- você irá adorá-la Anne.


-Não vejo a hora de conhecê-la.


Duas horas mais tarde Ângelus e Anne despediram-se dos pais. Harry pedira autorização para a Direção de Hogwarts, para que liberassem o filho para que ele pudesse vir para a casa. Como era um final de semana o pedido foi prontamente aceito.


Logo após arrumar a louça do jantar, claro, usando de magia, Gina gora deitar. Harry já se encontrava deitado:


-Boa noite Harry – Gina deitou-se e virou para o lado.


-Gi, preciso falar com você – Harry disse.


Gina então virou-se e olhou para o marido. Pelos seus olhos pode ver que estava preocupado.


-Diga querido.


-Vejo que anda abatida – Harry disse alisando o rosto da esposa – Algo te entristece.


-Ando meio cansada.


-Apenas isso?


-Sim, por quê?


-Por que eu te amo Gina. E quero que seja feliz. Mesmo que para isso eu precise abrir mão de você!


-Por que está dizendo isso querido? – Gina levantou-se – Não estou entendendo.


-É...- Harry ia responder, quando um barulho estranho ocorreu na sala. Foi correndo. Na lareira da sala flutuava uma face de cabelos ruivos.


-Atrapalhei algo Harry? Como está minha irmã?


-Oi Rony. Não atrapalhou nada não. Está bem. Mas o que aconteceu?


-Cara, precisamos ir. Fiz aquele idiota de James me dizer onde viu Snape pela última vez. Talvez ele esteja lá.


-Ok. Vou me arrumar e te encontro em dez minutos no Ministério.


Harry despediu-se do amigo e cunhado e foi para o quarto.


-Então Harry. Não vai explicar o que disse?


-Agora não dá. Rony me disse que sabe onde está Snape.


O coração de Gina bateu mais rápido.


-O que irá fazer se encontrá-lo?


Harry já previa a reação de Gina:


-Sinceramente não sei. Fique tranqüila que não o matarei por mais que ele mereça por tudo que anda fazendo.


-Não é nada disso. Você sabe por que me preocupo.


-Tchau Gina – Harry saiu sem mesmo beijar a amada. Doía ver que ela ainda amava o cretino que andava ceifando vidas inocentes pelo mundo. O moreno saiu do apartamento e aparatou perto do orelhão, que era uma entrada secreta para o Ministério.


Se Rony estiver na pista certa, pensou Harry, terei mais um duro duelo pela frente. Apesar de odiar Snape desde que o mesmo era seu professor, sabia o quanto o bruxo era poderoso e que não poderia vacilar...


Continua