O homem de duas faces



Bobo Zip- Vamos ver se as suspeitas estão corretas, hein...;D

Carolzinha_*- Que bom que você compreendeu a Morrigan... ninguém gostava muito dela, mas a pessoa que está no destino dela...coitada!rs...A "escritora fantástica" em questão agradece a gentileza...ah, e eu tbm tive de reler as brumas para escrever a fic.

LadyStardust- Acho que a suspeita está correta, garota. Não sei porque, mas algo me diz que vai gostar um pouco desse homem (hmm!)..rs...

Anderson potter- Desculpe a demora em postar, mas estava sem tempo... fiquei hiper feliz com o elogio..grata mesmo..

Annah Granger- Sabe *com olhar sonhador* eu tbm queria ir para Avalon... Sério que eu vou longe? não existe nada mais legal de se ouvir (ou ler, no caso). me deixou super feliz.

JuLiAnA_PoTTeR_@ - eu tbm gosto de escrever esses skippers, tento não falar só de um, então tento dar ênfase para todos... e logo, logo terá mais R/Hr..fiquei sossegada...

Eduardo Alberto - Bem, eu não consegui achar suas fics...vc poderia me mandar o link? prometo que qdo tiver um tempinho, dou uma passada por lá ;D

Raquel Geller-Eu sou uma má influência???rs... Só perdôo porque vc tem de terminar sua fic, que, aliás, está demorando muito para ser atualizada, viu...vc é má, garota..rs

Lisa Black - Você quer roubar o Remus e o Harry??? eu tbm queria, mas teríamos sérios problemas com as "namoradas" deles...muito triste, né? Agora, sobre Beltane, vc não achando que ia ter aquele lance do incesto não, né? Céus, eu ñ teria coragem de fazer isso...é H/G forever!!!!!!!

Sônia Sag- Novo Hit nesse verão: may it be em ritmo de rock..rs...seus comentários são 10, mulher, mas agora não precisa mais guardar segredo sobre a identidade "dele"...

BERNARDO CARDOSO SILVA - Que pena que vc não tem msn... vou continuar curiosa do mesmo jeito...

Senhorita Granger- Sem problemas se vc não conseguiu descobrir quem é o "homem de duas faces"... nesse cap, vc ficará sabendo

Sally Owens - Mew, começo a acreditar em legilimência... parece que vc consegue entender tudo o que eu quero passar com a fic. nas nossas conversas pelo msn, vc "dissecou" a alma das personagens de um jeito impressionante. estou boba! E eu realmente me inspirei no encontro do Uther com a Igraine, mas com uma intenção diferente...





“Ninguém sabe como é
Ser o homem mau, ser o homem triste
Por atrás de olhos azuis
E ninguém sabe o que é
Ser odiado, ser enfraquecido contando apenas mentiras.

Mas meus sonhos não são vazios quanto minha consciência parece ser
Eu tenho só horas, sozinho
Meu amor é vingativo
Isso nunca é de graça...”
(Behind blue eyes – Limp Biskit)





-Nimue! – O nome escapou-lhe dos lábios num sussurro desesperado, quase urgente. E logo em seguida, despertou, sentindo uma dor latejante em sua cabeça.

Por mais estranho que tenha sido o sonho com aquela mulher misteriosa, aquilo poderia ser considerado um bálsamo diante dos sonhos que tivera ultimamente. Sonhos não. Na verdade eram pesadelos, onde podia escutar várias vozes o condenando, o acusando interminavelmente.

Mas logo o sonho foi esquecido, sufocado pela dor que aumentava rapidamente em sua têmpora, como se o estivesse avisando que aquilo nunca teria fim, que ele nunca teria paz.

Severus Snape se levantou rapidamente, massageando a testa numa tentativa inútil de afastar a dor, sabendo que esta só amainaria após um coquetel de poções que a cada dia se tornava mais forte e mais indispensável para ele.

No quarto de aparência desleixada, a única fonte de luz era uma vela que flutuava acima do criado-mudo ao lado da cama. Com passos incertos, o homem caminhou até um banheiro contíguo ao quarto. Procurou no armário as poções de que necessitava e antes de retornar ao quarto, olhou-se no espelho. O homem ali refletido parecia zombar dele, sorrindo diante da ironia da situação.

Encarando o seu reflexo, perguntou-se que tipo de vida estava levando, se é que aquilo poderia ser considerado uma vida.

Traidor, assassino... Até chegar ao ponto de se considerar um exilado. Sim, depois do fracasso de Malfoy na missão que o Lorde Negro lhe designara, ele havia sido exilado em sua própria casa.



[flashback]


Noite do ataque à Hogwarts.
Severus Snape conduzia Draco Malfoy em direção aos aposentos do Lorde Negro, no castelo que lhe servia de esconderijo e quartel-general dos Comensais da Morte. A adrenalina daquela noite ainda circulava em suas veias, mas aos poucos as lembranças foram ficando mais claras e como se estivesse acordando de um sonho, começou a ter consciência do que havia acontecido e a dor excruciante em seu ombro era a prova disso.

-O que será que vai acontecer agora, professor? – A voz arrastada de Draco despertou Snape de seus devaneios. O medo na voz do jovem era tão grande que fazia Snape sentir aversão à ele.

Snape meramente lançou um olhar de esguelha para Draco, sem nada dizer, apenas caminhando sem saber ao certo o que o aguardaria.

No longo corredor em que estavam, os archotes presos às paredes pareciam produzir sombras macabras sobre eles, como grandes demônios prontos à levá-los para o inferno.

Chegaram ao final do corredor, parando em frente à uma enorme e antiga porta de carvalho que estava entreaberta. Puderam ouvir um silvo alto e antes mesmo que pudessem se manifestar, a voz alta e fria de Voldemort foi ouvida:

-Nagini, abra caminho para os nossos visitantes! – O tom de voz era quase gentil, camuflando a ironia presente naquele “ser”.

Snape, com o rosto impassível, empurrou a enorme porta que produziu um barulho alto enquanto arranhava o chão de pedra fria. Não lhe era necessária a legilimência para saber que Draco tremia de medo por detrás da postura arrogante e orgulhosa.

Assim que adentraram o recinto, puderam ver um rabo malhado de losangos deslizar tranqüilamente no aposento e se enroscar numa poltrona em frente à lareira. Nagini sibilava continuamente ao pé do ouvido de Lorde Voldemort, que parecia se divertir com o que a cobra lhe dizia.

-Certo, Nagini – o Lorde Negro disse, enquanto afagava a cabeça da enorme cobra – Agora me deixe conversar com eles...

Nagini voltou a cabeça para os dois que estavam parados na entrada do aposento e parecia que olhava zombeteira para eles. Voldemort se levantou de sua poltrona e fez um gesto imperativo para que eles se aproximassem.

-E então? – Seus olhos emitiram um brilho escarlate, irradiando malícia e crueldade – O nosso jovem Malfoy conseguiu matar o grande e nobre Dumbledore?

Draco abaixou a cabeça, evitando o olhar ansioso de seu mestre. Mas Voldemort não precisou ouvir uma resposta vinda de Malfoy para saber que ele tinha falhado. Aproximou-se dele e segurou o rosto do rapaz, forçando-o a encarar o seu rosto viperino e os olhos vermelhos.

-Você fede à medo, Malfoy – Voldemort disse, segurando o rosto de Draco com sua mão pálida e esquelética – É tão fracassado quanto seu pai, precisando que sua mãe interferisse nos meus planos e desobedecesse às minhas ordens.

Snape sempre soubera camuflar as suas emoções muito bem, mas naquele momento era impossível esconder o seu espanto.

-Pelo menos ela foi esperta o suficiente para usar o Voto Inquebrável, fazendo com que o objetivo fosse alcançado, não é mesmo, Severus? – E cravou os olhos vermelhos nos olhos escuros de Snape.

Draco respirava rapidamente, sentindo-se incomodado com a presença do Lorde das Trevas ali, revirando todos os seus pensamentos. Talvez uma Maldição Cruciatus fosse muito mais bem-vinda naquele momento do que ter de encarar Voldemort.

-Narcisa nunca foi uma boa oclumente. Na verdade, ela é uma bruxa medíocre que teve a sorte de nascer numa família influente. Nada mais além disso! – Voldemort se voltou para a lareira, observando as brasas que lutavam inutilmente para manter suas chamas – Estou francamente decepcionado com você, Draco! Pensei que fosse um pouco mais determinado. Agora saia daqui. Sua amada mãezinha deve estar querendo vê-lo.

Voldemort não precisou dizer mais nada para Draco, que a essa altura já estava andando apressadamente para fora do aposento.

-Agora somos só nós dois, Severus. – Fez um aceno com a varinha e uma poltrona surgiu atrás de Snape.

-Milorde, eu fiz o possível para que o seu plano fosse levado a cabo, mas Draco era muito jovem e inexperiente para fazê-lo.

Voldemort fez um gesto e Snape sentiu o seu corpo se dobrando e sentando na poltrona involuntariamente.

-Ora, Severus, você era tão jovem quanto Draco quando se juntou à mim e a idade não era uma desculpa na hora em que torturava os sangue-ruins – Voldemort soltou uma gargalhada alta, enquanto fitava o homem à sua frente.

Snape se remexeu incomodado, mas sabia que não havia nada a ser feito. Apesar de usar um tom de voz baixo e relativamente calmo, sabia que seu mestre estava com raiva. O olhar dele denunciava isso, sempre inquieto e tentando penetrar suas defesas. Se Snape não fosse um bom oclumente, talvez estivesse em pânico agora.

Voldemort se aproximou da poltrona onde Snape estava e apoiou as mãos em cada braço desta, de modo que os dois estavam cara a cara. – Você tem noção do quanto a incompetência do Malfoy atrapalhou os meus planos? Você sabe o quanto o seu trabalho de espião me era importante. Se eu quisesse que você matasse o velho, teria ordenado que você fizesse isso e não o fedelho do Draco. Entendeu?

-Mestre, não tenho culpa se Draco falhou na missão – Snape respondeu calmamente, devolvendo o olhar de Voldemort – Pensei que o importante fosse tirar Dumbledore do caminho, não importando quem o fizesse.

-Sim, tirar Dumbledore do caminho era realmente importante já que ele vivia escondendo Potter embaixo da asa, mas agora eu não tenho ninguém de confiança que possa fazer o trabalho de espião. Se eu ordenei que Draco fizesse o serviço era para que você mantivesse o seu posto intacto. Agora você terá que ficar de fora por um tempo.

-Como assim, Milorde? – Snape perguntou, com uma ansiedade quase imperceptível – Eu passei anos trabalhando como espião, sem desobedecer a suas ordens e agora vai me deixar de fora?

-Sim, Severus. Considere isso como “férias”! – Voldemort disse, parecendo quase gentil. – O Ministério vai colocar a sua cabeça à prêmio pelo seu crime e por enquanto vou deixá-lo fora de circulação.

Snape achou estranha aquela reação de Lorde Voldemort, já que todos os Comensais também eram procurados e ele nunca poupara ninguém do serviço sujo. Mas como aquilo não era simplesmente uma amostra de generosidade vinda de seu mestre, mas uma ordem, ele simplesmente a aceitou e obedeceu.


[fim do flashback]



Algumas semanas depois, Snape ficou sabendo que Draco havia sido castigado pelos outros comensais. Na hora em que vira a notícia no Profeta Diário, compreendera porque fora afastado das atividades de comensal: Voldemort precisava descontar a sua frustração em alguém e o escolhido foi Draco, já que Snape poderia ser útil no futuro.

Ainda olhando para o seu reflexo no espelho, Snape sorriu amargamente. Aquela era a recompensa que ele recebia por ter sido um espião: viver encarcerado em sua própria casa. Não que ele gostasse da companhia das outras pessoas, mas viver isolado de tudo às vezes era perturbador, pois a única companhia que possuía eram os seus próprios pensamentos e acreditem: aquilo não era nada agradável!

Recolheu três frascos de diferentes poções e voltou para o quarto. Depositou os recipientes no criado-mudo e os olhou distraidamente. Nunca mais seria capaz de ter uma noite de sossego, uma noite de tranqüilidade onde pudesse dormir em paz.

“O que é isso, Severus, deu para ter crise de consciência agora?”, pensou ironicamente, enquanto tomava as poções “Pouco importa se terei paz ou não. Já estou no inferno mesmo...”.

Deitou-se novamente na cama, deixando que os pensamentos o embalassem e fossem dissolvidos pelo efeito anestésico das poções.


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A primeira coisa que conseguiu pensar foi: dor. Cada centímetro de seu corpo doía e latejava, como se houvesse levado uma grande surra. Enquanto a consciência teimava em lhe escapar, Morrigan tentava inutilmente se mover, fazendo um esforço sobre-humano para abrir os olhos.

Sabia que tinha alguém em seu quarto e que estava cuidando dela, mas sentia suas pálpebras tão pesadas que mal conseguia movê-las. Um cálice foi forçado contra seus lábios e entreabrindo-os sentiu um líquido amargo descer por sua garganta. Logo, a sensação desagradável de cansaço começou a ceder e a consciência foi voltando aos poucos.

-Eriu... – Morrigan sussurrou, enquanto tentava se levantar.

A outra mulher, que estava arejando o quarto, se voltou para Morrigan e parecia um pouco apreensiva.

-Fique quieta, pois está muito fraca ainda. – Eriu disse, sentando-se na beirada da cama da irmã caçula. Pousou a mão delicadamente sobre a fronte dela, verificando se Morrigan estava febril e sorriu serenamente, enquanto acariciava o rosto da irmã.

-Eriu – Morrigan chamou novamente e a outra viu que a irmã não sossegaria enquanto não conseguisse dizer o que queria – Eu sonhei com ele ontem à noite. Eu tenho certeza que era ele, minha irmã.

Eriu não precisou perguntar quem era a pessoa à quem a irmã se referia. Pelo brilho ansioso nos olhos de Morrigan, a Sacerdotisa compreendeu do que se tratava. Continuou afagando o rosto da irmã, esperando que ela lhe contasse o sonho, mas algo dentro dela lhe dizia que aquilo não era bom, mas afastou aquela sombra de pensamento de si “Talvez seja apenas preocupação, espero que não seja nada demais”.

Morrigan contou parcialmente o que havia acontecido, ocultando o fato de ter encontrado a Rainha-Fada e o estranho diálogo entre as duas. Sobre o sonho que tivera, também dera poucos detalhes. Os momentos passados entre ela e o tal homem, quis preservar somente para si. Era algo só dela e que por enquanto não gostaria de dividir com sua irmã.

Eriu ouvia tudo, sem articular nenhuma palavra, apenas ponderando se aquilo tudo era bom, se não haveria nada de perigoso nessa história, nada que pudesse futuramente ferir sua irmã.

-... Mas logo no final, eu vi algo estranho, Eriu – Morrigan se ergueu um pouco, recostando as costas nos travesseiros, de modo que pudesse olhar Eriu nos olhos.

-Estranho como?

-Quando procurei pelos dragões usados pelos druidas, ele usava outra símbolo ali. - A expressão feliz e sonhadora que havia no rosto da jovem até aquele momento deu lugar a um olhar sombrio, fazendo com que ela voltasse a parecer a Sacerdotisa de Avalon e não uma jovenzinha apaixonada. - Era um crânio medonho e no lugar da língua havia uma cobra. Tive um sentimento tão ruim quando vi aquilo, Eriu...

-Aonde você viu isso, Morrigan? - uma terceira voz vinda da porta foi ouvida.
As duas Sacerdotisas voltaram o olhar rapidamente para a porta, procurando o dono daquela voz, que na verdade puderam constatar que era uma dona.

Gina estava parada na soleira da porta, que estivera entreaberta durante toda a conversa entre as duas irmãs. Tinha no rosto uma expressão assombrada, tentando compreender as poucas coisas que havia escutado.

-Você está aí há muito tempo, Gina? - Eriu perguntou calmamente, fazendo com que Morrigan permanecesse calada e não dissesse nada grosseiro.

-Não, não... - A ruiva disse rapidamente, compreendendo que havia sido uma enorme falta de educação o que tinha feito. - Cheguei agorinha mesmo. Vim saber se Morrigan estava bem, já que ela não tinha me chamado para as lições. Não pude deixar de ouvir a conversa de vocês e achei estranho o que a ela disse.

Morrigan fitou a jovem à sua frente e percebeu que o significado daquele símbolo não deveria ser nada bom. -Então você conhece esse símbolo, Gina?

A ruiva estremeceu e recordações assustadoras passaram por sua mente. Lembrou de quando tinha treze anos e fora à Copa Mundial de Quadribol e o terror de ver aquele símbolo macabro estampado no céu.

-Aquilo é a Marca Negra.

-Marca Negra? – Eriu perguntou. Chamou Gina e pediu que ela fechasse a porta. – Conte-me mais sobre isso.

A ruiva olhou atentamente para as duas mulheres à sua frente e soltou um longo suspiro. – A Marca Negra é o símbolo dele. Todos os seguidores dele usam aquele símbolo no antebraço esquerdo e quando eles atacam algum lugar, estampam aquele símbolo no céu.

-Não estou compreendendo... -Morrigan olhou intrigada de Eriu para Gina e perguntou: - Dele quem, Gina?

-Voldemort – Gina disse rapidamente, como se o nome queimasse sua língua. – Os seguidores dele, chamados de Comensais da Morte, usam esse símbolo. Onde você viu isso, Morrigan?

Morrigan ficou calada, mantendo uma expressão neutra em seu rosto. Eriu percebeu que o clima não estava muito bom e interveio: - Agora não, Gina. Morrigan não está se sentindo muito bem e hoje não poderá prosseguir com suas lições. Se estiver disposta, pode pedir que outra Sacerdotisa faça isso, mas acho melhor que você tire o dia para você. Aproveite e descanse.

Gina teve de controlar a curiosidade e aceitar a sugestão de Eriu, que na verdade significava “Esse assunto não lhe diz respeito no momento, mais tarde conversaremos”.

Morrigan olhou agradecida para a irmã, suavizando um pouco a expressão séria em seu rosto. Observou uma Gina intrigada deixar o aposento e pôde sentir que os pensamentos da ruiva eram muito confusos e preocupados. Os poucos momentos de felicidade que sentira após o sonho, foram se dissolvendo rapidamente, dando lugar a uma angústia sufocante em seu peito.

Vendo que Morrigan empalidecia, Eriu percebeu que a experiência extracorporal do dia anterior deixara a irmã esgotada, necessitando de descanso e preferiu não perturbá-la com aquele assunto.

-Descanse, Morrigan. –Eriu disse, fazendo com que a outra voltasse a se deitar. Ajeitou as cobertas dela, como se Morrigan ainda fosse a garotinha que ela cuidara com tanto esmero. – Mais tarde, quando você estiver se sentindo melhor, conversaremos sobre isso.

Quando Eriu se deu conta, sua irmã já estava num estado adormecido, parecendo tranqüila e feliz.

“Só espero que Morrigan não faça nenhuma besteira”, Eriu pensou, enquanto observava a irmã “Sempre tão impulsiva, tão destemida. A falta de cautela dela, às vezes, me preocupa”.

Eriu sabia que se Morrigan tomasse uma decisão, certamente não voltaria atrás e era exatamente isso o que a preocupava. Gostaria que aquele pressentimento ruim que sentia fosse apenas excesso de preocupação e não estivesse relacionada à Visão que tivera quando Morrigan havia nascido.


~~//~~//~~//~~//~~


Gina ainda estava impressionada com as coisas que ouvira momentos antes. Onde Morrigan teria visto a Marca Negra? Pelo o que ela sabia, Morrigan e Eriu mal conheciam o mundo exterior e nunca tinham ouvido falar de Voldemort, Comensais da Morte ou Marca Negra.

“Estranho. Realmente muito estranho”

Ainda era estranho caminhar por entre aqueles corredores de pedra na Casa das Moças, principalmente sozinha. Por isso, sentiu grande alívio quando se viu fora da construção e sentiu o Sol da manhã tocando o seu rosto.

“Acho melhor que você tire o dia para você. Aproveite e descanse”.
Recordando as palavras de Eriu, Gina resolveu ir até a encosta do lago. Sabia que Harry e Rony gostavam de ficar lá, sentados sobre a sombra de uma aveleira.

Um sorriso brotou nos seus lábios, enquanto descia o caminho que a levaria ao lago. Hermione estava sentada embaixo da árvore, parecendo muito concentrada em uma leitura, que Gina podia apostar, devia ser totalmente entediante. Harry e Rony estavam de pé, um em frente ao outro, e a garota deduziu que estivessem treinando feitiços e azarações num duelo simulado.

Conforme ia descendo, fez um gesto silencioso para que Rony não denunciasse a sua chegada. Queria fazer uma surpresa para Harry, que estava de costas para ela.

Chegou vagarosamente, fazendo o mínimo de ruído possível. Quando estava a apenas três metros de Harry, o rapaz se virou rapidamente na direção dela, segurando a varinha firmemente.

-Nunca, Senhorita Weasley – Harry disse, parecendo muito sério – Nunca, aborde um inimigo estando desarmada. Principalmente se este inimigo for eu – e sorrindo marotamente acrescentou – E se estiver morrendo de saudades de você.

Harry continuou apontando a varinha para Gina, forçando ela para que se encaminhasse para o tronco da árvore, onde ela se viu sem saída. Ele apoiou um dos braços no tronco da árvore e ficou olhando nos olhos dela.

“Por Merlin, preferia que ele me azarasse, ao invés de ficar me olhando desse jeito”

-Certo, Senhor Potter. Agora que já aprendi a lição, posso sair daqui? – Gina respondeu, fazendo-se de inocente.

-Hmmm... Acho que não. A Senhorita andou sumida nos últimos dias e está me devendo algumas coisas. – Gina arregalou os olhos e tentou sufocar uma risadinha. – Mas como eu sou um cara legal, você pode me pagar em beijos.

-Em beijos? Não sei, não, Potter. Eu sou uma moça séria e decente. – E sussurrou, próxima aos lábios dele. - Acho que isso não seria muito adequado

-Gina, sabe qual é o seu problema? – Harry perguntou, enlaçando a cintura da garota. – Você fala demais. – E nisso a calou com um beijo.

-Hem-hem – ouviram um pigarrear alto e se afastaram rapidamente. – Será que vocês não podem arrumar outro lugar pra fazer isso? Estou ficando enjoado.

Uma Gina de rosto corado e um Harry de óculos tortos se desvencilharam envergonhados, enquanto Rony os olhava seriamente.

-Uh, irmãozinho, me desculpe. – Gina se aproximou do irmão e o sufocou num típico abraço “Molly”. – Você quer um beijo também, é? – E começou a distribuir beijos estalados no rosto do irmão.

-Arre, Gina, me solta. – Ele tentou se fingir de bravo, mas simplesmente não conseguia. Adorava a pestinha da sua irmã!

-Ora, Rony, deixe os dois em paz! – Mione ralhou, disfarçando uma risadinha. – Namorar um pouco não faz mal à ninguém.

Harry e Gina trocaram um olhar cúmplice e Gina completou – Eu também acho, Mione. Bem que vocês dois deveriam namorar um pouco, sabe. – Vendo que o irmão e a amiga coraram, conforme ela havia imaginado, deu um sorriso triunfante à Harry.

-Mas falando sério, Gina, - Harry se sentou na grama – Por onde você andou? Eu já estava começando a achar que você tinha arrumado outro cara por aí, viu!

Gina sorriu diante do inesperado ataque de ciúmes de Harry e o abraçou, fazendo com que ele esquecesse temporariamente o caso. Aproveitou para olhar discretamente o irmão e Hermione que estavam a alguns metros dali.”O Rony é um idiota mesmo. Por que não admite logo que gosta da Mione?”

-Mione – Rony gemeu, lançando um olhar suplicante à garota. – Vamos sair daqui. Eles vão discutir a relação e eu não mereço presenciar isso. Vai me deixar traumatizado...

Hermione revirou os olhos – Rony, eu estou lendo e nem estou prestando atenção no que eles estão falando.

-Você está sempre lendo, Hermione. Qual a diferença, hein?

-Foi um livro que o Dylan me emprestou e quero devolvê-lo logo. – Hermione respondeu, bufando logo em seguida.

-Sempre esse Dylan – Rony balançou a cabeça, inconformado. – Qual é a desse cara? Não gosto do jeito que ele olha para você...

Querem saber como provocar a terceira guerra mundial? Some um Rony relativamente ciumento à uma Hermione que tenha a sua leitura interrompida. Após, isso, podem ter certeza que é briga na certa!

-Que jeito, Ronald? – Ela fechou o livro com estrondo e olhou friamente para o ruivo.

-Ah, Mione, você sabe, sim!

-Não sei não e ficaria muito feliz se você me dissesse.

“Hermione cínica? Isso é uma novidade...” Rony começou a ficar muito, mas muito vermelho mesmo. Harry e Gina já começavam a se preparar para o embate que estava prestes a acontecer, quando viram uma pessoa se aproximando. Por causa do Sol forte que despontava no céu de Avalon, só puderam notar quem era quando a pessoa estava a poucos metros de distância.

-Ora, Hermione, não se faça de inocente – o ruivo prosseguiu, tentando não tocar diretamente no assunto. Vendo que a garota ficara séria e olhava para um ponto atrás dele, resolveu olhar também e sentiu-se corar ao ver Eriu se aproximando deles.

Apesar de não ter escutado a discussão dos dois, olhava divertida para eles, principalmente para a mudança brusca que ocorreu em Rony, que de nervoso mudou rapidamente para acanhado.

-Olá Eriu! – Rony disse, desejando fervorosamente estar de posse da capa de invisibilidade de Harry.

A Grã-Sacerdotisa sorriu para ele e afagou os cabelos vermelhos do jovem. Rony corou mais ainda, se é que isso era possível, e parecia que um pouco do seu nervosismo desaparecia.

-Eriu...- Gina chamou. – Morrigan está melhor?

-Aconteceu alguma coisa com ela? – Hermione perguntou, olhando diretamente para Eriu.

-Ela acordou um pouco indisposta, mas logo ficará bem – e lançou um olhar significativo para Gina. A ruiva logo compreendeu que não deveria comentar a conversa que ouvira momentos antes. – Posso me sentar com vocês?

Harry achou estranho que uma mulher com aquele porte e que emanava uma força e magia tão forte, fosse se sentar ali, na grama junto deles, como se fosse uma criança. Hermione também pensou a mesma coisa e puxando a sua varinha, com um movimento gracioso conjurou um belo tapete para que Eriu não sujasse as vestes.

-Ora, querida, isso não era necessário. –Eriu disse, com aquele tom de voz calmo e tranqüilizante que fazia com que todos apreciassem sua presença. – Mas ainda assim agradeço.

Conforme ia se abaixando para se sentar sobre o tapete, a luz do sol a cegou momentaneamente e ela teve uma Visão: uma bela adaga de prata, que ela sabia ser uma insígnia sagrada de Avalon e que representava o elemento ar.

-Eriu, você está bem? – Gina perguntou, notando que Eriu estava tendo uma Visão. Nos últimos dias estivera tão habituada com essa coisa de Visão, que já sabia reconhecer quando uma mulher entrava em transe mágico.

A Grã-Sacerdotisa pareceu não ouvir a pergunta de Gina. Sentou-se vagarosamente no tapete e com os olhos desfocados, ficou olhando para um ponto além do lago, como se estivesse vendo algo invisível aos olhos dos demais.

-O Escolhido tem uma missão que exigirá muito de sua capacidade e poder... Por mais difícil que seja a missão, a Deusa dará armas para que o seu campeão cumpra a sua vontade... Estará ele pronto para empunhar uma Arma Sagrada? Estará ele pronto para cumprir sua missão?

Eriu proferiu aquelas frases após fazer várias pausas.

Rony parecia assustado com as palavras ouvidas e Hermione tinha uma expressão cética no rosto. Harry ficou surpreso, principalmente por causa da palavra “escolhido”, mas não se assustou; era como se Eriu tivesse dito o que ele já sabia estar em seu destino, exceto que isso estava relacionado à Deusa.

Eriu piscou os olhos várias vezes, parecendo atordoada.

Gina conjurou um cálice com água e entregou para a mulher. Com mãos trêmulas, Eriu levou o cálice aos lábios e sorveu grandes goles. “Uma Arma Sagrada?”. Aquilo era muito mais sério do que ela havia imaginado.

Sem se importar com o olhar de assombro dos outros sobre si, Gina se aproximou de Eriu e colocou a mão sobre o rosto dela – Sente-se melhor, Eriu? Consegue falar alguma coisa?

Ora, os papéis pareciam estar invertidos. Era como se Gina fosse a Sacerdotisa experiente e Eriu a noviça em estado de aprendizado. Diante disso, a Grã-Sacerdotisa sorriu, conseguindo recuperar o estado de calma.

-Estou bem, Gina, não se preocupe.

-Alguém aqui pode me explicar o que está acontecendo? – Harry perguntou, num tom de voz sério e direto.

Hermione e Rony se entreolharam e já estavam prontos a sair dali. Parecia que Eriu tinha algo importante a dizer e, provavelmente, não seria da conta deles.

Vendo que os amigos estavam prontos para fazer uma “retirada estratégica”, Harry fez um gesto imperativo com a mão, que assustou a ambos, pois o moreno pareceu incrivelmente poderoso. – Vocês dois fiquem aí. – e voltando-se para Eriu. – Não existe segredo entre nós e se tem algo a me dizer, e eu acredito que tenha, não deve ser segredo para eles.

Eriu ficou impressionada com a força e fibra vinda daquele rapaz tão novo. A aura dele, apesar de um pouco confusa, emanava uma magia forte, pura e determinada.

-Não pretendia fazer segredo sobre isso. – A Grã-Sacerdotisa disse, olhando para Harry. – E realmente me alegro em saber que tem amigos leais e dedicados ao seu lado. O caminho que tens de trilhar é difícil e obscuro, e diante disso, toda a ajuda é bem vinda, principalmente quando se têm amigos tão inteligentes e talentosos como eles.

Harry recebeu com surpresa aquela resposta. “Como essa mulher pode saber tanto sobre mim?”. Então o seu olhar se cruzou com o de Gina e ele soube que tinha dedo dela ali.

Era chegado o momento de revelar o dom especial de Gina.

-Gina tem a Visão, Harry. – Vendo que o rapaz não tinha entendido absolutamente nada, completou. – Hermione deve saber do que se trata, estou certa, Hermione?

Hermione fez a típica expressão professoral – Sim, Eriu, já li alguns livros antigos que falavam que as Sacerdotisas de Avalon eram dotadas com a Visão, mas nunca imaginei que Gina pudesse ter esse dom.

-Bem, até pouco tempo atrás eu também não sabia que tinha esse dom. – Gina disse.

-Alguém pode explicar claramente o que é essa tal de Visão? – Rony perguntou, olhando para a irmã.

Gina, com a ajuda de Eriu, explicou rapidamente o que era a Visão. Pela primeira vez na vida, Hermione demonstrou respeito com algo que não era tão racional, já que na Magia, esse era um dom muito raro e muito incerto, como constatou nas primeiras aulas de Adivinhação.

-... então, era por isso que fiquei sumida durante esses dias – Gina explicou, olhando para Harry – Estava aprendendo com Morrigan, como usar a Visão.

-Certo, certo... – Harry parecia pensativo. Será que na vida dele nada iria acontecer de maneira normal? – Mas o que isso tem a ver comigo e com essa história de “escolhido”?

Eriu e Gina se entreolharam, lembrando daquela primeira noite de Lua Cheia em que se encaminharam para o Poço Sagrado.

Realmente, aquela seria uma longa conversa...



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Sobre o capítulo: bem, mais um capítulo que eu tive de acabar de maneira estranha, mas se prosseguisse iria ficar enorme e eu demoraria mais tempo para postar.
Daqui para a frente, vai começar o lado "sonserino" da história. Sabe que é divertido escrever o Voldie? Pois é mesmo... às vezes enjoa só escrever sobre heróis..rs...
Como sempre agradeço os comentários, votos e etc... Vocês são MUITO importantes para mim.
Grande beijo e até o próximo...

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