De volta à Toca



Capítulo 4 - De volta à Toca




Por volta do meio-dia do dia seguinte, o malão de Harry estava pronto com o seu material escolar


- Ainda demorou muito - comentou Lily.


- Achei que você fosse querer fazer as malas o mais rápido que conseguisse - disse James.


- Eu fiz - disse Harry, confuso.


- Você é mais desorganizado que eu então - disse James, assustado.


e seus pertences mais preciosos


Frank se inclinou, curioso para saber quais eram os bens mais preciosos de Harry.


– a Capa da Invisibilidade que ele herdara do pai,


- É o melhor presente que você poderia ter me dado - falou Harry, honesto.


- Fico feliz por isso. Eu amo muito aquela capa - comentou James.


a vassoura que ganhara de Sirius,


- A melhor vassoura que existia atualmente - corrigiu Sirius, arrogante. Ser rico finalmente servira para alguma coisa.


o mapa encantado de Hogwarts,


- Essa foi a melhor coisa que já inventamos - falou Remus orgulhoso. Amava o mapa, por toda a sua perfeição e especialmente porque a criação dele aproximara ainda mais os marotos.


presente de Fred e George Weasley no ano anterior.


- Mas criados por nós - disseram os Marotos juntos.


- De nada adiantaria se não tivéssemos dado o mapa a ele - retrucaram os gêmeos.


- Vamos combinar que foi um esforço coletivo, certo? - disse Harry - De qualquer jeito, agradeço por ter o mapa.


Ele retirara toda a comida do esconderijo sob a tábua solta,


- Ainda bem - suspirou Sirius - Já achei que você iria a deixar ai.


- Isso seria horrível! - falou Ron horrorizado.


verificara duas vezes cada cantinho de seu quarto para ver se esquecera livros de feitiços ou penas,


- Não sei para que você ainda leva os seus livros se você nunca usa - falou Hermione, ainda chateada que Harry iria se recusar a ler o livro que tinha sobre aflições e males comuns na magia.


baixara da parede o calendário em que fizera a contagem regressiva para o dia primeiro de setembro,


- Para que você está contando quantos dias faltam para ser livre - disse Frank.


- Eu estava - falou Harry sério.


riscando cada dia que passava até a volta a Hogwarts.


- O dia em que finalmente seria feliz, quer dizer, isso antes de ir para a Toca - disse Harry.


A atmosfera no nº4 da Rua dos Alfeneiros estava extremamente tensa.


- Sua casa sempre parece estar tensa - comentou Dorcas.


- Os Dursley são paranoicos - resmungou Harry. Parecia até que eram eles que estavam sendo caçados por um poderoso bruxo das trevas.


A chegada iminente à casa de um grupo variado de bruxos estava deixando os Dursley nervosos e irritadiços.


- Desse jeito, eles que vão chamar a atenção para eles mesmos - disse Lissy, divertida.


Tio Válter parecera decididamente assustado quando Harry informou-o de que os Weasley chegariam às cinco horas do dia seguinte.


Os Weasleys sorriram, sentindo-se vingados.


— Espero que você tenha avisado para se vestirem direito,


- Sempre nos vestimos direito - falou Ron, confuso.


- Ele quis dizer de maneira trouxa- explicou Hermione, controlando a raiva.


a essas pessoas


- Essas pessoas... - repetiu Ginny, indignada.


— rosnou o tio na mesma hora. — Já vi o tipo de coisa que gente da sua laia usa.


- Impressionante que você tenha conseguido entender a diferença - falou Regulus, friamente.


É melhor terem a decência de vestir roupas normais, é só.


- Seu tio é muito preconceituoso e paranoico - disse Lene.


Harry sentiu uma ligeira apreensão.


- Não sei por quê, os Weasley e os Dursley no mesmo lugar têm tudo para dar certo - ironizou Lene.


Raramente vira o casal Weasley usar alguma coisa que os Dursley pudessem chamar de "normal".


- Papai e mamãe não ligam para a opinião deles - George deu de ombros.


Os filhos até usavam roupas de trouxas durante as férias,


Hermione fez uma careta. Era mais como tentavam usar roupas trouxas.


mas o Sr. e a Sra. Weasley, em geral, usavam vestes longas e surradas em vários graus.


Ginny sorriu tristemente. Sabia que o pai usaria roupas trouxas se tivesse dinheiro para isso e queria que a mãe tivesse acesso a roupas de melhor qualidade. Molly merecia muito mais.


Harry não se incomodava com o que os vizinhos pudessem pensar,


- Se eu fosse me incomodar com isso, já estraria em um estado de profunda depressão - disse Harry.


- Então é por isso que você estava assim no quinto ano - brincou Fred.


Harry olhou irritado para ele. Certo, não tinha sido a pessoa mais simpática do mundo. Mas Cedric morrera na frente dele e ninguém acreditava quando ele dizia que Voldemort voltara.


mas estava aflito com as grosserias que os Dursley pudessem fazer aos Weasley


- Eles não farão nada que não poderemos revidar - disse Ginny com um sorriso perverso. Por um segundo, Harry temeu pelos familiares.


se eles realmente correspondessem à péssima ideia que os tios faziam dos bruxos.


- Nem se fosse Amelia Bones serviria para eles - comentou Harry.


- Amelia é um amor - comentou James, com um sorriso. Conhecia-a desde sempre.


Neville deu um sorriso triste. Ele gostava de Susana e tinha ficado triste ao saber que Amelia morrera.


Tio Válter vestira o melhor terno.


- Querendo impressionar alguém? - perguntou Sirius.


- Vai morrer tentando - disse Fred.


Para alguns isto poderia parecer um gesto de boas-vindas,


- Com certeza não interpretaremos assim, não se preocupe - disse Ginny.


mas Harry sabia que era porque o tio queria impressionar e intimidar.


- Também não irá funcionar - disse George.


Duda, por outro lado, parecia encolhido.


Fred e George sorriram, lembrando-se do que fizeram ao garoto.


Não era porque a dieta afinal estivesse produzindo efeito,


- Para isso, seria necessário um milagre - comentou Lene.


mas por medo.


- Medo? - Dorcas perguntou confusa.


O garoto saíra do último encontro com um bruxo adulto levando um rabo de porco,


- Nada mais que merecera - disse Lily.


- Eu ainda tenho que agradecer a Hagrid - disse James feliz.


enroscado, que saía pelo fundilho das calças e tia Petunia e tio Válter precisaram pagar um hospital particular em Londres para remover o tal rabo.


- Mas o rabo combinava com ele... - disse Sirius sorrindo.


Portanto, não surpreendia que Duda não parasse de passar a mão, nervosamente, pelo bumbum,


- Porque nós que iramos parecer estranhos - comentou Ginny sarcasticamente.


e andasse de lado quando ia de um cômodo a outro, para não oferecer o mesmo alvo ao inimigo.


- Não se preocupe, podemos mirar em outros lugares - disseram Fred e George sorrindo.


O almoço foi uma refeição quase silenciosa.


- Melhor seria se fosse totalmente silenciosa - disse Harry. Realmente preferia quando os Dursley ficavam calados.


Duda sequer protestou contra a comida (queijo branco e aipo ralado).


- Então as coisas estão ruins mesmo - comentou Frank.


Tia Petunia não comeu nadinha.


- Petunia sempre gostou de deixar de comer para chamar a atenção - disse Lily, revirando os olhos.


Manteve os braços cruzados, os lábios contraídos e parecia estar mastigando a língua,


- Um sinal claro de loucura, se me perguntarem - disse Lissy.


como se refreasse o discurso violento e injurioso que queria fazer para Harry.


- Já está mais que na hora dela aprender a se controlar - disse Hermione.


— Eles virão de carro, naturalmente?


- Naturalmente para quem? - perguntou Neville, inocentemente.


— vociferou tio Válter por cima da mesa.


— Hum — fez Harry.


Ele não pensara nisso. Como é que os Weasley viriam apanhá-lo?


- Não de carro - cantarolou Fred.


- É, descobri isso tarde demais - replicou Harry.


Não tinham mais carro;


Ron, Harry e Hermione trocaram olhares culpados.


o velho Ford Anglia, que outrora possuíam, atualmente andava rodando pela Floresta Proibida de Hogwarts.


- Se ele ainda estiver inteiro, com o Salgueiro Lutador por lá...


Mas, no ano anterior, o Sr. Weasley tomara emprestado o carro do Ministério da Magia;


- Para ir a Hogwarts, é diferente - falou Ginny - Não podemos pegar sempre que queremos.


- Eu sei, eu sei - disse Harry calmamente.


será que faria o mesmo hoje?


- Não.


— Acho que sim — respondeu Harry.


- Reposta errada.


Tio Válter bufou para dentro dos bigodes. Normalmente, ele teria perguntado qual era a marca do carro do Sr. Weasley; tinha uma tendência a julgar outros homens pelo tamanho e o luxo de seus carros.


- Só um exemplo do bom caráter - ironizou Josh.


Mas o garoto duvidava que o tio tivesse simpatizado com o Sr. Weasley mesmo que o bruxo dirigisse uma Ferrari.


- O que é uma Ferrari? - perguntou Ron, confuso.


- É uma das marcas mais caras e luxosas de carro - replicou Hermione.


- Não é bem isso - corrigiu Harry.


Harry passou a maior parte da tarde em seu quarto; não suportava ver tia Petunia espiar entre as cortinas a todo instante,


- Então ela realmente tem uma mania de observar todos.


- Com certeza - replicou Harry.


como se tivesse havido um alerta de que existia um rinoceronte à solta.


- Acho que ela ficaria mais tranquila se fosse o último - comentou Lily.


Finalmente, as quinze para as cinco, Harry voltou ao térreo e entrou na sala de estar. Tia Petunia ajeitava compulsivamente as almofadas.


Ginny fez uma careta. Ótimo, tinha algo em comum com essa mulher. Ela também gostava de arrumar coisas quando estava ansiosa.


Tio Válter fingia ler o jornal, mas seus olhinhos miúdos não se mexiam,


- Sempre disse que ele não sabia ler - disse Remus contente.


e Harry teve certeza de que na realidade ele mantinha os ouvidos muito atentos para a chegada de um carro.


- Não nos quer lá, mas não ver a hora de chegarmos - disse Fred.


- Claro, ele quer continuar a vida dele - replicou Ginny.


Duda se enterrou numa poltrona, sentado em cima das mãos muito gordas, e segurava com firmeza o bumbum.


- Ele é muito esquisito - observou Alex.


- Nem me fale - replicou Harry, sorrindo.


Harry não suportou a tensão:


- A coisa tá complicada mesmo então - disse Ginny.


Harry assentiu.


saiu da sala e foi se sentar na escada do hall,


Harry deu um sorriso triste, lembrando-se de quanto tempo passara ali, escondendo-se da família.


os olhos no relógio de pulso e o coração batendo muito forte de tanta excitação e nervosismo.


Ron olhou para o amigo confuso. Não entendia para quê tudo isso; eles somente iriam buscá-lo.


As cinco horas vieram e se foram.


- Vocês não foram?! - Sirius reclamou alto, indignado. Tinham feito seu afilhado esperar para nada! Tinham o deixado com aquela gente horrível.


Tio Válter, suando ligeiramente no terno,


- Quem manda tentar se exibir?


abriu a porta da frente, espiou para um lado e outro da rua, e recolheu depressa a cabeça.


- Um comportamento muito estranho, de fato - disse Dorcas.


- Se eu morasse ai, estaria falando sobre isso - concordou Lene.


— Eles estão atrasados! — rosnou para Harry.


- É, mas pelo que eu sei, Harry sabe contar também - falou James, secamente.


— Eu sei — disse Harry. — Talvez... Hum... O trânsito esteja ruim, ou outro problema qualquer.


- Por que eu tenho a sensação que esse não é o problema? - perguntou Regulus.


- Porque nada na minha vida é fácil - replicou Harry.


Regulus concordou.


Cinco e dez... Depois cinco e quinze... Harry estava começando a ficar ansioso também.


- É contagioso! - disse Fred, de modo dramático.


Às cinco e meia, ele ouviu os tios conversarem em murmúrios tensos na sala de estar.


- Tem algo que não esteja tenso? - perguntou Neville.


- Nessa casa? Não.


— Não têm a menor consideração.


- Olha quem fala.


— Poderíamos ter outro compromisso.


- Mas todos sabem que vocês são uns desocupados mesmo.


— Talvez eles pensem que serão convidados para o jantar se chegarem tarde.


- Definitivamente, não queremos isso - resmungou Ron. Ele estava mais feliz com a comida da sua mãe, obrigada.


— Certamente que não serão


- Pelo menos, concordarmos em uma coisa - disse Ginny.


— respondeu tio Válter, e Harry o ouviu se levantar e começar a andar pela sala. — Vão pegar o garoto e ir embora, não vão se demorar.


- Olha como fala! - disse Alice - O garoto é o seu sobrinho!


- Deixa para lá, Alice. Não me importo - disse Harry.


Isto é, se é que vão aparecer.


- Eles vão - falou James esperançoso. Não podia imaginar a ideia de Harry ficar mais um dia com os Dursley e perder a Copa. Também não conseguia pensar em nada que conseguisse fazer os Weasley não irem buscar Harry.


Provavelmente se enganaram no dia.


- Isso pode ser - concordou Remus.


- Não somos tão bagunçados assim! - Ron protestou.


Eu diria que gente da laia deles não liga muito para pontualidade.


- Isso é porque você nunca conheceu Frank- murmurou Alice.


Frank deu de ombros. Falta de pontualidade o irritava seriamente. Era uma falta de consideração e respeito.


Ou isso ou estão dirigindo uma lata velha


- Lata velha? - questionou Fred, confuso.


- Um carro antigo, de pouca qualidade - explicou Harry, sério.


que parou de... AAAAAAAARRRRREE!


Harry pensou que se tivesse sido a lata velha seria melhor. Chegar por um meio mágico...


Harry deu um pulo.


- Sempre pronto para a ação - brincou Lily.


- Sempre - ele repetiu.


Do outro lado da porta da sala ele ouviu os três Dursley correrem precipitadamente,


- Não sabia que eles conseguiam correr - disse Snape, com desprezo.


cheios de pânico. No momento seguinte, Duda entrou voando pelo hall, aterrorizado.


- Espero que isso seja um bom sinal - falou Dorcas.


- Era - disse Harry.


— Que aconteceu? — perguntou Harry. — Que foi que houve?


Mas Duda parecia incapaz de responder.


- Coitadinho, não exija tanto dele. Está claro que ele não consegue entender as perguntas - debochou Sirius.


As mãos ainda agarradas às nádegas, saiu desengonçado, e o mais depressa que pôde, em direção à cozinha.


- Quem aposta que ele irá comer? - Lene anunciou.


- Nem dá para fazer uma aposta, porque ninguém irá apostar contra - disse Sirius.


- Verdade, verdade - Lene concordou com o namorado.


Harry correu para a sala de estar.


- Excelente decisão - disse Lily.


Ouviam-se fortes batidas e arranhões por trás das tábuas que vedavam a lareira dos Dursley,


- Isso está ficando estranho - murmurou Frank.


- Deve ter sido meio assustador - concordou Snape.


diante da qual estava ligada uma imitação de fogo a carvão.


- Agora faz mais sentido - falou Regulus e olhou para Harry para confirmar se o que estava pensando era certo. Harry assentiu.


— Que é isso? — exclamou tia Petunia, que recuara de costas para a parede,


- Bem corajosa - ironizou Ginny. A mulher nem tinha pensado na família!


arregalando os olhos para a lareira, aterrorizada. — Que é isso, Válter?


- Como se um trouxa fosse saber - disse Lily com desprezo, imitando a voz de Túnia. Harry olhou assustado para a mãe.


Mas eles não precisaram gastar nem um segundo pensando.


- Ok, então algo sério aconteceu, porque as chances deles terem descoberto sozinhos... - Lissy falou.


Ouviram-se vozes no interior da lareira fechada.


- Não me diga que vocês fizeram isso - disse Frank, incrédulo.


- Fizemos sim - disseram os Weasley envergonhados.


— Ai! Fred, não...


- Estavam falando comigo - esclareceu George.


Volte, volte, houve algum engano... Diga George para não...


- Dizer para mim - apontou Fred.


AI! George, não, não há espaço,


- Vocês não tem ideia de como estava apertado - concordou Fred.


- Apertado aonde? - perguntou Frank, sem receber resposta de volta.


volte depressa e diga ao Ron...


— Talvez Harry possa ouvir a gente, papai...


- Acho que mais que talvez - murmurou Alex.


- Foi uma ideia muito inteligente - disse Fred, orgulhoso.


Ginny revirou os olhos.


Talvez possa abrir para a gente passar...


- Abrir o quê? - perguntou Lily, impaciente.


Ouviram-se murros contra as tábuas.


- Se eu fosse os Dursley, já tinha corrido há muito tempo - comentou Neville.


— Harry? Harry, você está ouvindo a gente?


- Sim. Todos estamos.


- Cala a boca, Sirius.


Os Dursley investiram contra Harry como um casal de carcajus furiosos.


- Estava demorando.


- Eles precisaram ouvir seu nome para entender que você estava relacionado a algo de magia? - Dorcas levantou uma sobrancelha.


- Eles não são exatamente brilhantes, mas acho que eles já tinham percebido. Só tiveram um choque quando ouviram meu nome - explicou Harry.


— Que é isso? — vociferou tio Válter. — Que é que está acontecendo?


- Você realmente quer que ele fale de mágica? - perguntou James, vingativo.


— Eles... Eles tentaram chegar aqui usando Pó de Flu


- Esse nome não soa bem para trouxas - comentou Hermione.


- É, parece uma droga - concordou Harry.


— disse Harry, reprimindo uma vontade louca de rir.


- Harry está enlouquecendo - informou Ron.


- Era porque a situação toda era tão... absurda!


— Eles podem viajar entre lareiras,


- Porque nós somos legais assim - falou Fred.


só que vocês tamparam a entrada, esperem um pouco...


- Que outra escolha eles possuem? - perguntou Dorcas.


Harry se aproximou da lareira e chamou.


- Você devia estar parecendo um louco - disse Hermione.


- Só um pouco - concordou.


- Por quê? - perguntou Ron.


- A ideia de usarmos lareira para nos comunicarmos... é no mínimo estranha para trouxas - disse Hermione.


— Sr. Weasley? O senhor está me ouvindo?


- Eu realmente espero que sim - comentou Neville.


As pancadas pararam. Alguém do outro lado fez "psiu".


- Acho que isso foi um sim.


— Sr. Weasley, é o Harry... A lareira está bloqueada. O senhor não vai conseguir passar por aí.


- Hora do plano B.


- Não tem plano B.


-...Lascou.


— Droga! — exclamou a voz do Sr. Weasley. — Para que foi que eles inventaram de bloquear a lareira?


- Quase ninguém usa uma lareira no mundo trouxa - falou Harry.


Frank ficou surpreso. Ele podia jurar que todos usavam, que era um dos transportes mais discretos de bruxos.


— Eles têm um fogo elétrico — explicou Harry.


- Não diga isso, papai vai se empolgar - disse Ginny.


— Verdade? — ouviu-se a voz excitada do Sr. Weasley.


- Eu não disse?


Harry abraçou a namorada.


— Eclético, você disse?


- Não, isso é uma coisa totalmente diferente - disse Hermione.


Com uma tomada? Nossa, eu preciso ver isso...


- Mais motivação para vocês conseguirem chegar na casa - disse Harry.


Vamos pensar... Ai, Ron!


A voz de Ron agora se juntava a dos outros.


- Demorou.


- Papai não queria que eu fosse, já estava muito apertado.


— Que é que estamos fazendo aqui? Deu alguma coisa errada?


- Imagina. Eles gostam de ficarem ai parados, batendo papo - disse Lene.


— Não, Ron — ouviu-se a voz de Fred, muito sarcástica. — Era exatamente aqui que queríamos chegar.


Lene e Fred sorriram um para o outro.


— É, e estamos nos divertindo de montão


- Claro, por que não?


— acrescentou George, cuja voz parecia abafada, como se ele estivesse esmagado contra a parede.


- Era quase isso. Vocês não iriam querer ver a situação - disse George.


— Meninos, meninos... — disse o Sr. Weasley vagamente. — Estou tentando pensar no que fazer... É... É o jeito... Afaste-se, Harry.


Lily arregalou os olhos. Ele não iria explodir a lareira, certo?


Harry recuou até o sofá. Tio Válter, porém, avançou para a lareira.


- É um idiota mesmo.


— Espere aí! — berrou para a peça. — Que é que você vai fazer exatamente...?


- Não acho que isso irá adiantar muita coisa - comentou Snape.


BAM!


O fogo elétrico foi arremessado pela sala, ao mesmo tempo que as tábuas saltavam da lareira, expulsando o Sr. Weasley, Fred, George e Ron em meio a uma nuvem de caliça e fragmentos de madeira.


- Podem dizer que na verdade vocês só queriam fazer uma entrada dramática - disse Lene.


- Claro - disse Ron.


- Bem, conseguiram - murmurou Harry, divertido.


Tia Petunia berrou


- Sua tia é super histérica.


- Nem me diga.


e caiu de costas por cima da mesinha de centro; tio Válter agarrou-a antes que ela batesse no chão


- Nossa, ele pensou mais rápido do que achei que ele conseguisse.


e encarou os Weasley, boquiaberto, incapaz de falar, todos de cabelos ruivos, inclusive Fred e George, gêmeos idênticos até a última sarda.


- Não acho que seja por isso que ela esteja encarando - disse Regulus.


- É, talvez não - concordou Harry.


— Agora melhorou — ofegou o Sr. Weasley, espanando a poeira das longas vestes verdes e endireitando os óculos.


Neville fez uma careta. Ele tinha alergia a poeira, então estava feliz por não ter estado lá.


— Ah... Vocês devem ser a tia e o tio de Harry!


Só em nome mesmo, pensou Ron.


Alto, magro e meio careca, o bruxo caminhou em direção ao tio Válter, a mão estendida, mas o homem recuou vários passos, arrastando tia Petunia.


- Só falamos por educação mesmo, ninguém gosta de você mesmo - resmungou Ginny.


As palavras lhe fugiram totalmente.


- Agora não é tão fácil reclamar da magia, não?


Seu melhor terno estava coberto de pó branco, que assentara em seus cabelos e bigodes e dava a impressão de que ele acabara de envelhecer trinta anos.


- Assim fica mais parecido com quem ele realmente é - murmurou Harry.


— Hum... Ah... Sinto muito — disse o Sr. Weasley,


- Não sinta - disse Lene - Eles mais do que merecem.


baixando a mão e olhando por cima do ombro para a lareira destruída.


- Isso não é nada - disse James, dando de ombros.


Snape revirou os olhos. Claro que para o rico James Potter isso não significava nada.


— Foi minha culpa, mas não me ocorreu que não poderíamos sair por aqui.


- Está tudo bem, nem sempre pensamos em tudo - falou Alice calmamente.


Mandei ligar a sua lareira à rede do Flu, entende, só por uma tarde, sabe, para podermos apanhar Harry.


Frank franziu a sobrancelha. Podia jurar que isso era proibido.


- Só esqueceu de um pequeno detalhe... - disse Fred.


-... avisar a Harry.


Rigorosamente falando, as lareiras dos trouxas não podem ser ligadas,


- Então como...? - questionou Frank.


mas tenho um contato útil na Comissão de Regulamentação do Flu e ele deu um jeitinho.


Regulus fez uma careta. Se um Black fizesse isso, seria um absurdo, mas como era um Weasley estava tudo certo. Justo.


Mas posso consertar tudo em um segundo, não se preocupe.


- Acho que isso é a única coisa que importa para eles - disse James.


- Mas bem que podia deixar assim mesmo - disse Sirius.


Vou acender um fogo para mandar os garotos de volta,


- Finalmente Harry irá sair dai - disse Dorcas.


- Finalmente.


depois posso refazer sua lareira antes de desaparatar.


Hermione fez uma careta. Odiava esse meio de transporte bruxo.


Harry podia apostar que os Dursley não tinham entendido uma única palavra.


- Uma pena que ninguém liga para eles, não é mesmo? - disse Alex.


- LEX! - protestou Lissy.


- É só a verdade - Alex deu de ombros. Josh bateu no ombro dele com força.


- Está tudo bem, não ligo para eles também - Harry tranquilizou.


Continuavam a boquiabrir-se para o Sr. Weasley, aparvalhados. Tia Petunia levantou-se com dificuldade e se escondeu atrás do marido.


- Grande exemplo - falou Lily com desprezo. Esperava mais da irmã.


— Olá, Harry! — cumprimentou o Sr. Weasley animado. — A mala está pronta?


- Pode apostar que sim - disse Harry.Capítulo 4 - De volta à Toca


Por volta do meio-dia do dia seguinte, o malão de Harry estava pronto com o seu material escolar


- Ainda demorou muito - comentou Lily.


- Achei que você fosse querer fazer as malas o mais rápido que conseguisse - disse James.


- Eu fiz - disse Harry, confuso.


- Você é mais desorganizado que eu então - disse James, assustado.


e seus pertences mais preciosos


Frank se inclinou, curioso para saber quais eram os bens mais preciosos de Harry.


– a Capa da Invisibilidade que ele herdara do pai,


- É o melhor presente que você poderia ter me dado - falou Harry, honesto.


- Fico feliz por isso. Eu amo muito aquela capa - comentou James.


a vassoura que ganhara de Sirius,


- A melhor vassoura que existia atualmente - corrigiu Sirius, arrogante. Ser rico finalmente servira para alguma coisa.


o mapa encantado de Hogwarts,


- Essa foi a melhor coisa que já inventamos - falou Remus orgulhoso. Amava o mapa, por toda a sua perfeição e especialmente porque a criação dele aproximara ainda mais os marotos.


presente de Fred e George Weasley no ano anterior.


- Mas criados por nós - disseram os Marotos juntos.


- De nada adiantaria se não tivéssemos dado o mapa a ele - retrucaram os gêmeos.


- Vamos combinar que foi um esforço coletivo, certo? - disse Harry - De qualquer jeito, agradeço por ter o mapa.


Ele retirara toda a comida do esconderijo sob a tábua solta,


- Ainda bem - suspirou Sirius - Já achei que você iria a deixar ai.


- Isso seria horrível! - falou Ron horrorizado.


verificara duas vezes cada cantinho de seu quarto para ver se esquecera livros de feitiços ou penas,


- Não sei para que você ainda leva os seus livros se você nunca usa - falou Hermione, ainda chateada que Harry iria se recusar a ler o livro que tinha sobre aflições e males comuns na magia.


baixara da parede o calendário em que fizera a contagem regressiva para o dia primeiro de setembro,


- Para que você está contando quantos dias faltam para ser livre - disse Frank.


- Eu estava - falou Harry sério.


riscando cada dia que passava até a volta a Hogwarts.


- O dia em que finalmente seria feliz, quer dizer, isso antes de ir para a Toca - disse Harry.


A atmosfera no nº4 da Rua dos Alfeneiros estava extremamente tensa.


- Sua casa sempre parece estar tensa - comentou Dorcas.


- Os Dursley são paranoicos - resmungou Harry. Parecia até que eram eles que estavam sendo caçados por um poderoso bruxo das trevas.


A chegada iminente à casa de um grupo variado de bruxos estava deixando os Dursley nervosos e irritadiços.


- Desse jeito, eles que vão chamar a atenção para eles mesmos - disse Lissy, divertida.


Tio Válter parecera decididamente assustado quando Harry informou-o de que os Weasley chegariam às cinco horas do dia seguinte.


Os Weasleys sorriram, sentindo-se vingados.


— Espero que você tenha avisado para se vestirem direito,


- Sempre nos vestimos direito - falou Ron, confuso.


- Ele quis dizer de maneira trouxa- explicou Hermione, controlando a raiva.


a essas pessoas


- Essas pessoas... - repetiu Ginny, indignada.


— rosnou o tio na mesma hora. — Já vi o tipo de coisa que gente da sua laia usa.


- Impressionante que você tenha conseguido entender a diferença - falou Regulus, friamente.


É melhor terem a decência de vestir roupas normais, é só.


- Seu tio é muito preconceituoso e paranoico - disse Lene.


Harry sentiu uma ligeira apreensão.


- Não sei por quê, os Weasley e os Dursley no mesmo lugar têm tudo para dar certo - ironizou Lene.


Raramente vira o casal Weasley usar alguma coisa que os Dursley pudessem chamar de "normal".


- Papai e mamãe não ligam para a opinião deles - George deu de ombros.


Os filhos até usavam roupas de trouxas durante as férias,


Hermione fez uma careta. Era mais como tentavam usar roupas trouxas.


mas o Sr. e a Sra. Weasley, em geral, usavam vestes longas e surradas em vários graus.


Ginny sorriu tristemente. Sabia que o pai usaria roupas trouxas se tivesse dinheiro para isso e queria que a mãe tivesse acesso a roupas de melhor qualidade. Molly merecia muito mais.


Harry não se incomodava com o que os vizinhos pudessem pensar,


- Se eu fosse me incomodar com isso, já estraria em um estado de profunda depressão - disse Harry.


- Então é por isso que você estava assim no quinto ano - brincou Fred.


Harry olhou irritado para ele. Certo, não tinha sido a pessoa mais simpática do mundo. Mas Cedric morrera na frente dele e ninguém acreditava quando ele dizia que Voldemort voltara.


mas estava aflito com as grosserias que os Dursley pudessem fazer aos Weasley


- Eles não farão nada que não poderemos revidar - disse Ginny com um sorriso perverso. Por um segundo, Harry temeu pelos familiares.


se eles realmente correspondessem à péssima ideia que os tios faziam dos bruxos.


- Nem se fosse Amelia Bones serviria para eles - comentou Harry.


- Amelia é um amor - comentou James, com um sorriso. Conhecia-a desde sempre.


Neville deu um sorriso triste. Ele gostava de Susana e tinha ficado triste ao saber que Amelia morrera.


Tio Válter vestira o melhor terno.


- Querendo impressionar alguém? - perguntou Sirius.


- Vai morrer tentando - disse Fred.


Para alguns isto poderia parecer um gesto de boas-vindas,


- Com certeza não interpretaremos assim, não se preocupe - disse Ginny.


mas Harry sabia que era porque o tio queria impressionar e intimidar.


- Também não irá funcionar - disse George.


Duda, por outro lado, parecia encolhido.


Fred e George sorriram, lembrando-se do que fizeram ao garoto.


Não era porque a dieta afinal estivesse produzindo efeito,


- Para isso, seria necessário um milagre - comentou Lene.


mas por medo.


- Medo? - Dorcas perguntou confusa.


O garoto saíra do último encontro com um bruxo adulto levando um rabo de porco,


- Nada mais que merecera - disse Lily.


- Eu ainda tenho que agradecer a Hagrid - disse James feliz.


enroscado, que saía pelo fundilho das calças e tia Petunia e tio Válter precisaram pagar um hospital particular em Londres para remover o tal rabo.


- Mas o rabo combinava com ele... - disse Sirius sorrindo.


Portanto, não surpreendia que Duda não parasse de passar a mão, nervosamente, pelo bumbum,


- Porque nós que iramos parecer estranhos - comentou Ginny sarcasticamente.


e andasse de lado quando ia de um cômodo a outro, para não oferecer o mesmo alvo ao inimigo.


- Não se preocupe, podemos mirar em outros lugares - disseram Fred e George sorrindo.


O almoço foi uma refeição quase silenciosa.


- Melhor seria se fosse totalmente silenciosa - disse Harry. Realmente preferia quando os Dursley ficavam calados.


Duda sequer protestou contra a comida (queijo branco e aipo ralado).


- Então as coisas estão ruins mesmo - comentou Frank.


Tia Petunia não comeu nadinha.


- Petunia sempre gostou de deixar de comer para chamar a atenção - disse Lily, revirando os olhos.


Manteve os braços cruzados, os lábios contraídos e parecia estar mastigando a língua,


- Um sinal claro de loucura, se me perguntarem - disse Lissy.


como se refreasse o discurso violento e injurioso que queria fazer para Harry.


- Já está mais que na hora dela aprender a se controlar - disse Hermione.


— Eles virão de carro, naturalmente?


- Naturalmente para quem? - perguntou Neville, inocentemente.


— vociferou tio Válter por cima da mesa.


— Hum — fez Harry.


Ele não pensara nisso. Como é que os Weasley viriam apanhá-lo?


- Não de carro - cantarolou Fred.


- É, descobri isso tarde demais - replicou Harry.


Não tinham mais carro;


Ron, Harry e Hermione trocaram olhares culpados.


o velho Ford Anglia, que outrora possuíam, atualmente andava rodando pela Floresta Proibida de Hogwarts.


- Se ele ainda estiver inteiro, com o Salgueiro Lutador por lá...


Mas, no ano anterior, o Sr. Weasley tomara emprestado o carro do Ministério da Magia;


- Para ir a Hogwarts, é diferente - falou Ginny - Não podemos pegar sempre que queremos.


- Eu sei, eu sei - disse Harry calmamente.


será que faria o mesmo hoje?


- Não.


— Acho que sim — respondeu Harry.


- Reposta errada.


Tio Válter bufou para dentro dos bigodes. Normalmente, ele teria perguntado qual era a marca do carro do Sr. Weasley; tinha uma tendência a julgar outros homens pelo tamanho e o luxo de seus carros.


- Só um exemplo do bom caráter - ironizou Josh.


Mas o garoto duvidava que o tio tivesse simpatizado com o Sr. Weasley mesmo que o bruxo dirigisse uma Ferrari.


- O que é uma Ferrari? - perguntou Ron, confuso.


- É uma das marcas mais caras e luxosas de carro - replicou Hermione.


- Não é bem isso - corrigiu Harry.


Harry passou a maior parte da tarde em seu quarto; não suportava ver tia Petunia espiar entre as cortinas a todo instante,


- Então ela realmente tem uma mania de observar todos.


- Com certeza - replicou Harry.


como se tivesse havido um alerta de que existia um rinoceronte à solta.


- Acho que ela ficaria mais tranquila se fosse o último - comentou Lily.


Finalmente, as quinze para as cinco, Harry voltou ao térreo e entrou na sala de estar. Tia Petunia ajeitava compulsivamente as almofadas.


Ginny fez uma careta. Ótimo, tinha algo em comum com essa mulher. Ela também gostava de arrumar coisas quando estava ansiosa.


Tio Válter fingia ler o jornal, mas seus olhinhos miúdos não se mexiam,


- Sempre disse que ele não sabia ler - disse Remus contente.


e Harry teve certeza de que na realidade ele mantinha os ouvidos muito atentos para a chegada de um carro.


- Não nos quer lá, mas não ver a hora de chegarmos - disse Fred.


- Claro, ele quer continuar a vida dele - replicou Ginny.


Duda se enterrou numa poltrona, sentado em cima das mãos muito gordas, e segurava com firmeza o bumbum.


- Ele é muito esquisito - observou Alex.


- Nem me fale - replicou Harry, sorrindo.


Harry não suportou a tensão:


- A coisa tá complicada mesmo então - disse Ginny.


Harry assentiu.


saiu da sala e foi se sentar na escada do hall,


Harry deu um sorriso triste, lembrando-se de quanto tempo passara ali, escondendo-se da família.


os olhos no relógio de pulso e o coração batendo muito forte de tanta excitação e nervosismo.


Ron olhou para o amigo confuso. Não entendia para quê tudo isso; eles somente iriam buscá-lo.


As cinco horas vieram e se foram.


- Vocês não foram?! - Sirius reclamou alto, indignado. Tinham feito seu afilhado esperar para nada! Tinham o deixado com aquela gente horrível.


Tio Válter, suando ligeiramente no terno,


- Quem manda tentar se exibir?


abriu a porta da frente, espiou para um lado e outro da rua, e recolheu depressa a cabeça.


- Um comportamento muito estranho, de fato - disse Dorcas.


- Se eu morasse ai, estaria falando sobre isso - concordou Lene.


— Eles estão atrasados! — rosnou para Harry.


- É, mas pelo que eu sei, Harry sabe contar também - falou James, secamente.


— Eu sei — disse Harry. — Talvez... Hum... O trânsito esteja ruim, ou outro problema qualquer.


- Por que eu tenho a sensação que esse não é o problema? - perguntou Regulus.


- Porque nada na minha vida é fácil - replicou Harry.


Regulus concordou.


Cinco e dez... Depois cinco e quinze... Harry estava começando a ficar ansioso também.


- É contagioso! - disse Fred, de modo dramático.


Às cinco e meia, ele ouviu os tios conversarem em murmúrios tensos na sala de estar.


- Tem algo que não esteja tenso? - perguntou Neville.


- Nessa casa? Não.


— Não têm a menor consideração.


- Olha quem fala.


— Poderíamos ter outro compromisso.


- Mas todos sabem que vocês são uns desocupados mesmo.


— Talvez eles pensem que serão convidados para o jantar se chegarem tarde.


- Definitivamente, não queremos isso - resmungou Ron. Ele estava mais feliz com a comida da sua mãe, obrigada.


— Certamente que não serão


- Pelo menos, concordarmos em uma coisa - disse Ginny.


— respondeu tio Válter, e Harry o ouviu se levantar e começar a andar pela sala. — Vão pegar o garoto e ir embora, não vão se demorar.


- Olha como fala! - disse Alice - O garoto é o seu sobrinho!


- Deixa para lá, Alice. Não me importo - disse Harry.


Isto é, se é que vão aparecer.


- Eles vão - falou James esperançoso. Não podia imaginar a ideia de Harry ficar mais um dia com os Dursley e perder a Copa. Também não conseguia pensar em nada que conseguisse fazer os Weasley não irem buscar Harry.


Provavelmente se enganaram no dia.


- Isso pode ser - concordou Remus.


- Não somos tão bagunçados assim! - Ron protestou.


Eu diria que gente da laia deles não liga muito para pontualidade.


- Isso é porque você nunca conheceu Frank- murmurou Alice.


Frank deu de ombros. Falta de pontualidade o irritava seriamente. Era uma falta de consideração e respeito.


Ou isso ou estão dirigindo uma lata velha


- Lata velha? - questionou Fred, confuso.


- Um carro antigo, de pouca qualidade - explicou Harry, sério.


que parou de... AAAAAAAARRRRREE!


Harry pensou que se tivesse sido a lata velha seria melhor. Chegar por um meio mágico...


Harry deu um pulo.


- Sempre pronto para a ação - brincou Lily.


- Sempre - ele repetiu.


Do outro lado da porta da sala ele ouviu os três Dursley correrem precipitadamente,


- Não sabia que eles conseguiam correr - disse Snape, com desprezo.


cheios de pânico. No momento seguinte, Duda entrou voando pelo hall, aterrorizado.


- Espero que isso seja um bom sinal - falou Dorcas.


- Era - disse Harry.


— Que aconteceu? — perguntou Harry. — Que foi que houve?


Mas Duda parecia incapaz de responder.


- Coitadinho, não exija tanto dele. Está claro que ele não consegue entender as perguntas - debochou Sirius.


As mãos ainda agarradas às nádegas, saiu desengonçado, e o mais depressa que pôde, em direção à cozinha.


- Quem aposta que ele irá comer? - Lene anunciou.


- Nem dá para fazer uma aposta, porque ninguém irá apostar contra - disse Sirius.


- Verdade, verdade - Lene concordou com o namorado.


Harry correu para a sala de estar.


- Excelente decisão - disse Lily.


Ouviam-se fortes batidas e arranhões por trás das tábuas que vedavam a lareira dos Dursley,


- Isso está ficando estranho - murmurou Frank.


- Deve ter sido meio assustador - concordou Snape.


diante da qual estava ligada uma imitação de fogo a carvão.


- Agora faz mais sentido - falou Regulus e olhou para Harry para confirmar se o que estava pensando era certo. Harry assentiu.


— Que é isso? — exclamou tia Petunia, que recuara de costas para a parede,


- Bem corajosa - ironizou Ginny. A mulher nem tinha pensado na família!


arregalando os olhos para a lareira, aterrorizada. — Que é isso, Válter?


- Como se um trouxa fosse saber - disse Lily com desprezo, imitando a voz de Tuney. Harry olhou assustado para a mãe.


Mas eles não precisaram gastar nem um segundo pensando.


- Ok, então algo sério aconteceu, porque as chances deles terem descoberto sozinhos... - Lissy falou.


Ouviram-se vozes no interior da lareira fechada.


- Não me diga que vocês fizeram isso - disse Frank, incrédulo.


- Fizemos sim - disseram os Weasley envergonhados.


— Ai! Fred, não...


- Estavam falando comigo - esclareceu George.


Volte, volte, houve algum engano... Diga George para não...


- Dizer para mim - apontou Fred.


AI! George, não, não há espaço,


- Vocês não tem ideia de como estava apertado - concordou Fred.


- Apertado aonde? - perguntou Frank, sem receber resposta de volta.


volte depressa e diga ao Ron...


— Talvez Harry possa ouvir a gente, papai...


- Acho que mais que talvez - murmurou Alex.


- Foi uma ideia muito inteligente - disse Fred, orgulhoso.


Ginny revirou os olhos.


Talvez possa abrir para a gente passar...


- Abrir o quê? - perguntou Lily, impaciente.


Ouviram-se murros contra as tábuas.


- Se eu fosse os Dursley, já tinha corrido há muito tempo - comentou Neville.


— Harry? Harry, você está ouvindo a gente?


- Sim. Todos estamos.


- Cala a boca, Sirius.


Os Dursley investiram contra Harry como um casal de carcajus furiosos.


- Estava demorando.


- Eles precisaram ouvir seu nome para entender que você estava relacionado a algo de magia? - Dorcas levantou uma sobrancelha.


- Eles não são exatamente brilhantes, mas acho que eles já tinham percebido. Só tiveram um choque quando ouviram meu nome - explicou Harry.


— Que é isso? — vociferou tio Válter. — Que é que está acontecendo?


- Você realmente quer que ele fale de mágica? - perguntou James, vingativo.


— Eles... Eles tentaram chegar aqui usando Pó de Flu


- Esse nome não soa bem para trouxas - comentou Hermione.


- É, parece uma droga - concordou Harry.


— disse Harry, reprimindo uma vontade louca de rir.


- Harry está enlouquecendo - informou Ron.


- Era porque a situação toda era tão... absurda!


— Eles podem viajar entre lareiras,


- Porque nós somos legais assim - falou Fred.


só que vocês tamparam a entrada, esperem um pouco...


- Que outra escolha eles possuem? - perguntou Dorcas.


Harry se aproximou da lareira e chamou.


- Você devia estar parecendo um louco - disse Hermione.


- Só um pouco - concordou.


- Por quê? - perguntou Ron.


- A ideia de usarmos lareira para nos comunicarmos... é no mínimo estranha para trouxas - disse Hermione.


— Sr. Weasley? O senhor está me ouvindo?


- Eu realmente espero que sim - comentou Neville.


As pancadas pararam. Alguém do outro lado fez "psiu".


- Acho que isso foi um sim.


— Sr. Weasley, é o Harry... A lareira está bloqueada. O senhor não vai conseguir passar por aí.


- Hora do plano B.


- Não tem plano B.


-...Lascou.


— Droga! — exclamou a voz do Sr. Weasley. — Para que foi que eles inventaram de bloquear a lareira?


- Quase ninguém usa uma lareira no mundo trouxa - falou Harry.


Frank ficou surpreso. Ele podia jurar que todos usavam, que era um dos transportes mais discretos de bruxos.


— Eles têm um fogo elétrico — explicou Harry.


- Não diga isso, papai vai se empolgar - disse Ginny.


— Verdade? — ouviu-se a voz excitada do Sr. Weasley.


- Eu não disse?


Harry abraçou a namorada.


— Eclético, você disse?


- Não, isso é uma coisa totalmente diferente - disse Hermione.


Com uma tomada? Nossa, eu preciso ver isso...


- Mais motivação para vocês conseguirem chegar na casa - disse Harry.


Vamos pensar... Ai, Ron!


A voz de Ron agora se juntava a dos outros.


- Demorou.


- Papai não queria que eu fosse, já estava muito apertado.


— Que é que estamos fazendo aqui? Deu alguma coisa errada?


- Imagina. Eles gostam de ficarem ai parados, batendo papo - disse Lene.


— Não, Ron — ouviu-se a voz de Fred, muito sarcástica. — Era exatamente aqui que queríamos chegar.


Lene e Fred sorriram um para o outro.


— É, e estamos nos divertindo de montão


- Claro, por que não?


— acrescentou George, cuja voz parecia abafada, como se ele estivesse esmagado contra a parede.


- Era quase isso. Vocês não iriam querer ver a situação - disse George.


— Meninos, meninos... — disse o Sr. Weasley vagamente. — Estou tentando pensar no que fazer... É... É o jeito... Afaste-se, Harry.


Lily arregalou os olhos. Ele não iria explodir a lareira, certo?


Harry recuou até o sofá. Tio Válter, porém, avançou para a lareira.


- É um idiota mesmo.


— Espere aí! — berrou para a peça. — Que é que você vai fazer exatamente...?


- Não acho que isso irá adiantar muita coisa - comentou Snape.


BAM!


O fogo elétrico foi arremessado pela sala, ao mesmo tempo que as tábuas saltavam da lareira, expulsando o Sr. Weasley, Fred, George e Ron em meio a uma nuvem de caliça e fragmentos de madeira.


- Podem dizer que na verdade vocês só queriam fazer uma entrada dramática - disse Lene.


- Claro - disse Ron.


- Bem, conseguiram - murmurou Harry, divertido.


Tia Petunia berrou


- Sua tia é super histérica.


- Nem me diga.


e caiu de costas por cima da mesinha de centro; tio Válter agarrou-a antes que ela batesse no chão


- Nossa, ele pensou mais rápido do que achei que ele conseguisse.


e encarou os Weasley, boquiaberto, incapaz de falar, todos de cabelos ruivos, inclusive Fred e George, gêmeos idênticos até a última sarda.


- Não acho que seja por isso que ela esteja encarando - disse Regulus.


- É, talvez não - concordou Harry.


— Agora melhorou — ofegou o Sr. Weasley, espanando a poeira das longas vestes verdes e endireitando os óculos.


Neville fez uma careta. Ele tinha alergia a poeira, então estava feliz por não ter estado lá.


— Ah... Vocês devem ser a tia e o tio de Harry!


Só em nome mesmo, pensou Ron.


Alto, magro e meio careca, o bruxo caminhou em direção ao tio Válter, a mão estendida, mas o homem recuou vários passos, arrastando tia Petunia.


- Só falamos por educação mesmo, ninguém gosta de você mesmo - resmungou Ginny.


As palavras lhe fugiram totalmente.


- Agora não é tão fácil reclamar da magia, não?


Seu melhor terno estava coberto de pó branco, que assentara em seus cabelos e bigodes e dava a impressão de que ele acabara de envelhecer trinta anos.


- Assim fica mais parecido com quem ele realmente é - murmurou Harry.


— Hum... Ah... Sinto muito — disse o Sr. Weasley,


- Não sinta - disse Lene - Eles mais do que merecem.


baixando a mão e olhando por cima do ombro para a lareira destruída.


- Isso não é nada - disse James, dando de ombros.


Snape revirou os olhos. Claro que para o rico James Potter isso não significava nada.


— Foi minha culpa, mas não me ocorreu que não poderíamos sair por aqui.


- Está tudo bem, nem sempre pensamos em tudo - falou Alice calmamente.


Mandei ligar a sua lareira à rede do Flu, entende, só por uma tarde, sabe, para podermos apanhar Harry.


Frank franziu a sobrancelha. Podia jurar que isso era proibido.


- Só esqueceu de um pequeno detalhe... - disse Fred.


-... avisar a Harry.


Rigorosamente falando, as lareiras dos trouxas não podem ser ligadas,


- Então como...? - questionou Frank.


mas tenho um contato útil na Comissão de Regulamentação do Flu e ele deu um jeitinho.


Regulus fez uma careta. Se um Black fizesse isso, seria um absurdo, mas como era um Weasley estava tudo certo. Justo.


Mas posso consertar tudo em um segundo, não se preocupe.


- Acho que isso é a única coisa que importa para eles - disse James.


- Mas bem que podia deixar assim mesmo - disse Sirius.


Vou acender um fogo para mandar os garotos de volta,


- Finalmente Harry irá sair dai - disse Dorcas.


- Finalmente.


depois posso refazer sua lareira antes de desaparatar.


Hermione fez uma careta. Odiava esse meio de transporte bruxo.


Harry podia apostar que os Dursley não tinham entendido uma única palavra.


- Uma pena que ninguém liga para eles, não é mesmo? - disse Alex.


- LEX! - protestou Lissy.


- É só a verdade - Alex deu de ombros. Josh bateu no ombro dele com força.


- Está tudo bem, não ligo para eles também - Harry tranquilizou.


Continuavam a boquiabrir-se para o Sr. Weasley, aparvalhados. Tia Petunia levantou-se com dificuldade e se escondeu atrás do marido.


- Grande exemplo - falou Lily com desprezo. Esperava mais da irmã.


— Olá, Harry! — cumprimentou o Sr. Weasley animado. — A mala está pronta?


- Pode apostar que sim - disse Harry.


— Está lá em cima — respondeu o garoto, retribuindo o sorriso.


- O pai de vocês é muito legal - disse Harry.


Os Weasley sorriram.


— Vamos buscar — disse Fred na mesma hora.


- Você foi tão prestativo - disse Ginny, desconfiada.


- Sempre sou assim, querida irmã - falou ofendido.


Piscando para Harry, ele e George saíram da sala.


- Espero que você não ligue se a casa ficar destruída - provocou Ron.


- Nem um pouco - Harry deu de ombros.


Sabiam onde era o quarto de Harry,


- Claro, somos íntimos - disseram.


- Eu não sei onde é - protestou Hermione.


- Você sabe o que isso significa - provou George.


- Vocês estão errados - protestou Hermione, estreitando os olhos.


porque tinham salvado o garoto uma vez no meio da noite.


Harry sorriu para os gêmeos.


Harry suspeitou que Fred e George estavam querendo dar uma espiada em Duda;


- Não é isso - prometeram com sorrisos maléficos. Os marotos sorriram de volta automaticamente. Era uma expressão que eles próprios usavam quando estavam prestes a fazerem uma brincadeira especialmente boa.


tinham ouvido Harry falar muito do primo.


- Então foram os únicos - disse Hermione magoada. Harry sempre evitava falar da família para ela e quando falava, ainda era superficialmente.


— Bom — disse o Sr. Weasley, agitando levemente os braços, enquanto tentava encontrar palavras para quebrar o silêncio mais que desagradável.


- Seu pai devia saber que nada do que ele fizesse, deixaria as coisas melhores - disse Neville, com pena.


- Papai sempre tenta melhorar as coisas - disse Ginny, sorrindo.


— Uma bela... Hum... Bela casa vocês têm.


- Péssimas palavras - disse James, assobiando depois.


Lily o encarou como se ele fosse louco (e talvez ele fosse um pouco).


Como a sala habitualmente impecável estava agora coberta de poeira e caliça, o comentário não foi muito bem recebido pelos Dursley.


- Os Dursley sempre tentam piorar as coisas - disse Harry, fazendo referências as palavras de Ginny.


- Que pena, porque então eles sempre terão vidas tristes - disse Lissy.


O rosto do tio Válter ficou, mais uma vez, púrpura, e tia Petunia recomeçou a mastigar a língua.


- Depois nós que somos estranhos - murmurou Frank, com desprezo.


Porém eles pareciam demasiado apavorados para conseguir falar alguma coisa.


- Agora que estão tão perto de bruxos, não é tão fácil dizer como somos errados e esquisitos? - disse Regulus com um olhar cruel. Queria fazer os Dursley pagarem. Isso não estavam nem de longe perto do que eles mereciam.


Harry colocou a mão no ombro dele, pedindo silenciosamente para ele se acalmar.


Regulus focou em controlar a própria respiração e tentar diminuir a sensação de ódio que se espalhava por si. Só conseguiu quando viu a cara preocupada do irmão.


O Sr. Weasley olhou para todos os lados. Adorava tudo que dizia respeito aos trouxas.


- Bem, os Dursley serão a sua primeira exceção - comentou Neville.


Harry via que ele estava doido de vontade de examinar a televisão e o videocassete.


- Queria que eu pudesse deixá-lo fazer isso - disse Harry, com pena.


- Tenho certeza que outras oportunidades virão para isso - disse Ron, despreocupado.


— Eles funcionam com eletricidade, não é? — disse mostrando-se bem informado.


- Por favor, não me diga que ele irá começar a falar sobre isso - disse Ginny. Alguma hora seu pai falaria algo sem noção e só pioraria as coisas.


— Ah, é, estou vendo as tomadas. Eu coleciono tomadas


- Como assim? - perguntou Lily, seriamente confusa.


- Papai as acha super revolucionárias - disse Fred. Francamente, ele preferia ficar com a magia.


— acrescentou para o tio Válter. — E baterias. Tenho uma enorme coleção de baterias. Minha mulher acha que eu sou maluco, mas o que fazer?


- Aceitar e seguir em frente? - sugeriu Dorcas.


- Jogar fora sua coleção? - sugeriu Lene.


- É, acho que eu prefiro a sugestão de Dorcas - comentou Sirius.


- Sua perda. Ou ganho, no caso. Enfim... Pior decisão - falou atrapalhada.


Era visível que tio Válter também o achava maluco.


- Mas ele teria achado de qualquer jeito - disse Harry.


Ele avançou um tantinho para a direita, escondendo tia Petunia, como se achasse que o bruxo poderia de repente avançar e atacá-los.


Lily ficou pensativa. Obviamente, Vernon era um idiota. Mas... Ele parecia pelo menos se importar com Tuney. Isso tinha que contar para alguma coisa, certo?


Duda, de repente, reapareceu na sala.


- Algum me diz que as coisas só irão piorar - disse Remus.


- E como - comentou Harry.


Harry ouviu o ruído metálico do malão descendo pelas escadas, e concluiu que o barulho havia afugentado Duda da cozinha.


- Será que ele saiu na metade do prato? - perguntou Ron.


O garoto vinha costeando a parede, olhando para o Sr. Weasley com terror nos olhos


- Lembre-se disso quando for falar mal de Harry - falou Regulus, indiferente.


- Bem que eu queria - murmurou, lembrando-se do verão infernal do quinto ano. Fora a perda de Cedric, ainda tivera que aguentar Duda.


e, depois, tentou se esconder atrás da mãe e do pai. Infelizmente, o corpanzil do tio Válter, embora suficiente para esconder a ossuda tia Petunia, não era bastante grande para esconder também o filho.


- Isso já está ficando ridículo - comentou Dorcas.


— Ah, e esse é o seu primo,


- Depende do conceito - murmurou Sirius.


não é, Harry? — perguntou o Sr. Weasley fazendo outra corajosa tentativa de iniciar uma conversa.


- Eu disse - falou Ginny.


— É — confirmou Harry — é o Duda.


Ele e Ron se entreolharam e desviaram depressa os olhos para longe; a tentação de cair na gargalhada era forte demais.


- É, não acho que isso iria ajudar as coisas - disse Hermione.


Duda ainda segurava o bumbum como se tivesse medo de que ele se soltasse.


- Não posso dizer que lamentaria se isso acontecesse - disse Alice.


O Sr. Weasley, porém, parecia sinceramente preocupado com o comportamento estranho do garoto.


- Eu também ficaria - disse Lily, sentindo carinho por Arthur. Mesmo Duda sendo idiota, ele ainda se importou.


De fato, pelo tom de voz com que falou a seguir, Harry teve certeza de que o Sr. Weasley achava que Duda era tão maluco quanto os Dursley achavam que ele era, só que o Sr. Weasley sentia piedade em vez de medo.


- É isso que faz dele uma boa pessoa - disse James.


Como se houvesse uma definição única para boa pessoa, pensou Snape sarcasticamente.


— Está gostando das férias, Duda? — perguntou bondosamente.


- Claro, com a dieta dele... - falou Lene de modo vingativo.


Todos sorriram.


Duda choramingou. Harry viu as mãos do primo apertarem com mais força o bumbum maciço.


- Vocês tinham que ver a cena - comentaram os gêmeos - Ele estava ridículo.


Fred e George voltaram à sala trazendo o malão escolar de Harry.


- Meus escravos pessoais - brincou Harry.


Eles olharam para os lados ao entrar e viram Duda. Seus rostos se abriram em sorrisos malvados idênticos.


- Gostei dessa descrição – falou George.


- Vocês estão planejando alguma coisa – adivinhou Ginny.


- Jamais – disse Fred.


— Ah, certo — disse o Sr. Weasley. — Melhor irmos andando, então.


- Não exatamente andando – comentou Frank. Alice revirou os olhos.


Ele arregaçou as mangas das vestes e puxou a varinha.


Regulus olhou imediatamente para Harry. Do jeito que os Dursley eram, isso não iria melhorar nada a relação do Potter com eles.


Harry deu um sorriso tranquilizador.


Harry viu os Dursley recuarem contra a parede, como se fossem uma pessoa só.


- Agora eles são unidos – comentou Lene com desprezo.


- Mas eles ainda são covardes – disse Dorcas.


— Incendio!


- Logo esse feitiço? – reclamou Lily. Petunia passara boa parte da vida com medo de fogo.


— disse o bruxo, apontando a varinha para o buraco na parede.


- Não era exatamente um buraco – comentou Harry.


As chamas irromperam na mesma hora na lareira,


- Eficiência total.


- Sempre.


crepitando alegremente como se já estivessem acesas há horas.


Hermione sorriu. Era por coisas assim que amava a magia, era tão lindo.


O Sr. Weasley tirou do bolso um saquinho fechado com cordões, desamarrou-o, tirou uma pitada do pó e jogou-o nas chamas,


- Se os Dursley não o achavam doidos, agora... – comentou Alice.


- Realmente é algo meio estranho para alguém fazer – concordou Harry.


que viraram verde-esmeralda


- Por que tem tanta coisa na magia verde? – perguntou Ginny, recebendo olhares estranhos.


e rugiram com mais força do que antes.


- Quando a vida tenta te derrubar, você se ergue de volta – falou Fred.


— Pode ir, Fred — disse o Sr. Weasley.


Fred sorriu, já sabendo o que vinha a seguir.


— Estou indo — respondeu Fred. — Ah, não... Espera aí...


Um saquinho de balas caiu do bolso de Fred e o conteúdo se espalhou em todas as direções – grandes caramelos em embalagens muito coloridas.


- Tão chamativos – comentou Lene.


Fred e George trocaram olhares. Harry segurou a risada.


Fred saiu catando os caramelos, guardando-os de volta no bolso,


- Não podia deixá-los ali, podia?


- Claro que não – concordou George.


depois deu um adeusinho animado aos Dursley, adiantou-se e entrou direto nas chamas, dizendo "A Toca!".


- Todas as residências bruxas tem nome? – perguntou Harry curioso.


- Nem todas. Nesse caso, você diz o endereço – explicou Lily.


Só depois Harry lembrou-se da casa de Sirius.


Tia Petunia soltou uma exclamação trêmula.


- Essa mulher tem uma necessidade de chamar a atenção imensa – comentou Dorcas.


Lily se remexeu, culpada. Sempre que ela voltava de Hogwarts, os pais estavam tão desesperados por passar um tempo com a filha que eles acabam não dando muita atenção a Petunia e ela sabia que a irmã se ressentia disso, só não quanto.


Ouviu-se um barulho de deslocamento de ar


- Nunca soube que isso tinha um barulho específico – disse Neville.


- Escure quando alguém tiver aparatando. Faz um som diferente – disse Harry.


e Fred desapareceu.


- Sei que é muito triste para vocês, que vocês queriam poder continuar a ler sobre mim... – disse Fred.


- Claro – ironizou Ron.


— Agora você, George — disse o Sr. Weasley. — Leve a mala.


- Papai acha que eu sou o escravo de Harry.


- Não, nosso pai acha que você é educado. Claramente, ele estava errado – disse Ginny.


Harry riu.


Harry ajudou George a carregar a mala até as chamas da lareira e virou-a para o gêmeo poder segurá-la melhor.


- Obrigado por esse favor – ironizou George.


- Sempre que precisa – replicou Harry.


Depois com um segundo deslocamento de ar, George gritara "A Toca!" e desapareceu também.


- Agora vocês terão que ouvir sobre Ron. Realmente a vida está triste.


- EI!


— Ron, você é o próximo — disse o Sr. Weasley.


- Tão vendo? Nem papai aguentou.


- Não, ele me deixou por último porque ele gosta mais de mim.


- Vai nessa.


— Até outro dia — disse Ron animado para os Dursley.


- Obviamente, eu não os conhecia – disse Ron, fazendo uma careta. Como ele podia nunca ter percebido o quanto o amigo sofria?


Deu um grande sorriso para Harry, entrou no fogo e gritou "A Toca!" e desapareceu.


- Já foi tarde.


- Eu não aguentava passar mais um segundo lá – disse Ron.


Agora só faltavam Harry e o Sr. Weasley.


- Isso quer dizer que você finalmente irá embora? – perguntou James esperançoso.


- Sim.


— Bom... Tchau então — disse Harry aos Dursley.


- Não devia nem fazer isso.


Os tios não disseram uma palavra.


- Eu honestamente não esperava que eles fossem responder, até porque estavam assustados demais – Harry deu de ombros.


Lily olhou tristemente para o filho. Não era para ele acreditar que era normal que as pessoas com as quais morou até os 11 anos e anda morava nas férias nem ao menos dessem tchau quando ele saísse de casa.


Harry adiantou-se para o fogo, mas na hora em que pisou na lareira, o Sr. Weasley esticou a mão e segurou-o.


Ginny sorriu. Sabia que o pai estava prestes a tomar uma atitude. E ver o Sr. Weasley em ação era algo legal.


Encarou os Dursley, surpreso.


Harry sorriu de lado, lembrando-se como odiara na hora que Arthur estivesse com pena dele.


— Harry disse tchau para vocês — falou ele. — Vocês não ouviram?


- Um bando de surdos, mesmo.


— Não faz mal — murmurou Harry para o Sr. Weasley. — Francamente, eu não me importo.


- E essa foi uma das coisas mais verdadeiras que eu já disse – falou Harry.


O Sr. Weasley não tirou a mão do ombro de Harry.


- Um gesto protetor – disse Alice, sorrindo. Era bom finalmente ver alguém intercedendo por Harry.


— Vocês não vão ver seu sobrinho até o próximo verão


- E eles não podiam estar mais felizes, assim como eu – disse Harry.


— disse ele a tio Válter, ligeiramente indignado. — Com certeza, vocês vão se despedir?


- Com certeza que não – resmungou Neville. Ele tivera uma vida difícil, com a avó super exigente, mas isso nem se comparava ao Harry.


O rosto de tio Válter se contraiu furiosamente.


- Esse cara realmente não se controla.


A ideia de aprender a ter consideração com um homem que acabara de explodir metade da sua sala de estar parecia lhe causar intenso sofrimento.


- Mas ele colocou tudo de volta no final – disse Ron.


Mas o Sr. Weasley ainda empunhava a varinha


- Isso mesmo, é o Sr. Weasley que manda – falou Lene.


- Só aceita – disse Dorcas.


e o olhar do tio Válter correu até ela antes de dizer, muito ressentido:


— Então, tchau.


- Nada como um discurso honesto – ironizou Regulus.


— Até outro dia — disse Harry enfiando um pé nas chamas que, aos seus sentidos, pareceram um hálito morno.


- Elas são bem agradáveis – concordou Hermione.


Naquele momento, porém, um horrível ruído de alguém se engasgando ocorreu às costas dele


- Será que seu tio fez alguma coisa? – perguntou Hermione preocupada.


- Acho mais fácil ter sido o papai – falou Ginny.


- Ou os gêmeos – disse Remus.


e tia Petunia começou a gritar.


- Lá vem ela de novo.


Harry se virou. Duda não estava mais escondido atrás dos pais.


- Arranjou coragem, foi?


Estava ajoelhado ao lado da mesinha de centro, e tossia e cuspia uma coisa de uns trinta centímetros, roxa e viscosa que saía de sua boca.


Fred e George sorriram satisfeitos. Tinham ido embora antes que pudessem ver os efeitos dos seus produtos em Duda, então era bom poder saber como fora, depois de tantos anos.


- Vocês... – falou Alice horrorizada para os gêmeos, enquanto os Marotos, Regulus e Lene sorriam abertamente.


Passado um segundo de aturdimento, Harry se deu conta de que aquela coisa de trinta centímetros era a língua de Duda


- Meu Deus! – disse Lissy, tendo uma crise de riso, assim como os irmãos.


– e que havia um papel de caramelo, vivamente colorido, caído no chão ao lado dele.


- Aposto que eu sei quem deixou cair... – comentou Hermione, olhando de modo feio para os gêmeos.


- Foi muito boa essa – falaram os Marotos.


Os gêmeos sorriram orgulhosos.


Tia Petunia atirou-se ao chão ao lado do filho, agarrou a ponta da língua inchada e tentou arrancá-la da boca do garoto;


- É o quê? – perguntou James, no meio da crises de riso dele. Lily o olhou de modo engraçado, enquanto ela mesma tentava conter a risada.


como era de se esperar,


- Para todos menos Petunia, obviamente – comentou Frank.


Duda berrou e cuspiu pior do que antes, tentando resistir à mãe. Tio Válter urrava e agitava os braços, e o Sr. Weasley precisou gritar para ser ouvido.


- Nem imagino o papai gritando – Ginny estremeceu.


- Nem queira – comentou Ron estremecendo. Nem sempre o pai encarara bem as aventuras dele com Harry.


— Não se preocupem, posso dar um jeito nisso! — gritou ele, avançando para Duda com a varinha estendida,


- Não acho que isso irá ajudar – observou Josh.


mas tia Petunia berrou mais do que antes e se atirou em cima de Duda, protegendo-o do Sr. Weasley.


- Petunia só faz merda – disse Lily, revirando os olhos. A irmã sempre fora assim.


— Não, estou falando sério! — disse o Sr. Weasley, desesperado.


- Relaxe, que é só Duda, se algo der errado... – Harry deu de ombros.


— É um processo simples, foi o caramelo, meu filho... Gosta de pregar peças,


- Poxa, nem falou de mim – disse George, desapontado. Trabalhara tanto para ganhar a fama que tinha.


mas é apenas umFeitiço de Ingurgitamento, pelo menos, acho que é,


- Não está colocando muita confiança – disse Ron.


por favor, posso consertar tudo...


- Não acho que isso tudo será consertado – falou Hermione.


Mas longe de se tranquilizar, os Dursley foram tomados de um pânico ainda maior;


- Eles são loucos ou o quê?


- Você acertou de primeira mesmo, Frank.


tia Petunia, soluçando histericamente, puxava a língua de Duda como se estivesse decidida a arrancá-la,


- Essa mulher não desistiu ainda? – reclamou Ron.


o garoto parecia estar sufocando sob a pressão da língua e da mãe somadas


- Cara, eu queria ter ficado para ver isso – comentou Ron.


e tio Válter, que se descontrolara completamente,


- Não que isso seja difícil.


agarrou uma estatueta de porcelana de cima do bufê e atirou-a contra o Sr. Weasley, que se abaixou, deixando o enfeite se espatifar na lareira escancarada.


- Bem feito.


— Ora francamente! — exclamou o Sr. Weasley, zangado, brandindo a varinha.


- Conseguiram deixar papai zangado? – disse Ginny – Então foi ruim mesmo.


— Estou tentando ajudar!


- Não acho que eles sejam capazes de entender isso – falou Hermione.


Urrando feito um hipopótamo ferido, tio Válter agarrou outro enfeite.


- Eu disse.


— Harry, vá! Vá logo! — gritou o Sr. Weasley, a varinha apontada para tio Válter. — Eu resolvo isso!


- Não teria tanta certeza – disse Remus, inseguro.


Harry não queria perder o espetáculo,


- Eu também queria ter visto – disse Ginny.


mas o segundo enfeite atirado pelo tio errou por pouco a sua orelha esquerda e, pensando bem, ele achou preferível deixar o Sr. Weasley resolver a situação.


Hermione acenou. Uma vez que seu amigo tomara uma decisão inteligente.


Entrou nas chamas, espiando por cima do ombro e disse "A Toca!";


- Lar, doce lar.


seu último vislumbre da sala de estar foi o Sr. Weasley arrancando com a varinha um terceiro enfeite da mão do tio,


- Só por curiosidade, quantos enfeites tem na casa?


- Muitos.


tia Petunia gritando agachada por cima de Duda


- Ela não pensa?


e a língua do primo pendurada para fora como uma grande e viscosa jiboia.


- Nojento – disse Alice.


Mas no momento seguinte, Harry começou a rodopiar em grande velocidade e a sala de estar dos Dursley desapareceu de vista numa erupção de chamas verde-esmeralda.


- Finalmente você saiu daí. Embora, as coisas estivessem ficando divertidas...


- Devia ter ficado mais um pouco – concordou Harry.

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