As Gemialidades Weasley



Capítulo Cinco - As Gemialidades Weasley




Harry rodopiou cada vez mais veloz,


- Harry gosta de viver perigosamente - disse Fred.


- Nem foi tão rápido assim - disse Rony encarando Harry. Ele somente deu de ombros.


apertando os cotovelos junto ao corpo, lareiras difusas passaram como relâmpagos por ele,


- Essa parte é um saco - concordou Frank.


- É a minha preferida - disse Alice. Ela ficava tentando imaginar de quem era cada lareira e como essas pessoas viviam.


até que começou a se sentir nauseado e fechou os olhos.


- Você deve ter se sentindo bem pior - murmurou Lily.


- Na verdade, não - disse Harry.


Lily o olhou como se ele fosse de uma espécie estranha.


Depois, ao sentir finalmente que estava desacelerando, esticou as mãos para frente


- Bom instinto - observou Frank.


e fez força para parar em tempo de evitar cair de cara na lareira da cozinha da casa dos Weasley.


- Teria sido engraçado - disse Lissy desapontada.


— Ele comeu? — perguntou Fred excitado, estendendo a mão para ajudar Harry a se levantar.


- Um verdadeiro cavalheiro - disse Gina.


— Comeu — disse Harry se endireitando. — O que era?


- Uma boa pergunta - disse Sirius ansioso.


— Caramelo Incha-Língua — informou-lhe Fred, animado. — Foi Jorge e eu que inventamos, passamos o verão todo procurando alguém para experimentar…


- Não podiam ter achado uma vítima melhor - disse Neville.


- Talvez Malfoy - resmungou Harry.


Hermione revirou os olhos. Já bastava o sexto ano.


A pequena cozinha explodiu de risadas;


- Viu? Sou hilário - disse Fred.


- Tadinho, tão iludido - disse Gina.


Harry olhou para os lados e viu que Rony e Jorge estavam sentados à mesa da cozinha com dois rapazes ruivos


- Os ruivos ainda vão dominar o planeta - disse Lily conspiratória.


que ele nunca vira antes,


- Pessoas novas! - falou Lene empolgada. Adorava conhecer gente nova, sempre sentia-se renovada com isso.


embora soubesse na hora quem deviam ser:


- Harry, você devia fazer adivinhação.


- Não, obrigado, já tive o suficiente com Trelawney.


Bill e Charlie, os dois irmãos Weasley mais velhos.


Gina sorriu com afeição. Nunca diria isso, mas Bill era seu irmão preferido, antes até do que os gêmeos. Carlinhos era feito um super herói, protetor e descolado ao mesmo tempo.


— Como vai, Harry? — disse o que estava mais próximo, sorrindo para ele e estendendo a mão enorme, que Harry apertou sentindo calos e bolhas sob os dedos.


- No que ele trabalha? - perguntou Frank curioso. Tinha que ser algo mais físico.


Tinha que ser Charlie, que trabalhava com dragões na Romênia.


- Faz sentido - falou Frank.


O rapaz tinha o mesmo físico dos gêmeos,


- Então ele é super sexy - falou Fred, numa voz afetada.


- Definitivamente a parte bonita da família - concordou Jorge.


mais baixo e mais forte do que Percy e Rony,


Rony corou enquanto os irmãos tiravam onda dele.


- Sempre disse a Rony que ele precisava fazer mais exercício físico - murmurou Gina, bem humorada.


que eram compridos e magros.


- Os elogios nunca param, não é, Harry? - murmurou Rony.


- Bem, são elogios - defendeu Harry.


Seu rosto era largo e bem-humorado, castigado pelo sol e tão sardento que quase parecia bronzeado;


- Bem que Charlie queria que ele estivesse nesse nível - murmurou Gina.


os braços eram musculosos e em um deles havia uma grande e reluzente queimadura.


- Nem sempre trabalhar com dragões é seguro - disse Rony.


Bill se levantou, sorrindo, e também apertou a mão de Harry.


- É, eles são a parte educada da família - disse Gina.


- E vocês? - questionou Lene.


- Nem tanto.


O rapaz foi uma surpresa. Harry sabia que ele trabalhava para o banco dos bruxos, o Gringotes,


- Bem que ele podia ter ajudado quando... - Harry murmurou.


- Shh! - disse Hermione irritada.


- Quando o quê? - perguntou Lily.


- Nada - Rony falou apressadamente.


Lily os olhou desconfiada, mas não insistiu.


e que fora monitor-chefe em Hogwarts, e sempre imaginara que Bill fosse uma versão mais velha de Percy;


Os Weasley tiveram crises de risos. Como alguém podia imaginar isso?


- O que foi? - perguntou Regulus.


- É que não tem duas pessoas mais diferentes - murmurou Gina - Quer dizer, talvez tirando os gêmeos.


preocupado com as infrações dos regulamentos e chegado a mandar em todo mundo.


- Eu tenho que te contar mais sobre Bill - concluiu Rony, balançando a cabeça.


- Isso seria interessante - falou Harry, curioso. Só agora se dava conta de quão pouco conhecia dos Weasley mais velhos.


No entanto, Bill era — não havia outra palavra — descolado.


- Harry! - murmurou Gina rindo.


Harry corou.


- É a verdade.


Alto, os cabelos compridos presos em um rabo-de-cavalo.


- Mamãe vive brigando com ele por causa do tamanho do cabelo dele - disse Fred.


- Mas o cabelo dele é legal - protestou Gina defensivamente.


- Diga isso a mamãe - murmurou Rony.


Usava um brinco de argola com um berloque pendurado que parecia um dente canino.


- É um dente canino - murmurou Gina contente e contou a história por trás do brinco. Tinha sido um presente especial.


Suas roupas não estariam deslocadas em um concerto de rock,


- Já gostei dele - murmuro Sirius com interesse. Regulus revirou os olhos. Seu irmão era tão previsível.


exceto pelo detalhe de que as botas não eram feitas de couro de boi, mas de couro de dragão.


- Melhor ainda - murmurou Gina, admirada.


Rony revirou os olhos. Gina sempre idolatrara Bill.


Antes que alguém pudesse dizer alguma coisa, ouviu-se um leve estalo e o Sr. Weasley apareceu de repente junto ao ombro de Jorge. Parecia mais zangado do que Harry jamais o vira.


- O seu pai zangado é assustador - disse Harry.


- É raro ele ficar assim, mas quando ele fica... - disse Rony.


Sirius encolheu, lembrando-se do seu próprio quando estava irritado. Orion Black não era um homem decente.


— Não teve graça alguma, Fred!


- Na verdade, teve muita - disse Remus.


— gritou ele. — Que diabo foi que você deu àquele garoto trouxa?


- Ele não deu nada - falou Sirius, sorrindo.


— Eu não dei nada a ele — disse Fred, com outro sorriso malvado.


Fred e Sirius sorriram um para o outro.


— Só deixei cair um caramelo…


- Por um puro acidente - lembrou James, sorrindo.


Foi culpa dele se o apanhou e comeu, não o mandei fazer isso.


- Ele não precisa que ninguém o mande comer. É a única coisa que ele sabe fazer sozinho - disse Harry.


— Você deixou cair de propósito! — berrou o Sr. Weasley. — Sabia que ele ia comer, sabia que ele estava fazendo regime…


- Não faria diferença se ele não estivesse - murmurou Harry.


— De que tamanho ficou a língua dele? — perguntou Jorge, ansioso.


- Claro, queria saber se o meu produto funcionou bem e também como aquele idiota sofreu - disse Jorge, com um sorriso macabro.


— Já estava com mais de um metro quando os pais me deixaram encolhê-la!


- Quem manda fazer escândalo e não deixar o problema ser resolvido logo? - murmurou Hermione.


Harry e os Weasley caíram na gargalhada outra vez.


Lily sorriu, feliz que o seu filho estivesse feliz também.


— Não tem graça! — gritou o Sr. Weasley. — Esse tipo de comportamento desestabiliza seriamente as relações bruxos-trouxas!


- Papai agora ficou sensível, interferir no trabalho dele é complicado - disse Gina.


Passo metade da vida fazendo campanha contra os maus-tratos aos trouxas e os meus próprios filhos…


- Resolvem que a justiça também se aplica a trouxas - disse Fred, sério.


— Não demos o caramelo a ele porque é trouxa! — disse Fred.


- Jamais faríamos isso - disse Jorge, sério.


Qualquer um sabe disso, pensou Regulus revirando os olhos.


— Não, demos porque ele é um filho-da-mãe implicante — disse Jorge. — Não é verdade, Harry?


- Na verdade, isso é só o começo.


— É, sim, Sr. Weasley — confirmou Harry com sinceridade.


- Entre ajudar os gêmeos e proteger Duda foi uma escolha difícil - ironizou Harry.


— Isto não vem ao caso! — vociferou o Sr. Weasley. — Espere até eu contar à sua mãe…


- Tenho a sensação que Molly não iria aceitar isso bem - disse Lily.


- Não mesmo - disse Fred.


— Contar o quê? — perguntou uma voz às costas dele.


A Sra. Weasley acabara de entrar na cozinha. Era uma mulher baixa e gorducha, de rosto bondoso,


- Mamãe é uma fofa - disse Gina, com carinho.


embora, no momento, seus olhos estivessem apertados numa expressão de desconfiança.


- É igual a que mãe faz - disse Harry.


Lily sorriu, feliz demais com o fato de ter sido chamada de mãe tão naturalmente para Harry para se importar com qualquer outra coisa.


— Ah, olá, Harry querido — disse ela, sorrindo, ao vê-lo. Então seus olhos se voltaram para o marido. — Contar o quê, Arthur?


- Nada? - sugeriu Dorcas.


O Sr. Weasley hesitou. Harry percebeu que, por mais zangado que estivesse com Fred e Jorge, ele não pretendera realmente contar a Sra. Weasley o que tinha acontecido.


- Papai é uma alma boa - disse Fred.


Fez-se silêncio, enquanto o Sr. Weasley encarava a esposa, nervoso.


- Ele devia ter inventado alguma outra coisa para dizer - disse Jorge.


Então duas meninas apareceram à porta da cozinha atrás da Sra. Weasley.


- Duas? - murmurou Dorcas confusa - Mas só mora Gina, não?


- Sim, mas...


Uma, de cabelos castanhos muito fofos e os dentes da frente um tanto grandes, era a amiga de Harry e Rony, Hermione Granger.


- Ah, faz sentido - disse Dorcas.


- Obrigada pela descrição, Harry - ironizou Hermione.


- Desculpe.


A outra, pequena e ruiva,


- Sempre um perigo para os Potters essa cor - disse James, com um sorriso brincalhão.


era a irmã mais nova de Rony, Gina. As duas sorriram para Harry, que retribuiu o sorriso, fazendo Gina ficar escarlate


- Esse é o meu afilhado, quebrando corações desde pequeno.


Gina corou novamente. Como ela tinha sido estúpida!


- Você era fofinha - assegurou Harry.


— tinha um xodó por Harry desde a primeira visita dele à Toca.


- E o fato de você ter salvo minha vida no primeiro ano não ajudou em nada - murmurou Gina.


- Okay, vou lembrar disso da próximo vez - disse Harry.


Gina bateu nele levemente.


— Contar o quê, Arthur? — repetiu a Sra. Weasley, num tom de voz perigoso.


- Mamãe já estava irritada com a gente - murmurou Fred.


- Mas conseguimos superar isso - disse Jorge.


- Ainda bem.


— Não é nada, Molly — resmungou o marido. — Fred e Jorge… Mas eu já tive uma conversa com eles…


- É, não precisa falar mais nada - disse James e Lily lançou um olhar assassino para ele.


- Se é assim que você acha que as coisas irão funcionar, é melhor desistir dessa ilusão rapidamente - disse ela.


— Que foi que eles fizeram desta vez? — perguntou a Sra. Weasley. — Se foi alguma coisa relacionada com as "Gemialidades" Weasley…


- O que é isso?


- Já vamos explicar - disse Hermione.


— Por que você não mostra ao Harry aonde ele vai dormir, Rony? — sugeriu Hermione da porta.


Lily sorriu para ela. Adorava Hermione nessas horas.


— Ele já sabe aonde vai dormir — respondeu Rony. — No meu quarto, foi lá que dormiu da última…


Por outro lado, Rony não tinha tato nenhum, concluiu Lily. Era irritante.


— Então todos podemos ir — disse Hermione, sublinhando as palavras.


- Homens são muito devagar - comentou Alice.


— Ah — fez Rony, entendendo. — Certo.


— É, nós também vamos — disse Jorge.


- Nem todos aparentemente.


— Vocês ficam onde estão!— vociferou a Sra. Weasley.


Harry e Rony saíram de fininho da cozinha e seguiram com as meninas pelo corredor estreito, subiram a escada desconjuntada e saíram ziguezagueando pela casa até os últimos andares.


- Foi bom finalmente chegar em casa - disse Harry, causando sorrisos de todos os Weasley.


— Que são "Gemialidades" Weasley? — perguntou Harry quando subiam.


Rony e Gina riram, embora Hermione continuasse séria.


- Você tem que relaxar mais - observou Lissy.


Hermione olhou com irritação para ela.


— Mamãe encontrou uma pilha de formulários de pedidos quando estava limpando o quarto de Fred e Jorge


- É algo organizado, então - disse Alex.


— disse Rony em voz baixa.


- Mais bom senso do que eu esperava de você - disse Fred.


- Nem venha me falar de bom senso - resmungou Rony - Não você.


— Listas enormes de preços de coisas que eles inventaram. Artigos para logros e brincadeiras, sabe. Varinhas de imitação, doces-surpresa, um monte de coisas.


- Vocês são geniais nisso - disse Harry, honestamente.


- Nós queremos ver depois os produtos - anunciou Sirius trocando um olhar com James e Remus.


- Não vai dar para mostrar, mas podemos falar deles - disse Fred com um sorriso enorme.


— Genial. Eu não sabia que eles estavam inventando tanta coisa…


- Não se preocupe, você ainda irá ver tudo o que inventamos - garantiu Jorge com um sorriso maléfico.


Harry recou instintivamente.


— Há muito tempo que ouvíamos explosões no quarto deles, mas nunca pensamos que estavam fabricando coisas — explicou Gina —, achamos que era só vontade de fazer barulho.


- Não somos crianças rebeldes que precisam de atenção - resmungou Fred.


- Desculpe - pediu Gina.


— Só que, a maior parte das coisas, bom, na realidade, tudo… Era meio perigoso


- Não é perigoso se você sabe usar - contradisse Jorge.


— disse Rony — e, sabe, eles estavam planejando vender os artigos em Hogwarts para ganhar dinheiro,


- Era o único jeito - murmurou Fred, envergonhado.


- Mas isso é muito perigoso! - falou Lily - Vocês não tem como prever exatamente quais vão ser os efeitos do que fizeram!


- Alguém podia passar mal - concordou Lissy.


e mamãe ficou uma fera.


- Eu concordo com Molly - defendeu Lily.


Disse que eles estavam proibidos de fabricar aquelas coisas e queimou todos os formulários…


- Talvez eu não fizesse isso - disse Lily.


- Faria sim - sussurrou James para Harry.


Já estava furiosa mesmo porque eles não conseguiram tantos N.O.M‘s quanto ela esperava.


- Vocês não estudaram - apontou Gina.


- É, sabemos - disseram os gêmeos juntos.


Os N.O.M‘s eram Níveis Ordinários de Magia, os exames que os alunos de Hogwarts faziam aos quinze anos.


- Inferno, isso que são - murmurou Josh.


Alex revirou os olhos.


— Depois houve uma briga danada — disse Gina —, porque mamãe queria que eles entrassem para o Ministério da Magia como papai,


- Não, obrigado.


e os dois responderam que o que eles querem é abrir uma loja de logros e brincadeiras.


- É um bom plano - falou James.


Lily revirou os olhos. Era fácil para ele falar quando ele rico e se algo desse errado, tudo que aconteceria seria brigas de Charlus¹.


Nessa hora, uma porta se abriu no segundo patamar e um rosto com óculos de aros de tartaruga e expressão mal-humorada espiou pra fora.


- Parece alguém agradável - murmurou Neville.


— Oi, Percy — cumprimentou Harry.


— Ah, olá, Harry. Eu estava imaginando quem é que estava fazendo essa barulheira.


- Você está dizendo que a culpa é minha? - perguntou Harry divertido.


- Jamais - respondeu Jorge.


Estou tentando trabalhar aqui dentro, sabe, tenho um relatório do escritório para terminar, e é difícil me concentrar se as pessoas não param de subir e descer fazendo as escadas reboarem.


- Faz um feitiço silenciador - sugeriu Lene.


- Mas ele é de menor - lembrou Dorcas.


- Então pede para o Arthur ou Molly fazerem - resmungou Lene.


— Não estamos fazendo as escadas reboarem — retrucou Rony irritado. — Estamos andando.


- Mas isso produz barulho - falou Hermione pensativa.


Rony lançou um olhar mortal a ela.


Desculpe se perturbamos o trabalho secreto do Ministério da Magia.


- Não, acho que todos sabem que eles não fazem nada mesmo - disse Fred, pensativo.


— No que é que você está trabalhando? — perguntou Harry.


- Não pergunte isso - gemeu Gina.


— Sei, sei, tudo bem — interrompeu-o Rony e recomeçou a subir as escadas.


- Nunca achei que fosse dizer isso, mas decisão inteligente, Rony - parabenizou Gina.


Rony revirou os olhos para ela.


Percy bateu a porta do quarto. Quando Harry, Hermione e Gina iam começar a acompanhar Rony na subida de mais três lances de escada, ouviram os ecos dos gritos na cozinha.


- Vocês não tem ideia de como foi - murmurou Jorge.


- Mamãe ficou um pouco irritada - concordou Fred.


Pelo jeito o Sr. Weasley contara a Sra. Weasley sobre os caramelos.


- Só perdoo porque ele não teve escolha - falou Jorge.


O quarto em que Rony dormia, no último andar da casa, conservava a mesma aparência da última vez que Harry viera passar dias com o amigo;


- É para acompanhar o crescimento mental dele - provocou Fred.


- EI! - Rony resmungou.


os mesmos pôsteres do time favorito de Quadribol de Rony, os Chudley Cannons,


- Mas eles são péssimos - exclamou Josh.


Rony começou a discutir com o menino, até que Alex interrompeu.


em que os jogadores acenavam das paredes e do teto inclinado, o aquário no peitoril da janela que anteriormente abrigara ovas de rã agora continha um enorme sapo.


- Nojento - resmungou Dorcas.


Alice a olhou irritada. Okay, sapo não era o seu animal preferido, mas, mesmo assim, era um animal.


O velho rato de Rony, Perebas, não morava mais ali, em seu lugar havia a coruja minúscula que entregara a carta de Rony na Rua dos Alfeneiros.


- Ele é muito fofo - disse Hermione.


Saltitava numa gaiolinha, piando feito louca.


- Feito louca nada, ele é louco - disse Rony.


— Cala a boca, Píchi — disse Rony, manobrando para passar entre duas das quatro camas que haviam sido espremidas no quarto.


- Nada como união, não? - brincou Rony.


— Fred e Jorge estão aqui conosco,


- Só cuidado para eles não destruírem o quarto - disse Gina.


- Não podemos... - falou Jorge.


-... Prometer nada - falou Fred.


porque Bill e Carlinhos ficaram com o quarto dos dois


- Só porque são mais velhos - Jorge fingiu estar magoado.


— disse Rony a Harry. — Percy conseguiu ficar com o quarto só para ele porque tem que trabalhar.


- E também porque ninguém ia aguentar dividir o quarto com ele - acrescentou Gina.


— Hum… Por que é que você chama essa coruja de Píchi? — perguntou Harry a Rony.


- Por que não?


— Porque Rony está sendo idiota — disse Gina. — O nome todo é Pichitinho.


- Ah, fez todo o sentido agora - disse Sirius sarcástico.


— É, e isso não é um nome nem um pouco idiota — comentou Rony sarcasticamente.


- É um mais ou menos - falou Alice.


— Foi Gina que o batizou — explicou a Harry.


- Acho que isso ele já percebeu.


— Ela acha que é um nome bonitinho. Tentei mudar, mas já era tarde demais, ele não responde a nenhum outro.


- Por issso que você tem que ter muito cuidado ao escolher um nome.


Então ficou Píchi. Tenho que trancar ele aqui porque vive chateando o Errol e o Hermes. Pensando bem, chateia a mim também.


- Ele não é tão ruim assim! Você que é chato - protestou Gina.


Pichitinho voava alegremente pela gaiola, piando em tom agudo.


- Viu como ela é irritante?


- Não é culpa dela se a voz dela é aguda - resmungou Gina.


Harry conhecia Rony muito bem para levá-lo a sério.


- Essa doeu - disse Rony.


- Eu estava falando sério - disse Harry.


- Porque você fala sério e eu não - ironizou Rony.


Harry revirou os olhos.


Tinha reclamado o tempo todo do seu velho rato Perebas, mas ficara aborrecidíssimo quando pareceu que o gato de Hermione, Bichento, o comera.


- Desculpe se eu tenho um coração - resmungou Rony.


- Se bem que Peter não merece - resmungou Harry.


- Harry James Potter, ninguém merece ser comido. Nem mesmo Peter - ralhou Lily.


- Desculpe mãe - Harry murmurou sem emoção.


— Por onde anda o Bichento? — perguntou Harry a Hermione nessa hora.


— No jardim, espero. Ele gosta de caçar gnomos, nunca tinha visto nenhum.


Alice sorriu com afeição. Isso era a cara de Bichento.


— Então o Percy está gostando do trabalho? — perguntou Harry se sentando em uma das camas e se pondo a observar os Chudley Cannons entrando e saindo velozes dos pôsteres no teto.


- É muito legal isso - disse Hermione - Queria que existisse um desses no mundo trouxa também.


— Gostando? — disse Rony misterioso. — Acho que nem voltaria para casa se papai não obrigasse.


- Você está certo - falou Fred, com uma careta. Seu irmão podia ser muito estranho.


Está obcecado.


- É sempre assim com o primeiro amor - brincou Jorge.


Nem puxe conversa sobre o chefe dele.


- É sério, nunca - falou Gina.


- Ele não pode ser tão ruim assim - protestou Frank.


- Só espere - resmungou Rony.


O Sr. Crouch diz… Como eu ia dizendo ao Sr. Crouch… O Sr. Crouch é de opinião… O Sr. Crouch esteve me dizendo…


- Parece até o Harry tentando adivinhar o que Malfoy estava aprontando - murmurou Hermione.


- Não era assim!- protestou Harry - E ninguém acreditava em mim.


Hermione revirou os olhos.


- Eu até ficava com medo de Harry não gostar de mim por causa de Malfoy - brincou Gina.


- De todas as pessoas Malfoy? Nojento! - falou Harry enjoado.


Qualquer dia desses vão anunciar o noivado dos dois.


- Com certeza será um casamento lindo... - concordou Jorge.


-...Todo organizado pelo Percy com os gostos do Sr. Crouch - disse Fred.


- Eu acho legal que ele esteja empolgado no novo trabalho, admirando o chefe - defendeu Remus.


- Isso é só porque você não falou com Percy - disse Gina.


— Como foi o seu verão, Harry, bom? — perguntou Hermione.


- Uma merda.


— Recebeu os pacotes de comida que mandamos e tudo o mais?


Lily sorriu com carinho. Ainda estava muito tocada com o gesto de Rony e Hermione.


— Recebi, muito obrigado. Salvaram minha vida, aqueles bolos.


Hermione resmungou, com raiva demais dos Dursley parar pensar claramente.


— E você teve notícias de…? — Rony começou, mas a um olhar de Hermione calou a boca. Harry sabia que Rony ia perguntar por Sirius.


- Muito obrigado pelo seu interesse em mim - brincou Sirius.


- Não pude evitar, sabe?


Rony e Hermione tinham participado tão intensamente da fuga de Sirius do Ministério da Magia


- Muito obrigado por isso, agora é sério.


- Nada - disseram Rony e Hermione juntos.


- Casal - resmungou Gina para Harry.


que estavam quase tão preocupados com o padrinho de Harry quanto o garoto.


- É, acho que não tem como ninguém ficar tão preocupado quanto você, Harry - disse Rony.


Porém, falar dele na frente de Gina não era uma boa idéia.


Não acredito que Weasley iria ser estúpido a esse ponto, pensou Regulus. Por que não dizer logo para o Ministério o que eles tinham feito e condenar o irmão dele?


Ninguém a não ser eles e o Professor Dumbledore sabiam como o padrinho de Harry havia fugido ou acreditavam em sua inocência.


Marlene deu um aperto forte na mão de Sirius.


- Um bando de idiotas - declarou.


Sirius sorriu para ela.


— Acho que eles pararam de discutir — disse Hermione, para disfarçar o momento de constrangimento, porque Gina olhava com curiosidade de Rony para Harry.


- Claro que eu estava curiosa, vocês param de falar sobre algo só porque eu estava lá - disse Gina.


— Vamos descer e ajudar sua mãe com o jantar?


— Tudo bem — disse Rony. Os quatro tornaram a descer e encontraram a Sra. Weasley sozinha na cozinha, parecendo extremamente mal-humorada.


- Péssima ideia.


— Vamos comer no jardim — disse ela quando os garotos entraram. — Não há lugar para onze pessoas aqui dentro.


- Mas dava para ampliar com mágica - falou Lily.


Harry deu de ombros.


Podem levar os pratos para fora, meninas? Bill e Carlinhos estão armando as mesas. Facas e garfos, por favor, vocês dois — disse ela a Rony e Harry, e apontou a varinha com um pouco mais de força do que pretendera para um monte de batatas na pia, que saíram da casca demasiado depressa e acabaram ricocheteando nas paredes e nos tetos.


- Eu acho uma ótima ideia ir para algum lugar longe - falou Remus.


— Ah, pelo amor de Deus! —, exclamou ela, agora apontando a varinha para uma pá, que saltou de lado e começou a patinar pelo piso, recolhendo as batatas.


- Nada como mágica para limpar as coisas - disse Hermione satisfeita.


— Aqueles dois! —, explodiu ela furiosa, agora tirando tachos e panelas de um armário, e Harry entendeu que ela estava se referindo a Fred e Jorge.


- É sempre bom saber que nossa mãe fala tão bem da gente - disseram os gêmeos.


- Vocês provocaram! - disse Lily.


- Só estávamos fazendo o que amamos - retrucou Jorge.


— Não sei o que vai ser deles, realmente não sei. Não têm ambição, a não ser que se leve em conta toda confusão que são capazes de aprontar…


- Você devia levar em conta - observou Remus.


- É, nós conseguimos nos virar bem - disse Fred.


Ela bateu com uma grande caçarola de cobre na mesa da cozinha e começou a agitar a mão para os lados. Um molho cremoso foi escorrendo da ponta da varinha à medida que ela mexia.


- Deve ter sido uma cena engraçada - comentou Lissy.


- Seria se não fosse assustadora - disse Rony.


— Não é que não tenham inteligência


- Obrigado, eu acho - falou Jorge.


— continuou ela irritada, levando a caçarola para o fogão e acendendo-o com um toque da varinha —, mas estão desperdiçando a que têm


- Não estamos desperdiçando nada - protestou Jorge. Esse era o problema: Molly não conseguia ver que o que era desperdício na visão deles era viver uma vida burocrática.


e, a não ser que tomem jeito depressa, vão se meter em apuros.


Fred sorriu tristemente. Era doce a preocupação da mãe, mas totalmente irritante.


Já recebi mais corujas de Hogwarts a respeito dos dois do que de todos os outros juntos.


- Não é nossa culpa se os outros são quietos demais - falou Fred, brincalhão.


Se continuarem assim, vão terminar tendo que comparecer a Seção de Controle do Uso Indevido da Magia.


- Papai iria ficar irritado - comentou Jorge.


A Sra. Weasley apontou a varinha para a gaveta de talheres, que se abriu com violência. Harry e Rony saltaram para o lado ao ver várias facas saírem voando,


- Boa ideia - comentou Regulus secamente. Ele até entendia que a Sra. Weasley estivesse irritada, mas assim ela iria acabar machucando Harry.


atravessarem a cozinha e começarem a cortar as batatas que tinham acabado de ser devolvidas à pia pela pá.


- Até que é bom para relaxar - comentou Lene - Você desconta a raiva e consegue fazer comida ao mesmo tempo.


— Não sei onde foi que erramos com os gêmeos


Fred e Jorge se entreolharam, surpresos com essa frase da mãe. Sabiam que a tinham irritado profundamente nesse dia, mas ainda doía ouvir algo assim da própria mãe.


- Não tem nada de errado... - começou Fred, baixinho.


-...conosco - completou Jorge, sorrindo levemente.


— disse a Sra. Weasley descansando a varinha e recomeçando a tirar mais caçarolas do armário. — Tem sido sempre assim há anos, uma coisa atrás da outra,


- Qual a graça de descansar?


e eles não dão ouvidos…


- Nós ouvimos, só que selecionamos as informações, duh - comentou Jorge.


AH, OUTRA VEZ, NÃO!


Ela apanhara a varinha da mesa, e a coisa emitira um guincho alto e se transformara em um enorme camundongo de borracha.


- Eu lembro desses! - comentou Fred, os olhos brilhando.


- Evoluímos muito - falou Jorge, orgulhoso.


- Precisamos conversar sobre isso depois - comentou James, ansioso.


Lily resmungou.


— Mais uma varinha falsa fabricada por eles! — gritou ela. — Quantas vezes já disse aos dois para não deixarem essas coisas largadas por aí?


- Elas não estão largadas por aí...


-... Só colocadas em lugares estrategicamente aleatórios... - disse Jorge.


- Não sei se isso está certo - comentou Gina, confusa.


Ela agarrou a própria varinha, e quando se virou descobriu que o molho no fogão estava soltando fumaça.


Hermione olhou para o livro com pena. Era horrível que a Sra. Weasley tivesse que se preocupar com a alimentação de todos enquanto estava tão irritada assim.


— Vamos — disse Rony depressa a Harry,


- Finalmente está aprendendo a sobreviver - comentou Gina.


enfiando a mão na gaveta e tirando uma mão cheia de talheres —, vamos ajudar o Bill e o Carlinhos.


- Nunca fiquei tão feliz em ver eles - comentou Rony.


Eles deixaram a Sra. Weasley e saíram pela porta dos fundos em direção ao quintal.


- Quase ninjas.


Tinham dado apenas alguns passos quando o gato de Hermione, de pêlo amarelo e pernas arqueadas, saiu saltando do jardim, o rabo de escova de limpar garrafas esticado no ar, caçando alguma coisa que parecia uma batata com pernas, suja de terra.


- É melhor testar logo para ver se não é um animago - comentou Sirius divertido. Depois de tanto ler sobre o gato de Hermione, sentia como se o bicho fosse um velho amigo (mesmo sendo da sua raça rival).


Harry reconheceu-a instantaneamente, era um gnomo.


Lene olhou curiosa para os Weasley. Apesar dela ter nascido em uma família mágica, nunca tinha visto um gnomo na sua vida.


Mal chegava aos vinte e cinco centímetros de altura, os pezinhos cascudos batendo célere no chão ao atravessar o quintal e mergulhar de cabeça em uma das botas espalhadas à porta da casa. Harry ouviu o gnomo se acabar de rir quando Bichento enfiou a pata na bota, tentando alcançá-lo.


- Não acredito que seu gato vai ser superado por um gnomo - disse Sirius irritado. Não depois de tudo.


Entrementes, ouvia-se um estrépito de coisas que batiam do outro lado da casa.


Todos se viraram para os gêmeos.


- Não fizemos nada! - falaram ofendidos.


A origem do barulho surgiu quando eles entraram no jardim e viram Bill e Carlinhos,


- Tão vendo?


- Vocês continuam a serem minha primeira suspeita - comentou Frank.


- Fizemos um trabalho bem demais - comentou Jorge para Fred.


de varinhas em punho, fazendo duas mesas velhas voarem alto pelo gramado e colidirem, cada qual tentando derrubar a outra no chão.


James e Sirius sorriram, lembrando que fizeram exatamente a mesma coisa na casa de James.


Fred e Jorge aplaudiam;


- Tínhamos que apreciar o espetáculo dos nossos irmãos.


Gina ria e Hermione estava parada junto à sebe, pelo jeito dividida entre o riso e a aflição.


- Todos sabemos que você queria rir - disse Rony.


- Talvez - replicou Hermione.


A mesa de Bill bateu na de Carlinhos com estrondo e perdeu uma das pernas.


- As coisas estão ficando violentas - comentou Remus.


Eles ouviram um barulho no alto, todos ergueram os olhos e viram a cabeça de Percy aparecer à janela do segundo andar.


Todos os Weasley resmungaram juntos.


— Dá para vocês maneirarem? — berrou ele.


— Desculpe, Percy — disse Bill rindo. — Como é que vão os fundos dos caldeirões?


— Muito mal — disse Percy irritado e tornou a fechar a janela com uma pancada.


Enquanto os Marotos riam, Lily ficou com pena. O menino só queria trabalhar.


Snape revirou os olhos. Claro que os Marotos iam achar engraçado alguém atrapalhando a vida profissional do irmão. Retardados.


Rindo, Bill e Carlinhos devolveram as mesas em segurança ao chão,


- Deviam ter continuado - resmungou Gina.


juntaram-nas pelas extremidades e, então, com um golpe de varinha, Bill colou de volta a perna da mesa e conjurou toalhas do nada.


- Malfeito-feito - falou James. Os Marotos sorriram.


Às sete horas, as duas mesas rangiam sob o peso de travessas e mais travessas da excelente comida da Sra. Weasley,


- Mamãe cozinha muito bem - concordou Rony. Amava a comida de Hogwarts, mas ficava ansioso de poder voltar para casa para comer a comida da mãe.


e os nove Weasley, Harry e Hermione se sentaram para jantar sob um céu azul escuro e limpo. Para alguém que andara sobrevivendo com refeições de bolos cada vez mais secos o verão inteiro,


- Nem nos lembre disso - falou Alice irritada. Se ela tivesse uma oportunidade de falar com Dursley, eles não iriam saber nem o que os atingiu.


aquilo era o paraíso e, no primeiro momento, Harry escutou mais do que falou, se servindo de empadão de galinha e presunto, batatas cozidas e salada.


James deu um suspiro aliviado. Era bom saber que Harry finalmente estava comendo como um adolescente normal.


Na ponta da mesa, Percy contava ao pai todos os detalhes do seu relatório sobre os fundos dos caldeirões.


- Inclusive os detalhes que ninguém queria ouvir - disse Rony.


- Eu juro que ele levou uma hora para contar algo que podia ser dito em cinco minutos - disse Gina.


— Eu prometi ao Sr. Crouch que aprontaria o relatório até terça-feira — dizia Percy pomposo. — É um pouco mais cedo do que ele pediu, mas gosto de estar um passo à frente.


- Daqui a pouco, ele estará prometendo prazos que ele não pode cumprir - disse Lily preocupada.


- Não, Percy consegue fazer tudo a tempo porque ele não mais para fazer na vida - disse Fred.


- Bem, é o trabalho dele - apontou Frank.


Acho que ele ficará agradecido por eu ter terminado em menos tempo.


- Ou ele não irá nem notar.


Quero dizer, há muito trabalho em nosso departamento neste momento, com todas as providências para a Copa Mundial.


- Ele podia estar falando disso ao invés do caldeirão - resmungou James.


Não estamos recebendo a colaboração necessária do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.


- Eles devem estar tendo muito trabalho também - comentou Hermione.


Ludo Bagman…


— Eu gosto do Ludo — disse o Sr. Weasley em tom ameno. — Foi ele que nos arranjou aqueles excelentes lugares para a Copa.


Marlene balançou a cabeça. Percy já ia falando mal do homem que deu algo para ele. Não sabia os Weasley, mas a família dela consideraria isso uma grande falta de educação.


Fiz um favorzinho a ele: o irmão, Otto, se meteu em uma pequena confusão,


- É de família - murmurou Harry.


um cortador de grama com poderes fora do comum, eu acertei o problema.


Sirius deu um sorriso frio. Conhecia bem esse tipo de situação, embora normalmente os Black estivessem no lugar de Ludo, e era por isso que odiava política.


— Ah, Bagman é uma pessoa agradável,


- Não exatamente - resmungou Fred, lembrando de como Ludo enganara a ele e o irmão.


é claro — disse Percy fugindo à questão —, mas como conseguiu ser chefe do departamento…


- As pessoas gostam dele e ele entende do esporte - comentou Lissy, secamente.


Quando o comparo ao Sr. Crouch! Não posso imaginar o Sr. Crouch perdendo um funcionário do departamento sem tentar descartar Berta Jorkins que está desaparecida há mais de um mês?


Harry sentiu um calafrio ao perceber que Berta já estava morta nessa hora que Percy estava falando sobre ela, bem ao seu lado. Era uma coisa esquisita.


Saiu de férias para a Albânia e nunca mais voltou?


- É, mas ainda assim o Sr. Crouch não consegue nem lembrar o nome de todos os funcionários - disse Fred, segurando o riso.


— Verdade, indaguei ao Ludo sobre isso — respondeu o Sr. Weasley enrugando a testa. — Ele me disse que Berta já se perdeu uma porção de vezes antes,


- E o trabalho dela? - indagou Hermione. Quem cuidava de tudo quando ela se perdia?


embora eu deva dizer que se fosse alguém no meu departamento eu ficaria preocupado…


- Eu também - comentou Frank sobriamente ao pensar como Voldemort a tinha matado.


— Ah, a Berta não toma jeito, é verdade — falou Percy. — Ouvi dizer que ela é empurrada de departamento para departamento há anos, dá mais trabalho do que trabalha…


- É uma surpresa que ninguém tenha achado um motivo para demiti-lá - disse Hermione em tom reprovativo.


Mas, mesmo assim, Bagman devia estar tentando encontrá-la.


- Nisso eu concordo - comentou James.


- Mas já é tarde demais... - murmurou Lily.


- Mas eles não sabem disso ainda - disse James.


O Sr. Crouch tem demonstrado interesse pessoal,


- Daqui a pouco, ele começará a ter sentimentos - falou Gina, chocada.


sabe, ela chegou a trabalhar no nosso departamento


- Acho difícil achar um departamento que ela não tenha trabalhado, pelo que Percy falou - disse Rony.


e acho que o Sr. Crouch gostava bastante dela,


- Ok, o mundo já pode acabar - declarou Gina.


mas Bagman fica rindo e dizendo que ela provavelmente leu mal o mapa e em vez da Austrália acabou na Albânia.


- Mesmo assim, ainda seria bom que ele fosse ajudá-la - comentou Lily.


Contudo — Percy deixou escapar um imponente suspiro, e tomou um bom gole do vinho de flor de sabugueiro —, já temos muito com o que nos preocupar no Departamento de Cooperação Internacional em Magia sem ficar tentando achar funcionários de outros departamentos.


- Já que tem tanto trabalho assim, Percy deveria dormir no trabalho logo - falou Jorge, impaciente.


Como o senhor sabe, já temos outro grande evento para organizar logo depois da Copa.


- Excelente organização vocês fizeram - falou Harry friamente.


Rony e Hermione trocaram olhares preocupados. Pelo visto, o torneio ainda era um assunto delicado para Harry.


Ele pigarreou cheio de importância e olhou para a ponta da mesa em que Harry, Rony e Hermione estavam sentados.


- Bem discreto - ironizou Josh.


— O senhor sabe do que estou falando, papai.


- É claro que ele sabe - Neville falou.


— E alteou ligeiramente a voz. — O evento secreto.


Gina revirou os olhos.


Rony girou os olhos para o alto,


Gina e Rony se entreolharam, surpresos de terem tido a mesma reação.


e murmurou para Harry e Hermione:


— Ele está tentando fazer a gente perguntar que evento é esse desde que começou a trabalhar.


- Sabe, agora eu até gostaria de ter perguntado antes - disse Rony.


- Não acho que ele diria se vocês perguntassem - comentou Harry.


- Ele provavelmente faria um discurso de como era importante manter os segredos do trabalho - concordou Gina.


Provavelmente uma exposição de caldeirões com fundo grosso.


- Ops, errei feio.


- E o que era?


- Daqui a pouco vocês vão saber.


No centro da mesa, a Sra. Weasley discutia com Bill por causa do brinco, que aparentemente era uma aquisição recente.


- Mas combina com ele - protestou Gina.


—… Com um canino horroroso pendurado, francamente Bill, que é que eles dizem lá no banco?


- Nada.


— Mamãe, ninguém lá no banco liga a mínima para a roupa que eu uso desde que eu traga muito ouro para eles — disse Bill pacientemente.


- Bem, isso soa como um banco - concordou Alex.


- Deve ser bem legal pode vestir qualquer coisa no trabalho - comentou Josh.


— E seus cabelos estão sem corte, querido


- Não, só estão compridos - observou Gina.


— disse a Sra. Weasley passando os dedos, carinhosamente, pelos cabelos do filho. — Gostaria que você me deixasse aparar…


- Nem sempre a gente tem tudo que queremos? - disse Rony.


— Eu gosto deles assim — disse Gina, que estava sentada ao lado de Bill. — Você é tão antiquada, mamãe. Mesmo desse tamanho, eles não chegam nem perto do comprimento dos cabelos do Professor Dumbledore…


Os marotos riram.


- Boa, nora - comentou James divertido. Sabia que tinha um motivo para gostar de Gina.


Gina corou.


Ao lado da Sra. Weasley, Fred, Jorge e Carlinhos discutiam animadamente a Copa Mundial.


- Garotos - Hermione revirou os olhos.


- Ei! Muitas meninas gostam de Quadribol - protestou Lene.


— Vai ser da Irlanda — disse Carlinhos com a voz enrolada por causa das batatas que lhe enchiam a boca.


Alice fez uma careta.


— Eles acabaram com o Peru nas semifinais.


— Mas a Bulgária tem o Viktor Krum — comentou Fred.


- Quem é esse? - perguntou James.


- Um dos melhores apanhadores do mundo - disse Harry, olhando com cautela para Rony.


Regulus observou esse comportamento intrigado. O que Krum poderia tem a ver com Rony?


— O Krum é apenas um jogador decente, a Irlanda tem sete — cortou Carlinhos.


- O outro time está tão ruim assim? - James franziu a testa.


- A Bulgária é péssima - disse Neville.


Hermione olhou para o amigo, sentido-se traída ao vê-lo aderir o debate sobre Quadribol.


— Mas eu gostaria que a Inglaterra tivesse passado para as finais.


- Seria mágico a Inglaterra na final no próprio país - disse Sirius sonhador.


Regulus concordou.


Foi um vexame, ah, foi.


— Que aconteceu? — perguntou Harry pressuroso, lamentando mais do que nunca o seu alheamento do mundo mágico quando ficava atolado na Rua dos Alfeneiros.


Hermione revirou os olhos. Claro que não seria preocupante o que tinha acontecido com o resto do mundo, só com Quadribol.


Harry era apaixonado por Quadribol.


James deu um sorriso para o filho.


Jogava como apanhador no time da Grifinória desde o primeiro ano em Hogwarts


- O mais novo do século - lembrou Sirius com orgulho.


e era dono de uma Firebolt, uma das melhores vassouras de corrida do mundo.


- Graças a Sirius - disse Harry, sorrindo para o padrinho.


- Só fiz o meu dever - disse Sirius, feliz.


— Perdeu para a Transilvânia, por trezentos e noventa a dez — disse Carlinhos sombriamente. — Um desempenho sinistro. E Gales perdeu para Uganda, e a Escócia foi massacrada por Luxemburgo.


- As coisas realmente mudaram - comentou James. No tempo dele, a Escócia era uma das melhores.


O Sr. Weasley conjurou velas para clarear o jardim antes de comerem a sobremesa (sorvete de morangos feito em casa),


- Estavam deliciosos - comentou Harry desejoso.


e na altura em que o jantar terminou, as mariposas voavam baixo sobre a mesa e o ar morno estava perfumado com o aroma de relva e madressilvas.


Lily sorriu, feliz que Harry estivessem tendo um tempo tão bom.


Harry se sentia muitíssimo bem alimentado e em paz com o mundo,


- Obviamente, ele não estava no quinto ano ainda - sussurrou Hermione para Rony.


Rony concordou. Harry tinha sido bem explosivo naquele ano.


e observava vários gnomos saltarem por dentro das roseiras, rindo como loucos,


- Eles são loucos - corrigiu Rony.


perseguidos de perto por Bichento.


- Pelo menos seu gato está distraído - comentou Dorcas.


Rony correu os olhos, cauteloso, pela mesa, verificando se o resto da família estava entretida conversando,


Gina levantou a sobrancelha, curiosa no que faria o irmão ter tanta cautela.


depois perguntou baixinho a Harry:


— Então… Tem tido notícias de Sirius ultimamente?


Regulus sorriu levemente para Rony, feliz em ver a preocupação do Weasley com Harry e o seu irmão.


Snape revirou os olhos. Claro que o Weasley usou o nome do fugitivo, quando podia ter simplesmente dito padrinho.


- Sirius não está louco de não dar - falou James no que pareceria muito uma ameaça.


Hermione olhou para os lados, apurando os ouvidos.


- Nós ficamos preocupados com Sirius, nós o ajudamos a escapar também - falou Hermione.


— Tenho — disse Harry baixinho —, duas vezes. Tenho a impressão de que está bem.


- Eu estou bem - assegurou Sirius, embora claro que não pudesse ter certeza disso.


Escrevi para ele anteontem. Talvez receba resposta enquanto estou aqui.


- Receberá - assegurou Sirius - Se eu pudesse, eu te mandaria cartas o tempo todo - falou triste.


- Eu sei, Sirius. Mesmo assim, você ainda fez muito por mim - falou Harry.


De repente ele se lembrou do motivo por que escrevera a Sirius e, por um instante, esteve prestes a contar aos dois amigos que a cicatriz voltara a doer e que um sonho o acordara…


- Mas você não falou - disse Hermione, estreitando os olhos - Devia ter falado - ela bateu em Harry.


Harry olhou para Rony pedindo ajuda.


- Ela está certa - ele disse simplesmente.


Mas na realidade não queria preocupá-los naquele momento,


- Você vai ter que falar em algum momento - argumentou Regulus.


- Não naquela hora.


Regulus o encarou durante muito tempo, mas depois desistiu.


não quando ele próprio estava se sentindo tão feliz e tranquilo.


- Certo, mas amanhã você irá contar, não? - disse Lily.


Harry não respondeu.


— Gente, olhe as horas! — exclamou subitamente a Sra. Weasley, consultando o relógio de pulso. — Vocês deviam estar na cama, todos vocês,


Lily sorriu com o fato de que ela ainda mandava nos filhos mais velhos como se fossem crianças.


vão ter que acordar quase de madrugada para ir à Copa.


Quase madrugada nada - resmungou Rony - Madrugada.


Harry, se você deixar a sua lista de material escolar, eu compro tudo para você amanhã, no Beco Diagonal.


James sorriu agradecido, embora um pouco desconfiado. Sabia que a Sra. Weasley era uma ótima pessoa, mas sendo um Potter tinha uma boa noção de como as pessoas caíam em tentação fácil e a situação da Sra. Weasley não era nada fácil.


Vou comprar o dos meus meninos.


- Como se não conseguíssemos comprar sozinhos - resmungou Gina.


Talvez não haja tempo depois da Copa Mundial,


- É muito estranho ir para um evento desses sem ter noção de quanto irá durar - disse Hermione.


da última vez o jogo durou cinco dias.


- Assim que é bom - disse James.


— Uau… Espero que aconteça o mesmo desta vez! — exclamou Harry entusiasmado.


James sorriu para o filho.


— Eu espero que não — disse Percy, virtuosamente. — Estremeço só de pensar no estado da minha caixa de entrada se eu me ausentar cinco dias do trabalho.


Gina ficou com pena do irmão, porque sabia que, se ele faltasse, quase ninguém iria notar.


— Um, alguém poderia deixar bosta de dragão nela outra vez, hein, Percy? — comentou Fred.


Fred sorriu largamente. Já tinha esquecido totalmente disso.


— Aquilo foi uma amostra de fertilizante da Noruega!


- Por que alguém normal deixaria isso - disse Lene, sarcástica.


— protestou Percy, corando. — Não foi nada conta mim.


- Tão iludido - murmurou Jorge, divertido.


— Foi sim — cochichou Fred para Harry, quando eles se levantavam da mesa. — Fomos nós que mandamos.


Todos começaram a rir e continuaram por um bom tempo. Quando os Marotos finalmente conseguiram, eles parabenizaram Fred e Jorge pela ótima ideia.

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