Bagman e Crouch



Capítulo Sete - Bagman e Crouch - Parte I




Harry se desvencilhou de Ron


- Não foi nada pessoal - brincou Harry.


- Sei - respondeu Ron desconfiado.


e se levantou.


- Uma boa ideia - murmurou Sirius.


Tinham chegado, pelo que parecia, a um trecho deserto de uma charneca imersa em névoa.


- Espetacular - disse James. A pior parte era que ele falava sério.


Lily revirou os olhos. James.


Diante deles havia dois bruxos cansados,


- Está faltando gente para trabalhar no Ministério é? - resmungou Josh.


- Eu não duvidava nada, depois de tudo que falaram sobre lá - replicou Lene.


com cara de rabugentos, um dos quais segurava um grande relógio de ouro, e o outro, um grosso rolo de pergaminho e uma pena.


- É bom que dá para reconhecer de longe que são do Ministério - resmungou Sirius.


- Meu pai trabalha lá - lembrou Ginny.


- Verdade, eu esqueci - respondeu o Black.


Ambos estavam vestidos como trouxas,


Hermione fez uma careta. Ela não tinha muita certeza disso.


embora sem muita habilidade;


- Sem habilidade alguma - retrucou Hermione. Honestamente, os bruxos realmente não tinham noção de nada sobre o mundo bruxo.


o homem do relógio usava um terno de tweed com botas de borracha até as coxas, o colega, um saiote escocês e um poncho.


- Lindos - disse Lily, entre risadas.


- Bem trouxa - concordou Dorcas.


— Bom-dia, Basil — cumprimentou o Sr. Weasley, apanhando a bota que os transportara e entregando-a ao bruxo de saiote,


- As chaves de portais podem ser ativadas novamente? - questionou Lissy, curiosa.


- Elas são mais fáceis de funcionarem como portais novamente do que objetos comuns, mas não é tão simples usar duas vezes uma chave de portal¹ - explicou Frank.


que a atirou em uma grande caixa de chaves de portal usadas,


- Claro que é uma grande caixa. O público da Copa Mundial é enorme - afirmou James.


Harry deu de ombros. O grupo era realmente enorme para bruxos, considerando que não existiam tantos, mas para os trouxas não seria algo tão impressionante assim.


a um lado. Harry viu, entre elas, um jornal velho, latas de bebidas vazias e uma bola de futebol furada.


- Um jornal é bem discreto - aprovou Frank.


- Qualquer coisa era mais discreta que a bota - resmungou Ron.


— Olá, Arthur — disse Basil em tom entediado. — Não está de serviço não, é?


- Claro que está. Por isso que ele levou todos os filhos para o trabalho - ironizou Dorcas.


Tem gente que se dá bem…


- Pessoas que trabalham.


Estivemos aqui a noite toda…


- Uma pena.


É melhor você desimpedir o caminho,


- Desculpe por estar atrapalhando - resmungou Ginny.


temos um grupo grande chegando da Floresta Negra às cinco e quinze. Espere um pouco, me deixe ver onde é que você vai ficar…


- Já poderia ter feito isso se não tivesse ficado reclamando - observou Regulus.


Weasley… Weasley… — Ele consultou a lista no pergaminho. — A uns quatrocentos metros para aquele lado,


- É uma caminhada curta - disse Lily.


- Não para quem já tinha andado muito - disse Ron.


primeiro acampamento que você encontrar. O gerente é o Sr. Roberts.


Hermione ficou irritada ao lembrar-se da maneira com que tinham tratado o trouxa.


Diggory… Segundo acampamento…


Harry deu um sorriso irônico. Não era engraçado saber que Cedric tinha ficado tão perto dele? Se ao menos Harry soubesse o que aconteceria...


Pergunte pelo Sr. Payne.


— Obrigado, Basil — disse o Sr. Weasley e fez sinal para todos o acompanharem.


- Um grupo um pouco grande.


Eles saíram pela charneca deserta, incapazes de distinguir muita coisa através da névoa. Passados uns vinte minutos, avistaram uma casinha de pedra ao lado de um portão.


- Foi como ver uma luz no final do túnel - comentou Ginny. Ainda lembrava de como tinha ficado aliviada.


Mais além, Harry pôde distinguir mal e mal as formas fantasmagóricas de centenas de barracas,


- Será que seu grau está errado? - questionou Lily.


- É provável - refletiu Harry. Ele nunca tinha parado para pensar nisso, mas fazia alguns anos que não trocava o óculos. Provavelmente sua visão devia estar pior.


Regulus fechou a mão em punho. Odiava os Dursley. Como o menino não conseguia nem dizer se o grau dele estava certo? Isso podia ter atrapalhado bastante a vida de Harry. Deve ter atrapalhado.


- Vamos ver isso no final do capítulo - prometeu James.


montadas na ondulação suave de um grande campo, no rumo de uma floresta escura no horizonte.


- Espero que não seja feito a floresta de Hogwarts - disse Lily.


Eles se despediram dos Diggory


- Já foi tarde - resmungou James.


e se aproximaram da casa.


- Com cautela, espero - disse Lily.


- É uma Copa Mundial - disse James, exasperado.


- É, mas você conhece a sorte de Harry!


- Ei!


-... Você tem um ponto - concordou James, derrotado.


- Desculpe, filho, mas é a verdade - disse Lily.


Havia um homem parado à porta, contemplando as barracas.


- Ele não tem mais o quê fazer não? - disse Lene.


- Na verdade, não - disse Ginny.


Harry soube só de olhar que aquele era o único trouxa legítimo numa área de muitos hectares.


- Como você sabe disso? - perguntou Frank, assustado.


- É óbvio - falou Harry - Bruxos não são discretos.


Hermione concordou.


Quando o trouxa ouviu os passos do grupo, virou a cabeça para olhá-los.


Regulus balançou a cabeça em aprovação. Podia ser um trouxa, mas pelo menos era um trouxa que tinha um senso de autoproteção.


— Bom dia! — cumprimentou o Sr. Weasley animado.


Lily sorriu com afeto. Adorava Arthur e tinha ficado feliz que Harry fosse amigo do filho dele.


— Bom dia — disse o trouxa.


— O senhor seria o Sr. Roberts?


— É, seria — respondeu o Sr. Roberts. — E quem é o senhor?


— Weasley, duas barracas reservadas há uns dois dias?


Regulus revirou os olhos. Os Weasley sempre deixavam tudo para cima da hora?


— Certo — confirmou o Sr. Roberts, consultando uma lista pregada à porta.


- Organização é tudo.


- Bem, esse é o negócio dele, afinal - disse Lissy.


— O lugar é lá perto da floresta. Só uma noite?


- Vocês deviam ficar mais - comentou James, triste.


- Hogwarts - lembrou Harry.


— Isso — respondeu o Sr. Weasley.


— O senhor vai pagar agora, então? — perguntou o Sr. Roberts.


Lily fez uma careta, já prevendo a próxima cena. Todos os bruxos que ela conheciam se complicavam bastante com o dinheiro trouxa, do mesmo jeito que ela fez com o bruxo.


— Ah… Certo… É claro. — O Sr. Weasley se afastou um pouco da casa e fez sinal a Harry para acompanhá-lo. — Me ajude, Harry — murmurou, puxando do bolso um rolinho de dinheiro de trouxa e começando a separar as notas.


Frank e Regulus trocaram olhares. Os dois concordavam que o mais inteligente teria sido separar o dinheiro trouxa antes e tentar aprender um pouco sobre como funcionava a moeda deles.


— Esta aqui é de… De… De dez?


- Mas não tem escrito na nota? - comentou Lissy confusa.


- Tem - confirmou Harry.


Ah é, vejo agora que tem um numero… Então esta é de cinco?


— De vinte — corrigiu-o Harry


- Como o Sr. Weasley errou se tinha o número? - perguntou Josh, confuso.


- Não tenho a menor ideia - admitiu Harry.


falando baixo, incomodamente consciente de que o Sr. Roberts estava tentando ouvir cada palavra que diziam.


- Ele é muito curioso. Isso não é bom - comentou Remus.


— Ah é, é mesmo… Não sei, esses pedacinhos de papel…


São bem simples, Snape pensou revirando os olhos. Era só parar cinco minutos para decorar quanto valia cada nota e somá-las até dar o valor necessário.


— É estrangeiro? — perguntou o Sr. Roberts,


Dorcas resmungou. Isso não estava dando certo.


quando o Sr. Weasley voltou com o dinheiro certo.


- Demorou demais - comentou Hermione - Roberts já tinha desconfiado.


— Estrangeiro? — repetiu o bruxo, intrigado.


Regulus xingou o Sr. Weasley mentalmente. Tudo teria sido muito mais fácil se ele tivesse confirmado que era estrangeiro.


— O senhor não é o primeiro que se atrapalha com o dinheiro


- Os bruxos podiam tentar entender sobre o dinheiro trouxa - disse Hermione.


- Mas é difícil para nós - disse Neville - Nunca pensamos que vamos usar essas coisas.


— disse o gerente, observando o Sr. Weasley atentamente.


- Curioso demais - comentou Remus tristemente. Raramente pessoas assim acabavam bem.


— Tive dois querendo me pagar com grandes moedas de ouro do tamanho de calotas de automóvel faz uns dez minutos.


- Isso já é estupidez - disse Neville sob o olhar de Hermione.


— Sério? — disse o Sr. Weasley nervoso.


Finalmente, pensou Regulus.


O Sr. Roberts vasculhou uma lata à procura de troco.


- Depois disso tudo, vocês ainda deram a quantia errada?


- Não tinha como dar certo - Harry se defendeu.


— Nunca esteve tão cheio — disse ele de repente, voltando outra vez o olhar para o campo enevoado.


- Ele está percebendo as coisas - disse James, nervoso.


— Centenas de reservas.


- Em uma área supostamente isolada.


As pessoas em geral aparecem sem aviso…


- E todas são meio estranhas - disse Hermione.


- Não somos estranhos - protestou Sirius.


Hermione só o olhou.


— Verdade? — exclamou o Sr. Weasley, a mão estendida à espera do troco,


- Quanto antes, melhor.


mas o Sr. Roberts não lhe deu nenhum.


- Resolveu ficar com o dinheiro para si?


— É — disse pensativo. — Gente de toda parte. Montes de estrangeiros. E não são só estrangeiros. Gente esquisita, sabe? Tem um sujeito andando por aí de saiote e poncho.


Regulus revirou os olhos. Se até um trouxa percebia a presença de bruxos, as coisas estavam feias.


— E não devia? — perguntou o Sr. Weasley ansioso.


- Eu não acredito que papai perguntou isso - disse Ginny. O homem tinha acabado de dizer que isso era esquisito.


— Parece que é uma espécie de… Uma espécie de convenção


- Uma convenção não é tão ruim - disse Frank, aliviado. Roberts podia pensar coisas piores.


— comentou o Sr. Roberts. — Parece que todos se conhecem.


- Longe disso - disse Ginny.


Como numa grande festa.


- É uma grande festa - falou James animado.


Naquele momento, um bruxo de bermudão largo materializou-se


- Por isso que até trouxas desconfiam de bruxos.


do nada ao lado da porta da casa do Sr. Roberts.


— Obliviate!— disse ele bruscamente, apontando a varinha para o Sr. Roberts.


Regulus respirou aliviado. Pelo menos nisso o Ministério era eficiente.


Hermione fez uma careta. Detestava o modo como simplesmente alteravam a memória dele a cada vez que ele sabia algo que eles não queriam.


Instantaneamente os olhos do Sr. Roberts saíram de foco, suas sobrancelhas se desfranziram e um olhar de vaga despreocupação cobriu o seu rosto.


- É algo meio curioso de se ver.


Harry reconheceu os sintomas de alguém que acabara de ter a memória alterada.


- É parecido com os de alguém que fumou.


- Hilário, Sirius.


— Um mapa do acampamento para o senhor — disse o homem, placidamente, ao Sr. Weasley. — E o seu troco.


- Finalmente.


— Muito obrigado.


O bruxo de bermudão acompanhou o grupo em direção ao portão do acampamento. Parecia exausto;


- Esses feitiços cansam mesmo - concordou Hermione.


- Em quem você fez isso? - perguntou Regulus curioso.


Harry, Hermione e Ron trocaram olhares tristes e culpados. Não responderam.


a barba por fazer azulava seu queixo e havia olheiras roxas sob seus olhos.


- Ele parece estar acabado mesmo - concordou Lene.


Uma vez longe do raio de audição do gerente, ele murmurou para o Sr. Weasley.


— Estou tendo um bocado de problemas com ele.


Hermione revirou os olhos. Parecia até que era culpa do trouxa que os bruxos eram descuidados.


Precisa de um Feitiço de Memória dez vezes por dia para ficar feliz.


- Tenho certeza que ele fica feliz com isso - ironizou Lily.


E Ludo Bagman não está ajudando. Anda por aí falando em balaços e goles a plenos pulmões, sem a menor preocupação com a segurança.


- Ele devia dar um exemplo melhor - criticou Frank.


Pombas, vou gostar quando isso terminar.


- Acredito que muita gente irá - murmurou Alex.


- Não! - disse James - A Copa é maravilhosa.


- Claro - disse Alex em um tom neutro. Mas deu um sorriso travesso para Harry.


Vejo você mais tarde, Arthur.


E desaparatou.


- Não deu tempo nem de papai responder - falou George.


— Pensei que o Sr. Bagman fosse chefe de Jogos e Esportes Mágicos


- E ele é - disse Fred.


— disse Ginny parecendo surpresa. — Devia ter mais juízo e parar de falar de balaços perto de trouxas, não devia?


- Exatamente! - disse Frank sorrindo para Ginny. Ela sorriu de volta.


— Devia — concordou o Sr. Weasley, sorrindo


- Ele provavelmente estava orgulhoso de você - disse James. Sabendo que se fosse Harry, ele estaria.


- Obrigada - disse Ginny.


e passando com os garotos pelo portão do acampamento —, mas Ludo sempre foi um pouco… Bem… Displicente com a segurança.


- Imagino - Lissy revirou os olhos.


Mas não se poderia desejar um chefe mais entusiasta para o Departamento de Esportes.


- Pelo menos isso - disse Lene.


- É isso que importa - comentou James alegremente. Lily o olhou como se ele tivesse uma doença mental.


Ele jogou Quadribol pela Inglaterra, sabem.


James se remexeu, interessado.


E foi o melhor batedor do Wimbourne Wasps que o time já teve.


- Queria ver um jogo dele - comentou James.


- Nós sabemos - replicou Alice.


O grupo avançou lentamente pelo campo entre longas fileiras de barracas.


A maioria parecia quase normal,


- Como assim normal?


- Vocês sabem, não bruxa, muggle - murmurou Harry.


os donos tinham visivelmente tentado o possível para fazê-las parecer equipamento de trouxas,


- Quero dizer, nem todos - disse Hermione, lembrando das coisas bizarras que tinha visto.


embora tivessem cometido alguns deslizes ao acrescentarem chaminés ou cordões de sinetas ou cata-ventos.


- Nem é um pouco chamativo - comentou Alex com sarcasmo.


Porém, aqui e ali, havia uma barraca tão obviamente mágica


- Nem notei - disse Ron.


- Claro que não - Hermione revirou os olhos.


que Harry não se surpreendia que o Sr. Roberts estivesse desconfiado. Lá para o meio do campo, havia uma extravagante produção de seda listrada como um palácio em miniatura, com vários pavões vivos amarrados à entrada.


- Isso é bizarro - disse Alice.


- Não duvido nada que seja dos Malfoy - disse Sirius.


Um pouco adiante, eles passaram por uma barraca que tinha três andares


Lily colocou as mãos sob o rosto, incapaz de conter a vergonha que sentia pela incapacidade dos bruxos serem discretos. Francamente.


e várias torrinhas e, mais além, havia uma outra com um jardim anexo, completo, com banho para passarinhos, relógio de sol e fonte.


- É uma boa ideia - comentou James - O dono é preocupado com o meio ambiente e essas coisas.


— Sempre os mesmos — comentou o Sr. Weasley sorrindo —, não conseguimos deixar de nos exibir quando nos reunimos.


- Isso é comum a todos os humanos - disse Harry.


- Mesmo os muggles - completou Alex, sorrindo.


Ah, lá está, olhem, aquela é a nossa.


Finalmente, pensou Remus. Já estava ficando cansado de ouvir sobre a organização da copa.


Tinham alcançado a orla da floresta no alto do campo, e ali havia uma área livre com um pequeno letreiro enfiado no chão em que se lia "Weezly".


- O nome saiu um pouco errado - comentou Frank.


— Não podíamos ter ganhado um lugar melhor! — exclamou o Sr. Weasley feliz. — O campo preparado para as partidas é logo do outro lado da floresta, estamos o mais perto que poderíamos estar.


Regulus levantou as sobrancelhas. Era impressionante que Weasley tivesse conseguido isso.


— Ele descarregou a mochila dos ombros.


- Agora sim.


— Certo — disse excitado —, rigorosamente falando, nada de mágicas, não quando estamos no mundo dos trouxas em tão grande número.


- Diga isso para os outros bruxos - resmungou Ron. Sinceramente, usar mágica não chamaria mais atenção do que as outras coisas da Copa.


Vamos armar estas barracas à mão! Não deve ser muito difícil… Os trouxas fazem isso o tempo todo…


- Ou não - disse Lily - Eu nunca acampei.


- Você não perdeu muito - disse Harry - Eu só gostei por causa da companhia.


- Assim nós ficamos emocionados - disseram Fred e George.


- A menos que você esteja... - disse Fred.


-...Falando apenas de Ginny - completou George.


- Não! - disse Harry rapidamente - Eu estava falando de todos os Weasley.


Tome, Harry, por onde você acha que devo começar?


Pela ideia de usar magia, pensou Regulus. Isso era ridículo. Ele nem ao menos sabia como montar a coisa do jeito trouxa e se recusava a usar o jeito mais prático.


Harry nunca acampara na vida,


- Que surpresa - murmurou Sirius sarcástico.


os Dursley nunca o haviam levado em férias,


- Nem fale deles - disse Lene irritada.


Como os outros pareciam compartilhar da irritação da menina, Josh achou uma boa ideia ler mais rápido.


preferindo deixá-lo com a Sra. Figg, uma velha vizinha.


- Eu preferia ficar com ela também - disse Harry, dando de ombros. Ele ainda não sabia o que pensar do fato da Sra. Figg ser uma squib.


No entanto, ele e Hermione descobriram como distribuir os paus e as estacas, e embora o Sr. Weasley atrapalhasse mais do que ajudasse, porque ficara excitadíssimo quando precisaram usar o martelo, eles finalmente conseguiram erguer duas barracas modestas para duas pessoas cada.


- Foram duas ainda? - disse Alice impressionada - Bom trabalho.


Todos se afastaram para admirar a habilidade manual deles.


- Depois de todo o trabalho, era merecido - disse Josh.


Ninguém que visse aquelas barracas teria adivinhado que pertenciam a bruxos,


- Então já está bem melhor do que a maioria - disse Neville.


pensou Harry, mas o problema era que quando Bill, Charlie e Percy chegassem, eles formariam um grupo de dez pessoas.


- Vocês são bruxos, Harry - lembrou Regulus - Têm feitiços para isso.


- É, mas eu não sabia ainda na época - disse Harry.


Hermione parecia ter identificado esse problema também,


- Acho que devíamos ter explicado logo a vocês sobre a expansãp - disse Ginny - Mas nem passou pela minha cabeça.


lançou a Harry um olhar cômico quando o Sr. Weasley ficou de quatro


- N...


- Sem comentários, Sirius.


- Mas...


- Sirius.


e entrou na primeira barraca.


— Vamos ficar meio apertados — comentou ele —, mas acho que vai dar para nos espremermos.


- Isso não ajudou muito - comentou Hermione.


Venham dar uma olhada.


Harry se abaixou, passou por baixo da aba de entrada e sentiu o queixo cair.


- Bom saber que algo ainda consegue surpreender Harry Potter - falou James.


Entrara em uma barraca que parecia um apartamento antigo


- Papai gosta de coisas assim - Ron revirou os olhos.


de três quartos, completo, com banheiro e cozinha.


- Eu adoro mágica - murmurou Lissy, satisfeita.


E o que era curioso, estava mobiliado no mesmíssimo estilo que o da Sra. Figg;


- Essa é uma coincidência estranha - falou Sirius.


havia capas de crochê nas poltronas sem par e um forte cheiro de gatos.


Sirius fez uma careta. O único gato que gostava era Minnie.


— Bom, não é para muito tempo — disse o Sr. Weasley, secando a careca com um lenço e espiando as quatro camas beliches que havia no quarto.


- É mais do que suficiente - falou Lily, grata.


— Pedi a barraca emprestada ao Perkins, lá do escritório. Ele não acampa muito atualmente, coitado, está com lumbago.


Frank fez uma careta. Já tivera essa doença uma vez.


O Sr. Weasley apanhou uma chaleira empoeirada e espiou dentro.


- Eu tinha entendido cadeira. Por um momento, eu estava muito confuso - disse Frank.


— Vamos precisar de água.


— Tem uma torneira assinalada no mapa que o trouxa nos deu — disse Ron, que seguira Harry para dentro da barraca e parecia completamente indiferente a essas extraordinárias proporções internas.


- Eu estou acostumado - Ron deu de ombros.


- É normal para os bruxos - disse James.


- Não que você não seja bruxo, claro - acrescentou Lene.


- Tudo bem, gente - replicou Harry.


— Fica do outro lado do campo.


— Bom, então por que você, Harry e Hermione não vão apanhar um pouco de água…


- Até Arthur sabe que vocês não conseguem fazer nada separados - brincou Neville.


O trio sorriu.


— o bruxo entregou aos garotos a chaleira e duas caçarolas —… E nós vamos apanhar lenha para fazer uma fogueira.


- Mas algum de vocês sabe fazer fogueira do jeito trouxa? - perguntou Alica, confusa.


— Mas temos um forno — lembrou Ron—,por que não podemos…?


Snape detestava admitir, mas ele concordava com o garoto. Isso era ridículo.


- Uma boa pergunta - disse Lissy.


— Ron, segurança antitrouxa!


- Arthur deve ser um excelente funcionário - disse Lily, pensativa. Se ele se dedicava assim...


— disse o Sr. Weasley, o rosto brilhando de expectativa. — Quando os trouxas de verdade acampam, eles cozinham em fogueiras ao ar livre, já os vi fazendo isso!


- Aonde? - perguntou Frank confuso.


- Nem ideia - disse Ginny.


Depois de uma rápida visita à barraca das garotas,


- Sei, sei.


- Fica quieto, Sirius.


que era ligeiramente menor do que a deles,


- O que não é justo considerando quantos pessoas tinham a mais na nossa barraca - disse Ron.


- Você tinha alguma ideia melhor? - retrucou Ginny - Precisávamos separar as meninas de meninos.


- Hermione dorme lá em casa sem problema algum - retrucou Ron.


- É, mas lá tem Molly também, que é uma mulher - disse Hermione, tentando fazer Ron entender a diferença.


Ron revirou os olhos. Não via sentido no argumento.


embora sem o cheiro de gato, Harry, Ron e Hermione atravessaram o acampamento levando as vasilhas.


- Quase um treinamento para esse ano - brincou Ron.


Harry e Hermione riram. Ginny não achou a menor graça.


Agora, com o sol de fora e a névoa se dissipando, eles puderam ver a cidade de lona que se estendia para todas as direções. Caminharam lentamente entre as fileiras de barracas, espiando tudo com interesse.


- Eu queria estar lá - suspirou James, com uma cara de cachorrinho perdido. Lily sorriu.


Harry estava começando a se indagar quantos bruxos e bruxas devia haver no mundo;


- Muitos, mas poucos se comparados aos trouxas - Hermione disse prontamente.


- Você tem que tentar conhecer mais a sua cultura, Harry - falou Lily preocupada. Merlin sabia que ela tinha absorvido tudo que podia do mundo bruxo.


- Eu sei, eu só... - Harry disse, mas parou de falar, sem ter certeza do quê dizer. Olhou para Regulus em busca de apoio.


-...nunca teve a chance - completou Regulus, em um tom compreensivo. Ele concordava com Lily que Harry devia tentar mais, porém também entendia que ele sempre estivera ocupado fazendo outras coisas, como fugir de Voldemort.


ele nunca pensara realmente nos bruxos de outros países.


- Pelo menos até o Torneio - comentou.


- Torneio? - questionou Alice.


- Você irá ver.


- Tem algumas escolas de outros países que são massas - comentou Neville - A do Japão, por exemplo.


- Não conheço muito. Só sei um pouco sobre a do Brasil, graças a Charlie - disse Ron.


Seus companheiros de acampamento iam acordando aos poucos.


- Tem gente que é preguiçosa - comentou Sirius olhando para o irmão.


Regulus resmungou algo.


Os primeiros a dar sinal de vida foram às famílias com crianças pequenas, Harry nunca vira bruxos tão pequenos antes.


- Eles são muito fofos - afirmou Lene. Adorava crianças. Toda a correria e a honestidade delas. Tão puras.


Um pirralhinho, que não tinha mais de dois anos, estava agachado do lado de fora de uma barraca em forma de pirâmide, empunhando uma varinha com a qual cutucava,


- Como ele conseguiu a varinha? - questionou Dorcas.


feliz, um caramujo na grama, que ia ganhando lentamente o tamanho de um salame.


- Pobre caramujo - disse Alice, embora em tom brando. Gostava de crianças e sabia que o menino não entendia que estava causando mal ao animal.


Quando se emparelharam com ele, a mãe saiu correndo da barraca.


— Quantas vezes tenho de dizer, Kevin? Não pode… Mexer… Na… Varinha… do papai, putz!


- Está explicado - disse Dorcas.


- Isso é perigoso - disse Frank, preocupado. Os danos que o menino podia fazer com uma varinha...


Ela pisou no enorme caramujo, estourando-o.


Alice olhou com horror puro para o livro que Josh segurava.


- Não acredito que ela fez isso - disse Dorcas.


A bronca acompanhou os garotos pelo ar parado, se misturando aos gritos do garotinho:


— Você acabou caramujo! Você acabou caramujo!


- Esse vai ficar traumatizado - observou Sirius.


- Ele supera - resmungou Remus.


Um pouco mais adiante, eles viram duas bruxinhas, pouco mais velhas do que Kevin, cavalgando vassouras de brinquedo que se elevavam o suficiente para os dedos dos pés das meninas rasparem a grama orvalhada.


James imaginou a cena, sorrindo. Era assim que as coisas deveriam ser.


Um bruxo do Ministério já as vira; quando passou correndo por Harry, Ron e Hermione,


- Uma das poucas vezes que o Ministério estava sendo eficiente - disse Ron.


murmurava agitado:


— Em plena luz do dia! Os pais devem estar cochilando, suponho…


- Ou eles podem não ligar - sugeriu Regulus.


Aqui e ali bruxos e bruxas adultos saíam das barracas e começavam a preparar o café da manhã. Alguns, lançando olhares furtivos para os lados, conjuravam fogueiras com as varinhas, outros acendiam fósforos com ar de dúvida, como se tivessem certeza de que aquilo não ia funcionar.


- Não sei o quê é menos suspeito - disse Hermione.


Três bruxos africanos conversavam sentados, trajando longas vestes brancas,


- Ainda bem que eram africanos e não estudantes japoneses com vestes brancas - brincou James. Sob o olhar confuso de Harry, resolveu explicar: - Se um estudante da Mahoutokoro praticar Artes das Trevas ou quebrar o Estatuto Internacional do Sigilo em Magia, as vestes deles passam a serem brancas.


Harry piscou, surpreso. Nunca teria imaginado que isso existia, mas parecia ser algo até legal. Era uma boa forma de desencorajar a prática de Artes das Trevas. Porém, mais importante que isso, Mahoutokoro era uma escola?


- Mas... Tem uma escola de magia no Japão? - questionou confuso.


- Sim - disse James, contendo a tristeza e a impaciência - Existem várias escolas de magia espalhadas pelo mundo, Harry. Mas existem as principais: Mahoutokoro, Beauxbatons, Castelobruxo, Ilvermony, Durmstrang, Koldovstoretz, Uagadou e, claro, Hogwarts.


Harry parecia sobrecarregado com a informação.


enquanto assavam uma carne que parecia coelho sobre uma fogueira púrpura berrante,


Lissy fez uma careta.


um grupo de bruxas americanas de meia-idade fofocava alegremente sob a bandeira estrelada que elas haviam estendido entre as barracas, na qual se lia Instituto das Bruxas de Salem.


James fez uma careta. Estava muito bem se as pessoas desse instituto, obrigado. Suas experiências com as pessoas de lá não tinham sido muito boas.


Harry captava fragmentos de conversas em línguas estranhas que saíam das barracas pelas quais passavam,


- É exatamente o que eu faria - Lily sorriu.


e embora não conseguisse entender uma única palavra,


- E eu jurando que você era bilíngue.


- Uma pena.


o tom das vozes era de excitação.


- É isso que a Copa faz com as pessoas.


— Hum… São os meus olhos ou tudo ficou verde? — perguntou Ron.


Não eram os olhos de Ron. Os garotos tinham entrado em uma área em que as barracas estavam cobertas por uma camada de trevos, dando a impressão de que morros de formas estranhas haviam brotado da terra. Viam-se rostos sorridentes nas barracas com a aba da entrada erguida.


- Estranho.


Então, às costas, os garotos ouviram alguém gritar seus nomes.


— Harry! Ron! Hermione!


Era Seamus Finnigan, um colega quartanista da Grifinória.


Neville sorriu. Seamus era legal. Ele tinha conversado várias vezes com ele quando era mais novo para que o Longbottom não ficasse sozinho.


Estava sentado diante de uma barraca coberta de trevos, em companhia de uma mulher de cabelos louro-claros que só podia ser sua mãe


- Ela é cópia dele - disse Ron.


- Ou ele é a cópia dela.


e com Dean Thomas, também da Grifinória.


- Esses dois são inseparáveis - disse Ginny sorrindo. Harry tentou conter o ciúme ao pensar em como ela saberia disso; sabia que estava sendo ridículo.


— Gostaram da decoração?


- Espero que tenha sido uma pergunta retórica.


— perguntou Seamus sorrindo, quando Harry, Ron e Hermione se aproximaram para cumprimentá-los. — O Ministério não está nada feliz.


- Claro que não. Era para ser uma coisa discreta - disse Frank.


— E por que não deveríamos mostrar nossas cores?


- Acho que não foi só isso que vocês fizeram - comentou Lene.


— perguntou a Sra. Finnigan. — Vocês deviam ver o que os búlgaros penduraram nas barracas deles.


- Se estar pior do que isso, quero nem ver - disseLene.


— Vocês vão torcer pela Irlanda, naturalmente? — acrescentou ela fixando Harry, Ron e Hermione com insistência.


- Desse jeito, sim.


Depois de terem tranquilizado a senhora de que realmente iam torcer pela Irlanda, os garotos seguiram caminho, embora Ron tivesse comentado:


— Como se a gente fosse dizer que não ia, com aquela turma em volta.


- Exatamente - disse Sirius - Ninguém é doido.


— Que será que os búlgaros penduraram nas barracas? — indagou Hermione.


- Não vai dizer que vocês vão realmente ver - disse Lene.


— Vamos dar uma olhada — disse Harry, apontando para uma grande área de barracas mais adiante, onde a bandeira da Bulgária, vermelha, verde e branca, tremulava a brisa.


- Ainda bem que as barracas estão mais ou menos separadas - comentou James.


As barracas não estavam enfeitadas com plantas, mas cada uma exibia o mesmo pôster, um pôster com um rosto muito carrancudo com grossas sobrancelhas negras.


Hermione sorriu levemente. Ron resmungou.


A foto, é claro, se mexia, mas apenas para piscar os olhos e franzir a testa.


- Que simpático - ironizou Lene.


— Krum — disse Ron em voz baixa.


— Quê? — perguntou Hermione.


- Quem - corrigiu Fred.


- Desculpe - ironizou Hermione.


- Nada.


— Krum! — repetiu Ron. — Viktor Krum, o apanhador búlgaro!


Ginny deu um sorriso maldoso. Era tão irônico que a primeira pessoa a falar de Krum para Hermione tenha sido Ron.


— Ele parece bem rabugento — comentou Hermione, olhando para os muitos Krums que piscavam e franziam a testa para eles.


Harry sorriu. Krum realmente parecia rabugento, mas ele era uma boa pessoa.


— Bem rabugento? — Ron olhou para o céu. — Quem se importa com a cara dele? Ele é incrível!


- Bom saber que você acha isso, Ron - provocou Neville.


Ron resmungou.


E é bem moço, também. Tem uns dezoito anos, por aí. É um gênio, espere até ver hoje à noite.


- Parece que alguém é fã de alguém - disse Sirius com um largo sorriso.


Já havia uma pequena fila à torneira no canto do acampamento. Harry e Ron entraram logo atrás de dois homens que discutiam acaloradamente.


- Até ai tu arranja uma confusão, Harry? - perguntou James.


- Foi mal, pai.


Um deles era um bruxo muito velho que usava uma longa camisola florida.


Lily suspirou, irritada.


O outro era visivelmente um bruxo do Ministério,


- Tem trabalhadores do Ministério por todo lado - observou Frank, contente.


este segurava calças listradas e quase chorava de exasperação.


— Vista as calças, Archie, seja bonzinho, você não pode andar por aí vestido assim, o trouxa no portão já está ficando desconfiado…


- Também, com o jeito que os bruxos estão se comportando - criticou Lily.


— Comprei isso numa loja de trouxas — defendeu-se o velho bruxo, teimando. — Os trouxas usam isso.


- Não em lugares públicos - protestou Hermione.


— Mulheres trouxas usam isso, Archie, não os homens,


- Nem o funcionário do Ministério entendeu certo o costume dos trouxas - murmurou Hermione.


eles usam isto aqui — disse o bruxo do Ministério mostrando as calças listradas.


- Bem, pelo menos isso já iria deixar menos esquisito - disse Lily, pensativa.


— Não vou vestir isso — retrucou o velho bruxo indignado. — Gosto de sentir uma brisa saudável nas minhas partes, obrigado.


Sirius levantou uma sobrancelha. Isso que era dizer as coisas diretamente.


Hermione foi tomada por um tal acesso de riso,


- Claro, é algo tão... inesperado - disse a menina.


nessa hora, que precisou sair da fila e só voltou depois que Archie tinha se abastecido de água e fora embora.


- Eu não estava muito segura da minha capacidade de me controlar.


- Nunca achei que verei esse dia - brincou Ron.


Caminhando mais devagar agora, por causa do peso da água,


- Tava pesado para car...


- Ron.


-...Caramba.


os garotos tornaram a atravessar o acampamento. Aqui e ali, eles viam rostos mais familiares: outros alunos de Hogwarts com as famílias.


Harry sorriu. Tinha sido legal encontrar os colegas em outro lugar.


Oliver Wood,


Lily estreitou os olhos. Gostava de Oliver, mas ele muito louco.


o ex-capitão de Quadribol do time de Harry, que terminara os estudos em Hogwarts, arrastou o garoto até a barraca dos pais para apresentá-lo,


James sorriu, apreciando a atitude do garoto.


- Que absurdo! Nunca conheci os pais de Oliver! - protestou Fred.


- É uma honra só para o melhor jogador - brincou Harry.


- Depois de tudo que fizemos por você... - George fingiu estar triste.


e lhe contou cheio de excitação que acabara de entrar para o time de reserva do Puddlemere United.


- Eu não consigo imaginá-lo fazendo outra coisa que não jogando Quadribol - disse Harry.


- Oliver era apaixonado pelo esporte - concordou Fred.


- Obcecado, você quer dizer - disse Lily.


Depois os garotos foram saudados por Ernie Macmillan, um quartanista da Lufa-Lufa,


- Ele é legal - comentou Neville.


e, mais adiante, viram Cho Chang, uma garota muito bonita


Ginny estreitou os olhos. Não via nada de bonito na menina.


que jogava como apanhadora no time da Corvinal.


- Eu lembro dela - disse Sirius, com um sorriso largo. Gostava de Ginny, mas também gostava de ouvir sobre as outras quedas do seu afilhado.


Ela acenou e sorriu para Harry,


- Claro que sorriu - resmungou Ginny.


que derramou um bocado de água na roupa ao retribuir o aceno.


- Esse não é o meu filho - resmungou James.


- Não? Por que eu me lembro de alguém agindo de forma atrapalhada em metade das vezes que me chamou para sair - disse Lily, divertida.


Harry olhou para a mãe interessado.


Mais para impedir Ron de caçoar do que por outro motivo,


- Mas era mais que justo que eu falasse alguma coisa - disse Ron.


Harry apontou depressa para um enorme grupo de adolescentes que ele nunca vira antes.


- Está desesperado mesmo, não?


— De onde você acha que eles são?


- E eu vou saber?


— perguntou Harry. — Eles não frequentam Hogwarts, frequentam?


- Você não saberia se frequentassem? - perguntou Frank incrédulo. Hogwarts nem tinha tanta gente assim.


Harry deu de ombros.


— Devem frequentar alguma escola estrangeira — sugeriu Ron.


- Então você sabia que existiam outras escolas! - falou James aliviado.


- Mas eu não sabia que a do Japão existia... Ou a maioria dessas outras. Ilvermony... soa inglês - disse Harry hesitante.


- É a escola da América do Norte - disse Lily.


- Existe uma no Sul?


- Sim, Castelobruxo. É no Brasil.


- Achei que fosse na Espanha - comentou Harry.


- Não, o nome é português - disse Hermione - E Koldovstoretz fica na Rússia, Uagadou na África. As outras você já sabe - e então ela descreveu um pouco sobre cada escola.


Ron olhou para a namorada orgulhoso. Nem ele sabia tanto sobre as outras escolas, mas não era realmente uma surpresa que ela soubesse.


— Sei que há outras, mas nunca encontrei ninguém que estudasse nelas.


- Já conheci uma vez uma menina de Uagadou que estava fazendo uma pesquisa internacional. A escola parece ser realmente legal - comentou Frank.


Bill teve uma correspondente em uma escola no Brasil…


- Castelobruxo? - questionou Josh.


- Provavelmente. É possível que tenha alguma outra escola menor lá, mas acho improvável - respondeu Alice.


Isto foi há anos… E ele quis ir para lá numa viagem de intercâmbio,


Ginny sorriu. Era a cara de Bill isso.


mas mamãe e papai não tiveram dinheiro para bancar a viagem.


Fred fez uma careta. Ficava triste quando os irmãos não podiam fazer algo por causa da condição financeira da sua família.


A moça ficou toda ofendida quando ele disse que não ia e mandou para ele um chapéu enfeitiçado.


- Aposto que ele não explicou por que não ia - disse Lene.


- É meio constrangedor - disse Ron secamente.


As orelhas dele murcharam.


- Nem foi tão ruim - falou George com humor negro.


Harry riu, mas não manifestou a surpresa que era saber que havia outras escolas de magia.


- Você devia ter dito algo. Eu não sei muito, mas podia contar algo sobre as outras escolas.


Supôs, agora que via representantes de tantas nacionalidades no acampamento, que fora muito burro por jamais ter imaginado que Hogwarts não poderia ser a única.


- Bem, você não teve um motivo para pensar sobre isso - disse Sirius.


- Mas Hogwarts é a melhor - falou Ron.


Ele olhou para Hermione, que não demonstrara a menor surpresa com a informação.


- Eu já tinha lido sobre isso.


Sem dúvida, ela devia ter visto referências a outras escolas de magia em algum livro.


Hermione sorriu para Harry.


 


 


 


— Vocês demoraram uma eternidade


- É porque eles aproveitaram para conversar enquanto trabalhávamos - resmungou Fred.


— comentou George, quando eles finalmente chegaram às barracas dos Weasley.


- Não fale como se tivesse sido um passeio horrível - repreendeu Hermione.


— Encontramos alguns conhecidos


- Mais do que alguns.


— disse Ron, pousando as vasilhas de água. — Você ainda não acendeu a fogueira?


- Ron chega agora, estava fazendo nada, e já quer reclamar do que eu não fiz - resmungou George.


— Papai está se divertindo com os fósforos — disse Fred.


- Quando você diz se divertindo... - começou a questionar Lene.


-... Eu realmente quero dizer se divertindo - interrompeu Fred.


O Sr. Weasley não estava tendo o menor sucesso em acender a fogueira,


Regulus revirou os olhos.


mas não era por falta de tentativas.


- Não tenho dúvidas disso - falou Remus, bem humorado.


Fósforos partidos coalhavam o chão ao seu redor, mas ele parecia estar se divertindo como nunca.


- Ainda bem que mamãe não está vendo isso - murmurou Ginny.


— Opa! — exclamou ele, ao conseBillr acender um fósforo,


- Finalmente - resmungou Snape.


mas largou-o na mesma hora no chão, surpreso.


Eu fiz isso uma vez, quando eu era uma criança, pensou Harry.


— Chegue aqui, Sr. Weasley — disse Hermione bondosamente, tirando a caixa das mãos dele e começando a mostrar como fazer fogo direito.


- Pelo menos alguém sabia - disse Lily, olhando para Harry.


- Eu sei fazer fogo também - respondeu, ofendido.


- Nunca se sabe né...


Finalmente, eles acenderam a fogueira, embora levasse no mínimo mais uma hora até ela esquentar o suficiente para cozinhar alguma coisa.


- Mas já é um começo.


Mas havia muito que ver enquanto esperavam.


- Claro que tem - disse James animado.


A barraca deles estava armada ao longo de uma espécie de rua de acesso ao campo de Quadribol,


- Ótima localização - disse Frank.


por onde funcionários do Ministério corriam para cima e para baixo, o cumprimentando cordialmente ao passar.


- O senhor Weasley realmente conhece muita gente - comentou Hermione com afeição.


Ginny sorriu.


O Sr. Weasley fazia comentários contínuos, principalmente para benefício de Harry e Hermione,


- Não tenho muita certeza disso - disse Fred - Ele estava muito empolgado em falar sobre isso.


- De qualquer jeito foi bom que ele falasse - disse Hermione - Porque é interessante.


seus próprios filhos já conheciam bastante o Ministério para se interessar.


- Já ouvimos isso muitas vezes antes - Ron deu de ombros.


- É muito raro um filho se interessar sobre o trabalho do pai - concordou Frank. Ele era uma exceção. Adorava o quê o pai fazia.


— Aquele era Cuthbert Mockridge, chefe da Seção de Ligação com os Duendes… Lá vem Gilbert Wimple, ele trabalha na Comissão de Feitiços Experimentais, já usa aqueles chifres há algum tempo…


- Que esquisito - comentou Sirius.


— Alô Arnie… — Arnald Peasegood, ele é um obliviador,


Hermione estremeceu. Que emprego horrível.


trabalha no Esquadrão de Reversão de Feitiços Acidentais, sabe… E aqueles outros são Bode e Croaker… São dois inomináveis…


Frank sorriu, empolgado. Sempre fora muito curioso para saber como era o trabalho de um inominável.


— São o quê?


— Do Departamento de Mistérios, ultra-secretos, não tenho a menor idéia do que fazem…


- Quase ninguém sabe - comentou Regulus, trocando olhares com Sirius. Eles sabiam algumas coisas, graças a influência da família Black.


Finalmente, a fogueira ficou pronta e eles já haviam começado a preparar salsichas com ovos quando Bill, Charlie e Percy saíram caminhando da floresta para se reunirem à família.


- Percy não - resmungou Fred.


- Pelo lado bom tinha Bill e Charlie - comentou George.


— Acabei de aparatar, papai — disse Percy em voz alta.


- Essa informação mudou a minha vida - disse Lene, sarcástica.


— Ah, que excelente almoço!


Já haviam comido metade das salsichas com ovos quando o Sr. Weasley se levantou, acenando e sorrindo para um homem que vinha em sua direção.


- Mais alguém para falar com Arthur - comentou Dorcas impressionada.


— Ah-ah! — exclamou ele. — O homem do momento! Ludo!


Ludo Bagman era, sem favor algum, o homem mais chamativo que Harry já vira na vida, até mesmo incluindo nessa conta o velho Arquibaldo com sua camisola florida.


- Nossa, então, tá ruim mesmo - disse Remus.


Usava longas vestes de Quadribol com grandes listras horizontais amarelas e pretas.


- Cor da lufa-lufa - comentou Alice.


Regulus revirou os olhos. A pessoa era obrigada a usar só duas cores pelo resto da vida? Só por causa da casa de Hogwarts?


Uma enorme estampa de uma vespa tomava todo o seu peito. Tinha a aparência de um homem corpulento que parara de se exercitar;


- Foi exatamente isso que aconteceu - comentou Fred.


suas vestes estavam muito esticadas por cima da enorme barriga, que certamente não existia na época em que ele jogava Quadribol pela Inglaterra.


- É uma pena quando um jogador acaba assim - disse James.


- Esse é o seu destino, Potter - provocou Lily.


- Nem venha, Evans - rebateu James horrorizado.


- Eu achei que você quisesse ser um auror - comentou Harry.


- E eu quero - disse James - Mas não faz mal sonhar, faz?


- James ainda acredita que será um jogador profissional - Lily revirou os olhos.


- É possível - Sirius defendeu o amigo.


Seu nariz era achatado (provavelmente quebrado por algum balaço errante, pensou Harry), mas os redondos olhos azuis, os cabelos louros curtos e a pele rosada o faziam parecer um menino de escola que crescera demais.


- Não é alguém muito encantador, então - resumiu Lissy.


— Olá, — exclamou Bagman alegremente. Andava como se tivesse molas nas solas dos pés,


- Ainda bem que ele não tinha.


era visível que estava num estado de extrema excitação.


- Mas é impossível que ele esteja mais que James - comentou Frank.


James deu de ombros. Não entendia como os outros não estavam empolgados como ele.


— Arthur, meu velho — ofegou ele, ao chegar à fogueira — que dia, hein?


- Um dia perfeito - comentou James.


Será que podíamos ter desejado um tempo mais perfeito? Uma noite sem nuvens… E quase nenhum problema na programação… Quase nada para eu fazer!


James suspirou. Queria mais que tudo estar presente nessa Copa.


- Tenho certeza que não tem nada para fazer - ironizou Harry.


Por trás dele, um grupo de bruxos do Ministério, de cara exausta, passou apressado, apontando para a evidência distante de algum tipo de fogueira mágica que disparava faíscas violetas a seis metros de altura.


- Deve ter sido lindo - murmurou Lene, sonhadora. Amava fogueiras mágicas, adora ver a chama se expandindo e depois diminuindo. Havia algo tão vivo sobre isso.


Percy adiantou-se rapidamente com a mão estendida.


- Claro que ele foi se apresentar - resmungou George.


- Ele não está errado, embora fosse melhor que Arthur o apresentasse - disse Frank sério.


Pelo jeito o fato de desaprovar o modo de Ludo Bagman dirigir o departamento,


- E de estar falando mal disso três segundos atrás - completou Lene.


não o impedia de querer causar boa impressão.


- Claro que não - resmungou Sirius.


— Ah… Sim — disse o Sr. Weasley, sorrindo —, este é o meu filho, Percy, começou a trabalhar no Ministério agora, e este é Fred, não, Jorge, desculpe, esse é o Fred…


- Deve ser constrangedor confundir os próprios filhos.


- Nah, papai já está acostumado.


Bill, Charlie, Rony… Minha filha, Ginny…


- A mais inteligente de todos - brincou Ginny.


E os amigos de Rony, Hermione Granger e Harry Potter.


- O famoso trio de ouro - comentou Neville.


De maneira discretíssima, Bagman olhou uma segunda vez ao ouvir o nome de Harry e seus olhos deram a conhecida espiada na cicatriz na testa do garoto.


- Pelo menos, ele tentou ser discreto - consolou Lily.


- Já é um avanço - concordou Harry.


— Pessoal — continuou o Sr. Weasley —, este é Ludo Bagman, vocês sabem quem ele é,


- Tem poucas pessoas que não saibam.


- Ainda assim ele não chega ao nível de Harry.


- Verdade.


e é graças a ele que temos entradas tão boas…


Sirius fez uma careta. Sabia que o sr. Weasley não era uma pessoa ruim, mas esse tipo de atitude lembrava muito o seu pai.


Bagman abriu um sorriso de lado a lado do rosto


- Ele parecia mais ainda uma criança nessa hora - comentou Harry.


e fez um gesto com a mão significando que não fora nada.


- Provavelmente não foi mesmo - disse Alice, pensativa.


— Quer arriscar uma apostinha no jogo, Arthur? — perguntou ele ansioso, sacudindo, ao que parecia, um bocado de ouro nos bolsos das vestes amarelas e pretas.


- Ele parece ser viciado - comentou Dorcas.


- Ele é - concordou Ron.


— Já aceitei a aposta de Roddy Pontner de que a Bulgária vai marcar primeiro,


- Tem gente que aceita apostas muito rapidamente - disse Sirius, olhando feio para Regulus.


- Não sei o que você ouviu, mas só aceito raras apostas. As que eu tenho certeza que ganharei - replicou Regulus.


- Já James... - comentou Remus.


- É o meu lado Grifinório - retrucou o Maroto.


ofereci a ele uma boa vantagem, levando em conta que os três jogadores avançados da Irlanda são os mais fortes que já vi em anos,


- Vai Irlanda - torceu Alice.


Frank fez uma careta.


e a pequena Agatha Timms apostou meias quotas da fazenda de enguias de que a partida vai durar uma semana.


- Coitada - resmungou Hermione.


- Bem que eu queria - murmurou Harry sonhador.


James ficou desapontado em saber que a partida seria rápida.


— Ah… Vá lá, então — disse o Sr. Weasley. — Vejamos… Um galeão na vitória da Irlanda?


Lily sorriu. Era bom saber que Arthur era responsável o suficiente para não sair por ai apostando grandes quantias.


— Um galeão? — Ludo Bagman pareceu ligeiramente desapontado, mas se recuperou: — Muito bem, muito bem… Mais alguma aposta?


- Acho que ele já deixou claro que não - falou Snape, azedo.


Lily sorriu para ele.


— Eles são um pouco jovens demais para andar jogando


- Diga isso para James - murmurou Lily. Até ela conhecia as famosas apostas do rapaz. Ele era muito orgulhoso, então acabava aceitando quase qualquer coisa.


— disse o Sr. Weasley. — Molly não gostaria…


- Usando mamãe como desculpa - Ginny balançou a cabeça.


— Nós apostamos trinta e sete galeões, quinze sicles e três nuques — disse Fred, ao mesmo tempo em que ele e George juntavam rapidamente todo o dinheiro que tinham


- Não acredito que vocês vão fazer isso - disse Alice.


- Nós estavamos desesperados - disse George.


— que a Irlanda ganha, mas Viktor Krum captura o pomo.


- Pelo menos, vocês acertaram - murmurou Ginny baixinho.


- Serviu para quê? - questionou Fred, rudemente.


Ah, e damos uma varinha falsa de cortesia.


- Que educados - brincou Lissy.


- Acho que nunca fomos acusados disso - falou George, sorridente.


- Vocês são educados - disse Ginny de forma protetora - Só muito brincalhões.


— Vocês não vão querer mostrar ao Sr. Bagman esse lixo — sibilou Percy,


- Mas Bagman parece alguém que iria gostar disso - observou Dorcas.


mas o bruxo não pareceu achar que a varinha era lixo, muito ao contrário,


Remus sorriu para Dorcas.


seu rosto de colegial


- Harry, a gente já entendeu das 30 primeiras vezes que você falou isso - disse Ron.


- Mas ele realmente tem um rosto de colegial!


iluminou-se de excitação ao recebê-la das mãos de Fred e, quando a varinha deu um cacarejo e se transformou em uma galinha de borracha, Bagman caiu na gargalhada.


Regulus fez uma careta. Ele não via a menor graça nisso. Será que ele era muito chato?


— Excelente! Não vejo uma varinha tão convincente há anos!


- Nós somos os melhores no que fazemos - disseram Fred e George.


Eu pagaria cinco galeões por uma dessas!


- É bom que vocês já tem uma noção de preço para o produto - Lene piscou para os gêmeos. Eles sorriram de volta.


Percy ficou paralisado, numa atitude de indignada desaprovação.


- Tem alguma coisa que Percy aprove?


- Trabalho escravo - respondeu Ron prontamente.


— Meninos — disse o Sr. Weasley entre dentes —, não quero vocês jogando… Isto é tudo que economizaram… Sua mãe…


- Eu disse que ele só estava usando mamãe como desculpa. Dá para ver que ele está irritado - disse Ginny.


— Não seja estraga-prazeres, Arthur!


- Ele está sendo um pai responsável, só isso - Dorcas o defendeu.


- Nós sabemos - disse Fred.


— trovejou Ludo Bagman excitado, sacudindo as moedas nos bolsos. — Eles já são bem grandinhos para saber o que querem!


- Claro que ele acha isso - murmurou Lily.


Vocês acham que a Irlanda vai vencer, mas Krum vai capturar o pomo? Nem por milagre, moleques, nem por milagre…


Os gêmeos deram um sorriso vingativo. Era bom saber que eles tinham acertado numa previsão tão impossível, ainda mais quando o concorrente era um ex-jogador.


Vou dar uma excelente vantagem nessa…


Claro que vai dar, pensou Fred irritado, é fácil fazer isso quando não se planeja pagar de volta.


E acrescentar mais cinco galeões por essa varinha marota, concordam…


- Não é marota - protestarem os Marotos.


O Sr. Weasley ficou olhando sem ação enquanto Ludo Bagman puxava um caderninho e uma pena e começava a anotar os nomes dos gêmeos.


- Não tinha muito o que ele pudesse fazer na hora - Harry deu de ombros. A bronca teria que ficar para depois.


— Tchau — disse George, apanhando o pedaço de pergaminho que Bagman lhe estendia e guardando-o no peito das vestes.


- Devia ter pedido um voto inquebrável - resmungou George.


Harry estremeceu, lembrando-se de Snape e Mafloy.


Bagman virou-se animadíssimo para o Sr. Weasley.


- Nada como um negócio para animar um homem - ironizou Sirius, usando as palavras do pai.


— Daria para me fazer um chá, suponho?


- Supôs errado - disse Lene.


Estou de olho para ver se localizo Crouch. O meu contraparte búlgaro está criando dificuldades e não consigo entender uma palavra do que ele diz. Barty poderia resolver o problema, fala umas cento e cinqüenta línguas.


- Pergunto quando ele teve tempo para aprender tudo isso - disse Hermione.


- Você devia perguntar a Percy, tenho certeza que ele sabe - disse Ron. Ginny acenou com a cabeça, concordando.


— O Sr. Crouch? — disse Percy, abandonando subitamente o seu ar de impassível desaprovação e quase se contorcendo de óbvia excitação.


- Eu disse, ele está claramente apaixonado pelo cara - disse Fred, suspirando - Pobre Percy.


- Não duvido nada - disse James.


— Ele fala mais de duzentas!


- Um dia quero aprender outras línguas - falou Frank.


- Você já sabe Francês - lembrou Alice.


Frank deu de ombros. Para ele, isso não contava. Ele fora obrigado a aprender francês desde pequeno por causa dos seus parentes. Nem se lembrava de ter estudado o idioma.


- Você sabe falar Francês? - perguntou Neville, espantado. Nunca soubera disso.


- Claro, você não sabe? - perguntou Frank confuso. Todos os homens da família dele deviam saber, foi assim por gerações. Os Longbottom da Inglaterra aprendiam francês e os da França inglês.


Neville balançou a cabeça, sentindo que tinha acabado de desapontar o pai.


- Como você fala com a nossa família, então? - perguntou Frank confuso.


- Nós temos família na França? - perguntou Neville ainda mais confuso que o pai.


Frank sentiu uma raiva imensa da mãe. Por que Augusta nunca contara isso para o filho? Então a resposta o ocorreu: Eles deviam ter perdido o contato com a guerra. Já fazia alguns meses que Frank não tinha notícia da França.


- Sim, uma boa parte da nossa família mora lá - admitiu Frank - Eu prometo te explicar direito depois. Toda a história da nossa família - falou firme.


Neville sabia que poderia ser um pouco chato, mas não se importo nem um pouco.


Serêiaco, grugulês, trasgueano…


- Que é grugulês?


- É a língua dos duendes - respondeu prontamente Remus.


— Qualquer um sabe falar trasgueano — disse Fred fazendo pouco —, é só a gente apontar e grunhir.


Todos começaram a rir.


Percy lançou a Fred um olhar feiíssimo e atiçou os gravetos da fogueira vigorosamente para fazer a chaleira ferver.


- Será que eu feri os sentimentos de alguém? - zombou Fred.


— Já teve notícias de Bertha Jorkins, Ludo? — perguntou o Sr. Weasley quando Bagman se sentou na grama ao lado deles.


Lily sentiu-se um pouco mal. Eles não tinham ideia do que tinha acontecido a ela.


— Nem um pio — disse Bagman à vontade. — Mas ela vai aparecer.


- Não custava nada alguém pelo menos tentar perguntar aos trouxas se alguém a viu - disse Frank.


Coitada da velha Bertha… Tem a memória de um caldeirão furado e nenhum senso de direção. Perdida, se quiserem acreditar.


- Nós não acreditamos nisso, mas obviamente vocês querem acreditar - disse Dorcas friamente.


Vai aparecer na seção lá para outubro, pensando que ainda é julho.


- Ou ela foi morta por Voldemort.


- Sirius!


- É a verdade.


— Você não acha que já estava na hora de mandar alguém procurá-la? — sugeriu, hesitante, o Sr. Weasley, quando Percy estendeu a Bagman o chá pedido.


- Parece que Percy agora ficou amiguinho de Bagman - ironizou Sirius.


— É o que o Barty Crouch não para de dizer


- Talvez alguém devesse escutá-lo - sugeriu Lily.


— respondeu Bagman, arregalando inocentemente seus olhos redondos —, mas o fato é que não podemos destacar ninguém no momento.


- Compreendo - disse Frank.


Ah… É falar no demônio! Barty!


- Por que as pessoas sempre aparecem quando estamos falando delas? - perguntou Lene.


- Não sei, mas acho que não funciona para todos. Já pensou se Harry aparecesse toda vez que alguém falasse o nome dele? - disse Lily.


- É, seria um inferno - disse Lene.


- Eu não teria tempo para mais nada - disse Harry.


Um bruxo acabara de aparatar junto à fogueira, e não poderia oferecer um contraste maior a Ludo Bagman, estirado na grama com as vestes velhas do Wasp.


- Vamos ouvir sobre o amante de Percy.


Barty era um homem mais velho, formal, empertigado, vestido com um terno e uma gravata impecáveis.


- Ou seja, tudo que Percy queria ser - disse Ginny.


A risca nos seus cabelos grisalhos e curtos era quase absurdamente reta e o bigode fino de escovinha parecia ter sido aparado com uma régua.


- Pelo menos, ele parece um trouxa - comentou Ron.


Seus sapatos eram exageradamente lustrosos. Harry percebeu na hora por que Percy o idolatrava.


- Até Harry percebeu - disse Ginny.


- Como assim, até eu? - perguntou Harry.


- Nada, amor.


Percy acreditava piamente em obedecer às regras sem fazer concessões,


- Não sei quem o ensinou isso - disse George, pensativo.


- Papai, eu acho - disse Fred.


e o Sr. Crouch obedecera à regra de se vestir como trouxa tão rigorosamente que poderia ter passado por gerente de banco.


- Então é assim que gerentes de bancos são no mundo trouxa? - perguntou Ron curioso. Parecia realmente diferente dos duendes.


- Normalmente sim. Eles tendem a se vestir de maneira extramente formal. A aparência ‘fria‘ é importante nos negócios - explicou Hermione.


Harry duvidava que seu tio Válter pudesse ter descoberto quem ele realmente era.


- Nem fale do seu tio - murmurou Lene, irritada.


- Seu tio é super paranoico.


- Eu sei.


— Estrague um pouco a grama, Barty — disse Ludo animadamente, batendo no chão.


- Não acho que ele vá apreciar esse convite - murmurou Frank secamente. Será que Ludo não percebia que tipo de homem Crouch era?


— Não, muito obrigado — respondeu Crouch, e havia um vestígio de impaciência em sua voz.


- Opa, acho que alguém detesta alguém.


— Estive procurando-o por toda parte. Os búlgaros insistem que coloquemos mais doze cadeiras no camarote de honra.


- Tão se achando especiais é? Que isso.


— Ah, é isso que eles querem? — exclamou Bagman. — Achei que o sujeito estava pedindo uma pinça emprestada.


- Como ele entendeu isso? - perguntou Regulus incrédulo - E por que não colocaram um tradutor para os convidados de honra?


Sotaque forte o dele.


- Tem que ser o sotaque mais forte do mundo - disse Ginny.


— Mr. Crouch! — disse Percy sem fôlego, curvando-se numa espécie de meia reverência que o fez parecer corcunda.


- Ele está realmente fazendo uma reverência? - perguntou James de olhos arregalados. Isso era meio humilhante.


— O senhor aceita uma xícara de chá?


- Percy acha que ele é o secretário de Crouch?


— Ah — exclamou o bruxo, olhando surpreso para Percy.


- Ele não tinha notado que o menino estava ali ainda? - perguntou Frank. Mal sinal.


— Claro… obrigado, Weatherby.


Todos de 1977 explodiram em risadas. Era hilário ver que depois do longo tempo ouvindo Percy adorar o chefe, Crouch nem sabia o seu nome.


Fred e George se engasgaram dentro das xícaras de que bebiam. Percy, as orelhas muito rosadas, ocupou-se com a chaleira.


Isso é muito mais humilhante, pensou James. Okay, Percy era extremamente chato, mas ele realmente se dedicava ao trabalho. Crouch podia pelo menos reconhecer um pouco do esforço que ele estava fazendo.


- Eu não acredito que eu esqueci isso - disse Ron.


— Ah, e tenho querido dar uma palavra com você, também, Arthur


- Aparentemente, todo mundo quer. Não para de chegar gente - comentou Lily.


— disse o Sr. Crouch, seu olhar penetrante recaindo sobre o Sr. Weasley. — Ali Bashir está em pé de guerra.


- Quem é esse?


- Menor ideia - disse Neville.


Quer falar com você sobre o embargo dos tapetes voadores.


- Justamente agora? - questionou James irritado.


O Sr. Weasley soltou um profundo suspiro.


- Bem, Arthur conhece - observou Regulus. Harry assentiu.


— Mandei-lhe uma coruja sobre isso ainda na semana passada. Já devo ter dito a Bashir umas cem vezes: tapetes são classificados como artefatos mágicos pelo Registro de Objetos Enfeitiçáveis Proscritos,


Dorcas suspirou triste. Ela sabia que a regra fazia sentido, mas sentia-se frustada com o todo o controle que o ministério exigia. Imaginava quantas coisas podiam fazer se não fosse isso.


mas, e ele quer me escutar?


- Definitivamente não.


— Duvido — respondeu o Sr. Crouch, aceitando a xícara de Percy. — Ele está desesperado para exportar para cá.


- As pessoas só se preocupam com o lucro - criticou Hermione.


— Bom, eles nunca vão substituir as vassouras na Grã-Bretanha, vão? — disse Bagman.


- Não nesta vida - ameaçou James.


- Eu não me importaria - disse Lily.


James a lançou um olhar mortal. Ela se aproximou e o abraçou até ele retribuir.


— Ali acha que há um nicho no mercado para um veículo familiar — explicou o Sr. Crouch.


- É, não seria nada discreto - disse Regulus.


— Eu me lembro de que o meu avô tinha um Axminster que levava doze pessoas, mas isso foi antes dos tapetes serem banidos, naturalmente.


- Imagine que horrível alguém da família de Barty fazendo algo ilegal - disse Alice.


O trio trocou olhares.


Alice levantou a sobrancelha, mas não questionou.


Ele falou como se não quisesse deixar a menor dúvida de que todos os seus antepassados cumpriam rigorosamente a lei.


- Acho que esse é o ponto, mesmo - disse Frank. Para homens como Barty, e como ele mesmo, regras eram muito importantes. Então é claro que ele acharia importante que a família dele também as seguisses.


— Então, muito ocupado, Barty? — perguntou Bagman despreocupadamente.


- Ele não parece ficar preocupado com nada.


— Bastante — respondeu o outro seco. — Organizar chaves de portal em cinco continentes não é uma tarefa qualquer, Ludo.


- Parece até Percy falando.


— Imagino que os dois vão ficar contentes quando o evento acabar — comentou o Sr. Weasley.


- Não sei se Crouch pode ficar contente, mas, sim - falou Harry.


Ludo Bagman pareceu chocado.


- Alguém que concorda comigo - disse James, contente.


— Contente! Não me lembro de ter me divertido tanto… Ainda assim, não é que não haja mais trabalho pela frente, hein, Barty? Hein? Muita coisa ainda para organizar, hein?


Lily estreitou os olhos.


O Sr. Crouch ergueu as sobrancelhas para Bagman.


— Combinamos não anunciar nada até todos os detalhes…


- Ops, Ludo está quebrando uma regra? - falou Snape entediado.


— Ah, os detalhes! — exclamou Bagman, afastando a palavra como se fosse uma nuvem de mosquitos.


- Crouch não ficou contente - disse Ginny.


— Eles já assinaram, então? Concordaram? Aposto o que você quiser como esses garotos vão saber logo. Quero dizer, vai acontecer em Hogwarts…


- Agora Ludo conseguiu nossa atenção - murmurou Ron.


- Eu já estava interessada antes - retrucou Hermione.


- O que vai acontecer em Hogwarts? - questionou Ginny.


— Ludo, precisamos receber os búlgaros, sabe


- Talvez tenha sido rápido demais para o raciocínio dele.


— disse o Sr. Crouch bruscamente, cortando os comentários de Bagman. — Obrigado pelo chá, Weatherby.


- Vou me lembrar de chamar Percy assim da próxima vez que o ver - disse Ron.


Ele devolveu a Percy a xícara de chá intocada


- Além de tudo, Percy não sabe fazer chá direito - disse Ginny, entre risadas.


- Não foi ele que fez.


- Tanto faz.


e esperou Ludo se levantar;


- Isso pode demorar.


Bagman se pôs em pé com dificuldade, virando o restinho de chá,


- Pelo menos, alguém aprecia o chá - disse Fred.


o ouro em seus bolsos tilintando alegremente.


- O som da felicidade - ironizou Frank.


Que o ouro ajuda a trazer a felicidade, ajuda, pensou Snape.


— Vejo vocês todos mais tarde!


- Não - resmungou Alice. Já ouvira o suficiente sobre Ludo.


— disse ele. — Vão ficar no camarote de honra comigo, vou comentar o jogo!


- Uma honra mesmo - comentou James empolgado. Seria fantástico ver um jogo de Quadribol na Copa Mundial com um ex-jogador.


— Ele acenou, Barty Crouch fez um movimento rápido com a cabeça e os dois desaparataram.


- Crouch deve estar bem feliz - observou Josh.


— Que é que vai acontecer em Hogwarts, papai? — perguntou Fred na mesma hora. — Do que é que eles estavam falando?


- Tenho a sensação que não é nada bom - resmungou Lily. Nunca era algo bom na vida de Harry.


— Você vai descobrir logo — disse o Sr. Weasley sorrindo.


- Ele estava tentando ensinar paciência - disse Alex.


- É, isso é horrível - resmungou Fred - Mas no fim acabei sabendo - disse animado.


— É informação privilegiada, até o Ministério achar conveniente comunicá-la


- Tão legal isso - disse Lene sarcástica.


— disse Percy empertigado. — O Sr. Crouch estava certo em não querer revelar nada.


- Porque ninguém sabe o que irá acontecer, tenho certeza - Neville revirou os olhos.


- Nem mesmo Malfoy - ironizou Harry.


— Ah, cala a boca, Weatherby — disse Fred.


- Eu tinha que fazer essa.


- Era muito boa para não ser usada - concordou Remus.


A atmosfera de excitação foi-se adensando como uma nuvem palpável sobre o acampamento, à medida que a tarde avançava. A hora do crepúsculo, o próprio ar parado de verão parecia estar vibrando de excitação,


- Esse é o espírito - disse James.


e quando a noite se estendeu como um toldo sobre os milhares de bruxos que aguardavam, os últimos vestígios de fingimento desapareceram:


Frank resmungou. Sabia que isso estava vindo.


- É por coisas assim que não podemos fazer muitos eventos.


o Ministério pareceu se curvar ao inevitável e parou de combater os indisfarçáveis sinais de magia que agora irrompiam por toda parte.


- Bem, pelo menos não tem trouxas perto - disse Hermione.


Ambulantes aparatavam a cada metro, trazendo bandejas e empurrando carrinhos cheios de extraordinárias mercadorias.


- É uma ótima oportunidade para negócio.


Havia rosetas luminosas — verdes para a Irlanda, vermelhas para a Bulgária — que gritavam os nomes dos jogadores, chapéus verdes cônicos enfeitados com trevos dançantes, echarpes búlgaras adornadas com leões que rugiam de verdade,


Harry sorriu levemente, lembrando de Luna.


bandeiras dos dois países que tocavam os hinos nacionais quando eram agitadas,


- Que fofo! - exclamou Lene, empolgada.


Sirius revirou os olhos, mas sorria.


havia miniaturas de Firebolts, que realmente voavam, e figurinhas colecionáveis dos jogadores famosos, que andavam se exibindo nas palmas das mãos.


- Esses jogadores - Ginny fingiu reprovar.


— Guardei o meu dinheiro o verão todo para o dia de hoje


- Ter prioridades é importante - concordou James.


- Né Hermione - disse Harry.


- Ah, cala a boca - resmungou, corada.


— disse Ron a Harry, quando os três saíram caminhando entre os vendedores comprando lembranças. Embora Ron já tivesse comprado um chapéu com trevos dançantes e uma grande roseta verde, comprou também uma figurinha de Viktor Krum, o apanhador búlgaro.


- Engraçado como as coisas mudam - provocou Harry.


- Calado! - rosnou Ron.


O brinquedo andava para frente e para trás na mão do garoto, amarrando a cara para a roseta verde acima.


- Krum não gosta muito de andar - comentou Hermione - Ele prefere estar no ar.


- Claro que prefere - disse Ron.


— Uau, olha só para isso! — exclamou Harry, correndo até um carrinho atulhado de coisas que pareciam binóculos de latão, só que eram cheios de botões estranhos.


- Você nunca viu um desses? - perguntou Lissy espantada. Harry negou.


— Onióculos — disse o vendedor pressuroso. — Você pode rever o lance… Passar ele em câmara lenta… E ver uma retrospectiva lance a lance, se precisar.


- Mas aí você perde o jogo.


- Eu descobri isso depois - falou Harry tristemente.


- Tem uns que da para rever o jogo todo - disse Alex em tom sonhador.


Pechincha: dez galeões um.


- Dez galeões é um assalto! - exclamou James, revoltado.


— Eu queria não ter comprado isso — disse Rony, indicando o chapéu com os trevos dançantes e olhando, de olho comprido, para os onióculos.


- É sempre assim - concordou Lene - Você compra uma coisa, mas depois quer outra.


— Três — disse Harry com firmeza ao bruxo.


Lily sorriu para o filho. Amava quando as pessoas tomavam atitudes como essa.


— Não… Não precisa — disse Ron ficando vermelho. Sempre se melindrava com o fato de que Harry, que herdara uma pequena fortuna dos pais, tivesse muito mais dinheiro do que ele.


- Harry!


- Desculpa.


- Tudo bem.


— Não vou te dar nada no Natal — disse Harry,


- Mas você deu - falou Ron estreitando os olhos.


- Ops. Eu esqueci?


- Você não me engana, Potter.


empurrando os oníóculos nas mãos do amigo e de Hermione. — Por uns dez anos, não se esqueça.


- Não foi eu quem esqueci.


- Shhh, vamos ler o resto.


— É justo — disse Ron rindo.


— Aaah, obrigada, Harry — disse Hermione. — E eu compro os programas para nós, olha…


- Que fofos, todos generosos - disse Alice sorrindo.


- Eu não comprei nada - disse Ron vermelho.


- Sim, mas eles foram com você para a Copa - apontou Sirius.


Com as bolsas de dinheiro bem mais leves, os três voltaram às barracas.


- Mas estávamos felizes - disseram.


Bill, Charles e Ginny também estavam usando rosetas verdes, e o Sr. Weasley carregava uma bandeira da Irlanda. Fred e George não compraram suvenires porque tinham entregado todo o dinheiro a Bagman.


- Foi um momento triste, mas sobrevivemos - disse George.


- Tudo pela loja - disse Fred.


Então, eles ouviram um gongo, grave e ensurdecedor,


- Vai começar? - perguntou James animado.


- Sim.


James sorriu largamente.


bater em algum lugar além da floresta e, na mesma hora, lanternas verdes e vermelhas se acenderam entre as árvores, iluminando o caminho até o campo.


- Ficou lindo - disse Ginny.


- Foi uma boa ideia do Ministério - concordou Hermione.


— Está na hora! — exclamou o Sr. Weasley, parecendo tão excitado quanto os garotos.


- Tá vendo? Alguém como eu!


- James, se você estivesse lá, você estaria mais empolgado que os meninos - comentou Lily divertida.


James deu de ombros.


— Andem logo, vamos!


- Vamos! - repetiu James empolgado.
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Nota: Sobre a família de Neville ser da França, tudo inventado.


 ¹ - Não tenho a menor ideia de como funcionam chaves de portais.

 

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