O convite



Capítulo 3 - O convite




Quando Harry finalmente chegou à cozinha, os três Dursley já estavam sentados à mesa.


- É uma surpresa que eles consigam chegar até lá sozinhos - disse Ron.


Nenhum deles ergueu a cabeça quando o garoto entrou ou se sentou.


- Simpáticos - ironizou Ginny.


A caraça vermelha de tio Vernon estava escondida atrás do matutino Daily Mail,


- Não sei porque ele está tentando ler se é claro que não vai entender - disse George.


e tia Petunia partia um grapefruit em quatro,


- O que é um grapefruit? - questionou Frank.


- É uma fruta deliciosa - respondeu Lily.


Harry não concordava com a opinião da mãe.


os lábios contraídos por cima dos dentes de cavalo.


- Ela é uma mistura de um cavalo com uma girafa.


Duda parecia furioso e carrancudo,


- Uma pena que ninguém liga - disse Remus.


e, por alguma razão, dava a impressão de estar ocupando mais espaço do que de costume.


- Deve ser porque você não quer se aproximar muito - sugeriu Lissy.


E isso não era pouco, porque ele sempre ocupava sozinho um lado inteiro da mesa quadrada.


Lily estava horrorizada pela informação. Não conseguia acreditar que Tuney iria permitir que o filho dela fosse assim. Será que ela não percebia o quanto isso era ruim para a saúde dele?


- E você ocupando espaço quase nenhum - comentou Neville.


Quando tia Petunia pôs um quarto de grapefruit no prato do filho com um trêmulo


Lily franziu a testa. Tuney estava com medo de alguma coisa? Por que esse nervosismo todo?


(Tome, Dudinha


- Acho que ele não tem nada de inha - comentou George.


querido), o garoto lançou-lhe um olhar raivoso.


- Que agradável - ironizou Ron.


A vida de Duda tomara um rumo muito desagradável


- Não vejo como - disse Sirius - Para mim, o problema é ele mesmo.


desde que ele voltara para passar as férias de verão em casa trazendo o boletim de fim de ano.


- Aposto que as notas dele foram péssimas - disse Ginny.


- Você não tem ideia - Harry replicou.


Tio Vernon e tia Petunia, como sempre, tinham conseguido arranjar desculpas para as notas baixas dele;


Snape revirou os olhos. Detestava pais assim. Lily o encarou e ele soube que ela estava pensando na mesma coisa.


tia Petunia sempre insistia que "Duda era um menino muito talentoso, incompreendido pelos professores",


- Coitado de Duda - Hermione falou em um tom dramático - É muito inteligente e estudioso, mas sempre zera todas as provas.


enquanto tio Vernon sustentava que "ele não queria mesmo um filho cê-dê-efe e educadinho".


- Claro que não, é muito melhor tem um filho que não sabe de nada - falou Frank.


Eles também passaram por cima das acusações de truculência e intimidação de colegas que havia no boletim.


- Como alguém consegue ignorar isso? - questionou Lissy.


- Tia Petunia consegue ser cega quando se trata de Duda.


"Ele é um garotinho turbulento,


- Mais do que isso - resmungou Ron.


mas não faria mal a uma mosca!",


- E o que ele faz com Harry é o quê? - perguntou Ginny, irritada. Harry colocou uma mão no ombro dela, para acalmá-la. Ele não tinha raiva de Duda. Sabia que o garoto não tinha sido culpa de ter sido criado do jeito que fora.


comentou tia Petunia chorosa.


- Como alguém pode ser tão idiota? - questionou Lene.


- Sem ofensas, Lily, mas sua irmã é uma ridícula - disse Dorcas.


- Eu concordo - murmurou Lily. Petunia tinha sido diferente, mas agora ela era só uma sombra do que já fora.


Contudo, no finalzinho havia uma observação muito bem colocada da enfermeira da escola, que nem mesmo os pais conseguiram justificar.


- Essa deve ter sido bem inteligente - comentou Frank interessado.


Por mais que tia Petunia choramingasse que Duda tinha ossos grandes


- Não é a única coisa grande que Duda tinha.


e que seu excesso de peso era na realidade gordura infantil,


- Mas ele não tem nada de infantil nele - resmungou Ginny.


que ele era um menino em crescimento e precisava de muita comida,


- Ele precisa é fazer exercício e parar de comer.


o fato era que os fornecedores de uniformes da escola não estocavam calças suficientemente grandes para Duda.


James até tentou, mas ele não conseguiu segurar a risada.


A enfermeira da escola vira o que os olhos de tia Petunia – tão atentos quando se tratava de


- Observar todos os vizinhos, vinte e quatro horas por dias - resmungou Harry.


encontrar marcas de dedos em suas paredes brilhantes


- Ela realmente não tem o quê fazer - resmungou Frank.


e observar as idas e vindas dos vizinhos


- Eu disse - falou Harry.


- Ninguém duvidou - disse Lily. Petunia nunca tivera muito o que fazer mesmo.


– simplesmente se recusavam a enxergar: que, longe de precisar de alimentação suplementar,


- Esse seria o Harry - disse Ron.


Harry o encarou irritado.


Duda atingira aproximadamente o tamanho e o peso de um filhote de orca.


- Bem, ele sempre foi parecido com um - comentou Josh.


Então – depois de muitos acessos de raiva,


- Porque esse é o jeito de resolver as coisas - ironizou Lily.


muitas discussões que sacudiram o assoalho do quarto de Harry


Hermione fez uma careta. Harry não devia vier nessas condições.


e muitas lágrimas de tia Petunia


Lily revirou os olhos. Sua irmã sempre fora muito dramática.


– o novo regime começara.


- Realmente, uma tragédia - Ginny revirou os olhos, impaciente.


A receita da dieta que a enfermeira da Smeltings enviara fora colada na geladeira,


- Só para Duda não poder dizer que esqueceu - disse Harry.


já esvaziada de todas as coisas que Duda mais gostava


Ron por um momento ficou com pena do cara. Devia ser horrível passar a ter que começar coisas que você não gostava. Mas, então, ele lembrou-se de quem Duda era.


– bebidas gasosas e bolos, barras de chocolate e hambúrgueres


- Super saudável - ironizou Hermione. Como alguém conseguia viver só disso?


e cheia de frutas,


- Frutas são deliciosas! - protestou Dorcas.


legumes e coisas que tio Vernon chamava de "comida de coelho".


Alice conteve o impulso de chamar o homem de ignorante.


Para fazer Duda se sentir melhor com a mudança, tia Petunia insistira que a família inteira seguisse a mesma dieta.


- Estou surpresa que ela obrigue Vernon a fazer alguma coisa - disse Lily.


Agora ela passava um quarto de grapefruit para Harry.


Lily olhou preocupada para o filho. Ele já comia pouco, se continuasse a comer assim.


- Eu estou bem - respondeu Harry com um sorriso que Lily conhecia muito bem. Estivera presente várias vezes em James.


O garoto reparou que o dele era bem menor que o de Duda.


- Isso é ridículo! - disse Hermione. Ela realmente estava tentando, mas não conseguia seguir a lógica de Petunia. Por que Harry precisaria comer menos? E todo a história de a família ter que comer a mesma coisa?


A tia parecia sentir que a melhor maneira de manter o moral


- Quem liga para a moral dele? - questionou Neville.


- Só a tia Petunia - Harry respondeu. Por mais que detestasse a tia, tinha uma certa admiração pelo amor que ela tinha por Duda. Embora, ele certamente não fosse criar os filhos assim.


de Duda era providenciar para que ele, no mínimo, recebesse mais comida do que Harry.


- E mesmo assim ela diz que o filho dela é um santinho - Hermione revirou os olhos.


Mas tia Petunia não sabia o que estava escondido sob as tábuas soltas do assoalho


- Bom esconderijo - observou Fred, orgulhoso.


- Gostei de como essa frase soou - disse Lene, com um sorriso malicioso.


no andar de cima.


- Melhor ainda - disse George.


- O que está escondido? - perguntou Dorcas curiosa.


Não fazia a menor ideia de que Harry não estava seguindo dieta alguma.


- Esse é o meu garoto! - disse James, orgulhoso.


- Sempre soube que você herdaria meu sangue - disse Sirius, dramático.


Harry sorriu, escolhendo ignorar que não compartilhava nenhuma ligação de sangue com o padrinho.


No momento em que descobriu que esperavam que ele sobrevivesse durante o verão comendo palitos de cenoura crua,


- Não é tão ruim! - falou Dorcas e se encolheu sob os olhares que recebeu.


Harry despachara Edwiges


- Foi uma ação de emergência - disse Harry.


à casa dos amigos com pedidos de ajuda,


Hermione e Ron sorriram. Eles estavam felizes que pelo menos dessa vez Harry tivesse ido até eles.


e eles tinham correspondido mais do que à altura.


- Claro, não fazemos nada pela metade - disse Ron.


A coruja voltara da casa de Hermione com uma enorme caixa de lanchinhos sem açúcar (os pais de Hermione eram dentistas).


- Eu posso comer doces - ela esclareceu - Só não gosto de açúcar.


Ginny fez uma cara de descrença para a amiga.


Hagrid, o guarda-caça de Hogwarts,


- Você mandou para ele também? - perguntou Neville, surpreso.


- Claro - disse Harry.


comparecera com um saco de bolos que ele mesmo fabricara


Ginny botou a mão na cabeça, desesperada.


(Harry ainda não provara;


- Uma decisão sábia - disse Ron.


- Só prove quando tiver testemunhas por perto - disse Hermione.


tinha muita experiência com a culinária de Hagrid).


- Experiência demais - ele acrescentou.


A Sra. Weasley, porém, mandara a coruja da família, Errol, com um enorme bolo de frutas e tortinhas variadas.


Harry sorriu com carinho.


- A mãe de vocês é ótima - ele disse.


- Você sabe que ela te ama como um filho - disse Ginny, suavemente.


O coitado do Errol, que era velho e fraco,


- HARRY! - brigou Alice.


- Mas ele era mesmo - Harry se justificou. Alice o encarou, ameaçadora - Desculpe - ele completou baixinho.


Ron assistia a cena com interesse. Não se incomodava com Harry dizendo isso de Errol, mas era divertido ver Alice brigando com ele.


precisara de cinco dias inteiros para se recuperar da viagem.


- Talvez ela não deva fazer viagens tão longas - sugeriu Alice.


- Não tínhamos muita escolha - falou Ron, envergonhado.


Então, no aniversário de Harry (a que os Dursley sequer deram atenção),


- Não que eu estivesse esperando - falou e estava sendo sincero. Depois do terceiro ano em Hogwarts, ele não se importava mais com que Dursleys falassem, contato que os amigos o dessem parabéns.


ele recebera quatro esplêndidos bolos de aniversário de Ron, Hermione, Hagrid e Sirius.


- Cuidado, porque se foi ele é que fez, deve estar um lixo - avisou Lene.


- Olha quem fala - resmungou Sirius - Não sabe nem fazer um suco.


Marlene sorriu com a lembrança dos dois cozinhando. Tinha sido poucos dias atrás, mas parecia tão distante...


Ainda lhe restavam dois,


- Coma com sabedoria, para não acabar logo - orientou Ginny.


- Sempre - concordou Harry.


e sabendo que teria um café da manhã de verdade


- Não sei se bolo pode ser considerado café da manhã de verdade - falou Hermione.


- Claro que pode! - retrucou Ron.


quando voltasse ao seu quarto, ele começou a comer o grapefruit sem reclamar.


- Esse é o meu filho - disse Lily, orgulhosa.


Tio Vernon pôs de lado o jornal com um profundo suspiro de desaprovação


- Não é só porque você desaprova uma coisa que você precisa ficar reclamando sobre isso - disse Fred.


-... Por exemplo, todos os seus funcionários devem te odiar e não é nem por isso que eles reclamam todo dia de trabalhar com você - disse George.


- Bem, pelo menos, não na sua frente - disse Fred.


e olhou para o seu quarto de grapefruit.


- Deve ser a primeira vez na vida que ele come fruta - disse Hermione.


— É só isso? — perguntou em tom de reclamação à tia Petunia.


Lily franziu a testa. Não gostava da irmã, mas não era por isso que gostava de ouvir outras pessoas reclamando dela.


A mulher lhe lançou um olhar severo


- Não sabia que sua tia era capaz disso - disse Neville.


- É porque você não viu ela fazendo a limpeza da casa - disse Harry.


e indicou com a cabeça o filho, que já acabara de comer o seu quarto de fruta e


Alice revirou os olhos. Estava claro que essa dieta não ia dar certo. Era loucura sair diminuindo tão drasticamente a comida.


estava cobiçando o de Harry com um olhar azedo nos olhinhos de porco,


- Que pena que não vai ter - disse Fred, satisfeito.


- Uma vez na vida, tia Peúnia vai estar do meu lado - disse Harry.


Tio Vernon soltou um grande suspiro, que arrepiou sua espessa bigodeira, e apanhou a colher ao lado do prato.


- Ele foi vencido - disse Ron, feliz.


A campainha da porta tocou. Ele se levantou penosamente da cadeira e saiu em direção ao hall.


- E eu achando que ele ficaria feliz com uma desculpa de sair dali - disse George.


Rápido como um raio, enquanto a mãe se ocupava com a chaleira, Duda furtou o resto de grapefruit do pai.


- Nunca vi Duda tão feliz em comer uma fruta - comentou Harry.


- Não posso culpá-lo - disse James.


Harry ouviu vozes à porta, alguém rindo e a resposta seca do tio.


- Não parece coisa boa - disse Lene.


Então a porta se fechou e seguiu-se um ruído de papel rasgado no hall.


- Tem que ter sido rasgado com muita força para vocês escutarem - comentou Neville.


Tia Petunia colocou o bule de chá sobre a mesa e olhou curiosa


- E quando ela não está curiosa?


à volta para ver aonde fora o marido.


- Isso que eu chamo de não ter vida própria.


Não precisou esperar muito para descobrir; passado um minuto ele estava de volta.


- Ele andou mais rápido do que eu achava que ele conseguia - observou Ron.


Com o rosto lívido.


— Você — vociferou ele para Harry.


- Droga! - resmungou Lily. Não sabia o que era, mas com os Dursley não podia significar uma coisa boa para Harry.


— Na sala de estar. Agora.


Espantado, perguntando-se o que teria feito desta vez,


- Nada, assim como todas as outras vezes? - sugeriu Regulus.


Harry se levantou e acompanhou o tio para fora da cozinha e rumaram para o aposento vizinho.


James ficou tenso. Se Vernon não queria nem que a família ouvisse...


Vernon fechou a porta com força depois que ele e o sobrinho entraram.


— Então — disse o tio, indo até a lareira e se virando para encarar Harry, como se estivesse prestes a lhe dar voz de prisão.


- Quero ver conseguir - disse Lene.


— Então.


Harry teria adorado responder "Qual é?",


- Devia ter respondido - disse Fred.


Harry deu um sorriso fraco.


mas achou que a boa disposição do tio não deveria ser testada assim cedinho, principalmente se já estava sob forte estresse por falta de comida.


- Existe chá de camomila - falou Dorcas.


Então decidiu fazer cara de quem está educadamente intrigado.


- Mas ele sabe que você não é educado - brincou Ron.


— Isto acabou de chegar — disse o tio. E brandiu na cara de Harry a folha de papel de carta roxo.


- Eu gosto de roxo - comentou Dorcas.


— Uma carta. A seu respeito.


- Quem escreveu uma carta sobre você? - perguntou Frank, confuso.


Os Weasley riram.


A confusão de Harry aumentou. Quem estaria escrevendo a tio Vernon a respeito dele? Quem é que ele conhecia que mandava cartas pelo correio?


Tio Vernon olhou aborrecido para Harry, depois baixou os olhos para a carta e começou a ler em voz alta:


- NÃO ACREDITO! - gritou Lene - Ele sabe ler!


- É uma surpresa - concordou Dorcas.


Prezados Sr. e Sra. Dursley,


Nunca fomos apresentados,


- Felizmente - disse Harry.


mas tenho certeza de que já ouviram Harry falar muito do meu filho Ron.


- Weasleys!


Como Harry deve ter-lhes contado, a final da Copa Mundial de Quadribol vai se realizar na próxima segunda-feira à noite, e meu marido, Arthur, conseguiu arranjar ótimos lugares para o jogo por intermédio de conhecidos do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.


- Harry vai ver o jogo! - disse Sirius animado.


- Ele ainda não disse que ia - disse Marlene.


- Ele tem ingresso, por que não iria? - retrucou.


Espero que o senhor e sua mulher nos permitam levar Harry ao jogo,


- Eles vão - falou James ameaçador.


pois é realmente uma oportunidade única na vida. A Grã-Bretanha não sedia a Copa há trinta anos e as entradas são muito difíceis de se obter.


- E eu ainda não acredito que ela vai sediar - disse James, animado.


Ficaríamos muito felizes se Harry pudesse passar o resto das férias de verão conosco, e de acompanhá-lo em segurança até o embarque para a escola.


- Suas férias vão ser boas - falou Neville animado. Harry sorriu para ele.


Seria preferível que ele nos mandasse a resposta, o mais depressa possível, da maneira normal, porque o carteiro trouxa jamais entregou correspondência em nossa casa e não tenho muita certeza de que saiba onde é.


- Mamãe não devia ter falado isso - disse Fred, rindo.


Esperando ver Harry em breve, subscrevo-me,


Atenciosamente,


Molly Weasley.


PS. Espero ter colado selos suficientes na carta.


- Como assim? - perguntou Lily.


Tio Vernon terminou a leitura,


- Ainda estou chocada que ele sabe ler - disse Dorcas.


tornou a meter a mão no bolso superior do paletó e tirou mais alguma coisa.


— Olhe só isto — rosnou.


E mostrou o envelope em que chegara a carta da Sra. Weasley, e Harry precisou fazer força para não rir.


- Por quê?


O envelope estava coberto de selos,


- Eu não acredito que ela fez isso - disse Alice, rindo.


exceto por um quadrado de uns três centímetros na face, em que a senhora havia espremido o endereço dos Dursley numa letra miudinha.


- Ninguém lá em casa sabia mandar uma carta trouxa - disse Ron.


- Todos ficamos confusos sobre como a carta chegava até em casa - disse Ginny.


— Então ela colou selos suficientes — disse Harry tentando fazer parecer que o engano da Sra. Weasley era muito comum.


- Não vai rolar - disse Hermione.


Os olhos do tio faiscaram.


— O carteiro reparou — disse ele entre dentes. — Estava muito interessado em saber de onde veio a carta.


- Ele é fofoqueiro e a culpa é do Harry?


Foi por isso que tocou a campainha. Parecia estar achando muito engraçado.


- E é engraçado - disse Lily.


Harry ficou calado. Outras pessoas talvez não entendessem o porquê da preocupação do tio com tantos selos, mas Harry vivera com os Dursley tempo bastante


- Mais do que bastante - resmungou Harry.


para saber que se incomodavam muito com qualquer coisa até ligeiramente anormal.


- Só por causa disso, eles já são anormais - disse Ginny com um sorriso perverso.


O pior receio dos dois era alguém descobrir que estavam ligados (por mais remotamente que fosse) com gente como a Sra. Weasley.


- Acredite, nós não queremos estar ligados a vocês também - disse Ginny, friamente.


Tio Vernon continuou a olhar feio para Harry, que tentava sustentar uma expressão neutra.


- Se você conseguir, merece um prêmio - disse Lissy.


Se não fizesse nem dissesse nada idiota, talvez pudesse curtir uma oportunidade que só ocorria uma vez na vida.


- Não faça nada idiota - disse James.


- Nunca achei que ouviria você dizer isso - falou Lily.


- Eu sou um homem mudado - retrucou James e deu um beijo rápido na namorada.


Snape sentiu-se bem menos incomodado com a cena do que normalmente.


Esperou o tio dizer alguma coisa, mas o homem simplesmente continuou a fitá-lo com raiva.


- Ele não deve tá conseguindo pensar, sabe, é muito mais coisa do que ele costuma fazer - disse Fred.


Harry resolveu, então, quebrar o silêncio.


— Então... Posso ir? — perguntou.


Regulus sorriu para Harry. O garoto era ótimo.


Um ligeiro espasmo passou pela caraça púrpura do tio. Os bigodes se arrepiaram. Harry achou que sabia o que estava acontecendo por trás daquela bigodeira:


- Não vou comentar o quanto essa frase foi estranha - falou Lissy enjoada.


- Desculpe.


uma batalha encarniçada em que dois instintos muito fundamentais de tio Vernon se confrontavam. Permitir que Harry fosse seria fazer o garoto feliz, uma coisa que o tio lutava para evitar havia treze anos.


- Ele é um... - disse James e começou a xingar Dursleys de nomes feios.


Por outro lado, deixar que Harry sumisse para a casa dos Weasley o resto do verão seria livrar-se dele duas semanas mais cedo do que os Dursley poderiam ter sonhado,


- Essa opção é melhor, você não pode perder essa oportunidade - disse Ron, como se tentando vender um produto.


e tio Vernon detestava ter Harry em casa.


- E olhe que o Harry não faz nada, ás vezes até esqueço que ele tá lá em casa - comentou George.


Aparentemente, para ganhar tempo para pensar, ele baixou os olhos para a carta da Sra. Weasley.


- Não importa o tempo que ele tenha, ele não vai conseguir pensar - disse Lene.


— Quem é essa mulher? — perguntou examinando a assinatura com desagrado.


- Ele é uma pessoa muito amargurada - comentou Josh.


— O senhor já a viu. É a mãe do meu amigo Ron, estava esperando ele descer do trem de Hog... Do trem da escola no fim do ano letivo.


- Por que você não disse o nome? - perguntou Neville confuso.


Harry não queria falar sobre isso e esperava que o livro não falasse.


Quase dissera "Hogwarts", e isso certamente irritaria o tio.


Mas claro que o livro não iria ajudá-lo.


Ninguém jamais mencionava o nome da escola de Harry em voz alta na casa dos Dursley.


- É medo de uma maldição? - perguntou Ginny, irritada.


Ron olhou para o amigo triste. Harry não tinha medo de dizer o nome do maior bruxo das trevas, mas tinha medo de falar o nome da escola que ia para o tio. O Weasley tinha a sensação que os Dursley era ainda pior do que eles sabiam.


Tio Vernon amarrou a cara enorme como se tentasse se lembrar de uma coisa muito desagradável.


James revirou os olhos.


— Uma mulher feito uma rolha de poço? — rosnou finalmente. — Uma penca de filhos de cabelos vermelhos?


- Não é assim! - Hermione e os Weasley protestaram imediatamente.


Harry franziu a testa. Achou que era demais o tio chamar alguém de "rolha de poço", uma vez que seu filho, Duda, finalmente atingira a forma que vinha ameaçando atingir desde os três anos de idade, ter mais largura do que altura.


- NA CARA! - riu Fred, vingado.


Tio Vernon tornou a examinar a carta.


- Entenda, não vão surgir mais palavras, é só isso mesmo - disse Lene.


— Quadribol — resmungou. — Quadribol, que droga é isso?


- Algo que você nunca verá - respondeu James vingativo. Sentia-se feliz agora com a regra que trouxas não podiam ver o jogo.


Harry sentiu nova pontada de aborrecimento.


Lily suspirou, Harry era parecido demais com o pai. O que o irritava não era a descrição da Sra. Weasley, era o tio falar mal de Quadribol.


— Um esporte — respondeu secamente. — Joga-se montado numa vass...


— Está bem, está bem! — disse o tio em voz alta.


- Parece uma criança assustada - disse Snape. Lily concordou.


Harry observou, com alguma satisfação, que ele parecia ligeiramente em pânico.


James sorriu cruelmente.


Pelo visto seus nervos não iriam suportar o som da palavra "vassouras" em sua sala de estar.


- Bom saber - disse Sirius.


Refugiou-se outra vez no exame da carta.


- Tá desesperado mesmo.


Harry viu os lábios do tio formarem as palavras "nos mandasse a resposta da maneira normal". Tornou a fechar a cara.


- Não o vi feliz ainda - comentou Lily.


— Que é que ela quer dizer da maneira normal? — bufou ele.


- Correio-coruja, dah. Você sabe o que seu afilhado pode mandar cartas assim - disse Ginny.


— Normal para nós — explicou Harry e, antes que o tio pudesse interrompê-lo, acrescentou: — o senhor sabe, por correio-coruja. Isso é que é o normal para os bruxos.


- É bem mais rápido que o correio normal.


- Mas não mais rápido que telefone - falou Hermione.


Tio Válter fez uma cara tão indignada como se Harry tivesse dito um palavrão.


- Mesmo se tivesse dito, ele não podia reclamar - resmungou Harry.


Trêmulo de raiva, lançou um olhar nervoso para a janela, como se esperasse ver os vizinhos com os ouvidos colados na vidraça.


- Olhe que nessa vizinhança eu não duvido - disse Frank.


— Quantas vezes tenho que lhe dizer para não mencionar essa anormalidade sob o meu teto?


- O que você espera que ele faça? Que ele consiga evitar falar da vida dele inteira por meses? - resmungou Josh. Vernon era tão imbecil.


- É exatamente isso - disse Harry dando de ombros.


— sibilou ele, o rosto agora um intenso tom ameixa. — Você fica parado aí, vestindo as roupas com que Petunia e eu cobrimos suas costas ingratas...


- Roupas que servem para um sem teto - resmungou Hermione - Sem ofensas, Harry.


- Tudo bem - disse o Potter. Ele sabia que as roupas dele eram feias, enormes e acabadas mesmo.


— Só depois que Duda não quer mais elas — disse Harry com frieza,


Regulus sorriu orgulhoso para ele.


pois na realidade estava vestindo um suéter tão grande que ele precisava fazer cinco dobras nas mangas para poder usar as mãos,


Alice rosnou. Isso era um absurdo.


e que lhe caía abaixo dos joelhos da calça jeans muito larga.


- Não podem nem dizer isso é roupa - disse Frank, revoltado.


- Não é o que os Dursley pensam - disse Harry.


— Não vou admitir que você fale comigo assim! — disse o tio, tremendo de raiva.


- É melhor admitir. Você não pode fazer nada agora que Harry tem um padrinho assassino - disse Sirius.


Mas Harry não precisava aturar isso.


- Isso aí, garoto! Manda a ver! - torceu Lene.


Ia longe o tempo em que era obrigado a aceitar todas as regras idiotas dos Dursley.


Lily e James sorriram orgulhosos.


Não ia seguir a dieta de Duda, e não ia deixar o tio impedi-lo de assistir à Copa Mundial de Quadribol, não se dependesse dele.


- Um total rebelde - brincou Neville.


Harry inspirou profundamente para se acalmar


Regulus sorriu, já prevendo uma ação bem pensada. Quando Harry conseguia usar mais o seu lado sonserino do que o grifinório, ele sempre se dava melhor.


e então disse:


— Muito bem, não posso assistir à Copa Mundial de Quadribol.


- Mas o quê? - disse James, revoltado.


- Só espere - disse Harry com um sorriso malicioso.


Posso ir, agora? É que eu tenho uma carta para Sirius que quero terminar.


- Você não fez isso - disse Sirius, com um sorriso imenso.


- Eu fiz sim - disse Harry.


O senhor sabe, o meu padrinho.


- O melhor padrinho do mundo - falou Harry.


Sirius sorriu para ele.


Conseguira.


Regulus sorriu orgulhoso. Esse tipo de altitude com certeza era algo útil.


Dissera as palavras mágicas.


- Não exatamente - observou Frank.


- O que importa é que funcionou - disse Harry.


Ficou então observando o tom púrpura no rosto do tio ir clareando desigualmente,


- Seu tio é realmente esquisito - falou Alice.


fazendo-o parecer um sorvete de groselha mal misturado.


- Eu não vou nem comentar sobre essa comparação - disse George.


— Você está escrevendo para ele?


- Claro que sim - disseram Harry e Sirius juntos, sorrindo depois.


— indagou tio Válter numa voz falsamente calma,


- Não vai servir de nada isso - comentou Alice. O homem era totalmente transparante.


mas Harry vira as pupilas dos olhos dele se contraírem com repentino medo.


Sirius sorriu cruelmente, na sua mais pura expressão Black. Era gratificante saber que causava medo no trouxa.


— Bem... É — disse Harry em tom casual.


- Sei - disse Regulus, batendo levemente no ombro de Harry.


— Já faz um tempo que ele não tem notícias minhas


- Realmente, um absurdo - disse James, rindo.


e, o senhor sabe, se não receber nada, pode pensar que aconteceu algum problema.


- Não íamos querer isso... - disse George.


-...Certo? - disse Fred.


Ele parou para gozar o efeito de suas palavras.


- Como todo bom artista - comentou Snape.


Quase pôde até ver as engrenagens girando por baixo dos cabelos do tio, escuros, grossos e caprichosamente repartidos.


- Não sei por que ele se esforça para parecer bonito quando nunca irá conseguir - disse Lene.


Se Válter tentasse impedir Harry de escrever para Sirius, este pensaria que o garoto estava sendo maltratado.


- Claro que sim. E eu não poderia deixar isso acontecer, certo? - disse Sirius em um tom suave.


Se dissesse que o sobrinho não podia ir à Copa Mundial de Quadribol, o garoto iria escrever contando ao padrinho, que teria certeza de que Harry estava sendo maltratado.


- Eu gosto das suas opções, Sr. Potter - disse Ginny.


- Eu também gosto - disse Harry, de volta.


Só havia uma coisa para tio Válter fazer.


- Bem jogado, filho.


- Obrigado, pai.


Harry via a conclusão se formando no cérebro do tio como se sua caraça bigoduda fosse transparente.


- Querendo ou não, eu o conheço - murmurou Harry.


O garoto tentou não sorrir e manter o rosto o mais inexpressivo possível.


- Vai lá, você consegue - disse Lily, torcendo.


E então...


— Bem, está bem, então.


- Finalmente Vernon fez algo de bom - disse Neville.


Pode ir para a casa dessa rolha... Dessa idiota...


- Olha como fala da minha mãe - disse Ginny, os olhos frios.


Para essa tal de Copa Mundial.


- Não fale assim dela! - disse James irritado.


Escreva respondendo a esses...


- Bruxos? - sugeriu Fred, soando entediado. Mas no fundo queria matar aquele trouxa desgraçado.


Esses Weasley para virem apanhá-lo, veja bem.


- Você vai para a Copa conosco! - falou Ginny animada.


- Já verdade, eu já fui, amor - lembrou Harry.


Ginny lançou um olhar mortal para ele.


Não tenho tempo para acompanhar você por todo o país.


- Não fale como seu eu quisesse a sua companhia - resmungou Harry.


E pode passar o resto do verão lá.


- Perfeito - falou Lily animada. Mas depois franziu a testa. Isso não devia dar muito trabalho extra para Molly? Ela sussurrou a sua preocupação para James, que somente balançou a cabeça.


E pode dizer ao seu, seu padrinho...


- Eu mesmo - disse Sirius, sorrindo largamente. Estava feliz que Harry tinha conseguido. E tudo por causa dele! Finalmente servira para alguma coisa!


Diga a ele... Diga a ele que você vai.


- Pela primeira vez, estou feliz em fazer algo que Vernon mandou - comentou Harry.


— O.K. então — disse Harry, animado.


O garoto se virou e saiu pela porta da sala de estar, brigando com a vontade de saltar no ar e gritar.


- Um sentimento estranho para se ter naquela casa - comentou Harry para Regulus que balançou a cabeça, entendendo bem o sentimento. Grimmauld Place não era o local mais acolhedor que conheci.


Ele ia... Ia para a casa dos Weasley, ia assistir à Copa Mundial de Quadribol!


- Parece que seu verão finalmente será bom - comentou Frank.


Já no corredor, ele quase colidiu com Duda,


- Cuidado, que com o peso do seu primo, você nem se levanta mais depois - disse George.


Harry riu.


que estivera escondido atrás da porta, na esperança de ouvir Harry levar um passa-fora.


- Espero que tenha ouvido tudo - disse Alice com um sorriso vingativo.


Ficou chocado ao ver o largo sorriso no rosto do primo.


- Ele não ouviu - falou Alice, desapontada.


- Mas ele vai descobrir agora - disse Frank, de maneira reconfortante.


— Foi um excelente café da manhã, não foi?


- Melhor frase, Harry - disse Fred.


— exclamou Harry. — Estou de barriga cheia, você não?


- Não, essa foi a melhor - disse George, rindo.


Rindo da cara de espanto de Duda, Harry subiu a escada, saltando três degraus de cada vez,


Hermione sorriu. Era bom ver Harry tão empolgado com algo, até porque isso era raro.


e correu para dentro de seu quarto.


O sorriso de Lily virou uma careta quando ela se lembrou do que exatamente era o quarto do filho. Era absurdo que ele tivesse vivido tanto tempo num armário debaixo da escada, mas era pior ainda que na casa tivesse um quarto sobrando.


A primeira coisa que viu foi que Edwiges voltara.


- Finalmente - disse Alice os olhos brilhando.


- Se alguém roubar a sua coruja, você já sabe quem foi - sussurrou George para Harry.


Estava na gaiola, espiando Harry com seus enormes olhos cor de âmbar,


- Eu quero uma dessas - choramingou Alice.


- Eu não disse? - disse George. Harry riu.


- O quê? - perguntou Neville.


- Nada - respondeu o Weasley rapidamente.


estalando o bico de um jeito que significava que estava aborrecida com alguma coisa.


- Ela é adorável - comentou Dorcas.


Exatamente o que a estava aborrecendo tornou-se visível quase na mesma hora.


- O que deixa uma coruja aborrecida? - perguntou Hermione curiosa. Não entendia muito de animais.


— Ai! — gemeu Harry.


Algo que lembrava uma minúscula bola de tênis, cinzenta e emplumada, acabara de bater do lado da cabeça de Harry.


- Não deve ter doído - disse James.


- Fale por você - replicou Harry.


Ele massageou a cabeça furiosamente erguendo os olhos para ver o que o atingira,


- Um temperamento calmo, realmente - comentou Frank.


e viu uma corujinha mínima,


Os Weasley sorriram sabendo bem quem era.


pequena o bastante para caber na palma de sua mão, chiando excitada pelo quarto como se fosse um busca-pé.


- Ainda bem que não é - comentou Ron.


O garoto percebeu que a coruja deixara cair uma carta a seus pés.


- E como ela conseguia carregar a carta? - falou Neville.


- Excelente pergunta, filho - disse Alice olhando de modo assustador para Harry (já que não sabiam quem eram os donos do pobre animal).


Ele se abaixou, reconheceu a letra de Ron


Agora a atenção de Alice se concentrou em Ron, que se encolheu.


e abriu o envelope. Dentro havia um bilhete apressado.


- Eu escrevi correndo. Era para ter chegado antes - disse Ron.


Harry,
PAPAI CONSEGUIU AS ENTRADAS 
– Irlanda contra a Bulgária. Na noite de segunda. Mamãe escreveu aos trouxas para convidar você. Talvez a carta já tenha chegado, não sei quanto tempo demora o correio dos trouxas.


- Um longo tempo - comentou Harry.


Pensei em lhe mandar este bilhete pela Píchi.


Harry olhou bem para a palavra "Píchi", depois para a minúscula coruja que voava velozmente em volta da luz no teto. Que nome mais esquisito para uma coruja.


- Ei! Não é um nome esquisito - disse Ginny.


- O nome não é, só esse apelido que é - disse Ron.


Os dois irmãos começaram a brigar, e só pararam quando foram interrompidos por Hermione.


Talvez ele não tivesse entendido a letra de Ron.


- Não, você entendeu certo mesmo - disse Ginny, abusada.


Voltou ao bilhete.


Regulus agradeceu silenciosamente. Não tinha paciência para ouvir discussões sobre o nome de uma coruja.


Vamos buscar você, quer os trouxas gostem ou não,


James sorriu largamente.


você não pode perder a Copa, só que mamãe e papai acham que é melhor a gente primeiro fingir que está pedindo permissão.


- É assim que eu gosto - disse Sirius, dando sua aprovação.


- Bem pensado - falou Remus.


Se eles disserem sim, mande logo Píchi com a sua resposta, e iremos buscar você às cinco horas no domingo. Se eles disserem não, por favor, mande Píchi de volta depressa e iremos buscá-lo no domingo às cinco horas, assim mesmo.


Todos, menos Ron, riram. Estavam felizes e o jeito que Ron tinha falado havia sido engraçado.


- Fico feliz por vocês fazerem isso por Harry - disse Lily, sinceramente.


- Não é nada. Harry é quase nosso irmão - disse Fred.


- Só não é um irmão mesmo porque ele está namorando Ginny, então seria incesto - disse George.


Hermione está chegando hoje à tarde.


- Chegando antes de Harry para poder aproveitar - disse Sirius, sugestivo.


- Sirius! - falou Hermione, horrorizada.


Percy começou a trabalhar no Departamento de Cooperação Internacional em Magia.


- Algo que fomos lembrado a cada cinco segundos - disse Ginny.


Não fale em ir para o exterior enquanto estiver aqui a não ser que queira que ele lhe arranque as calças pela cabeça.


Até mais. Ron.


- Tão afetivo - ironizou Hermione.


Ron deu de ombros.


— Calma aí! — disse Harry, quando a corujinha tirou um rasante da cabeça dele,


- Ela precisa ser treinada - disse Frank.


Os Weasley fizeram caretas, sentindo-se culpados. Píchi não tinha tido treinamento algum.


batendo as asas loucamente. Harry só pôde supor que de orgulho por ter entregado a carta à pessoa certa.


Harry não pode evitar comparar aquela coruja a sua Edwiges e um pequeno sorriso surgiu no rosto dele.


— Vem cá, preciso que você leve a minha resposta!


- Edwiges não vai gostar disso - comentou Alice.


- Nem um pouco - concordou Harry.


A corujinha voou até o topo da gaiola da coruja de Harry.


Ginny olhou para Harry, nervosa. Conhecendo Edwiges, as coisas iam ficar feias.


Edwiges olhou-a friamente, como se a desafiasse a tentar se aproximar mais.


Alice riu, divertindo-se com a raiva da coruja. Ela era muito mais inteligente que muitas pessoas e bem sentimental.


Harry tomou a pena de águia mais uma vez, apanhou um pergaminho limpo


- Não sei como você conseguiu encontrar um na sua bagunça - disse Lily.


Harry deu um sorriso culpado.


e escreveu:


Ron, está tudo certo, os trouxas disseram que eu posso ir.


- Eu estou até um pouco desapontado que não precisaremos te sequestrar - disse Fred.


- Outras oportunidades virão - falou Harry, sorrindo.


- Ou não - murmurou Ginny.


Vejo vocês amanhã às cinco.


Mal posso esperar.


Harry.


- Tá vendo? Harry é pior que eu - disse Ron para Hermione.


- Dois seres frios - ela disse.


Depois, dobrou o bilhete muitas vezes e, com imensa dificuldade, prendeu-o na perna da corujinha que pulava no mesmo lugar de tanta excitação.


- Ela é meio louca, né? - falou Alice, mas com carinho.


- Sim - respondeu Ginny, docemente.


No instante em que o bilhete ficou preso, a coruja partiu, disparou pela janela e se perdeu de vista.


- Ela é rápida - disse Ron com orgulho.


Harry se virou para Edwiges.


- Boa sorte em tentar fazer as pazes - murmurou Neville.


— Está com disposição para fazer uma longa viagem? — perguntou.


Alice sorriu. Era assim que todas as pessoas deviam tratar seus animais.


A coruja piou com uma certa dignidade.


- Não seria Edwiges se fizesse algo sem dignidade - disse Harry em um tom de tristeza. Sentia falta da amiga.


— Pode levar isto ao Sirius para mim? — disse ele, apanhando a pena


- Você quer ela leve uma pena? - disse Dorcas, confusa.


- Não! É a carta mesmo - disse Harry.


— Espera aí... quero terminar.


- Achei que estivesse terminada.


- Quase.


Ele tornou a desenrolar o pergaminho e apressadamente acrescentou um post scriptum:


P.S.: Se quiser entrar em contato comigo, estarei na casa do meu amigo Ron Weasley até o fim do verão. O pai dele arranjou entradas para a gente assistir à Copa Mundial de Quadribol!


- É bom informar mesmo - disse Regulus - Porque são poucas as corujas que são tão inteligentes quanto a sua. Não acho que Sirius terá a sorte de achar uma dessas.


Terminada a carta, ele a amarrou à perna de Edwiges;


- Com delicadeza, espero.


- Claro.


ela ficou anormalmente quieta, como se estivesse decidida a mostrar ao dono como é que uma verdadeira coruja-correio devia se comportar.


- É provável que ela esteja fazendo isso mesmo - disse Remus.


— Vou estar na casa de Ron quando você voltar, está bem? — Harry a informou.


- Como ela vai saber qual é a casa dele? - perguntou Hermione.


- Como ela sabe onde entregar as cartas para ele? - Harry deu de ombros. Não tinha a menor ideia.


A coruja deu uma bicadinha carinhosa no dedo do garoto,


- Ela é muito fofa - disse Dorcas.


Harry sorriu tristemente.


depois, com um ruído farfalhante, abriu as enormes asas e saiu voando pela janela aberta.


- Uma pena que ela não irá com você logo - disse Hermione.


Harry se perguntou se corujas podiam viajar pelo flu.


Harry observou-a desaparecer ao longe,


Harry fechou os olhos, lembrando-se dessa hora e da imagem da coruja se afastando cada vez mais.


depois entrou de quatro embaixo da cama,


- Essa foi uma das piores frases que já ouvi - murmurou Sirius. Remus bateu no amigo levemente.


soltou a tábua do soalho e apanhou um pedação de bolo de aniversário.


Frank se perguntou se esse era um local higiênico o suficiente para se guardar um bolo.


Sentou-se no chão para comê-lo, saboreando a felicidade que o invadia.


James e Lily olharam um para o outro e sorriram. Nem tudo era ruim na vida do filho, afinal.


Ele comia bolo e Duda só comia grapefruit,


- Ouço o som de justiça - disse Fred.


fazia um belo dia de verão, sua cicatriz estava perfeitamente normal,


- Por enquanto - murmurou Ron sombriamente.


ele ia deixar a Rua dos Alfeneiros no dia seguinte


- Essa é a melhor parte, com certeza - disse Lily. Odiava quem a irmã tinha se tornado. Como a Tuney que um dia tinha amado tinha virado isso?


e ia assistir à Copa Mundial de Quadribol.


- Estou com inveja de você, Harry - informou James.


Harry só sorriu para ele.


Naquele momento era difícil se preocupar com alguma coisa


Lily deu um sorriso. Queria que fosse sempre assim.


– até mesmo com Lord Voldemort.


- Deixe isso para outra pessoa - concordou Frank. Ele era um adolescente, não devia estar nem pensado nisso.

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