A cicatriz



Chapter 3: A cicatriz


 


Harry estava deitado de costas, respirando com esforço como se tivesse corrido.


- Depois do que você sonhou... - comentou Hermione. Detestava que o amigo tivesse que se preocupar com visões assim.


Acordara de um sonho vívido,


- Não de um sonho... - murmurou Dorcas.


apertando o rosto com as mãos. A antiga cicatriz em sua testa, que tinha a forma de um raio, ardia sob seus dedos como se alguém tivesse comprimido sua pele com um arame em brasa.


- Eu não entendo como ela pode doer - disse Frank. Harry deu de ombros.


Ele se sentou, uma das mãos ainda na cicatriz,


- Dói um pouco menos se eu fizer isso - ele explicou.


a outra estendida no escuro à procura dos óculos que deixara na mesa-de-cabeceira.


- Ser cego é um saco - falou James.


Ele os colocou e o quarto entrou em foco,


- É como ver em HD - comentou Lissy e tentou explicar o que isso significava. Desistiu depois.


iluminado por uma luz fraca e enevoada vinda de um lampião de rua fora da janela.


- Meio antigo isso - comentou Hermione.


Harry tornou a passar os dedos pela cicatriz. Continuava dolorida. Ele acendeu o abajur ao seu lado, saiu da cama,


- Desistiu de dormir mesmo - comentou Ginny.


- Minha cabeça estava doendo muito - replicou Harry.


atravessou o quarto, abriu o guarda-roupa e espiou no espelho que havia do lado interno da porta.


Harry sorriu levemente, lembrando de como ficara feliz quando finalmente tinha recebido um quarto que tinha um espelho. Por muito tempo, ele só conseguia ver a própria aparência quando estava na rua.


Um menino magricela de catorze anos olhou para ele,


- Você não mudou nada, Harry.


- Obrigado, Fred.


- Nada.


os olhos muito verdes e intrigados sob os cabelos negros em desalinho.


Lily sorriu.


- Um menino muito bonito - ela falou.


Examinou com mais atenção a cicatriz em sua imagem.


Harry conhecia exatamente cada detalhe daquela cicatriz. Passa muito tempo a encarando, ás vezes desejando que ele tivesse morrido junto com os pais no acidente.


Parecia normal, mas continuava ardendo.


- Deve ter algum remédio, alguma cura - sugeriu Lily.


Harry balançou a cabeça.


Harry tentou se lembrar do que estivera sonhando antes de acordar.


- Não faça isso - pediu Alice, mas era tarde demais.


Parecera tão real...


- É porque foi real - murmurou Ron.


Havia duas pessoas que ele conhecia e uma que não conhecia...


- Voldemort, Rabicho e o trouxa - falou Neville.


Ele se concentrou, enrugando a testa, tentando se lembrar...


- Você gosta de sofrer - observou Lissy.


- Eu estava tentando entender o quê estava acontecendo - explicou.


Veio à sua mente a imagem pouco nítida de um quarto escuro... Havia uma cobra em cima de um tapete diante da lareira...


- Nagini.


Um homenzinho chamado Peter, de apelido Rabicho...


- Um traidor desgraçado.


E uma voz aguda e fria... A voz de Lord Voldemort.


Frank estremeceu. Nunca tinha ouvido a voz de Voldemort, nem queria ouvir.


Só de pensar, Harry teve a sensação de que uma pedra de gelo estava descendo para o seu estômago...


- Eu disse para não pensar nisso - disse Alice.


Fechou os olhos com força e tentou se lembrar que aparência tinha Voldemort, mas foi impossível...


- Pelo menos isso - disse Lily.


Tudo que Harry sabia era que, no momento em que a poltrona girara, vira o que estava sentado nela, sentira um espasmo de horror que o acordara...


- Deve ser algo realmente ruim se fez isso - falou Regulus.


Ou fora a dor na cicatriz?


- Talvez um esteja interligado ao outro? - sugeriu Frank.


E quem era o velho? Porque sem dúvida havia um velho; Harry o vira cair no chão.


- Morto...


Tudo estava ficando confuso; o garoto levou as mãos ao rosto tampando a visão do quarto em que estava, tentando reter a imagem daquele outro mal iluminado,


- Para quê? - murmurou Lily, incomodada.


- Eu podia descobrir algo importante - disse Harry.


mas era o mesmo que tentar segurar água com as mãos;


- Não vejo a ligação - disse Hermione, confusa.


os detalhes agora desapareciam com a mesma rapidez com que ele tentava retê-los...


- O melhor a fazer é esquecer disso agora - sugeriu Sirius.


Voldemort e Rabicho estiveram conversando sobre alguém que haviam matado, embora Harry não conseguisse lembrar o nome...


Ginny internamente agradeceu por isso. Se Harry soubesse o nome de Bertha, ele iria quer ir aos Aurores, mas ninguém iria acreditar nele. Seria pior ainda do que no quinto ano.


E estiveram planejando matar mais alguém... Ele...


Lily estremeceu. Não queria nem pensar como seria saber que tinha alguém planejando lhe matar, ainda mais quando essa pessoa era um lorde das trevas. Também não queria aceitar que a vida de Harry estava em perigo.


Harry tirou as mãos do rosto, abriu os olhos e contemplou o quarto a toda a volta como se esperasse ver alguma coisa diferente ali.


- Vocês já fizeram meditação? - Dorcas perguntou, de repente - Dá uma sensação que o mundo está diferente quando você abre os olhos. É incrível.


- Dá próxima vez, eu medito - disse Harry, brincando.


Como era de esperar, havia uma quantidade extraordinária de coisas diferentes em seu quarto.


- Isso quer dizer que você finalmente comprou coisas para si? - perguntou James esperançoso.


- Ahn... Não - disse Harry - Quer dizer que eu sou bruxo.


- Ah, tudo bem - falou James, visivelmente desapontado. Harry desejou que ele tivesse comprado algo.


Havia um malão de madeira aberto ao pé da cama, deixando à mostra um caldeirão, uma vassoura, vestes negras e vários livros de feitiços.


- Deve dar uma impressão ruim para quem não conhece Hogwarts - comentou Lene.


- Meus pais ficaram um pouco assustados com as vestes do colégios - disse Hermione.


Rolos de pergaminho


- Que eu espero que sejam sobre as aulas - falou Lily.


- Claro que são... - disse Harry e completou baixinho para o pai -... A maioria.


James riu.


atulhavam a parte do tampo de sua escrivaninha que não estava levantada por causa de uma enorme gaiola vazia,


Alice sorriu, já preparada para ouvir sobre a coruja de Harry, um dos animais favoritos dela no mundo todo.


em que sua coruja muito branca, Edwiges, normalmente se encarrapitava.


- Onde ela está? - perguntou Alice, decepcionada.


- Passeando, se eu não me engano - respondeu Harry.


No chão ao lado de sua cama havia um livro aberto;


- Harry Potter, é bom que esse livro esteja aberto porque ele caiu no chão e abriu - ameaçou George.


Harry se encolheu.


ele o estivera lendo antes de adormecer na véspera.


- Eu sempre soube que você ainda podia ser salvo - disse Hermione, orgulhosa.


As ilustrações do livro se mexiam.


- Sim, todos os livros são assim - disse James.


- Livros bruxos - corrigiu Remus.


Homens com vestes laranja-vivo voavam em vassouras e entravam e saíam do seu campo de visão, jogando uma bola vermelha.


- Perdoado - disse Fred.


- Até porque é sobre o melhor time - acrescentou Ron, o que causou grandes discussões que Hermione não se interessou em ouvir e continuou a ler.


Harry foi até o livro, apanhou-o e assistiu a um dos bruxos marcar um gol espetacular enfiando a bola por um aro a quinze metros de altura. Então o garoto fechou o livro.


- Que revolta.


Nem mesmo o Quadribol – na opinião de Harry, o melhor esporte do mundo


James sorriu orgulhoso. Lily revirava os olhos. Preferia muito mais vôlei e golfe.


– conseguiria distraí-lo naquele momento. Ele repôs o livro Voando com os Cannons


- Um dos melhores livros - disse Ron.


- Claro que não! - discordou Ginny - Um livro sobre um time que só faz perder...


sobre a mesa-de-cabeceira, dirigiu-se à janela e afastou as cortinas para olhar a rua lá embaixo.


- Se alguém passou na rua, deve ter se assustado - comentou Neville.


A Rua dos Alfeneiros tinha o aspecto exato que uma rua de subúrbio respeitável deveria ter nas primeiras horas de um sábado.


Lily suspirou agradecida. Pelo menos uma coisa boa na vida de Harry.


Todas as cortinas estavam fechadas.


- Porque pessoas normalmente estão dormindo essa hora, sabe - comentou Lene.


Até onde Harry pôde ver no escuro, não havia um único ser vivo à vista, nem mesmo um gato.


- Assim já sabemos que Minerva não está ai - comentou Sirius.


Contudo... Contudo... Harry voltou inquieto para a cama e se sentou,


- Quando eu acho que você vai dormir... - Lily resmungou.


passando mais uma vez um dedo pela cicatriz.


- Já é um vício isso.


Não era a dor que o incomodava;


- Então o que era? - perguntou Neville confuso.


Harry não era estranho à dor e aos ferimentos.


Lily fez uma careta para essa frase.


Uma vez perdera todos os ossos do braço direito e sentira a dor de recuperá-los em uma noite.


- Nem me lembre disso - rosnou James. Ele ainda iria matar aquele idiota do Gilderoy Lockhart.


O mesmo braço fora perfurado pela presa venenosa de uma cobra, pouco tempo depois.


- Não só uma cobra, um basilisco - comentou Lily, tentando se controlar.


Ainda no ano anterior, ele despencara quinze metros da vassoura em que voava.


- Eu sempre falei que esse esporte era perigoso! - resmungou Lily.


- Não culpe o Quadribol!


Estava acostumado com acidentes e ferimentos incomuns;


- Ninguém devia se acostumar a isso - disse Alice, firmemente.


eram inevitáveis quando se frequentava a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e se tinha um pendor para atrair confusões.


- Ou não - disseram Fred e George juntos - Nós não nos machucamos.


- Nem nós - acrescentaram os Marotos.


Não, a coisa que estava incomodando Harry era que da última vez que sua cicatriz doera, fora porque Voldemort tinha andado por perto...


- Certo, isso é algo para se preocupar - disse Neville.


- Mas ele está longe - disse Lily esperançosa.


Mas o bruxo não poderia estar ali, naquela hora...


Tecnicamente, ele podia. Mas Regulus não queria lembrar ninguém desse fato.


A ideia de Voldemort estar rondando a Rua dos Alfeneiros era absurda, impossível...


Lily olhou para Harry, ansiosa.


- Está tudo bem - o rapaz a tranquilizou.


Harry parou para escutar com atenção o silêncio à sua volta.


- Esta é uma frase realmente única. Escutar o silêncio. Não é algo que você ouça todo dia - comentou James.


Estaria esperando ouvir o rangido de um degrau, o farfalhar de uma capa?


- Sim - admitiu ele. Felizmente, isso não tinha acontecido.


Então teve um leve sobressalto, seu primo Duda acabara de soltar um tremendo ronco no quarto ao lado.


Ginny fez uma careta. Coitada da esposa do menino.


Harry deu em si mesmo uma sacudidela imaginária; estava sendo burro;


- Concordo - disse Ron.


Harry bateu no amigo, de leve.


não havia mais ninguém em casa exceto o tio Válter, a tia Petúnia e Duda, e era evidente que eles ainda dormiam, embalados por sonhos tranquilos e indolores.


Lily resmungou. Em que mundo era justo que seu filho não conseguisse dormir e que aqueles três sonhassem com coisas boas?


Era quando dormiam que Harry mais gostava dos Dursley;


- Acho que isso diz bastante sobre como eles são legais - comentou Dorcas.


não porque não o ajudassem em nada quando estavam acordados.


- Pelo contrário, só fazem atrapalhar - comentou Harry.


Tio Válter, tia Petúnia e Duda eram os únicos parentes vivos de Harry.


James e Lily estremeceram. Eles esqueciam-se que todos os parentes deles tinham morrido também. Era algo completamente triste.


Eram trouxas (não eram bruxos) que odiavam e desprezavam qualquer forma de magia,


- Eles a temem - murmurou Harry. Levara alguns anos para que ele entendesse isso.


o que significava que Harry era tão bem-vindo em sua casa, quanto uma pelota de mofo.


- Você devia ir morar comigo - resmungou Sirius.


- No momento, você é um foragido - lembrou Harry, com o coração batendo dolorosamente. Queria mais que tudo que tivesse morado com Sirius.


Eles explicaram as longas ausências de Harry nos últimos três anos dizendo a todos que o garoto estudava no Centro St. Brutus para Meninos Irrecuperáveis.


- Que agradável.


Sabiam muito bem que, como bruxo menor de idade, Harry era proibido de usar a magia fora de Hogwarts,


- Uma pena - disse Fred.


- Tantas coisas que você podia fazer...


mas não perdiam a mania de culpá-lo por tudo que acontecia de errado na casa.


- Que seres insuportáveis - disse Hermione.


Harry nunca pudera fazer confidências a eles,


- Acho que você está melhor sem os conselhos dele - comentou Ron.


nem contar nada de sua vida no mundo da magia.


- Ou seja, eles não fazem ideia do com quem eles vivem - disse Ginny. Isso era tão absurdo para ela.


A simples ideia de procurá-los quando acordassem para falar que sua cicatriz estava doendo e que estava preocupado com Voldemort era ridícula.


- Eles não iriam conseguir te ajudar mesmo - concordou Frank.


- Mas você podia dizer para outra pessoa - disse Alice.


- Como o seu padrinho - acrescentou Lene.


- Eu disse - disse Harry, sorrindo para Sirius. O Black sorriu de volta, orgulhoso.


No entanto, era por causa de Voldemort que Harry viera morar com os Dursley, para início de conversa.


- Voldemor tem o costume de ferrar com a vida de todos - disse James, alegremente.


Se não fosse por aquele bruxo, Harry não teria na testa a cicatriz em forma de raio.


- Teria vocês e não seria conhecido - murmurou Harry, desejoso.


Se não fosse por Voldemort, o garoto ainda teria pais...


- Não comece a pensar nisso, não vai fazer bem - recomendou Neville. Ele tinha muita experiência nisso.


Harry tinha um ano de idade na noite em que Voldemort


Lily fechou os olhos, não querendo lembrar de nada daquilo. Não queria lembrar que James já estava morto para Harry e assim estivera a sua vida toda ou que o monstro do Voldemort tinha tentado matar um bebê.


– há um século o bruxo das trevas mais poderoso do mundo,


- Ele devia lutar contra Grindelwald - resmungou Neville. Os dois se matariam e o mundo agradeceria.


um bruxo que fora adquirindo poder continuamente durante onze anos


- Ele saiu de lugar nenhum - comentou Ginny.


– tinha chegado a sua casa e matado seus pais.


- Dá para parar de fazer isso? - perguntou James irritado.


- Isso o quê? - replicou Sirius inocentemente.


- Isso - resmungou James. Sirius olhava para James e Lily como se estivesse tentando gravar o rosto deles.


- Desculpe.


Depois, Voldemort brandira sua varinha contra Harry;


- Contra uma criança - falou Alice, horrorizada.


executara o feitiço que havia liquidado muitos bruxos adultos durante sua ascensão ao poder


- É o feitiço que mais matou na história - comentou Regulus em um ar entediado. Sirius também sabia disso. Um feitiço útil, diziam seus pais.


– e, inacreditavelmente, o feitiço não produzira efeito.


- Eu ainda quero entender como isso aconteceu - disse Lene, curiosa.


Em vez de matar o garotinho, o feitiço se voltara contra o bruxo.


- Karma é uma merda, não? - perguntou Dorcas, sorrindo.


Harry sobrevivera marcado apenas por um corte em forma de raio na testa,


- Não é algo para reclamar - comentou Lene - Especialmente quando foi resultado de uma maldição mortal.


mas Voldemort fora reduzido a uma coisa quase sem vida.


- Não entendi como isso aconteceu - falou Frank - Por que uma maldição iria agir contra o feiticeiro? E ainda de forma não completa... - murmurou imerso em pensamentos.


Alice sorriu. O namorado estava entrando no modo dele de resolver um problema.


Despojado de seus poderes,


Regulus sorriu friamente. Nada mais justo que Voldemort ficar sem aquilo que mais amava.


a vida quase extinta, ele fugira; o terror em que a comunidade secreta de bruxos vivera tanto tempo se dissipou,


Dorcas sorriu com a ideia de finalmente poder viver sem medo novamente.


os seguidores de Voldemort debandaram,


- Tudo um bando de covardes gananciosos - disse Ron.


e Harry Potter se tornou famoso.


Harry fez uma careta.


Harry tivera um choque de bom tamanho ao descobrir, no seu décimo primeiro aniversário, que era bruxo;


- Ainda não entendo como você não percebeu que era diferente - comentou Frank.


- Para quem mora no mundo trouxa, pensar que magia existe... ou que se é um bruxo... é bizarro - comentou Hermione.


- Mas você parecia tão acostumada com a ideia - comentou Ron.


Hermione deu de ombros.


- Eu me acostumo rápido - comentou.


fora ainda mais desconcertante descobrir que todos no mundo secreto da magia conheciam seu nome.


- Deve ser bem estranho realmente entrar em um mundo desconhecido em que todos te conhece - disse Regulus, simpático.


Harry chegara a Hogwarts e deparara com cabeças que se viravam e cochichos que o seguiam aonde fosse.


- Esse povo tem que arranjar mais o quê fazer - resmungou Lene.


Mas agora já se acostumara com isso.


- É, não tem nada que você possa fazer fora aceitar - concordou Sirius. Muitos gostavam de falar sobre ele quando ele estava em seu primeiro ano em Hogwarts, todos curiosos sobre o Black que quebrara a tradição.


- Mas é de se esperar que um dia eles cansem - resmungou Ginny.


Harry deu um sorriso triste, não queria que a namorada sofresse com a fama que recaia sob si.


No fim deste verão,


- Um verão interminável - acrescentou Harry.


ele iria começar o seu quarto ano em Hogwarts;


- Próximo ano tem exames - disse Lily.


- Credo, mãe - disse Harry, pela primeira vez feliz que não cresceu com ela.


e já estava contando os dias para regressar ao castelo.


- Um aluno dedicado, claro - disse Fred.


Mas faltavam ainda quinze dias para as aulas recomeçarem.


- Tempo suficiente para não fazer nada - disse Ginny.


- Qualquer tempo é suficiente para não fazer nada - retrucou Harry.


- Claro que não! - ela disse - Você precisa ter um tempo livre para aproveitar completamente.


Harry tornou a examinar o quarto, desanimado,


Hermione deu um sorriso triste. Queria que Harry se animasse, mas não podia culpar o garoto por estar se sentindo infeliz.


e seus olhos pousaram nos cartões de aniversário que seus dois melhores amigos tinham lhe mandado no fim de julho.


- Já que dessa vez Dobby deixou minhas correspondências em paz - disse Harry, mas sua voz estava triste. Dobby morrera... para o salvar.


Que será que diriam se lhes escrevesse para contar que a cicatriz estava doendo?


- Que você devia procurar ajuda - responderam os dois na mesma hora.


Na mesma hora a voz de Hermione Granger penetrou sua cabeça,


- É porque eu sou mais importante que Ron - disse ela brincando. Ron a olhou indignado.


aguda e cheia de pânico.


- Minha voz não é assim! - protestou ela.


- É sim - disse Ron, vingativo.


"Sua cicatriz está doendo? Harry, isso é realmente sério...


- Até na voz da sua cabeça eu estou certa - disse Hermione sorrindo.


Escreva ao Professor Dumbledore!


- Eu não ia sugerir ele... Provavelmente - ela disse.


Harry somente a encarou.


- Ok...


Vou verificar no meu livro Aflições e Males Comuns na Magia...


- Você sabe o nome do meu livro? - ela perguntou, tocada.


- Claro que sim. Você anda com essa coisa de um lado para o outro.


- Você devia ler - ela comentou esperançosa.


- Ai já é pedir demais - ele respondeu.


Quem sabe tem alguma coisa lá sobre cicatrizes produzidas por feitiços..."


- Podia ter mesmo! - ela retrucou e tentou lembrar, mas fazia muito tempo desde que lera esse livro.


É, este seria o conselho de Hermione:


- É um bom conselho - resmungou Lily.


vai procurar o diretor de Hogwarts, e, enquanto isso, vai consultando um livro.


- Desculpe, mas você tem uma opção melhor? - Hermione replicou. Harry sabiamente não respondeu.


Harry contemplou pela janela o céu azul, quase negro.


- É para combinar com o meu humor - brincou ele.


Duvidava muito que um livro pudesse ajudá-lo.


- E o quê você entende de livros? - resmungou Hermione.


Que ele soubesse, era a única pessoa que tinha sobrevivido a um feitiço como o de Voldemort;


- Mas outras pessoas sobreviveram a outros feitiços - lembrou Hermione - Algum princípio deve ter sido semelhante.


portanto, era pouco provável que encontrasse os seus sintomas descritos em Aflições e Males Comuns na Magia.


- Mas não custa nada tentar - disse Neville.


Harry preferiu não informar que se chegasse qualquer livro, os tios surtariam.


Quanto a informar ao diretor, Harry não fazia a menor ideia de onde Dumbledore passava as férias de verão.


- Essa é uma boa pergunta - admitiu James, curioso.


- Ainda bem que vocês não sabem, assim não podem o atrapalhar nas férias também - Lily falou.


Só por um momento divertiu-se em imaginar Dumbledore, com suas longas barbas prateadas,


- Sinal da idade.


vestes compridas de bruxo e chapéu cônico, estirado em uma praia qualquer, passando filtro solar no longo nariz torto.


- Ele é um homem como qualquer outro - tentou defender Frank, mas até ele se estourava de rir.


Mas onde quer que Dumbledore estivesse, Harry tinha certeza de que Edwiges seria capaz de encontrá-lo;


Alice sorriu. Ela também tinha certeza.


a coruja de Harry, até aquele dia, jamais deixara de entregar uma carta, mesmo sem endereço.


- Ela é mais espeta que a maioria das corujas - observou Frank.


- Ela era especial - concordou Harry, triste.


Mas o que iria escrever?


- Seja direto - disse James, dando de ombros.


"Prezado Professor Dumbledore. Desculpe-me o incômodo, mas minha cicatriz doeu hoje de manhã. Atenciosamente, Harry Potter."


James tentou controlar o riso, mas não conseguiu. Harry não tinha muito jeito com as palavras.


- Aposto que se você mandasse isso ele não iria reclamar - disse Lily séria. James agradeceu mentalmente por ela conseguir fazer o papel de pais melhor que ele.


Harry deu de ombros. Não sabia se teria adiantado muito mandar isso para o diretor.


Mesmo em sua cabeça as palavras pareciam idiotas.


- Não precisa ser perfeito, Dumbledore só precisava entender o que você está falando - disse Ginny.


Então ele tentou imaginar a reação do seu outro melhor amigo,


- Ouvir falar que esse era um menino bem estranho.


- Cala boca, Fred.


- Eu sou George.


- Tanto faz.


Ron Weasley e, num instante, o rosto sardento, de nariz comprido,


- Assim eu pareço lindo - ironizou Ron.


- Desculpe.


do amigo começou a flutuar diante de Harry com uma expressão de atordoamento.


- Você tem uma boa imaginação - observou Lene.


"Sua cicatriz doeu? Mas... Mas Você-Sabe-Quem não pode estar por perto agora, pode? Quero dizer... Você saberia, não saberia?


- E ele tem bola de cristal? - perguntou James.


Ele estaria tentando matar você outra vez, não é?


- Eu não diria isso! - protestou Ron.


- Mas, sim, ele estaria - acrescentou Harry.


Sei não, Harry, vai ver as cicatrizes produzidas por feitiços sempre doem um pouquinho...


- Eu sei que isso não é verdade - resmungou Ron.


Vou perguntar ao meu pai..."


- Você me fez soar como Malfoy! - falou Ron horrorizado.


O Sr. Weasley era um bruxo diplomado que trabalhava na Seção de Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas,


- Não que pareça um trabalho para ele - falou Ginny com afeição.


no Ministério da Magia, mas, pelo que Harry soubesse, não tinha qualquer formação específica em feitiços.


- Ele não tem - informou Fred.


Em todo o caso, não lhe agradava a ideia de que a família Weasley inteira soubesse que estava assustado por causa de uma dorzinha.


- Harry! - todos os Weasleys protestaram.


A Sra. Weasley se preocuparia mais do que Hermione,


- Claro que não! - disse Hermione - Eu que me preocuparia mais - afirmou.


Harry revirou os olhos.


e Fred e George,


- Olha nós!


os gêmeos de dezesseis anos, irmãos de Ron,


- Você pode nos descrever como algo melhor que irmão de Ron, não? - reclamou George.


poderiam pensar que Harry estava se acovardando.


- Claro que não íamos pensar isso - disse Fred - Nós nos preocupamos com você! - George assentiu.


- Você devia ter falado de qualquer jeito - disse Ginny.


Os Weasley eram a família de que Harry mais gostava no mundo


- Obrigado! - agradeceram os Weasleys juntos.


- Eu sempre soube disso - disse Ginny, arrogante.


Harry revirou os olhos, mas puxou a namorada para um beijo rápido.


e ele tinha esperanças que o convidassem para passar uns dias em casa deles uma hora dessas


- Harry, você não precisa ser convidado - George falou como se a palavra fosse ridícula.


- Era só aparecer lá - disse Fred.


(Ron mencionara alguma coisa sobre uma Copa Mundial de Quadribol),


- Alguma coisa não! Eu disse que talvez pudéssemos ir para o maior evento de Quadribol do mundo - disse o ruivo indignado.


Harry deu de ombros, sem querer dizer que não queria criar expectativas.


e Harry não queria que sua visita


- Que irá acontecer sem discussões.


fosse pontuada por perguntas ansiosas sobre sua cicatriz.


- Harry, nem tudo na vida é diversão. Você precisa deixar os outros cuidarem de você - falou Lily agoniada. Por que o seu filho tinha que sofrer o tempo todo?


O garoto massageou a cicatriz com os nós dos dedos.


Ginny apertou a mão do namorado, que sorriu hesitante.


O que ele realmente queria (e se sentiu quase envergonhado de admitir para si mesmo)


- Você está com vergonha de tudo ultimamente - disse Ron.


era alguém como um pai ou uma mãe,


Harry sorriu para James e Lily.


um bruxo adulto a quem pudesse pedir um conselho sem se sentir burro,


- Minerva? - sugeriu Lily hesitante.


Harry fez uma cara de pânico. Não, obrigado. Ele morreria de vergonha de contar para a professora.


alguém que gostasse dele,


- Existem muitas pessoas nessa categoria - disse Hermione.


E onde elas estão?, pensou Harry.


que tivesse tido experiência com artes das trevas...


- Sirius - falou Regulus imediatamente. O irmão podia fingir que não, mas ele conhecia bastante sobre as artes das trevas. Walburga e Orion o ensinarem com dedicação. E Sirius amava muito a Harry para sequer pensar em fazer mal ao menino.


- É, você devia ter ido correndo me contar - disse Sirius.


- Desculpe - pediu Harry.


- Contanto que não aconteça de novo.


- Jamais.


- Então tudo bem.


- Obrigado, padrinho.


- Nada, Harry.


E então lhe ocorreu a solução.


Regulus e Harry sorriram. Eles pensavam de modo muito semelhante.


Era tão simples, tão óbvia, que ele nem podia acreditar que tivesse levado tanto tempo para lembrar


- Também não acredito.


– Sirius.


- É porque pensar em Sirius como solução de problema é algo estranho mesmo - implicou Lene.


Harry saltou da cama, saiu correndo e se sentou à escrivaninha;


Lily sorriu. Finalmente um comportamento de um adolescente normal.


puxou um pergaminho para perto,


- Parece que você herdou a minha organização.


- Sim - replicou Harry, sorrindo.


molhou a pena de águia no tinteiro, escreveu "Caro Sirius", e em seguida parou,


- Só escreva logo - disse Sirius ansioso.


pensando qual seria a melhor maneira de contar o seu problema,


- Só diga que a sua cicatriz está doendo. Eu saberei o que fazer - disse Sirius, com convicção. Ele estava tão perdido quanto os outros agora, mas tinha a sensação que no futuro saberia como agir.


ainda admirado com o fato de não ter pensado nele logo de saída.


- Pensar em Dumbledore antes de mim... - Sirius balançou a cabeça desapontado.


Mas, por outro lado, talvez não merecesse tanta admiração


- Merece sim. Você tem que pensar no que está errado para poder concertar - afirmou Sirius.


– afinal, ele só descobrira que Sirius era seu padrinho fazia dois meses.


- Tudo bem, é pouco tempo - disse Sirius - Mas ainda espero que no próximo problema eu seja a primeira pessoa que você pense.


James assistiu o amigo com uma sensação estranha. Estava feliz que Sirius estivesse lá para Harry, mas aceitar o fato que ele não poderia ser a primeira pessoa que o filho pediria ajuda...


Havia uma razão simples para a absoluta ausência de Sirius da vida de Harry até aquele momento


- Não acho que seja simples - resmungou Neville. Eles passaram um livro inteiro para poder descobri-la.


– o bruxo estivera em Azkaban,


Lene estremeceu. Esperava que eles não falassem mais sobre isso.


a assustadora prisão de bruxos,


- Pelo menos Harry nunca esteve lá - murmurou Frank.


- Ele é uma criança, por que estaria lá? - questionou Alice.


Frank deu de ombros.


- A vida de Harry é confusa.


guardada por dementadores, criaturas malignas que não possuíam olhos, sugavam a alma das pessoas,


- Elas são monstros - disse Lily.


- Queria saber como eles surgiram - comentou Remus.


- Foi de um feitiço das trevas que deu errado - disse Regulus.


e tinham ido a Hogwarts procurar Sirius quando ele fugira.


- Ainda não acredito que os pais concordaram com uma coisa dessas - disse Ginny.


Porém, o bruxo era inocente


Sirius sorriu com o som dessas palavras.


– as mortes pelas quais fora condenado tinham sido cometidas por Rabicho,


James e Remus rosnaram baixinho.


seguidor de Voldemort, que quase todos ainda pensavam estar morto.


- Nós podemos fazer isso acontecer - sugeriu Remus.


- Não - disse Harry firmemente, por mais que também quisesse matar o animago.


Harry, Ron e Hermione sabiam que não;


- Vocês sabem de tudo - resmungou Neville.


tinham encontrado Rabicho cara a cara no ano anterior,


- Nada como conhecer ratos covardes - falou Harry.


embora apenas o Professor Dumbledore tivesse acreditado na história que eles contaram.


- Dumbledore é realmente bom em ouvir os outros - disse Hermione.


Durante uma gloriosa hora, Harry acreditara que finalmente deixaria a casa dos Dursley,


- Tão perto da felicidade! - exclamou Fred, fechando os olhos dramaticamente.


porque Sirius se oferecera para ficar com ele,


Harry e Sirius sorriram.


depois que limpasse o próprio nome.


- É, acho que não vai acontecer - disse Sirius.


Mas a oportunidade lhe fora roubada


- Sua vida é uma merda - disse Neville.


- Eu sei - disse Harry.


– Rabicho escapara antes que pudessem levá-lo ao Ministério da Magia, e Sirius teve de fugir para salvar a vida.


- Eu ainda devia ter ficado - falou Sirius.


- Não, só iria atrapalhar mais. Você teria sido preso - disse Harry.


Harry o ajudara a escapar montado em um hipogrifo chamado Bicuço,


Alice sorriu.


- Foi uma fuga em alto estilo.


e desde então Sirius estava foragido.


- Menos pro resto do mundo, para o qual ele já estava foragido fazia tempo - disse Ron.


A casa que Harry poderia ter tido, se Rabicho não tivesse desaparecido, o atormentara o verão inteiro.


- Uma sombra do que podia ter acontecido - disse Alex, entendendo bem o sentimento.


Harry assentiu e encarou o misterioso menino. Por um instante, eles pareceram se entender. Reconhecer a dor e o vazio nos olhos um do outro e então Alex olhou para o outro lado, tentando rapidamente acalmar o coração e esquecer que, pela primeira vez, sentia-se semelhante a Harry.


Fora duas vezes mais penoso voltar para os Dursley sabendo que quase se livrara deles para sempre.


- Faz sentido, você já tinha visto a luz no final do túnel - disse Lily.


Ainda assim, Sirius vinha ajudando Harry,


- Então, você não é um padrinho totalmente incompetente - disse James.


- Claro que não, eu sou o melhor padrinho do mundo - disse Sirius, arrogante.


mesmo sem poder estar presente.


- Fique feliz que Sirius não pode te irritar o dia todo - disse Lene.


Graças ao padrinho, Harry agora tinha todo o seu material escolar guardado no quarto.


- Como eu fiz isso? - questionou Sirius, confuso.


Os Dursley nunca haviam permitido isso;


- Porque iria matá-los se você pudesse guardar o seu material no lugar certo - disse Lily irônica, o ódio presente em cada palavra.


o desejo geral de tornar a vida de Harry a mais infeliz possível,


- Eles estão tentando ser menos infelizes - afirmou Ginny.


somado ao medo dos seus poderes,


Harry sorriu cruelmente e Regulus achou que nunca tinha visto o garoto parecer tão Sonserino quanto nesse momento. Regulus sorriu de volta.


levara os tios, nos verões anteriores, a trancar o malão de escola do garoto no armário sob a escada.


Os olhos de Alice faiscaram a menção do armário.


Mas a atitude dos Dursley mudara desde que descobriram que Harry tinha um perigoso condenado como padrinho


- Fico feliz em ser útil - disse Sirius.


- Seria ótimo se Sirius realmente fosse um assassino - disse Lene, com um sorriso perverso.


– Harry, convenientemente, se esquecera de acrescentar que Sirius era inocente.


James sorriu orgulhoso.


- É disso que eu estou falando - disse Remus.


Os gêmeos deram os parabéns para Harry e até Lily sorriu.


- Bem pensado - disse Regulus baixinho. Harry sorriu.


- Por que você não age assim em Hogwarts? - choramingou Ron.


- Eu estou sempre ocupado com algo - Harry deu de ombros.


O garoto recebera duas cartas de Sirius desde que voltara à Rua dos Alfeneiros.


- Só duas? - James fez uma careta para o amigo.


- Ele ainda é um foragido - lembrou Harry - Não pode ficar me mandando cartas.


Ambas tinham sido entregues não por corujas


- Ahn?


(como era costume entre os bruxos), mas por grandes e coloridos pássaros tropicais.


James sorriu malicioso para Sirius, sabendo bem quais eram os planos do amigo que envolviam lugares tropicais.


Edwiges não aprovara aqueles intrusos espalhafatosos;


- Ela é uma boa britânica - falou Frank. Alice revirou os olhos.


relutara muito a permitir que eles usassem o seu bebedouro antes de irem embora.


- Ela está certa, esses pássaros podem estar doentes - comentou Alice.


- Nem pensei nisso - admitiu Harry.


Harry, por outro lado, gostara muito das aves;


- Talvez isso seja uma das razões pelas quais Edwiges não gosta delas - sugeriu Alice.


fizeram-no lembrar palmeiras e praias de areia branca


Sirius sorriu com a lembrança de um lugar lindo que tinha visitado.


e ele desejara que, onde quer que o padrinho estivesse (Sirius nunca dizia, temendo que as cartas fossem interceptadas),


- Pela primeira vez, você pensou - falou Regulus.


- Obrigado, irmãozinho - ironizou Sirius.


que estivesse se divertindo.


- Também espero - disse com um olhar ameaçador a Sirius.


Por alguma razão, Harry achava difícil imaginar dementadores que sobrevivessem muito tempo sob o sol forte;


- Talvez porque eles sejam tão frios - sugeriu Neville.


talvez por isso é que Sirius tivesse rumado para o sul.


- Foi uma boa estratégia - disse Josh.


As cartas dele,


- As úncias duas - relembrou James.


Sirius revirou os olhos.


que agora estavam escondidas sob a utilíssima tábua solta do assoalho,


Lily fez uma careta para o local decadente que o filho vivia.


embaixo da cama de Harry, tinham um tom animado


Lene suspirou mais aliviada, embora soubesse que Sirius podia estar fingindo.


e, nas duas, ele lembrava Harry que o chamasse se um dia precisasse.


- Finalmente sendo útil - disse James.


Bem, ele bem que precisava chamar o padrinho agora...


- Então chame - disse Sirius, impaciente. Harry não devia hesitar para falar com ele.


Sua luz de cabeceira parecia estar enfraquecendo a medida que a luz fria e cinzenta que antecede o nascer do sol penetrava devagarzinho no quarto.


- É tão frio nessa hora - comentou Ginny. Ela já tinha passado vários dias acordada nesse horário, devido a insônia.


Finalmente, quando o sol nasceu,


- Um bom tempo depois.


quando as paredes do quarto ficaram douradas e quando ele ouviu sons de gente se mexendo no quarto de tio Válter e tia Petúnia,


- É nessas horas que ter boa audião compensa - disse Frank.


Harry tirou os pedaços amassados de pergaminho de cima da escrivaninha e releu a carta que escrevera.


- Você é lerdo.


- Só não tenho prática - Harry defendeu-se e todos se calaram.


Caro Sirius,


- Que formal.


- Na próxima, começo com Sirius, o idiota.


- Melhor.


Obrigado por sua última carta, a ave era enorme, quase não pôde passar pela minha janela.


- Queria ver o que aconteceria se ela não passasse.


- Os Dursley devem ter surtado.


- Só um pouco.


As coisas continuam na mesma por aqui. A dieta de Duda não está dando muito certo. Minha tia o pegou contrabandeando rosquinhas fritas e açucaradas para dentro do quarto, ontem.


- Boa.


Meus tios disseram que vão ter de cortar a mesada dele caso ele continue fazendo isso,


- Nada como diálogo.


então Duda ficou com muita raiva e atirou pela janela o PlayStation.


- Menino burro.


Isso é uma espécie de computador com muitos jogos.


- Sirius ainda não deve ter entendido.


Foi realmente uma burrice porque agora ele não tem nem um Mega-Mutilation parte três para distrair as ideias.


- Justamente. Apesar de eu não entender o que é isso - disse Frank e Harry o explicou.


Eu vou bem, principalmente porque os Dursley estão apavorados que você possa aparecer e transformar eles em morcegos se eu pedir.


Sirius sorriu para Harry.


Mas aconteceu uma coisa estranha hoje de madrugada.


- Porque nenhum dia pode ser normal para Harry Potter - disse Ron.


Minha cicatriz doeu outra vez. A última vez que isto aconteceu foi porque Voldemort estava em Hogwarts. Mas acho que ele não pode estar por perto agora, pode? Você sabe se cicatrizes produzidas por um feitiço podem doer até anos depois?


- Até que não ficou ruim - disse Sirius, impressionado.


Vou mandar esta carta quando Edwiges voltar, no momento ela saiu para caçar. Diga olá ao Bicuço por mim.


Harry.


Parecia boa, pensou Harry.


- Está mais do que o suficiente - disse Lily.


Não fazia sentido incluir o sonho,


- Sim, fazia. Você devia ter falado, eu até me esqueci - disse Lily, estreitando os olhos.


ele não queria que a carta deixasse transparecer que estava muito preocupado.


- Eu estou lá para quando você estiver muito preocupado, Harry - disse Sirius.


- Eu sei - Harry mentiu.


O garoto enrolou o pergaminho e deixou-o em cima da escrivaninha, pronto para quando Edwiges voltasse.


- Ela deve demorar - comentou Alice.


Depois se levantou, se espreguiçou e abriu mais uma vez o guarda-roupa.


Lily estremeceu só de pensar em como o guarda-roupa devia ser desorganizado se ele tinha puxado a James.


Sem olhar para a imagem refletida no espelho,


- Já passara muito tempo me olhando nessa noite, obrigado - comentou Harry. Na verdade, ele não queria olhar a cicatriz dele novamente.


começou a se vestir para ir tomar o café da manhã.


- Pelo menos eles não o matam de fome - disse Neville otimista.


- Bem... eu estou vivo, não estou? - disse Harry.


- Não vou nem tentar entender - resmungou Hermione.

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