Obrigação familiar



Sirius não se incomodou em reprimir o sorriso. "Então, o que me diz – vai gazear o primeiro período comigo?"


"Não, eu vou à aula," respondeu o capitão.


"Por quê? É a única vez que não vai se encrencar por isso!"


"Você, Sirius, claramente não olhou com atenção seu horário," disse James na sua melhor imitação de Remus. Ele ergueu o pergaminho. "Primeiro período Defesa Contra as Artes das Trevas com Professor SeuTio."


"Merda. Sabe, essa provavelmente é a única obrigação familiar que me resta, ir a essa aula."


"Fique grato por isso."


*****************************************************************************
"Me pergunto como Carlotta está," divagou Lily, ao sentar-se na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas.


"Nós sabemos," respondeu Donna. "Você esteve perguntando isso em voz alta a cada quinze minutos desde o café da manhã."


"Ah, ótimo," balbuciou Marlene, que estava com elas, "Você se lembrou de tomar suas pílulas de malícia essa manhã, Don."


"E você se lembrou de tomar seu soro de feiura essa manhã, Marlene."


"Donna," disse Lily.


"Desculpa, Price," disse de forma pouco convincente. Marlene revirou os olhos.


"Parece," disse a loira, "que Mary tem estado distraída com sua mais nova... distração..." As três garotas levaram um tempo para fitar o bonito, mas lerdo, garoto da Lufa-Lufa, que estava ocupado pela tarefa extremamente fascinante de paquerar Mary Mcdonald. "... Então eu vou sentar com Adam, no caso de o Professor Black começar a formar duplas." A parceria de Donna e Lily era, àquela altura, evidente.


"Tchau," disse Lily, e Marlene acenou ao atravessar a sala para sentar com o grifinório.


"Sabe," divagou Donna, "acho que pode estar certa sobre Adam estar afim de Marlene. Deve ser muito recente, porém, por que..."


"Don, todo mundo sabe que Adam está afim de Marlene desde o terceiro ano."


"Sério?"


A ruiva assentiu. "Eu me pergunto como..." Ela parou de falar.


"Você estava prestes a se perguntar como Carlotta estava de novo, não é?"


"Não. Eu ia perguntar como... como... não consigo pensar em nada. Eu ia perguntar como Carlotta está."


Donna sacudiu a cabeça. "Se está te incomodando tanto assim, podemos dar uma passada na enfermaria depois da aula de Defesa".


Lily pareceu ligeiramente mais calma. A sala de aula começou a encher, e até mesmo os Marotos chegaram antes que o sinal tocasse. Os quatro tomaram seus assentos usuais no fundo da sala – os assentos, não oficialmente, mas sem dúvida reservados para seu uso.


"Potter apareceu," admirou-se Donna. "Eu pensei que Lupin tinha dito no Salão Principal que ele ficou detido a maior parte do café da manhã."


"Acho que quis dar uma olhada na aula do Professor Black," supôs Lily. "Ele sendo tio de Sirius, afinal..." A ruiva achou que o assunto James Potter provocava um estresse desmedido em seus nervos, e o conflito de sentimentos que atualmente girava em torno daquele garoto – com ele sendo um completo idiota na noite anterior e então salvando Carlotta aquela manhã – fez seu estômago revirar desconfortavelmente de novo. Ela não falou mais sobre o assunto envolvendo aquele específico capitão de quadribol, e Donna foi impedida de fazê-lo pela chegada do Professor Black.


De perto, Alphard Black parecia mais velho do que à distância no Salão Principal, mas sua grande semelhança com Sirius também cresceu. Enquanto o bruxo mais velho se dirigia à frente da sala de aula, pasta de couro na mão, Lily se perguntou como não detectou imediatamente que o novo professor de Defesa devia ser algum parente de seu colega de Casa.


"Bom dia," disse o Professor Black, pousando a pasta sobre sua mesa.


"Bom dia, Professor Black," alguns sextanistas obedientes responderam.


"É esse o entusiasmo que gosto de ver," respondeu o outro com ironia, mas não mostrou qualquer sinal de ofensa. "Certo, então. Eu sou seu novo professor de Defesa. Meu nome é Black, vocês vão me chamar de Professor Black, etecetera, etecetera, etecetera. Alguma dúvida nesse sentido?" Como previsto, não havia nenhuma. "Excelente. Todos vocês podem, por favor, se levantar?"


O pedido, estranho como era, levou um tempo para que todos processassem. Lily e Donna trocaram olhares, e a primeira resistiu ao impulso de olhar a reação de Severus Snape do outro lado da sala. Isso não significava que ela não estivesse infinitamente consciente da localização exata do rapaz. Elas se levantaram, assim como os outros, com igual perplexidade.


"Excelente," disse o Professor Black novamente. "Certo, então." Ele retirou a varinha da pasta e sacudiu-a no ar. Todas as carteiras voaram para a extremidade oposta da sala. "Formem uma fila! A fila começa bem aqui, então – eu não me importo com a ordem. Vocês devem ser maduros o bastante para decidirem isso sozinhos. Excelente."


A classe obedeceu, Adam McKinnon encontrou-se no início da fila, que – pelas instruções de Black – ficava imediatamente em frente à porta fechada do escritório do professor. "Agora, então," disse o Professor, recostando-se casualmente na sua mesa, embora seu tom de voz fosse distante e um tanto vago, como se imagina que um cientista maluco devesse falar. "Nós vamos aquecer com um pouco de... magia prática. Varinhas em punho, todos vocês. Excelente." Ele já tinha um bordão. "Bem, o que vamos fazer é entrar no meu escritório ali atrás daquela porta e... bem... lutar. Nem mesmo eu sei o que cada um de vocês enfrentará, mas vão necessitar de suas varinhas e algum conhecimento elementar de... magia. Que, sabe, eu espero que tenham adquirido. Se não..." ele parou de falar e poderia ter sido intimidador se não estivesse sorrindo largamente. Lily e Donna trocaram outro olhar confuso.


"Então, Sr. McKinnon – está pronto?"


"Hum…"


"Excelente."


**********************************************************************************


"Excelente," concordou Donna, com um de seus raros olhares brilhantes, mostrando que estava verdadeiramente feliz (muito raros). "Legal pra caramba. Professor Black pode ser o melhor professor de Defesa que tivemos até agora."


O rosto de Lily estava ruborizado de excitação. "Remus teve que enfrentar um Inferi... Eu não sei o que teria feito se tivesse que lutar com aquilo. Provavelmente teria me encolhido em um canto e esperado o Professor Black interromper a simulação."


"Mal parecia uma simulação," comentou Donna. "Ele deve ter usado o mesmo tipo de magia que o departamento de aurores usa." Ela estava praticamente saltitando. "Foi aterrorizante, porém – quando o lobisomem estava vindo em minha direção, eu juro por Deus que foi completamente real. Uma adrenalina fantástica, mas eu quase congelei ali mesmo."


"Pare de se gabar, Senhorita-Terceira-Mais-Rápida-Numa-Turma-De-Mais- De-Trinta."


"Eu não estou me gabando," retrucou a outra. "E eu contesto que Black realmente me superou. Acho que tive uma distância maior para..."


"Ele te bateu por dois minutos," interrompeu Lily. "Ele te superou, Shack."


"Uau, Evans, ‘traidora‘ é um bom adjetivo para você."

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.